O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 3

Capítulo 130: As Cinco Irmãs

Cinco jovens garotas, todas próximas dos 14 anos de idade, sentavam-se em uma mesa de jantar com sua mãe, uma mulher de longos cabelos castanhos presos em uma trança.

 — Mãe, nossos amigos foram enviados para conhecer Leshy hoje, por que não podemos ir? Seria daora demais conhecer ele! — disse a quarta irmã com cabelos de comprimento médio e tom castanho-claros.

— É a regra do vilarejo, Radica. Apenas aqueles que podem falar com os animais recebem a permissão de visitar Leshy — respondeu a mãe pacientemente. — Infelizmente, nenhuma de vocês nasceu com essa benção.

— Isso não é justo! O que há de tão diferente nisso? Os animais gostam da gente tanto quanto as outras pessoas! Que regra idiota... — reclamou a segunda irmã, com longos cabelos castanho-escuros.

— Regras existem por um motivo, Mokosh... — respondeu a mais nova, com cabelos da mesma cor de sua mãe, além de imitar o penteado. — Tenho certeza de que, se não houvesse problema, nos deixariam ir.

— Você é muuuito certinha as vezes, Sonya — comentou a mais velha, de cabelos loiros e curtos. — Fazer algumas coisas erradas as vezes é bom, dá uma adrenaliiina...

— Não incentive sua irmã a fazer coisas erradas, Jasna. — A mãe chamou a atenção. — Você já se meteu em confusão muitas vezes por namorar os garotos da vila, e nem tem idade para isso.

A irmã mais velha se calou e fez biquinho.

— Mas poderiam pelo menos nos dizer por que caralho não podemos! Todas nós gostaríamos de conhecer Leshy, inclusive Devana, certo? — Mokosh encarou a única que permanecera quieta durante a conversa.

— Bem... Si-sim... — gaguejou a irmã do meio, com longos cabelos quase pretos e uma franja que quase cobria ambos os olhos.

A mãe suspirou de cansaço ao ouvir toda aquela discussão mais uma vez.

— Infelizmente as coisas são assim, eu também não consigo falar com eles, por isso tive que aprender a aceitar essa regra.

— Se papai estivesse vivo, tenho certeza de que ele tentaria nos ajudar...

— Mo-Mokosh! — Radica chamou a atenção da irmã, mas não podia mais desfazer o que ela havia dito.

Todas encaram sua mãe e notaram um leve olhar de tristeza.

— Apenas terminem de jantar e durmam, certo? — Ela forçou um sorriso.

Todas concordaram no momento, finalizando a refeição e indo para o pequeno quarto que compartilhavam.

Sua mãe, como toda noite, fez questão de dar um beijo na testa de cada uma e desejar bons sonhos.

Não demorou muito para que todas dormissem, com exceção de uma.

Mokosh, ao certificar-se de que todas estavam dormindo, levantou-se devagar para não as acordar.

Caminhou devagar até um canto onde havia duas portas, uma conectando ao quarto de sua mãe, e outra na sala.

Com muito cuidado, abriu a porta do outro quarto, escutando com atenção o fraco som da respiração de sua mãe.

Percebendo que ela estava dormindo profundamente, fechou a porta, voltou para suas irmãs e chacoalhou Jasna.

— Que foooi? Não consegue dormir? — A mais velha soltou um grande bocejou e se sentou.

Shh! Me ajude a acordar as outras. Vamos para a floresta e procurar Leshy.

— Quê? Tá falando sério? — Aquilo fez Jasna despertar por completo, uma conquista rara considerando sua preguiça. — Sei que disse que quebrar as regras é divertido, mas só quando é seguro. A floresta é perigosa de noite!

— Você quer ver Leshy, não quer?

— Sim, mas... Não podemos tentar de dia?

— De noite é mais fácil, ninguém vai nos ver! Agora, me ajude a acordar elas logo.

Convencida por Mokosh, além de sua própria curiosidade ter influenciado, Jasna despertou suas outras irmãs.

— O que foi? Por que estão acordadas?

— Oh! Vamos fazer uma festa do pijama? foda!

Devana acordou sem dizer nada.

— Vamos para a droga da floresta agora procurar Leshy.

— Quê?! Você tá fa... — A irmã mais nova quase gritou, o que fez Mokosh tampar sua boca.

Shh! Vai acordar a mamãe desse jeito! Fala baixo, porra! — Após se certificar que ela não gritaria, tirou a mão de sua boca devagar.

— Isso é loucura! Vamos nos perder!

— Melhor ainda! Leshy sempre ajuda crianças perdidas na floresta! Não há hora melhor do que agora.

— Nem pensar! Se continuarem insistindo nisso, vou acordar a mamãe!

— Se fizer isso, nós vamos esperar outra noite e iremos todas juntas enquanto você dorme. Nós vamos com ou sem sua ajuda.

Ao ouvir aquilo, Sonya franziu suas sobrancelhas e permaneceu em silêncio por um momento, enquanto uma disputa interna decorria dentro de si.

Mesmo que compartilhasse da mesma vontade de conhecer Leshy, aquilo era muito extremo, suas irmãs poderiam correr perigo real se adentrassem a floresta.

Contudo, se as dedurassem, apenas esperariam por outro dia e tentariam de novo, dessa vez sem ela, o que seria pior ainda.

— Vocês realmente vão fazer isso?

Todas as irmãs, incluindo a terceira, concordaram com a cabeça.

“Se for para fazer algo perigoso... Então vamos passar por isso todas juntas! Como sempre!”, pensou ao se decidir. Não importava o que acontecesse com as cinco, sempre ajudaram umas às outras e superaram as dificuldades juntas, não seria diferente agora.

Tsk! Vocês não têm jeito... Vou com vocês então, mas vamos embora no primeiro sinal de perigo, certo?

Novamente, todas concordaram.

— Sem perder mais tempo, vamos!

 

***

 

O grupo olhava apavorados a cena diante de si.

A maioria dos devotos ali eram mulheres, todas com uma aparência grotesca: Narizes enormes, verrugas grandes e escuras, unhas crescidas e sujas, pele enrugada e dentes podres.

Havia alguns homens também, cuja aparência era parecida, mas todos eram muito magros e desnutridos, com seus ossos bem aparentes.

— O que... é isso? — perguntou Luna em um misto de nojo e espanto.

— Bruxas e bruxos... Realmente é a Seita de Baba Yaga. — Aegreon apertou os punhos.

— Já descobrimos o que precisávamos, vamos voltar logo! Esse lugar me dá arrepios, e temo que percebam minha Ilusão.

Andrik estava prestes a concordar quando uma risada fina e maléfica o calou.

HAHAHAHA! Tiramos a sorte grande! — exclamou uma voz feminina em êxtase.

Olhando para a origem dessa risada, o grupo percebeu, próximo do portal, cinco mulheres idosas — devotas — rodeados por alguns monstros que as protegiam.

Branko imediatamente notou que o poder mágico de todas era perigoso. Apenas elas sozinhas já seria o suficiente para aniquilá-los sem esforço.

— Irmããã... Nossa mãe nos ensinou a dividir, leeembra? — disse uma delas, que possuía quase nenhum fio de cabelo em sua cabeça e, tinha dois dentes tão grandes, que permaneciam expostos mesmo quando fechava a boca, similar a um javali.

— Dividir teu cu! Você vive pegando minhas coisas! — retrucou outra com cabelos longos e sujos que tocavam o chão. Suas orelhas eram ridiculamente compridas e caídas, assemelhando-se a um elefante.

— Acalmem-se, vocês duas... Há o suficiente para todas nós. — respondeu outra, cujas pernas eram mais longas do que o normal, forçando-a a sempre os dobrar e fazendo sua postura lembrar um canguru.

— Ei! Devana não ganhou nada até agora! Toma, a pele dessa garotinha é top! — disse uma com as costas tão curvadas, que formava uma corcova igual ao de um dromedário.

— Ah... O-obrigada... — respondeu a última, com cabelos duros e afiados como espinhos de um ouriço, além de tão compridos que era impossível ver seu corpo, muito menos para qual direção olhava.

As irmãs então começaram a consumir a pele de jovens garotas mortas ao redor delas, além de se banhar em seu sangue, arrancar os olhos e os chuparem como se fossem doces, cortar os cabelos e tirar os órgãos para fazerem experimentos.

— Ah! Virgens são pika! Pele macia, sangue quente e fresco, e cabelos lindos...

— Mal posso esperar para cozinhar a buceta delas! Me sinto mais jovem só de pensar... Hihihi!

— Ei! Olha a língua, Mokosh! Tem crianças ouvindo!

— As crianças estão mooortas, lembra? Mas Sonya tem razão, nunca vai conseguir um garanhão com essa boca suja...

As irmãs continuaram a se “divertir” com os cadáveres que possuíam, com exceção de Devana que, estranhamente, estava de pé e parada.

— Já chega, ficamos tempo demais aqui — disse Sariel. — Vamos voltar agora.

Finalmente removidos do transe de assistir as cinco bruxas em seu ritual bizarro, o grupo se virou e começou a se afastar devagar.

— Devaaana, por que está parada aí? — perguntou Jasna.

Como resposta, a terceira irmã apenas levantou o braço — escondido até então por seu cabelo — e apontou para onde o grupo estava.

— Intrusos...

Quando o grupo ouviu aquilo, todos imediatamente congelaram.

Antes que pudessem escapar, grandes raízes escuras bloquearam sua rota de fuga.

Quando se viraram, perceberam que todas as criaturas e devotos voltaram suas atenções a eles.

— O que esses bostinhas estão fazendo aqui? — Mokosh imediatamente assumiu uma postura agressiva.

Uhuhu! Visitantes! Vamos nos divertir hoje, hehe...

— Espere um pouco, Radica. Eles são mais fortes do que parecem. Além disso, a garota de cabelos prateados é um anjo.

Ao ouvir aquilo, Branko, Andrik e Karel encararam Luna com dúvida em seus rostos.

— O que ela está dizendo? Você é uma humana... — disse o capitão.

A princesa, sem saber o que dizer, apenas alternou seu olhar para seus companheiros.

— Bem, nosso disfarce foi quebrado... — Sariel interrompeu sua magia de Selagem, permitindo que o batedor percebesse a Ilusão corporal que o enganava. — Shiina, poupe sua magia.

A assassina, hesitante, também interrompeu sua magia, revelando a verdadeira aparência de Aegreon e Luna.

— Você...! É o Pilar da Conjuração?! — Andrik, pela primeira vez desde que se conheceram, teve toda sua seriedade quebrada completamente. — E você... é o anjo de Fordurn?

— Não há tempo para isso. — Sariel sacou sua glaive e seus olhos mudaram lentamente para a cor verde. — Precisamos sair daqui agora.

— Um volátil?! — Como se não bastasse as revelações anteriores, o viajante deu o golpe final no capitão.

— Oooh... Um volátil e um anjo... Isso é peeerfeito! — Os olhos de Jasna brilharam devido a cobiça. — Deixem comigo o homão de olhos roxos.

— Irmãs, conseguimos a sorte grande hoje! — disse Mokosh. — Não deixem esses merdinhas fugirem!

Sem esperar um segundo, todas as criaturas e devotos atacaram ao mesmo tempo, com dezenas de raízes cercando completamente sua presa.


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