O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 2

Capítulo 81: A Tempestade que se Aproxima

Dignas do mundo de onde vieram, as criações de Nergal logo instauraram o completo caos.

A Seita de Elgor não sabia se lutava contra o grupo, se matava os prisioneiros, se lutava contra as criaturas de Nergal ou se deveriam destruir o portal.

O mesmo valia para o grupo, era difícil saber o que priorizar quando se tinha inocentes a salvar, um portal para destruir, criaturas para matar e lidar com os devotos.

Quando às pessoas que se renderam à loucura e Kromun... Faziam qualquer coisa.

Alguns lutavam contra si, outras adentravam o mundo de Nergal e até mesmo as criaturas seguiam o mesmo comportamento, como se estivessem confusas com a própria existência e atacavam qualquer ser vivo sem discriminação.

Muitas delas pareciam rugir de dor, e algumas usavam as próprias garras e presas para se mutilarem.

Os únicos seres “racionais” que imediatamente tomaram uma decisão, foram as criaturas de Elgor, que ignoraram tudo e todos apenas para atacar e matar as criações de Nergal.

 — O-O que fazemos? — perguntou Luna enquanto estava totalmente perdida.

— Protejam os inocentes primeiro! — gritou Sariel. — Vou mudar meu elemento para Proteção e prender todos a...

Antes que pudesse terminar, o viajante sentiu um ataque se aproximando por trás e foi forçado a se virar rapidamente e bloqueá-lo.

Uma criatura parecida com um lobo bípede de gelo mordeu sua glaive, contudo, havia algo de diferente nele.

Seu corpo não era azul e seu gelo não era branco.

Era escuro, e emanava uma névoa gélida roxa, com seus olhos brilhando como um predador que encontra o banquete perfeito.

Não demorou muito para inúmeras outras criaturas como aquela surgirem. Várias eram como os monstros voadores que o grupo enfrentou mais cedo, com a principal diferença sendo que eram muito mais fortes, todo o corpo havia mudado para escuro, e o vento e gelo manipulavam eram roxos.

— Sombras?! — surpreendeu-se Luna.

— Maldição! — praguejou Sariel. — Eu temia que essas coisas também existissem aqui.

— Esse lugar nunca recebe a luz do sol... — disse Feng Ping. — Então essas são as criaturas que enfrentaram?

— Sim, e não as deixem tomarem o corpo dos outros! — urgiu Raymond.

Os Reerguidos tentaram, com todas as forças, matar alguém do grupo. Lançavam inúmeras magias poderosas, contudo, eram dizimadas em um piscar de olhos.

Não podia se esperar um resultado diferente, afinal, havia três — quase quatro — pessoas no nível de poder de um Pilar ali.

Hordas e mais hordas dos Reerguidos surgiram, e logo perceberam que não conseguiriam nem chegar perto daquelas pessoas.

Enquanto isso, o caos prosseguia no portal.

Inúmeras criaturas continuavam saindo e lutando contra os monstros de Elgor, e os reféns, por fim, decidiram correr até o grupo.

O comportamento das criaturas era como de um animal infectado com raiva, sofrendo com a dor, irritando-se por causa dela e descontando sua aflição em tudo e todos.

Os Reerguidos, após observar a situação por um tempo, tomaram uma decisão preocupante e esperta.

Todas avançaram até o portal, onde inúmeras criaturas lutavam e morriam, ao mesmo tempo que evitavam o grupo.

— O que estão fazendo? — perguntou Shiina.

Logo a assassina recebeu sua resposta.

Uma das criaturas — semelhante a um urso coberto por uma camada de gelo roxo — se aproximou de uma das criaturas de Nergal, um monstro semelhante a um caranguejo e com uma das garras sendo flamejante e tão grande que provavelmente não seria capaz de levantá-la e forçada a arrastá-la conforme andava.

A criatura de Nergal era maior, e provavelmente ainda mais poderosa que a criatura de gelo antes de ser reerguida.

Em seguida, a criatura agarrou com todas as forças o cadáver, a escuridão de seu corpo derreteu e começou a se fundir com a outra.

Após alguns segundos, a criatura semelhante a um urso adquiriu as características do caranguejo. Um de seus braços cresceu anormalmente, assumindo a forma de uma garra de crustáceo e flamejante. Três pares de patas pequenas surgiram em suas costelas, e seu pelo foi substituído por uma espécie de carapaça com gelo e fogo roxos vazando.

O mais interessante sobre isso, foi que o elemento do Gelo e Fogo originalmente das duas criaturas não só se mantiveram, mas como se tornaram mais poderosos.

— Eles... podem se fundir? — surpreendeu-se Luna. — E manter a manipulação elemental de ambos?

— Isso é péssimo... — disse Raymond. — Vão se aproveitar da batalha para possuir criaturas cada vez mais fortes.

Se antes não estava caótico o suficiente, a situação agora ficou dezenas de vezes pior.

— Maldição! — praguejou um dos devotos de Elgor. — O que as pragas de Nyx estão fazendo aqui?

— Então é isso que aconteceu com os monstros desaparecidos que conjuramos — disse outro devoto. — Va...

No meio de sua frase, um dos prisioneiros enlouquecidos o derrubou com o corpo em chamas e o socou até a morte.

Logo em seguida, outro aldeão agarrou o antigo companheiro pelo pescoço e começou a estrangulá-lo.

— O que faremos? — perguntou Luna perdida e desesperada ao ver tantos inocentes morrendo. — Não podemos deixá-los lá!

— Os sãos primeiros! — disse Feng Ping ao mesmo tempo que lutava e protegia os prisioneiros que se aproximavam desesperadamente. — Depois tentamos salvar os loucos... mas saiba que já são um caso perdido, Luna.

O rosto da princesa se contorceu de frustação e tristeza.

— Sariel, tem alguma ideia? — perguntou Luna desesperada.

Enquanto essa discussão acontecia, os prisioneiros se reuniam perto do grupo, incluindo Yuri que foi direto na direção do viajante.

— Senhor Sariel e mestre Ping, salvem meu marido, por favor! — implorou. — Ele não está agindo normalmente!

O viajante, que até agora estava em silêncio, encarou Luna e Yuri com um olhar conflitado.

— Raymond e Luna, são os únicos além de mim capazes de usar magia de Proteção, portanto fiquem aqui, curem e protejam os resgatados — disse. — Shiina, ajude-os matando qualquer inimigo que chegar perto.

Os três concordaram com a cabeça.

— Aegreon e Feng Ping, vamos destruir aquele maldito portal! — disse Sariel com convicção. — Yuri, farei o possível, mas não garanto a sobrevivência dele, compreende?

Yuri, com uma expressão triste e segurando suas lágrimas, disse: — Ce-Certo.

Ao ouvir isso, os três que seriam responsáveis por destruir o portal caminharam até ele.

— Não se preocupe, tenho certeza de que Sariel fará o possível para salvá-lo — disse Luna ao mesmo tempo que curava Yuri. — Confie nele!

Contudo, ela permaneceu em silêncio e com a mesma expressão dolorosa.

Enquanto isso, o trio avançava matando tudo em seu caminho.

— Sariel, o que planeja fazer? — perguntou Feng Ping. — A Conjuração de Aegreon não vai danificar os anéis, já que são feitas desse elemento. Há muitas criaturas do elemento Vento e Gelo, as sombras estão se fortalecendo cada vez mais, e ainda há a barreira protegendo o portal.

O viajante, encarou os céus por um breve momento, e seus olhos mudaram para a cor violeta.

— Há apenas uma maneira de competir com a ventania e a nevasca... — disse em um tom grave. — E é a tempestade!

Imediatamente, centenas de relâmpagos violetas iluminaram os céus, trazendo — pela primeira vez após sabe-se lá quantas eras — uma luz duradoura.

Um único raio iluminaria por menos de um segundo, porém, com tantos relâmpagos caindo simultaneamente, a luz era ainda superior do sol.

Apesar da quantidade absurda de raios, atingiam com precisão cada criatura e devoto naquele lugar, quase como se fossem para-raios ambulantes.

O som dos ventos logo foi superado completamente pelos poderosos e ensurdecedores trovões, cujo estrondo chacoalhava a terra, alterava o relevo e implantava o medo nos corações da Seita de Elgor.

Todos achavam que os raios caiam apenas no Pico da Garra Gélida, porém, Luna — que podia usar magia de Alteração — percebeu que Sariel alvejava não apenas as criaturas na montanha, mas várias que estavam ao redor e se aproximando dela.

— Isso é ainda mais poderoso que Indra... — disse Feng Ping sem fôlego e surpreso.

O viajante nada respondeu, apenas caminhou confiadamente com seu corpo coberto com inúmeros relâmpagos, tornando sua figura quase insuportável de ver devido tanta luz. Cada passo marcava profundamente e derretia a rocha, mesmo que caminhasse suavemente.

Seus olhos eram como duas ametistas brilhantes, reluzindo belamente perante o resplendor de seu próprio poder. Seus cabelos e roupas flutuavam, revelando o broche que sempre ficava debaixo de seu manto, agora brilhando em violeta.

Sua glaive também havia mudado, cujas pedras mágicas assumiram a mesma cor de seus olhos, e o metal com um belíssimo tom escuro.

A arma era como se tivesse sido forjada nas nuvens e enviada ao plano inferior, para ser empunhada pela encarnação humana da tempestade.

— Quem diabos é... aquele cara? — perguntou um dos devotos com o rosto completamente assustado. — É o Pilar do Raio?

— Não se parece com alguém de Krimisha — respondeu outro. — Nã-Não é possível que seja outro Pilar do Raio!

— Estamos condenados!

Todos da Seita de Elgor tremiam de medo. Não bastava aquele monstro com seus poderosos raios, havia também outros dois Pilares caminhando com olhares sérios travados neles.

Os únicos que não sentiam medo eram os devotos de Nergal, afinal, não tinham nenhuma noção de sanidade.

— HAHAHA! DIVERTIDO! — gritou Kromun. — VENHAM!

Tomando a frente, Sariel avançou como um raio, carregando toda a tempestade consigo.

Ou melhor, ele era a tempestade se aproximando.


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