O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 2

Capítulo 77: Báishui

Após todos terminarem de se preparar, o grupo se reuniu na entrada da moradia de Feng Ping aguardando todos para partir.

Yuu acompanhava o grupo, e Fuyu também estava presente.

Logo todos se reuniram, e estava na hora de se despedir.

— Yuu, tome cuidado por aqui — disse Feng Ping. — Não baixe sua guarda.

— Certo, mestre — disse a aprendiz. — Cuidarei de tudo enquanto estão fora.

— Os senhores também devem tomar cuidado — disse Fuyu preocupada.

— Não se preocupe, ficaremos bem — disse o Pilar do Vento. — Bem, hora de partir.

Sob essas palavras, todos se viraram para a entrada e começaram a caminhar até ela.

Shiina andava e estava um pouco distraída, mas Yuu tinha algo para dizer a ela ainda.

— Shiina-san — chamou.

Ao ser chamada, a assassina virou o rosto e interrompeu sua caminhada.

A aprendiz se aproximou bem para sussurrar algo.

— Peço desculpas pelo que mestre Ping disse sobre você. Ele ainda é cauteloso demais sobre mim. — disse. — E sei que começamos com o pé esquerdo, e nunca tivemos a oportunidade sobre o que aconteceu anos atrás, mas saiba que não sinto nada contra você, e tenho certeza de que mestre Ping entenderá seu lado.

— Não se preocupe, não foi você quem mantou meus amigos — disse a assassina calmamente. — Não tenho nada contra você... Já ele...

Shiina tentava se segurar para não ofender o Pilar do Vento.

A aprendiz, ao ouvir essas palavras, sorriu suavemente.

— Eu entendo, mas mestre Ping é inteligente, ele perceberá que você é uma boa pessoa — disse Yuu conforme se curvava. — Conversamos melhor depois, Itterasshai.

Ao ouvir aquilo, Shiina sorriu suavemente, se curvou e disse: — Ittekimasu.

A assassina partiu se virou e partiu.

 

***

 

Algumas horas desde a partida, o grupo encontrava-se viajando por um caminho estreito à beira de um precipício, bem alto nas montanhas.

Felizmente, Sariel, Luna e Feng Ping eram capazes de criar uma área ao redor deles onde a força da nevasca e dos ventos caia drasticamente, caso contrário não seriam capazes de usar aquele caminho sem cair.

Durante o caminho, todos permaneciam em silêncio, com suas mentes ocupadas sobre o possível traidor do Conselho e, agora, sobre o ataque da Seita.

Foi neste momento que Luna finalmente se lembrou sobre algo que gostaria de dizer durante a discussão mais cedo e decidiu não esperar por outro momento.

— Ah, há algo importante que descobri recentemente e esqueci de dizer — disse.

— Se é importante então pode dizer — disse Sariel. — Não há ninguém aqui além de nós para ouvir.

— Descobri que Elise foi quem selou meu poder mágico — disse a princesa sem demora.

Aquilo imediatamente chamou a atenção de todos do grupo, principalmente de Raymond e Sariel.

— Elise?! Ela não era para ser uma pessoa com pouco poder mágico? — perguntou o viajante encarando o guarda-costas.

— Mas ela nunca usou magia antes! Nem mesmo diante de Sua Majestade — respondeu Raymond.

— Ela provavelmente manteve isso em segredo até mesmo do próprio marido — supôs Shiina. — Além disso, Fordurn não é um reino próspero o suficiente para fazerem bom uso de alguém com o elemento Selagem.

— Isso tudo é muito estranho... — disse Feng Ping. — Elise sabia onde te encontrar, cuidou de você em segredo e até selou seu poder mágico para evitar que fosse descoberta... Descobriu algo mais sobre ela?

Luna balançou a cabeça negativamente.

— Na próxima vez que dormir, vasculhe bem todas suas memórias sobre Elise — disse Sariel. — Provavelmente há mais a ser descoberto.

— Certo.

Depois dessa revelação que despertou a curiosidade de todos, o grupo continuou seu trajeto sem nada acontecer, até que a noite caiu tornando todo o lugar ainda menos visível.

Ainda estavam nas montanhas, portanto todos concordaram em descansar em uma pequena caverna que encontraram, já que — mesmo que usassem Alteração para iluminar o caminho — pouco ajudaria na visibilidade, além de que alguém de longe poderia vê-los devido à luz.

O grupo dormiu rapidamente, e Luna passou todo o tempo em seu subconsciente em busca de informações novas sobre Elise.

Infelizmente, por mais que procurasse, a única coisa que encontrou foram várias memórias diferentes de Elise selando-a. A princesa chegou a verificar até mesmo as memórias depois da morte dela, contudo não havia mais nada sobre ela.

Quando menos esperava já era de manhã e sentia alguém tentando acordá-la.

Frustrada e sem ter uma alternativa, abriu os olhos.

 

***

 

— Então não encontrou nada? — perguntou Raymond.

— Apenas que ela precisou de vários dias para selar meu poder — disse Luna.

Já era passado o meio-dia, e o grupo seguia sua viagem pelas montanhas.

— Talvez se nos contar mais o que sabe sobre ela, poderemos descobrir algo — disse Sariel.

— Já contei tudo o que sabia — respondeu o guarda-costas. — A rainha Elise escondeu de todos que podia usar magia.

— Até mesmo da própria família? — perguntou Feng Ping. — Talvez haja algum diário ou registro sobre isso guardado.

— Acho difícil — disse o viajante. — Geoffrey parecia realmente não saber sobre isso, então se havia qualquer registro sobre isso, provavelmente foi destruído. Elise manteve esse segredo muito bem escondido.

— Sabe se havia boatos da rainha estar debilitada nos dias anteriores deu sua morte? — perguntou Aegreon para Raymond.

— Bem, ouvi de alguns soldados. e de meu próprio mestre. depois de me tornar um escudeiro que Elise parecia mais cansada alguns dias antes de sua morte — disse Raymond. — Isso parece corresponder com o fato de que ela esteve selando o poder de Luna por vários dias e esgotando sua magia.

— Mas por que selar o poder? — questionou Shiina. — Mesmo que fosse para evitar que fosse detectada, manter o poder mágico selado também é perigoso, Luna quase morreu por causa disso.

— Não acho que foi proposital — disse Sariel. — Ela provavelmente pretendia quebrar o selo mais tarde, mas morreu antes disso.

— Falando nisso, não encontrou nada sobre a maneira como ela morreu? — perguntou Raymond.

Luna balançou a cabeça negativamente.

— Tentei encontrar algo, mas creio que não estava acordada no momento.

— Há algo muito errado aqui — disse Feng Ping. — Mesmo que o elemento dela fosse Selagem, ela teria poder o suficiente para lutar contra alguém... E, como foi capaz de selar o poder de Luna, então ela não possui pouco poder.

— Exato, um criminoso comum não seria capaz de matá-la — disse Sariel. — Fizeram um teste para descobrir o elemento do homem que prenderam? — perguntou encarando Raymond.

— Sim, e ele não era nada especial — respondeu o guarda-costas. — Tinha pouquíssimo poder mágico.

— Então só há uma alternativa — disse o viajante. — Vocês prenderam o homem errado, e o verdadeiro assassino provavelmente assassinou Elise sorrateiramente com Ilusão, já que Geoffrey não ouviu sons de luta.

— Mas Elise lutou contra aquele que a matou — disse Raymond. — Havia restos de sangue na unha dela.

— Ela provavelmente lutou contra ele, mas foi derrotada logo em seguida, e o assassino deve ter isolado o som para que ninguém ouvisse — disse Feng Ping. — Mas o que me incomoda é: por que o assassino não sequestrou ou matou Luna?

Aquela pergunta fez todos se tornarem pensativos.

— Se o assassino percebesse os olhos dela, a mataria ou, se fosse de uma Seita, a levaria para vender sua alma — disse Sariel. — Mas Luna se estivesse dormindo no momento, teria a sequestrado por acreditar ser parte da família real de Fordurn... Realmente não vejo por que o assassino deixou Luna.

— Isso é muito estranho — disse Aegreon. — Nada parece fazer sentido.

O grupo suspirou por não conseguir responder a esse mistério sobre Elise.

Durante o caminho, todos discutiam as possibilidades sobre o que podia ter acontecido, e eventualmente também voltaram falar sobre o traidor do Conselho.

As horas se passaram e a noite começou a cair, quando, finalmente, o grupo avistou uma pequena vila com casas bem pequenas e semelhantes às casas das Montanhas Prateadas.

Não havia nenhum caminho ou ruas — ou havia, mas estavam embaixo da neve —, ninguém estava do lado de fora, e as casas eram todas maltratadas e com buracos em todo lugar.

O lugar parecia abandonado, porém era possível ver luzes tênues de dentro das casas, mostrando que de fato havia pessoas habitando ali.

Aproximando-se mais, o grupo percebeu os moradores espiando-os por entre as frestas em suas casas.

— Parecem assustados — comentou Sariel.

— Não parece que os danos nas moradias são recentes? — perguntou Shiina.

Após essa observação, todos repararam que as casas tinham sinais de danos recentes, incluindo danos causados por magia como marcas de queimadura, cortes e grandes buracos nas paredes.

—Talvez a Seita que atacou aquela vila também passou por aqui — supôs Raymond.

— É provável, vamos tentar falar com algum deles — disse o viajante.

Sariel caminhou até uma das casas, o que fez os moradores se afastarem assustadas e se esconderem dentro.

Quando chegou na porta, bateu suavemente.

— Com licença, posso falar com vocês por um minuto? — perguntou com uma voz amigável.

— Vá embora! — gritou uma voz raivosa de um idoso. — Não queremos nada!

— Por acaso foram atacados? Estamos aqui para salvar aqueles que foram levados — disse o viajante.

Fez-se um breve silêncio por um momento, quando passos puderam ser ouvidos e um senhor careca com olhos puxados e vestindo farrapos abriu a porta.

— Desculpe o incomodo, mas pode dizer o que aconteceu por aqui? — disse Sariel.

O senhor olhou o viajante de maneira suspeita por um tempo.

— Estão aqui para nos ajudar? — perguntou o idoso.

— Sim, aqueles são meus companheiros — disse o viajante apontando para o grupo. — Pode nos dizer o que aconteceu para que possamos ajudá-los?

— Está bem — concordou o idoso.

Ao ouvir isso, Sariel acenou para os companheiros se aproximarem.

O grupo se aproximou e, ao ver Feng Ping, a expressão do idoso se fechou imediatamente.

— O que você está fazendo aqui, seu traidor desgraçado?! — gritou o idoso enfurecido.

O Pilar do Vento foi pego completamente de surpresa com essa fúria repentina.

— Perdão? — perguntou. — Está falando comigo?

— Não se faça de idiota! Por que ele está com você? — perguntou o idoso para Sariel.

— Ele está aqui para aju...

— Não preciso de ajuda de alguém que abandonou a própria terra natal! — disse o senhor enfurecido. — Vão embora!

O idoso fechou a porta com força, quase fazendo-a se quebrar, e não a abriu mais não importando o quanto o grupo insistisse. Nem mesmo magia de Ilusão funcionava para convencê-lo.

— Mas o que foi isso? — perguntou Shiina. — Por que ele falou aquilo sobre você?

O Pilar do Vento ainda estava surpreso com a reação.

— Não sei...

— É melhor falarmos com outros — sugeriu Sariel.

Ao dizer isso, o grupo foi até as outras casas, tentando adquirir alguma informação do que aconteceu.


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