O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 2

Capítulo 117: Trabalho em Equipe

Voando o mais rápido que era capaz, Feykron se aproximou de Ymir com inúmeros de seus galhos tentando conter o gigante.

— Feykron, pouse em um lugar próximo e combine sua Natureza com minha Selagem! — urgiu Sariel preocupado com o ataque iminente.

— Certo! — O dragão pousou no galho mais próximo, e troncos resistentes cresceram em seu corpo, enrolando-se ao redor de Ymir.

O viajante, ainda em cima de Feykron, fez as palavras prateadas em sua pele se espalhar pelo corpo do dragão e se estenderem até os galhos ao redor do gigante.

Com os galhos contendo Ymir fisicamente, e Selagem, magicamente, o gigante finalmente começou a ser contido.

A magia que estava preparando em sua boca começou a reduzir, contudo, antes que sumisse completamente, decidiu dispará-la contra Sariel e Feykron para tentar se soltar.

Percebendo isso, o dragão fez galhos os galhos que estavam enrolados nas pernas de Ymir desequilibrá-lo e derrubá-lo.

Por muito pouco, o gigante caiu e errou a magia nos dois... contudo disparou um feixe de energia azul que atingiu em cheio Raymond, destruindo completamente seu escudo e causando um grande deslizamento de terra.

— Raymond! — gritou Luna, virando-se e correndo até a direção da explosão.

— Aquilo não vai matá-lo! — gritou Shiina, tentando conter sua preocupação. — A magia foi enfraquecida! Foco no problema maior!

Tentando conter sua curiosidade e impulsos, a princesa direcionou sua atenção ao gigante.

Agora caído no chão, Ymir estava completamente coberto pelos galhos de Yggdrasil.

— Então esse é o poder de um dragão, huh? — disse Sariel com um sorriso.

— Isso não é nada — comentou Feykron. — Os Dragões Ancestrais valem por dezenas de mim.

O viajante sorriu aliviado, acreditando que a batalha estava controlada.

Entretanto, Ubel não se daria por vencido tão facilmente...

Desesperado como um animal encurralado, o vampiro surgiu entre os ossos de Ymir e voou contra Sariel e Feykron.

O golpe teria certamente acertado, se Feng Ping, Aegreon e Luna já não tivessem previsto tal ataque.

— Malditos! Isso não vai acabar assim! Vocês vão todos morrer! — gritou Ubel raivosamente, se afastando e atacando os galhos que aprisionavam o gigante.

— “Vocês três, tirem ele daqui e matem-no! Minha magia está esgotando e não sei se conseguirei conter Ymir até a magia de Ubel se esgotar!” — urgiu o viajante.

— “Certo!” — Os três imediatamente focaram exclusivamente em afastar o vampiro de Sariel e Feykron, ao mesmo tempo que tentavam matá-lo.

Luna, como havia perdido sua espada, só podia usar sua força física contra Ubel.

O vampiro tentava destruir os galhos, mas a princesa, com a agilidade de um felino, correu e saltou por entre as vinhas, surpreendendo Ubel e socando-o com força o suficiente para arremessá-lo para longe.

Imediatamente, o dragão usou suas vinhas para criar uma espécie de domo de madeira, protegendo-o de qualquer possível ataque.

— "Shiina, nos proteja."

— "Certo." — A assassina se aproximou e ficou em guarda ao lado do domo de madeira.

Leif, usando sua Alteração se conectou mentalmente com Feykron, informando o tempo todo da localização de Ubel, que usou suas vinhas para ajudar o grupo a se locomover pelo ar, já que não podiam voar.

O vampiro conseguiu se recuperar do golpe de Luna, contudo, antes que pudesse fazer algo, foi surpreendido por Aegreon e Feng Ping correndo pelas vinhas e atingindo-o com várias magias poderosas.

Uma batalha feroz se deu início, com o grupo bombardeando o vampiro com magias de Gelo, Vento e Conjuração, enquanto ele tentava a todo custo se livrar e atacar Sariel e Feykron.

Seu desespero afetou sua visão estratégica, esquecendo-se completamente de pensar e refletir sobre a batalha e focando-se inteiramente no lado ofensivo.

Foi então que, em um breve momento, decidiu usar Alteração para analisar a magia de todos, percebendo que o viajante tinha bem menos magia e iria se esgotar antes caso focasse em preservar suas energias.

Um sorriso maléfico surgiu em seu rosto, e Ubel adotou uma postura mais defensiva.

— “Maldição, dessa maneira Sariel vai esgotar sua magia!” — praguejou Feng Ping.

— “Matem ele não importa o que aconteça!” — urgiu o viajante. — “Não poderei conter Ymir por muito mais tempo!”

— “Precisamos usar nossas técnicas mais poderosas, mas apenas Feng Ping pode fazer algo” — disse Luna melancolicamente. — “Não tenho uma arma de alta qualidade como Aegreon ou Sariel...”

Naquela situação, a princesa não podia deixar de se sentir inútil.

Não havia nada que podia fazer. Não tinha uma arma e era forçada a usar os punhos contra Ubel — que não causavam dano nenhum, apenas serviam para empurrá-lo —, e nem podia usar a arma de outro, já que não combinavam com seu elemento.

Mesmo que ainda possuísse sua espada, era uma simples arma feita de aço, portanto não resistiria à pressão enorme causada pelo grande acumulo de magia na lâmina e se partiria.

Se ao menos tivesse uma arma adequada...

— “Luna, agarre na sua direita!” — gritou a voz de Sariel em sua mente.

Virando-se rapidamente e com seus reflexos desumanos, agarrou um objeto metálico e comprido com suas mãos.

Imediatamente, a glaive do viajante mudou da cor prateada para azul-claro.

Uma sensação estranha percorreu o corpo de Luna, como se — apesar de ser a primeira vez — já tivesse segurado tal arma magnífica incontáveis vezes, tamanho era o conforto com qual o cabo se encaixava com familiaridade em sua mão.

A princesa teria permanecido em transe por um bom tempo, se não fosse pelo som de inúmeras explosões tirando-a desse estado.

Agora, com um equipamento adequado, estava na hora de finalmente dar um fim naquela batalha.

Agarrando com força a glaive, Luna se reagrupou com Feng Ping.

— Essa é a primeira vez que vai tentar algo tão poderoso, certo? — perguntou o Pilar do Vento. — Tem certeza de que consegue?

— Não tenho outra escolha senão conseguir! — respondeu a princesa confiantemente.

Feng Ping sorriu e não discutiu.

— “Aegreon, nos proteja, por favor” — pediu Luna.

— “Conte comigo” — respondeu o Pilar da Conjuração enquanto lutava contra Ubel com o corpo totalmente coberto em chamas roxas.

Feng Ping e Luna, ao mesmo tempo, ergueram ambas as armas para o alto e toda a energia de Vento e Gelo começaram a se concentrar nas lâminas.

Percebendo aquilo, Ubel imediatamente soube que estava em perigo.

— HAHA! Quero ver me acertarem em pleno ar! — riu confiantemente enquanto voava para longe de Aegreon.

Mais um problema acabara de surgir. Até o momento, conseguiam lidar com o vampiro mesmo enquanto voava, graças à ajuda de Feykron e por estarem os três focando-o.

Entretanto, agora havia apenas o Pilar da Conjuração sozinho, e apenas ele não seria capaz de mantê-lo pressionado no mesmo lugar.

— Maldição... inimigos voadores são sempre tão irritantes... — praguejou Aegreon, olhando imponentemente Ubel voar e fazer manobras pelo ar, tornando-o um alvo extremamente difícil de atingir.

— “Aegreon, precisamos que dê um jeito de pará-lo!” — gritou Feng Ping.

— “Como vou fazer isso? Não posso voar.”

Todos encararam com atenção Ubel conforme as magias de Luna e Feng Ping se tornavam cada vez mais próximas de estarem completas.

Parecia não haver uma solução para este problema, quando algo — um animal exótico — se aproximou do Pilar da Conjuração, pelo ar.

Sem temê-lo, Sleipnir se ofereceu para que Aegreon o montasse.

Surpreso, o Pilar da Conjuração precisou de alguns segundos para acreditar no que estava acontecendo.

Era a primeira vez desde que seu corpo ficara daquela maneira, que um animal se aproximava dele sem medo.

Quando por fim se recuperou da surpresa, precisou se certificar se estava tudo realmente bem.

— Tem certeza disso? — perguntou ao animal, que apenas concordou com um relincho.

Sem esperar mais, Aegreon montou em Sleipnir e ambos cavalgaram pelo ar, cortando o vento com sua velocidade impressionante.

Apesar da situação tensa, no momento que o Pilar da Conjuração se viu no ar com o vento acariciando seu rosto, sentiu uma sensação de alívio e liberdade que jamais havia experenciado.

Porém, dada a situação, Aegreon chacoalhou a cabeça para afastar qualquer distração e focar no objetivo.

Ubel se surpreendeu completamente com o que estava vendo. Como se não bastasse ser um cavalo que corria pelo ar, possuía 8 patas e era mais rápido do que ele.

— Mas o quê?! — gritou surpreso conforme o Pilar da Conjuração segurava sua foice queimando furiosamente em chamas roxas. 

Aegreon saltou de Sleipnir e o atingiu em cheio, com sua força e peso derrubando o vampiro e caindo em um dos galhos de Feykron.

Usando toda sua força e magia, o Pilar da Conjuração segurou Ubel contra o chão e explodiu em chamas roxas, buscando consumir, queimar e evaporar o que restava da armadura de sangue e ossos.

— TIRE SUAS MÃOS IMUNDAS DE MIM, SEU ASSASSINO! — gritou o vampiro desesperadamente conforme tentava se soltar.

— Você... vai morrer aqui... seu maldito! — disse ofegantemente Aegreon, com sua face torcida em raiva e dor devido suas próprias chamas.

Pela primeira vez na vida, o vampiro, ao encarar tão de perto a face da morte diante de si, sentiu um medo descomunal que jamais havia experienciado.

Como se as chamas do Pilar da Conjuração reagissem à sua dor e fúria, elas se tornaram ainda mais intensas e negras, fazendo a armadura de sangue de Ubel evaporar.

Aos poucos começou a sentir a dor daquele fogo amaldiçoado, fazendo-o entrar profundamente no mais puro pânico.

Porém, para sua sorte, sua morte seria bem mais rápida e indolor do que aquelas chamas.

Juntos, Feng Ping e Luna pisaram com força no chão e arremessaram suas armas contra Ubel, que atravessaram o ar zunindo e voando diretamente na direção do Pilar da Conjuração.

— “Aegreon, afaste-se!” — gritou o Pilar do Vento.

Movendo-se o mais rápido possível, Aegreon jogou o corpo para a direita meio segundo antes de duas lâminas cobertas em uma luz azul e branco perfurarem e atingirem o vampiro em cheio.

Com a força imensa contida nas armas, Ubel foi carregado por ambas as armas e empurrado por centenas de metros pelo ar.

— NÃÃÃO! — gritou conforme sentia aquelas lâminas afiadas atravessarem sua armadura de ossos e perfurarem sua carne, abrindo buracos enormes em seu corpo.

Por mais que sua armadura protegesse contra todos os elementos, não era capaz de anular totalmente uma técnica tão devastadora quanto aquela.

Em apenas alguns segundos, o vampiro viajou quilômetros pelo ar e, finalmente, explodiu e foi engolido por uma violenta esfera azul e branca.

A explosão se alastrou por vários quilômetros, transformando a noite em dia, a carne em nada, a vida em morte...

Antes mesmo que a explosão desaparecesse, o gigante finalmente parou de lutar contra os galhos, demonstrando que, finalmente, Ubel fora derrotado.


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