O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 3

Capítulo 121: Krajna

O grupo aguardava ao lado de uma grande árvore na grande floresta de Alfheim.

Shiina havia escalado para verificar o lugar e descobrir se ainda estavam indo para o caminho certo.

A floresta era tão vasta que mesmo os veteranos bem treinados se perderiam facilmente sem um guia, e isso era evidenciado pela maneira como Luna poderia ter jurado que já passara pela mesma árvore dezenas de vezes.

Após um breve momento, a assassina desceu.

— Estamos indo pelo caminho certo.

— Tem certeza de que não nos perdemos? Posso jurar que já passamos por aqui antes... — perguntou a princesa.

— Lá no topo pude ver um vilarejo, não, uma cidade construída no meio da floresta — disse Shiina. — Quase não pude perceber, mas estamos claramente chegando perto.

— Deve ser Krajna — disse Aegreon. — É a segunda maior cidade de Alfheim, teremos que passar por lá para seguirmos até Acrópolis.

— Não poderíamos simplesmente evitar um lugar com muitas pessoas e seguir pela floresta? — perguntou Raymond.

— O povo de Alfheim patrulha constantemente as regiões mais densas e afastadas — explicou o Pilar da Conjuração. — Há mais chances de sermos descobertos se formos pela floresta do que por Krajna.

— Sendo um lugar tão povoado, será que nossas ilusões serão percebidas? — perguntou a assassina.

— É difícil encontrar alguém com tanto poder como você, portanto é improvável — respondeu Sariel. — Mas estarei atento com Alteração.

O grupo seguiu o caminho até a cidade que Shiina avistou.

— A propósito, viu Sleipnir? — perguntou o viajante.

— Não, deve estar bem longe.

Devido a aparência exótica daquele cavalo, Sariel precisou enviá-lo para longe e evitar que chamassem a atenção.

A princípio hesitou em fazer isso, mas Sleipnir já foi caçado pelo povo de Helheim por muito tempo, conseguindo despistar alguém experiente como Leif com grande facilidade.

Após algumas horas, finalmente alcançaram uma espécie de entrada da cidade. Não havia portões nem muralhas, já que a própria densa vegetação substituía qualquer necessidade de uma fortificação.

Krajna era um local bem diferente de outras grandes cidades: todas as construções eram feitas de madeira, ou até mesmo trabalhado nos troncos das árvores sem danificá-las; poucos prédios começavam a partir do chão, e todos os locais eram conectados por pontes de madeira, ou galhos que se entrelaçavam naturalmente.

Era um verdadeiro labirinto verde, tanto horizontal quanto vertical, se perder ali era extremamente comum, principalmente estrangeiros.

Apesar disso, como Krajna era construído em harmonia com a natureza, tornava tudo mais belo, aconchegante e reconfortante.

Animais andavam e voavam por entre as árvores, caminhavam ao lado de pessoas e até brincavam com o povo, sem temer que fossem feridos.

Aquele era o mais perfeito exemplo de que humanos e animais poderiam conviver pacificamente.

— Uau... Esse lugar é... incrível... — Os olhos brilhantes de Luna percorriam todo o lugar, sempre encontrando algo novo entre cada galho.

Enquanto todos permaneciam parados admirando a beleza da cidade, um homem vestindo uma armadura de ossos, roupas de algodão tingidas em verde e marrom, piercings de restos mortais e com pintura facial se aproximou.

— Bem-vindos à Krajna, a segunda maior cidade de Jawia! — cumprimentou animadamente. — Gostariam que eu os guiasse? É um lugar fácil de se perder.

— Agradecemos a hospitalidade — agradeceu Sariel. — Apenas estamos de passagem, vamos para Acrópolis.

— Ah... Isso infelizmente não será possível... — A expressão do guarda se tornou levemente séria. — Precisarão ir por um caminho mais longo...

— Por quê?

— Bem, podemos falar sobre isso depois. Devem estar famintos, certo? Há uma pousada muito boa que podem ficar. — O homem desviou do assunto, mesmo com a Ilusão de Shiina agindo para tentar extrair informações.

O grupo se entreolhou por um momento, estranhando tal comportamento, mas decidiram não pressionar mais.

— Certo, contamos contigo.

O guarda se virou e começou a guiar todos pelo labirinto de árvores de Krajna.

O grupo seguiu pelos galhos, tão grossos e numerosos que formavam os pisos de vários andares.

As pessoas, em sua grande maioria, se vestiam de maneira parecida com o guarda, mas com menos elementos. Muitos usavam piercings de ossos de animais, e as vestimentas eram semelhantes.

Muitos também tinham olhos verdes ou cor lima, uma coloração pouco comum.

Na maioria das vezes que passavam por alguém, o transeunte parava para cumprimentar o grupo, dar as boas-vindas e, surpreendentemente, falavam com os cavalos.

Tal habilidade era algo raro, portanto, ver tantas pessoas capazes de compreender os animais foi um choque.

— Nunca vi um lugar onde há tantas pessoas capazes de se comunicar com animais... — disse Luna surpresa.

— Ah, sim, a maior parte da população não só de Krajna, como de Jawia podem se comunicar com os animais — explicou o guarda. — Também é onde há a maior concentração de pessoas com o elemento Natureza e Reanimação no mundo.

Ao ouvir aquilo, Sariel não pôde deixar de associar algumas coisas.

— E por que chamam aqui de Jawia? O povo dos reinos superiores de Yggdrasil chamam de Alfheim.

— O povo que habita a base da árvore é de uma etnia diferente daqueles dos reinos superiores — disse o guia. — Alfheim é como eles chamam a floresta na base de Yggdrasil, mas nós chamamos de Jawia.

Enquanto caminhavam, a princesa continuou a fazer inúmeras perguntas sobre o lugar, e o guarda respondia com gosto ao perceber alguém tão interessada sobre sua história e cultura.

Logo chegaram em uma árvore alta — maior do que a maioria — com uma estalagem bem cuidada construída em seu tronco e galhos.

— Bem, aqui é o lugar — disse o guia. — É o melhor lugar para se hospedarem, e a comida é boa também. Aproveitem sua estadia. — Em seguida se virou e retornou para seu posto.

Sem demora, todos entraram, deparando-se com um lugar bem parecido com qualquer pousada, com a exceção de que era muito mais arejado, com várias janelas permitindo que o doce ar da natureza entrasse, e muitos animais — em sua maioria aves — se encontravam dentro.

Devido ao horário, havia muitas pessoas já se alimentando.

Os cinco se dirigiram até o recepcionista, um homem jovem e sorridente, e foram cumprimentados por ele.

— Bem-vindos, o que posso fazer por vocês?

— Por acaso há um quarto disponível para nós e um lugar para nossos cavalos lá fora? — perguntou Sariel.

— Claro! Vou levá-los até lá! — disse o jovem saindo de trás do balcão e levando o grupo por uma escadaria. — Emil! Arranje um lugar para os cavalos deles!

Sem esperar resposta, todos subiram alguns andares pela árvore e chegaram em um grande quarto, bem mobiliado, cuidado e limpo.

— Quando tiverem organizado suas coisas, desçam para almoçar. — O jovem retornou para a recepção.

Assim que ficaram sozinhos, todos imediatamente fecharam todas as portas e janelas, vasculharam o local e cobriram a sala com Ilusão.

— Qual o plano? — perguntou Raymond. — Acha que perceberam quem somos?

—Se fosse o caso, teriam nos prendido aqui e não nos sugeririam tomar outro caminho — disse Sariel. — Deve ter algum problema acontecendo no caminho pela floresta para Acrópolis.

— Aquele guarda resistiu à minha Ilusão... — comentou Shiina. — Devo tentar uma aproximação mais direta?

— Podemos tentar extrair algo das pessoas lá embaixo — disse Luna. — Realmente precisamos nos alimentar, podemos aproveitar a oportunidade.

— Era este meu plano — disse o viajante. — Vamos descer então?

Todos concordaram e, após apenas alguns minutos no quarto, retornaram ao primeiro salão.

No momento que se sentaram na mesa, o recepcionista que os recebeu correu para atendê-los.

— O que gostariam de comer? — perguntou. — Ah, já devo avisar que não cozinhamos nada de origem animal.

Cada um pediu por cada coisa diferente, e aguardaram pacientemente o retorno do recepcionista com a refeição.

Nesse meio tempo, inúmeros animais se aproximaram para brincar com todos, especialmente Luna e Sariel.

O único que evitaram foi Aegreon, fazendo a princesa lançar um olhar de pena a ele.

— Ora, vocês também conseguem falar com eles? — perguntou um homem ao perceber o quanto os pássaros se sentiam à vontade próximos deles.

— Apenas eu e ela — respondeu Sariel.

— Entendo... — O homem se aproximou deles. — Se importam se eu me sentar aqui?

— Claro que não, fique à vontade! — disse Shiina convidativamente oferecendo um lugar ao seu lado.

— Ah... bem, neste caso... — A vítima, já hipnotizado pela beleza e sensualidade da assassina, sentou-se ao lado dela de maneira levemente envergonhada. — Vo-Vocês não são daqui, certo?

— Não, viemos de Eribur e estamos indo até Acrópolis — disse o viajante. — Infelizmente nos disseram sobre os problemas que estão acontecendo na floresta...

— Ah, está dizendo sobre a doença da floresta...

— Pode nos contar mais sobre isso? — perguntou Shiina ao mesmo tempo que agarrava o braço do pobre rapaz e fazia-o tocar seus seios.

— Be-Bem... Parece que começou alguns meses atrás... Ouvi dizer que durante uma patrulha encontraram uma área da floresta em que a vegetação estava totalmente negra e murcha, além da água semelhante de um pântano... — O homem, tentando desviar o olhar, disparou toda a informação de uma só vez.

Raymond, ao ver aquilo, sentiu um desconforto estranho.

— Pode continuar, querido — disse Shiina de maneira sedutora.

— Ah... De-desde então a doença se espalhou muito, chegando até as gra-grandes estradas como a de Acrópolis e destruindo alguns vilarejos... Por isso ninguém pode ir para o sul de Krajna no momento...

A conversa perdurou por alguns minutos, mas sem alguma informação nova ou relevante.

O grupo tentou fazer o mesmo com outras pessoas, já que era bem fácil socializar por serem estrangeiros, entretanto todos sabiam o mesmo que o primeiro rapaz.

As horas se passaram e eventualmente os cinco retornaram ao quarto para discutir novamente.

— Isso parece coisa de Baba Yaga — disse Sariel.

— Sim, o comportamento é parecido — concordou Aegreon.

— Como vamos fazer para atravessar a floresta? — perguntou Luna. — Se vissem Aegreon sem a ilusão, provavelmente nos deixariam passar... mas isso custaria nosso disfarce...

— Melhor evitar desfazer nosso disfarce, não temos nenhum contato aqui para nos cobrir — disse Sariel. — Podemos tentar falar amanhã com o responsável pelas investigações sobre o caso e convencê-lo a nos deixar ajudar.

— Bem, melhor descansarmos agora, assim poderemos fazer isso antes do amanhecer — disse Shiina.

Todos concordaram com essa sugestão e se prepararam para dormir.

Enquanto Raymond arrumava suas coisas, a assassina se aproximou dele e, usando Ilusão para impedir que os outros ouvissem, sussurrou: — Qual o problema? Está estranho desde que chegamos.

— Não é nada, apenas preocupado com o caminho — rebateu o guarda-costas.

— Oh? Não é o que suas intenções dizem... — provocou Shiina em um tom travesso, mas sedutor. — Não me diga que ficou com ciúmes...

— Be-Besteira — gaguejou Raymond enquanto tentava se afastar.

— Não se preocupe, da próxima vez alugamos um quarto só para nós... — A assassina se afastou, soltando um risinho.

Raymond a observou se afastar e suspirou audivelmente.

— Francamente...


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