O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 2

Capítulo 79: Criaturas do Mar Branco

Com aquelas criaturas imensas se aproximando — e outras menores também — Sariel não perdeu tempo.

— Prestem atenção! — gritou para o grupo. — Vou usar telepatia para que consigam ver as auras das criaturas!

— Não preciso de sua ajuda! — gritou Aegreon conforme saltava na direção de uma das criaturas de vento.

Tsc! — O viajante usou do elemento Alteração e se conectou mentalmente com todos do grupo, exceto o Pilar da Conjuração que recusou a comunicação.

Todos passaram a ver e sentir as auras dos monstros da mesma maneira que Sariel, facilitando bastante o trabalho deles em vê-las.

— Feng Ping, Shiina e Luna lidarão com as criaturas de água e raio — disse. — Eu, Aegreon e Raymond vamos lidar com as ameaças do ar.

— Certo!

Em poucos segundos, todos se dividiram da melhor forma possível e lutaram contra cada criatura.

A criatura elétrica não retornou para a água, preferiu lutar fora e disparando baforadas de eletricidades poderosíssimas em seus oponentes, criando um som de vários relâmpagos contidos.

Quanto à criatura aquática, disparou um poderoso pulso de água mirando Feng Ping, destruindo a grossa camada de gelo como se não fosse nada.

O Pilar do Vento apenas concentrou os ventos em sua lança e cortou na direção da criatura, atravessando seu jato de água facilmente e dividindo o corpo dela em um corte limpo, fazendo seu grande corpo submergir no mar.

Shiina se tornou invisível com Ilusão, se aproximando da criatura elétrica para dar um golpe único e fatal.

A princesa e o Pilar do Vento perceberam a manobra — já que podiam ver toda aura mágica, incluindo deles mesmos — e mantiveram a atenção da criatura para si.

Shiina saltou, carregou fortes ventos em sua espada e estava pronta para decepar a cabeça da criatura de elétrica.

A assassina, por estar totalmente indetectável, cortou completamente o pescoço da criatura.

Enquanto isso ocorria, outra baleia surgiu debaixo de Luna e Feng Ping, atingindo-os com seus poderosos chifres.

Entretanto, ambos bloquearam bem o golpe e, com suas armas carregadas com magia, desferiram um poderoso golpe na cabeça da criatura, dividindo sua cabeça em três partes da mesma maneira que se descasca uma banana.

A princesa, sem se demorar, lançou estacas de gelo enormes com a grossura de uma arvore contra outra criatura elétrica e a matou instantaneamente.

— Essas coisas só têm tamanho — disse Shiina.

— Ainda não! — disse Luna. — Há mais embaixo.

Após dizer isso, inúmeras rajadas de raios e água vieram de baixo, atingindo todos em cheio.

Os três caíram na água e foram imediatamente se tornaram alvos das criaturas.

Enquanto isso acontecia, os animais que levaram o grupo até lá estavam em pânico. A maneira como tremiam e se encolhiam indefesos e incapazes de fazerem nada perante aquela batalha era de quebrar o coração.

Sariel, Aegreon e Raymond faziam o melhor que podiam para lutar contra as criaturas de vento e gelo.

As criaturas faziam a nevasca ficar mais forte, numa tentativa de cegar seus oponentes... Era uma pena que Sariel estava ali naquele momento.

Usando a espada de Indra, Raymond concentrou alguns raios em sua espada e lançou uma lâmina de energia na direção de uma dessas criaturas, arrancando um grande pedaço do corpo dele.

Contudo, a criatura não pareceu reagir.

O monstro não gritou de dor, e nem sangue saiu do ferimento.

— Eu errei? — perguntou confuso.

— O corpo daquela criatura é enganoso — disse Sariel. — Aquelas coisas flutuando são uma espécie de pelo que contêm poder mágico, mas o corpo real é apenas a cabeça e um corpo comprido extremamente fino.

— Então ela usa seus pelos para enganar os oponentes... Uma criatura desse tamanho normalmente é um alvo fácil, mas seu corpo é bem ardiloso...

Enquanto os dois discutiam, Aegreon saltava na direção dessas criaturas e, com sua foice roxa queimando furiosa e sedenta em ceifar vidas, brilhou no céu e cortou uma dessas criaturas no meio, consumindo-a com seu fogo amaldiçoado.

A criatura queimou no ar como um balão, tornando-se cinzas antes mesmo de cair no chão.

Assim que tocou o chão, o Pilar da Conjuração saltou novamente para atacar as outras criaturas.

Seguindo seu exemplo, Sariel não apenas saltou, mas flutuou no céu e arremessou sua glaive contra uma criatura, atingindo-a na cabeça e matando instantaneamente.

Outra criatura tentou atacá-lo pelas costas, entretanto o viajante, usando telecinese, fez sua glaive voar até o monstro e matá-la sem nem olhar para ela.

O viajante permaneceu de braços cruzados conforme flutuava graciosamente no ar e sua glaive fazia todo o trabalho por ele.

— Exibido... — disse Raymond conforme observava aquilo e esboçando um leve sorriso. — Também sei um ou dois truques.

Ao dizer isso, raios e trovões começaram a iluminar de violeta o céu, e inúmeros relâmpagos poderosos castigaram as criaturas voadoras.

A maioria dos raios atingia o que “pelo” delas, o que em geral não causava danos, mas, com tantos relâmpagos caindo simultaneamente, eventualmente suas cabeças eram atingidas e mortas.

Aegreon era ainda mais agressivo, suas chamas roxas podiam ser vistas de muito longe e consumiam qualquer criatura.

Porém, as criaturas não morriam sem lutar de volta.

Ventos carregados com gelo cortavam, impactavam e destruíam tudo ao redor.

O grupo tentava proteger os animais a todo custo, afinal, todos sentiam-se responsáveis por trazerem eles até aquele local.

Neste embate de poder, uma magia das criaturas desviou até alguns dos animais, e Aegreon se moveu rapidamente, bloqueou o golpe com o próprio corpo, e pulou contra os oponentes novamente.

Já Luna, Shiina e Feng Ping não tinham tanta sorte.

Os buracos no gelo se tornavam cada vez maiores e as criaturas, ao perceber que era mais inteligente lutar de dentro da água, faziam o possível para tentar derrubá-los.

— O que vamos fazer? — perguntou Shiina. — Não podemos lutar na água, é fria pra caralho!

— Mas elas não vão sair dali! — disse Luna. — Temos que fazer algo!

— Então sinta-se livre para mergulhar nessa água cheia de criaturas — ironizou a assassina.

Apesar de aquilo ter sido dito em tom de piada, a princesa se lembrou de um momento não muito distante.

Sem nenhuma hesitação, Sariel havia pulado em um lago de magma apenas para matar uma criatura.

Com um olhar sério, Luna encarou a água, onde podia ver centenas várias luzes de eletricidade violeta e alguns pontos azuis translúcidos.

Percebendo o olhar da princesa, a assassina se aproximou dela e disse: — Ei, você não tá pensando em fazer o que estou pensando, certo?

Luna, mantendo seu olhar fixo, apenas disse com um sorriso: — Vou dar um mergulho.

Sem pensar duas vezes, a princesa se jogou no meio da água e foi imediatamente atacada pelas dezenas de criaturas.

Logo que mergulhou, uma espécie de tentáculo, com dentes afiados e elétrico a agarrou pela perna — fazendo-a sentir a dor daquela corrente e da perfuração — e a puxou dezenas de metros em um único instante, deparando-se com uma espécie de polvo negro cheio de espinho por todo o corpo.

— Mas o quê?! — assustou-se Shiina. — Por acaso ela é maluca?

— Ela deve ter algum plano em mente — supôs Feng Ping.

Deixando que a criatura a puxasse, Luna desceu cada vez mais, se deparando com dezenas de criaturas diferentes daquelas que os atacaram inicialmente.

“E pensar que haveria tantas criaturas assim por aqui... Bem, só há uma coisa que posso fazer!”

Com seu fôlego limitado, cortou e lançou estacas de gelo contra inúmeras criaturas, não com o intuito de feri-las, mas de irritá-las e fazê-las se aproximarem mais.

Por estarem em seu ambiente natural, as criaturas avançaram confiantes de sua vitória.

Entretanto, quando todas estavam bem perto, liberou toda sua magia nelas e começou a congelar rapidamente a água.

Como a água já estava bem fria, levou apenas alguns segundos para que centenas dessas criaturas congelassem imediatamente sem terem chance de se afastar.

A grande esfera de gelo logo flutuou para a superfície, permitindo que Feng Ping e Shiina finalizassem as criaturas no gelo.

— Essa foi uma boa ideia, apesar de imprudente — disse o Pilar do Vento. — Como pensou nisso?

A princesa limitou-se a sorrir e a olhar para Sariel na distância.

A batalha no ar já estava para acabar, quando, subitamente, mais auras começaram a surgir do mar.

— Mais? Como é possível? — perguntou Shiina.

— “Não se preocupem” — disse Sariel na mente de todos. — “Lidarei com isso.”

Subitamente, todas as criaturas que começaram a se aproximar do mar e do ar foram imediatamente puxadas com a magia de Alteração de Sariel. Mesmo que levitasse dezenas, talvez centenas dessas criaturas, fazia com facilidade.

Em um único movimento, fez todas as criaturas se chocarem uma contra a outra no ar, formando uma enorme esfera de carne, sangue, vísceras e morte.

As criaturas eram esmagadas e, tal como um pano molhado é torcido para remover o excesso de água, o sangue das criaturas fora expelido para fora de seus corpos, criando uma chuva vermelha.

E assim a batalha acabou, sem quase nenhuma casualidade.

Quase...

— Moleza — disse Shiina enquanto o grupo se reunia.

— Sabe que eu fiz boa parte do trabalho de matar aquelas criaturas aquáticas, certo? — disse Luna.

Tsc! Nem ferrando que eu ia entrar naquela água gelada — reclamou.

— Ah... a gatinha não gosta de banho? — provocou a princesa com um sorriso travesso.

— Engraçado ouvir isso de uma princesa mimada! — irritou-se a assassina.

Ao ouvir Luna debochando de Shiina, Sariel, Raymond e Feng Ping não puderam se conter e riram da situação.

Entretanto, havia uma pessoa que não estava presente no momento.

Percebendo a falta de Aegreon, a princesa olhou ao redor e o viu não muito longe e rodeado pelos animais que vieram com eles.

Aproximando-se dele, deparou-se com o Pilar da Conjuração segurando o cervo que montou nos braços, aparentemente morto.

Percebendo aquilo, Luna imediatamente correu para tentar curar o animal.

— Não adianta... — disse Aegreon com um tom sutilmente entristecido. — Uma daquelas malditas criaturas o acertou...

— Não não não! — disse a princesa em negação enquanto tentava curar o cervo. — Eu posso curá-lo.

O Pilar da Conjuração pegou gentilmente o braço dela e, com a cabeça, fez um sinal de não.

Naquele momento, Luna desabou em lágrimas. Mesmo que fosse apenas um animal que tivesse encontrado a algumas horas, para ela, era um amigo tão precioso quanto seus companheiros.

O resto do grupo, percebendo a comoção, se aproximou deles.

— Se ao menos não tivéssemos vindo com eles... — lamentou a princesa.

— Está tudo bem, Luna — disse Raymond conforme se abaixava ao seu lado e tocava seu ombro. — Não foi culpa sua.

A princesa, sem pensar duas vezes, abraçou seu guarda-costas.

Surpreso, Raymond retribuiu o ato.

Feng Ping observava Aegreon com um olhar confuso.

— Você... realmente lamenta a morte de um animal... — disse percebendo as emoções genuínas de pesar dele. — Por que nunca demonstrou empatia antes?

O Pilar da Conjuração o encarou o Pilar do Vento com um olhar irritado, assim como sua intenção que trocou de lamúria para raiva.

— Não confunda meu silêncio com desdém — respondeu com a voz grossa.

Essa resposta pegou Feng Ping desprevenido e sem saber o que dizer.

Percebendo a tensão, Sariel tentou mudar o foco de ambos.

— Precisamos fazer algo sobre o corpo dele... — disse com pesar.

Sariel também estava afetado pelo acontecido, tanto que se aproximou do cervo e o acariciou.

— Não vamos deixá-lo dessa maneira para que alguém tente reanimá-lo com Conjuração depois — disse o viajante conforme uma chama surgia em suas mãos e consumia o animal. — Adeus...

Pelo fogo de Sariel, o cervo queimou devagar e se transformou em cinzas, que foram carregadas pelo vento, levando sua essência pelos céus.


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