Volume 2
Capítulo 92: O Escudo Invencível
Em uma planície estranha e antiga, um portal flutuava algumas dezenas de metros no céu.
Criaturas do elemento Raio saiam de dentro, causando uma tempestade terrível.
Conforme observava atentamente a Seita de Elgor, Clementius preparava-se para a batalha com seu escudo em mãos.
O local, além de não ser afastado e parecer normal, não demonstrava possuir muita concentração elemental como a maioria dos lugares que a Seita de Elgor se instaurava.
Contudo, naquelas terras ocorriam constantes relâmpagos, mesmo em dias sem nuvens.
Após uma breve pesquisa, foram descobertas pedras de Raio por toda a área que, além de causarem muitos relâmpagos, as vezes se atraiam de maneira estranha.
Antes mesmo da chegada dos anjos, a humanidade descobrira o magnetismo através das pedras de Raio.
Não se sabe se inúmeras tempestades fizeram as pedras surgirem, ou se, por haver pedras de Raio ali, muitos relâmpagos caiam, contribuindo ainda mais para o aumento da formação daquelas rochas.
O que importava no momento, era que havia um portal com criaturas de Raio aberto muito próximo de vilarejos vizinhos.
E apenas uma pessoa poderia resolver aquilo, alguém cujo elemento era Proteção, um poder totalmente defensivo, além de estar totalmente sozinho.
Os devotos encaravam o Pilar da Proteção confiantes de que ganhariam, afinal, aquela era uma das pessoas mais fáceis de se matar entre o Conselho.
Porém, logo perceberiam que cometeram um erro ao subestimá-lo.
— Olha só! O médico está aqui! HAHAHA! — riam os devotos enquanto mantinham algumas pessoas como reféns. — Vai fazer o que contra nós? Nos curar? HAHAHA!
— Corações enegrecidos pela ganância ferindo os inocentes... — disse com uma voz gentil, mas levemente amarga. — Trazem seres corruptos para perturbar nossa paz tão dificilmente conquistada... E por isso, irei puni-los!
Ao dizer isso, um grande escudo dourado de centenas de metros surgiu, evitando que as criaturas fugissem e prendendo todos dentro.
O portal estava aberto, entretanto, naquela barreira, ainda estava contido.
— Ei! Melhor parar com isso! — gritaram os devotos. — Se você se mexer, vamos matá-los!
Porém, Clementius ignorou as ameaças e correu até o portal, segurando seu escudo firmemente com a parte convexa virada para fora.
Quando viram aquilo, os devotos tentaram imediatamente matar os reféns, mas inúmeras barreiras douradas surgiram ao redor de cada pessoa.
— Corram até mim! — gritou o Pilar da Proteção. — Irei protegê-los!
Sob tais palavras, todos correram até Clementius, assustando-se, caindo e tropeçando.
Entretanto, a barreira ao redor deles era simplesmente indestrutível, o que permitiu todos a chegarem em segurança até o Pilar.
— Idiota! Agora temos só um alvo! HAHAHA! — gritaram os devotos ao mesmo tempo que lançavam inúmeras magias de cor roxa contra Clementius.
As criaturas seguiram o mesmo exemplo, focando seus ataques de raio nele.
Com as pessoas atrás de si, o Pilar da Proteção pisou firmemente no chão e manteve seu escudo adiante.
Em seguida, de alguma maneira, o escudo se moveu e a parte de fora se tornou ainda mais curvada, e um escudo de tamanho algumas dezenas de metros e elíptico surgiu ao redor.
A gema de Raio, Proteção e Conjuração brilharam intensamente enquanto as outras apenas emitiram uma luz fraca, e os golpes — ao atingir o escudo — foram totalmente refletidos ao redor, sem causar nem mesmo o menor trinco na barreira.
— Vou levá-los para fora da barreira — disse. — Vou caminhar para trás lentamente, portanto evitem sair de dentro de meu escudo!
As pessoas concordaram e Clementius começou a andar para trás lentamente conforme centenas de criaturas e devotos lançavam um ataque concentrado contra ele.
Apesar disso, o escudo mostrava-se inquebrável.
— Droga! Aumentem a potência de seus ataques!
Sob tais ordens, a intensidade e força das magias aumentaram ainda mais, ao mesmo tempo que criaturas cada vez mais poderosas surgiam do portal.
Dessa vez, pequenos trincos começaram a surgir na barreira, fazendo as pessoas se tornarem nervosas.
A quantidade de magia lançada constantemente era próxima das técnicas supremas dos outros Pilares capazes de criar uma explosão de quilômetros de raio.
Contudo, Clementius era o Pilar da Proteção, e disponha de uma das mais engenhosas defesas em sua mão.
— “Mil cairão ao teu lado, e dez mil, à tua direita, mas tu não serás atingido” — disse com um sorriso confiante. — Bem, se eu não serei atingido, aqueles atrás de mim também não serão!
O escudo se moveu novamente, tornando-se tão curvado que sua forma se transformou em um cone. A barreira assumiu a mesma forma e reduziu ainda mais de tamanho — possuindo apenas alguns metros de largura e forçando as pessoas a se amontoarem.
Um clarão de intensidade cegante castigava o escudo, porém, os relâmpagos ricocheteavam devido à forma e poder da barreira, destruindo tudo ao redor, mas mantendo todos dentro a salvo.
Se não fosse pela barreira, um rastro de destruição se alastraria por quilômetros.
Sem demonstrar qualquer indício de fraqueza, a barreira resistiu e Clementius levou todos até a borda da barreira maior que prendia todos dentro.
— Fujam! — gritou. — Passem pela barreira e não voltem!
Seguindo suas instruções, todos correram para fora, ficando totalmente protegidos.
Agora, só restava o Pilar contra um portal, centenas de criaturas e devotos em um ambiente cheio do elemento Raio.
— Maldição! Por que ainda não quebramos a barreira dele? — praguejou um dos devotos.
— Continuem! — gritou outro. — Por mais resistente que seja, não poderá continuar assim para sempre! Temos o poder de Elgor conosco!
E assim a Seita fez, aumentando ainda mais seus ataques enquanto mais criaturas surgiam para apoiar no raio de energia poderoso.
Conforme o tempo passava, a barreira passou a mostrar sinais de rachadura.
Para evitar isso, o escudo se moveu, assumindo uma forma extremamente elíptica e esticada e tornando-se tão angulado que apenas Clementius cabia dentro da barreira.
Com essa inclinação, a barreira se recuperou e bloqueou todo o dano sem nenhum problema.
Já a barreira exterior, demonstrava dificuldade em bloquear o raio devastador de sair, mesmo que boa parte já estivesse enfraquecido pelo impacto contra o escudo do Pilar da Proteção.
E, ao que parecia uma decisão estúpida, Clementius correu em direção ao portal.
Seu escudo era como uma proteção divina, protegendo-o completamente e deixando-o intacto a qualquer dano enquanto tudo ao seu redor era absolutamente pulverizado.
Um escudo indefensável corria heroicamente em direção ao perigo, causando medo nos devotos que assistiam aquela cena.
Se não fosse pelo brilho intenso das magias colidindo contra a barreira, veriam um semblante tranquilo e determinado, belos cabelos dourados esvoaçando belamente e um homem que parecia enviado dos céus para expurgar o mal... expurgar a eles!
— Ma-Matem logo ele! — urgiu um deles.
Como um animal encurralado, os devotos usaram todo o poder que possuíam, causando danos na própria pele e descarnando por usar tanto do elemento Conjuração.
E, no momento que usavam todo seu poder, Clementius sorriu e mudou a forma do seu escudo.
Sua forma convexa começou a se abrir, aumentando a esfericidade da barreira e começando a formar fendas nela já que o dano estava sendo menos dispersado.
O escudo se tornou totalmente plano — como uma parede — e muito em breve quebraria caso mantivesse aquela forma.
Contudo, o escudo continuou a se mover, começando a adquirir — na parte externa — um formato côncavo.
Dessa vez, ao invés de ricochetear o dano, estava concentrando e prendendo a magia dos devotos no escudo.
Seu formato continuou a mudar, até que se tornou tão concavo, que toda a magia lançada permanecia permanentemente presa no escudo.
Os devotos, percebendo isso, continuavam a lançar sua magia na esperança de quebrar a barreira.
E isso era justamente o que Clementius queria.
Após usar tanto poder, os devotos se cansaram e suas magias reduziram de potência — apesar de continuarem.
Porém, a magia que haviam lançado continuava presa dentro do escudo, completamente contido.
E foi neste momento que o Pilar da Proteção mostrou que também sabia lutar.
A quantidade de poder que havia capturado era tão intensa quanto a técnica suprema um Pilar, portanto, lançá-la seria devastador.
Mirando no portal, Clementius fez seu escudo formar uma espécie de cone aberto na ponta — semelhante a um funil — e disparou toda aquela magia concentrada de uma só vez.
— “Aquilo que o homem semear, isso também ceifará” — disse com um sorriso e em tom de reprimenda.
Em seguida, a magia de seus oponentes voou contra eles em um piscar de olhos, causando uma explosão arrebatadora bem similar às técnicas supremas dos Pilares.
Uma grande esfera roxa de eletricidade se expandiu rapidamente, destruindo tudo — incluindo o portal — dentro da barreira.
A barreira exterior — que mantinha as criaturas presas — certamente não resistiria àquele poder e cederia, pondo em risco os moradores perto do local.
Porém, Clementius usou todo seu poder para fortalecer ainda mais a barreira e conter toda a explosão dentro, ferindo-se no processo já que seu escudo estava no modo contra-ataque.
O máximo que pôde fazer foi criar um escudo pequeno ao redor de si, bloqueando grande parte do dano e saindo quase ileso daquilo.
Quando a explosão terminou, o Pilar da Proteção encontrava-se em uma fina coluna de terra que havia resistido à explosão — graças ao escudo que criara — e observou com satisfação o portal destruido e as criaturas mortas.
— Que suas almas encontrem salvação e que Kura os perdoe... — disse gentilmente unindo ambas as mãos em sinal de oração.
Clementius se manteve em silêncio por um longo momento, as palmas unidas e olhos fechados.
Após quase um minuto, o solo começou a tremer e a intensidade da vibração aumentou, fazendo a coluna de terra que o Pilar da Proteção se encontrava desabar.
Clementius se recuperou facilmente e pousou várias dezenas de metros abaixo tranquilamente.
Devido à explosão, as rochas embaixo da terra que era composta principalmente de pedras de Raio bruta começaram a brilhar, emitir energia e foram atraídas até um ponto afastado.
As pedras voaram até onde o portal estava, acumulando-se no chão.
Então, do subsolo, uma criatura enorme emergiu, fazendo eletricidade explodir e se espalhar por dezenas de metros.
Esse monstro se parecia com um louva-a-deus, mas era muito maior — com cerca de 70 metros de altura — e seu corpo era violeta, amarelo e escuro.
A cabeça possuía um chifre extremamente comprido, serrilhado e dividido no meio, fazendo as duas partes separadas se moverem independentemente e se esfregarem, criando eletricidade com o atrito.
Os olhos eram como esferas de plasma e brilhavam perigosamente.
Seus dois braços principais eram como lâminas serrilhadas e se mexiam em um movimento circular, emitindo raios poderosos.
Sua parte de trás era grande, onde a eletricidade de seu corpo mais se concentrava — assemelhando-se a um vaga-lume — e parecia estar coberto em uma espécie de asa ou membrana, apesar do brilho dos relâmpagos escaparem.
Vários espinhos violetas iam desde sua cabeça até seu traseiro, criando uma conexão entre eles com os raios.
Ao ver aquela criatura, Clementius sabia que estava diante de um inimigo poderoso e preparou-se para a luta.
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