O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 2

Capítulo 103: Sombra Tóxica Ardilosa

Inúmeras explosões violentas varriam os Draugrs impiedosamente, reformando o relevo indiretamente.

Luzes violetas e brancas brilhavam o tempo todo, competindo entre si em quem era capaz de causar maior destruição.

No momento, os raios ganhavam dos ventos.

— Isso é tudo que pode fazer? — provocou Leif, cuja contagem de abates superava em muito de Shiina. — Estava confiante demais antes!

— Você é maluco! — gritou a assassina ao mesmo tempo que era forçada a desviar de um dos raios do Jarl. — Seus ataques quase me acertam!

— Se eu quisesse te acertar já teria conseguido faz tempo! — retrucou Leif.

— Por acaso tem medo de trovões, Shiina? — provocou Raymond, estando totalmente à vontade já que, por possuir o elemento Raio, era totalmente imune às loucuras do Jarl.

Tsc! Não vou perder para vocês! — Shiina se tornou mais agressiva com seus ataques contra os Draugrs na tentativa de reduzir a distância entre a pontuação dela e de Leif.

Raymond apenas sorriu e continuou a lutar ao mesmo tempo que provocava a assassina constantemente.

“Essa é minha vingança pelo que fez em K’ak’”, pensou enquanto se satisfazia da irritação de Shiina.

Enquanto isso, Sariel, Aegreon e Feng Ping — apesar de inclusos indiretamente e sem concordar com a aposta — lutavam tranquilamente, lançando seus ataques de maneira precisa, sem exagerar nem se importar com números.

Já Luna, sabendo da competição, se virou para o viajante e disse: — Que tal participarmos? Aqueles dois estão se divertindo.

— Preciso me certificar que eles não se machuquem — disse encarando os cavalos.

— Eu entendo, mas uma competição amigável não faria mal, certo? — perguntou a princesa. — Tenho certeza de que você ganharia.

— Mais um motivo para eu não participar então.

Percebendo que não conseguiria convencer Sariel e ajudá-lo a se divertir, Luna desistiu de argumentar e decidiu agir de outra forma.

— Bem, então eu vou ganhar essa competição e pedir algo legal para todos nós! — disse ao passo que se afastava do viajante e o Gelo do ambiente começava a rodeá-la.

No momento seguinte, em meio às explosões brancas e violetas surgiu uma terceira cor: azul.

Sozinha, as magias de Luna roubaram a cena e sobrepujaram o brilho das outras, derrotando centenas de Draugrs a cada golpe.

Talvez fosse pelo fato de os Reerguidos terem alterado bastante a aparência dos corpos, talvez por sua mente estar focada em um objetivo — por mais bobo que parecesse —, mas a princesa não hesitava ao atacar as criaturas, fazendo com que não pensasse nos acontecimentos do Pico da Garra Gélida.

Era como se sua preocupação e necessidade de ajudar o viajante substituísse sua culpa.

Vendo aquilo, todos se surpreenderam com o poder e controle de Luna, fazendo-os se confundir por um breve momento e acharem que Sariel havia entrado na competição.

— Ora, esse anjo sabe morder! — disse Leif animado.

Sentindo-se pressionado devido ao poder de Luna, o Jarl e Shiina aumentaram seus ataques o máximo possível, contudo era um esforço inútil, ela era como a rainha do gelo em seu domínio absoluto.

 

***

 

Após alguns minutos, os Draugrs foram completamente derrotados, com o vitorioso mais do que decidido.

— Bem, a princesa com rosto inocente ganhou de todos nós no fim de tudo — disse Leif, que esteve durante toda a luta contabilizando os abates de cada um. — Luna ficou em primeiro lugar, enquanto Shiina no último... — O Jarl encarou a assassina com um sorriso pretensioso.

— Fala sério... — reclamou Shiina. — Vocês são todos malucos...

— Bem, agora que Shiina perdeu miseravelmente, devemos continuar nosso caminho e decidir sua punição depois — provocou Raymond.

A assassina tentou retrucar, mas sua derrota era tão embaraçosa e seus companheiros a provocavam tanto que no fim só pôde dizer uma única coisa.

— Que-Que seja! Vamos continuar logo — disse ao mesmo tempo que dava as costas e se dirigia aos cavalos, uma atitude semelhante ao de uma criança que não queria demonstrar se importar por ter perdido.

Raymond sorriu ao ver aquilo, afinal, estava vendo pela primeira vez um lado dela que não conhecia, nem jamais imaginara que possuiria.

“Gosta de provocar os outros, mas quando você é o alvo age dessa maneira? Se eu soubesse disso antes...”, pensou o guarda-costas maliciosamente.

— Parabéns pela batalha, Luna — disse virando-se para ela. — Nesse ponto acho que não precisa mais de alguém para protegê-la.

— Todos nós precisamos de alguém em algum momento na vida, Raymond — disse a princesa com uma voz doce. — E eu ainda preciso de todos vocês comigo.

Raymond sorriu e disse: — Nesse caso, pode contar comigo.

Os três começaram a voltar para onde Sariel estava protegendo os cavalos, acariciando e acalmando com um abraço Su-en.

Olhando-os de longe, era possível perceber como eram próximos.

Vendo-os dessa maneira fez Luna sorrir inconscientemente, afinal, isso mostrava que o viajante nunca ficou sozinho quando decidiu deixar seu reino apenas por sua causa.

A princesa caminhava tranquilamente ao lado de Raymond e Leif, quando Shiina — subitamente — correu até sua direção e se jogou em cima dos três, derrubando-os no chão.

— O que você... — Leif começou a dizer, mas sua voz logo foi sobrepujada pelo som de algo pesado atingindo o solo logo ao seu lado, deixando uma profunda marca de corte.

— O que estão fazendo?! — perguntou a assassina. — Não perceberam essa coisa enorme se aproximando?

— Coisa? — perguntou Raymond.

— Espera, não conseguem detectá-la? — perguntou Shiina percebendo que a conexão mental com Leif não mostrava nada.

Antes que qualquer um pudesse responder, a assassina se moveu novamente e colocou os braços na frente do corpo como se tentasse bloquear um ataque e, no momento seguinte, uma forte pancada a empurrou alguns centímetros e cortaram superficialmente sua pele.

— Maldição... Essa coisa deve usar Selagem para mascarar a Ilusão... — praguejou. — Se afastem daqui rápido!

Sem entenderem bem o que estava acontecendo, os quatro correram para dentro da barreira de Sariel — que já havia notado a agitação — enquanto a assassina os protegia da criatura invisível.

Assim que todos alcançaram a proteção, o viajante curou Shiina.

Todos se mantiveram em alerta, aguardando por um ataque, porém nada ocorreu.

— O que está acontecendo? — perguntou Leif. — Por que não podemos sentir a criatura com Alteração?

— A única hipótese é que, de alguma maneira, ela pode usar Selagem para que sua aura não seja detectada — disse Feng Ping. — Mas ainda assim, mesmo que seja uma criatura, deveríamos ser capazes de sentir suas intenções assassinas antes de cada ataque, porém não percebo nada!

— Isso é ruim — disse Raymond. — Shiina, se feriu muito?

— Não, ela não era muito forte, mas pelo jeito sou a única que posso percebê-la por possuir o elemento Ilusão — respondeu.

— Raymond, crie uma barreira por cima da minha — disse o viajante. — Vou trocar meu elemento para Ilusão.

— Certo. — O guarda-costas imediatamente fez uma outra barreira dourada surgir ao redor do grupo, permitindo que Sariel se concentrasse por um momento e trocasse de elemento.

Quando abriu os olhos — com um belo tom rosado — olhou ao redor e percebeu a criatura.

Seu formato era semelhante a um dragão, com duas patas, um par de asas e uma cauda comprida.

Não era muito grande, tinha apenas dez de metros de comprimento, entretanto suas asas se assemelhavam mais a um par de lâminas afiadas e mortais, enquanto o rabo era como uma maça comprida, cheia de espinhos e estranhamente flexível.

Os olhos brilhavam em um tom roxo mortal, e presas semelhantes ao de uma cobra se sobressaiam de sua boca.

Para finalizar, era difícil dizer já que Sariel não era capaz de ver totalmente através da ilusão, mas seu corpo parecia escuro demais.

— Nunca vi uma criatura assim antes — disse o viajante. — Por sorte eu e Shiina poderemos lidar com ela.

— Tem ra... — A assassina estava prestes a concordar quando uma ideia passou por sua mente. — Na verdade, é melhor se eu lutar contra ela sozinha. Nunca vimos algo assim antes, então acho que você deveria analisar de longe essa coisa.

Hmm... Bem, acho que podemos fazer isso — concordou o viajante. — Poderei observá-la bem se ficar aqui, e ela não é tão forte em combate, apenas é extremamente furtiva.

— Tome cuidado — disse Raymond.

— Relaxa, vou acabar com essa coisa. — Dito isso, Shiina deixou a barreira e avançou até a criatura com uma espada de vento em uma das mãos.

No exato momento que atravessou o limiar dourado, a criatura se moveu rapidamente, correndo em uma velocidade assustadora para seu tamanho e tentando cortar a assassina com suas asas.

Shiina saltou por cima de um dos golpes, quando percebeu a outra asa se aproximando.

Usando de sua flexibilidade, contorceu o corpo no meio do ar e, por muito pouco, a lâmina passou raspando acima dela.

Agora a cabeça da criatura estava bem diante dela, pronta para receber um ataque, mas seria algo difícil de fazer devido a manobra complicada que acabara de realizar.

Porém, a assassina agarraria essa oportunidade para acabar com a batalha o quanto antes.

Fazendo ventos fortalecerem sua espada, cortou na direção da criatura, que tentou desviar, mas foi atingida no olho direito, fazendo seu brilho roxo sumir.

Antes que Shiina pudesse lançar outro golpe, a criatura se afastou para longe, ainda observando atentamente os movimentos dela.

No momento seguinte, para a surpresa da assassina, a criatura abriu a boca e uma densa névoa escura começou a preencher o local, reduzindo ainda mais a visibilidade.

Shiina se viu na mais completa escuridão.

Contudo, assim como ela não podia enxergar nada, o mesmo valeria para a criatura.

Ou era isso o que pensava...

— Shiina! Essa névoa tem Conjuração misturado com Ilusão! — gritou Leif. — Ela provavelmente pode te ver!

— Como... — Antes que pudesse completar sua fala, sentiu uma forte pancada nas costas arremessá-la e bater contra uma pedra.

Apesar da força do golpe, se levantou rapidamente para que não fosse pega novamente, sentindo uma dor ardente em suas costas.

Usando a própria mão para tocar o ferimento, sentiu seus dedos arderem também, e percebeu suas luvas derretendo ao entrar em contato com um líquido roxo corrosivo.

— Veneno? Então ela tem um pouco de Natureza também? — perguntou.

Contudo, se este fosse o caso, por que a criatura lutava furtivamente quando tinha à sua disposição um elemento de Combate?

“Por que não fui envenenada antes? Por acaso decidiu esconder isso por achar que éramos presas fáceis, mas agora, ao notar que está lutando contra um oponente difícil, mudou de tática?”, ponderou.

Se esse fosse o caso, então aquela criatura ainda poderia se aproveitar das árvores ao redor contendo o poder da Yggdrasil caso sentisse necessidade de lutar de forma ainda mais agressiva.

A assassina ponderava enquanto observava atentamente os arredores, percebendo a criatura se aproximando momentos antes de um ataque.

Mais uma vez atacou com uma asa, buscando decapitar Shiina.

A assassina tentou saltar por cima, mas seus movimentos estavam mais lentos e por muito pouco não fora atingida.

“Já está fazendo efeito?!”, desesperou-se ao notar sua lentidão.

Surpresa, Shiina saltou para trás na tentativa de criar distância.

A criatura, percebendo isso, usou sua cauda para tentar atingi-la novamente, contudo a assassina conseguiu se afastar do golpe.

Entretanto, após a cauda chicotear horizontalmente no ar, espinhos prateados se soltaram dela e voaram até Shiina, pegando-a desprevenida e atingindo-a nos braços e pernas.

Imediatamente sentiu a mesma dor do golpe anterior, com sua pele corroendo devido ao veneno.

— Droga, quantos truques essa coisa esconde? — irritou-se. — Como pode ser tão inteligente?

A assassina permaneceu atenta aguardando pelo próximo golpe, quando percebeu uma onda ainda mais grossa de névoa se aproximar lentamente.

A assassina observou atentamente aquela névoa temendo outro ataque e, quando estava prestes a tocá-la, percebeu seu sangue que havia respingado no chão reagindo e evaporando ao entrar em contato com aquilo.

“Uma névoa venenosa!”

Shiina se afastou rapidamente, mas logo percebeu que a névoa começava a cercá-la.

— Coisa maldita! — praguejou. — Vou acabar com sua raça!

Ao dizer isso, reuniu toda sua força e criou uma forte ventania ao seu redor, afastando a neblina e conseguindo visualizar a criatura.

Ambos se encararam por um breve momento. Eram dois predadores silenciosos que ceifavam suas vítimas furtivamente e, neste momento, competiam entre si para provar quem era o melhor caçador.

Um senso de rivalidade estranho tomou conta de Shiina. Vencer aquela coisa sozinha não era mais uma simples batalha, havia se tornado uma questão de honra.

E a criatura parecia compartilhar daquele sentimento, observando-a atentamente e preparando-se para o próximo movimento.

Então, quase ao mesmo tempo, ambos os assassinos correram em direção um ao outro.


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