O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 2

Capítulo 109: Breve Estadia

O Jarl apontou para um mapa com uma visão de cima das montanhas de Helheim.

— Essa cidade é onde estamos agora — disse. — Estão vendo essa rota aqui? É onde os desaparecimentos estão acontecendo.

Observando o local apontado por Leif, o grupo percebeu uma estrada que saia de onde estavam, atravessava por meio das montanhas e se ramificava, conectando-se com outros vilarejos e cidades.

— Nesse lugar que você apontou há um vilarejo — disse Sariel. — Alguém lá percebeu o que aconteceu?

— Quanto a isso... Um comerciante passou por esse vilarejo um dia e percebeu que todos haviam sumido — disse o Jarl com dificuldade. — Havia sinais de luta, mas os danos eram baixos demais.

— Parece coisa da Seita de Elgor... — disse Raymond.

— Eu também pensei nisso, mas esses desaparecimentos acontecem de forma muito sorrateira, e os devotos de Elgor não fazem isso — disse Leif.

— De fato, se fosse obra de Elgor, pelo menos alguém teria visto — disse Feng Ping.

— O que acha que pode ser? — perguntou o Jarl.

— Só consigo pensar em duas possibilidades — disse o Pilar do Vento. — Ou é a Seita de Baba Yaga, ou de Freya.

— Concordo — disse Aegreon. — São as únicas que se encaixam nesse tipo de ação.

— Pode ser que estejam se escondendo nas montanhas — disse Sariel. — Conosco aqui, certamente seremos capazes de encontrá-los.

Leif encarou o grupo por um breve momento. Seu olhar era de confiança total tendo em vista as habilidades de cada um ali.

Com a Ilusão de Shiina, a Alteração de Leif, a versatilidade de Sariel e o poder ofensivo de Luna, Aegreon e Feng Ping, era impossível algo de errado acontecer.

Esboçando um leve sorriso, o Jarl disse: — Muito bem, podemos partir nessa noite. Levará um dia para chegarmos no local onde começam os desaparecimentos, portanto seremos iscas perfeitas aguardando para serem atacadas.

O grupo todo concordou silenciosamente.

— Bem, nesse caso sejam bem-vindos — disse Leif. — Mesmo que por pouco tempo, aproveitem sua estadia.

Dito isso, o grupo se dividiu em duplas e cada um deixou o local.

Feng Ping chamou Aegreon para conversar sobre algo, enquanto Shiina seguiu Raymond.

Quanto a Luna e Sariel, assim que saíram da sala, o viajante disse: — Quer conhecer o lugar comigo?

A princesa concordou com a cabeça.

— Não temos muita escolha já que você tem que manter a Ilusão em mim — respondeu Luna desviando um pouco o olhar.

Desde que tivera aquela visão, tem se sentido estranha sobre Sariel. Por algum motivo, se sentia nervosa, mas de uma boa maneira, quando ambos ficavam a sós.

Ambos caminharam pela cidade, parando em algumas lojas quando viam algo diferente, experimentavam aperitivos de Helheim e, por fim, encontraram uma praça grande e com várias árvores.

A luz do sol refletia bem nos troncos brancos e na neve acumulada no chão e folhas, tornando o local bem iluminado.

Havia poucas pessoas no momento, portanto podiam escolher tranquilamente qualquer lugar para ficar.

Contudo, o viajante se afastou dos caminhos de pedra e caminhou por entre as árvores e grama, sendo seguido pela princesa.

— É uma pena que não podemos conhecer as outras regiões agora... — disse Sariel enquanto contemplava a beleza das árvores e os outros reinos acima, além do próprio tronco de Yggdrasil que ainda era visível.

— Sim... gostaria de conhecer todas as 9 regiões... — disse Luna em um tom levemente decepcionado.

— Todos? — perguntou o viajante. — Inclusive Muspelheim, que apenas há fogo, e Nidavellir, que fica no subsolo?

— Claro! Imagina quão diferente cada região é! — disse a princesa animada e com um brilho nos olhos. — Gostaria de saber o que tem, como se parece e como vivem as pessoas de cada lugar.

— Você realmente nasceu para ser livre — disse Sariel enquanto ria suavemente. — Também sou curioso, mas não sei se encontraria algo legal em Muspelheim.

— Nunca descobriremos se não procurarmos — retrucou a princesa.

O viajante parou de caminhar por um momento, se virou para Luna e a encarou nos olhos.

Pela primeira vez desde que se conheceram, a princesa percebeu um olhar caloroso, esbelto e, de certa forma, hipnótico. Era uma sensação de conforto semelhante de quando entrou no subconsciente dele, algo que não conseguia descrever e parecia fazer o tempo parar.

— Bem, quando tudo isso acabar, podemos conhecer todo lugar que quiser — disse o viajante em uma voz madura e aveludada.

Como se estivesse escutando a mesma canção de Isaz, Luna sentiu quase como se fora transportada a outro lugar, completamente atordoada por aquela voz divina.

Um longo momento se passou em que a princesa permaneceu em silêncio, em transe observando aqueles olhos belos e bondosos.

Quando finalmente despertou, sentiu seu coração palpitar mais forte e gaguejou: — Si-Sim, claro...

Sariel sorriu, mais uma vez atordoando Luna e fazendo-a se sentir como se estivesse nas nuvens.

— Bem, vamos continuar? — perguntou o viajante. — Ainda há tempo antes de partir.

— Si-Sim... — gaguejou a princesa novamente.

Enquanto isso, Aegreon e Feng Ping ainda estavam na moradia do Jarl, mas em uma sala privada no subsolo onde poucas pessoas tinham acesso.

No momento, ambos estavam sentados diante um do outro.

— Aegreon... — disse Feng Ping em um tom sério. — Há muito que preciso dizer, então preste atenção.

O Pilar da Conjuração permaneceu em silêncio, aguardando que o Pilar do Vento continuasse.

— Peço perdão por tudo que eu disse antes a você — disse Feng Ping curvando-se tanto que sua testa tocou a mesa. — Eu o tratei com preconceito apenas por causa de seu elemento, e nunca tentei ver as coisas do seu ponto de vista... Peço mil desculpas por isso!

Aegreon permaneceu em silêncio por um longo momento e, durante todo esse tempo, Feng Ping manteve sua cabeça tocando a mesa.

— Por que mudou tanto tão subitamente? — perguntou Aegreon. — Foi por causa do que descobrimos no Pico da Garra Gélida? Ou por causa de Sariel?

O Pilar do Vento levantou a cabeça e encarou o Pilar da Conjuração, percebendo um olhar de curiosidade.

— Eu diria que ambos... — disse Feng Ping. — Por acaso ainda desconfia dele?

— Desconfiava, mas, depois do que ele tem feito, estou começando a achar que estava enganado — admitiu Aegreon.

— Começando? Vocês já estão juntos a meses, e só agora está começando a perceber isso? — perguntou o Pilar do Vento.

— Você sabe sobre a profecia, é apenas natural que eu fosse cuidadoso com ele — disse o Pilar da Conjuração.

— Pela maneira que você agia, parecia mais odiar ele do que estar sendo cuidadoso — retrucou Feng Ping. — Por que odiava tanto ele? E ainda sente um pouco de raiva.

Aegreon apenas permaneceu em silêncio, encarando o Pilar do Vento nos olhos fixamente.

Mesmo podendo sentir as emoções, Feng Ping era incapaz de decifrar a mente dele.

— Eu gostaria de entender o motivo para nos unirmos — insistiu o Pilar do Vento. — Caso contrário, não seremos capazes de identificar o traidor do Conselho, e as Seitas podem voltar com força total caso os Pilares caiam.

— Ele sabe sobre a profecia — disse Aegreon em tom de afirmação e ignorando completamente Feng Ping. — E você está tentando esconder isso de Raymond e Shiina. Não confia neles?

Agora foi o momento do Pilar do Vento ter suas desconfianças postas contra a parede.

— Eu confio neles, mas, neste caso, quanto menos pessoas souberem melhor.

— Enganar o aliado para enganar o inimigo? — perguntou Aegreon.

Feng Ping concordou com a cabeça.

— Isso parece ideia dele... — disse o Pilar da Conjuração.

— Se ele quisesse agir contra a humanidade, não estaria nos ajudando... Te ajudando! — respondeu o Pilar do Vento com ênfase. — Até agora, ele só esteve te seguindo aonde foi.

— Ele matou Indra — disse Aegreon. — Como um Volátil, ele poderia facilmente ter resolvido aquela situação de outra maneira.

Ao ouvir isso, uma hipótese surgiu na mente de Feng Ping.

— Esse é o único motivo do porquê não confia totalmente nele? — perguntou.

Aegreon concordou silenciosamente.

Percebendo isso, o Pilar do Vento viu-se diante de uma importante escolha: dizer a verdade sore Indra, ou manter esse segredo.

Esse era outro segredo, mas mantido em ainda maior segurança, já que, naquele grupo, apenas Sariel, Luna e ele sabiam disso.

A princípio, Feng Ping achava que esconder aquilo do Pilar da Conjuração poderia realmente ser a melhor escolha.

Mas agora que passou a entendê-lo e conhecer um pouco de seu passado, ficou evidente que Aegreon estava do lado da humanidade.

Mesmo que estivesse tentando levar Luna ao outro mundo, talvez houvesse um bom motivo que não compreendesse agora.

Após ponderar cuidadosamente, Feng Ping desculpou-se internamente com Sariel e, com um olhar sério, disse: — Sariel deixou Indra viver...

Ao ouvir aquilo, os olhos de Aegreon se arregalaram por um momento, mas logo sua expressão voltou ao normal.

— Tem certeza disso? — perguntou o Pilar da Conjuração. — Ele arrancou o braço dele, e roubou sua espada.

— Sei disso, mas ele fez isso apenas para convencê-los de que Indra estava morto — explicou Feng Ping. — No momento, ele já se recuperou e está indo em várias missões do Conselho. Na verdade, parece que se tornou mais forte...

O Pilar do Vento explicou também sobre a lavagem cerebral que enganou até mesmo Koeus quando verificou as memórias de Indra para entender o que havia ocorrido.

O Pilar da Conjuração permaneceu em silêncio e pensativo por um bom tempo.

— Agora entendo... Foi uma ideia inteligente... — admitiu após ter considerado as vantagens de esconder aquele segredo. — Mas acha que ele vai gostar que você me revelou esse segredo?

— Confio em você, Aegreon — disse Feng Ping honestamente. — Para mim, é mais importante que todos confiem um nos outros. Ainda suspeita dele?

Mais uma vez, o Pilar da Conjuração permaneceu em silêncio, porém logo disse: — Acho que posso confiar nele... Mas o fato dele esconder esses segredos me incomoda...

— Sabemos muito bem que o Conselho esconde algumas coisas de nós, e aceitamos isso tranquilamente — disse Feng Ping. — Às vezes, esconder coisas de seus aliados é melhor para enganar o inimigo.

Aegreon, novamente, concordou em silêncio.

— Bem, creio que nos esclarecemos aqui — disse o Pilar do Vento. — Vamos voltar, em breve será a hora de partimos.

Dito isso, ambos deixaram a sala e se dirigiram até o estábulo onde deveriam se encontrar com o resto do grupo e Leif.

O Jarl passou o dia todo em sua sala recebendo e ouvindo relatórios do que acontecera desde que partira para Nifllheim.

— Durante sua ausência, cerca de mais 3 pessoas da cidade desapareceram... — disse um homem responsável por dar o resumo de tudo.

A maioria era sobre os desaparecimentos, quando o homem diante de si mencionou algo que chamou sua atenção.

— Além disso, Sleipnir foi visto ao norte...

— Sleipnir? Conseguiram capturá-lo? — perguntou Leif interessado.

— Infelizmente escapou no momento que o avistamos — disse o homem.

O Jarl bufou em desânimo e recostou contra sua cadeira.

Quando a noite começou a cair, todos se reuniram e estavam prontos para partirem até as montanhas.

— Muito bem, todos prontos? — perguntou o Jarl.

Todos responderam afirmativamente.

— Bem, então vamos. — Dito isso, o grupo, montado em seus cavalos, deixou a cidade no mesmo dia que chegaram e seguiu pela estrada nas montanhas.


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