Volume 1
Capítulo 55: O Quarto 691
Raymond e Shiina observavam atônitos o abismo, que já havia engolido Sariel e Luna.
— Aquele maluco realmente pulou lá?! — surpreendeu-se Raymond.
— Olha quem fala... — murmurou Shiina. — Se não te seguro também teria pulado.
— Vamos logo. — Aegreon ignorou a situação. — Precisamos descobrir o que exatamente é esse lugar.
— E quanto a eles? — perguntou o guarda-costas.
— Uma simples queda como essa não é nada para Sariel — disse a assassina. — Vamos procurar por este lugar.
Afastando-se do abismo, os três viram-se em meio a uma grande cidade com construções imponentes por todo lugar. Contudo o silêncio absoluto tornava a exploração um pouco desconfortável.
— Vamos nos separar — disse o Pilar, já se afastando sem esperar uma resposta, desaparecendo entre as dezenas de construções.
— Por onde vamos? — perguntou Raymond.
— Sei lá, que tal ali? — Shiina apontou para um alto edifício de pedra que quase tocava no teto na caverna. — Está muito perto da ponte e é grande, talvez seja importante. Sem contar que poderemos ver tudo de cima e decidir melhor nosso próximo passo.
— Parece um bom começo.
Ambos caminharam até o largo e alto prédio à procura de pistas.
O cavalo de Sariel, Su-en, seguiu os dois e obedecia a suas ordens sem pestanejar. Era um animal bem treinado e amigável, apesar de forte.
Quando chegaram na porta do edifício, ouviram um grande impacto ecoar do fundo do abismo.
— Isso quer dizer que só chegaram no fundo agora? — questionou Raymond.
— Provavelmente. — Shiina se aproximou da porta. — Vamos ver como abre.
A assassina esticou a mão para empurrar a pesada porta, quando a pedra subitamente brilhou em marrom e se abriu sozinha, deslizando para dentro da parede e permitindo a entrada de ambos.
— Uma porta automática... deve ter uma pedra de Alteração que nos detecta e move a porta conforme nos aproximamos.
— Então essa construção definitivamente é importante. Não faria sentido gastar uma pedra de Alteração com algo tão banal.
— Não saia daqui, ok? — disse Shiina para Su-en.
O cavalo relinchou suavemente e esperou no lado de fora.
Entrando com cuidado no prédio, depararam-se com um grande salão organizado, porém empoeirado. Havia sofás, estantes de livros, fontes, e o que parecia uma espécie de recepção com vários armários enumerados atrás, além de uma espécie de porta em um canto da sala.
Olhando tudo possível, os dois não encontraram nenhuma informação relevante, exceto algumas pedras de Selagem pequenas e etiquetadas nos armários atrás do balcão.
O único item útil que acharam foi um mapa de todo o reino subterrâneo.
— Não parece ter nada — disse Raymond.
— Talvez encontremos algo mais encima. Vamos procurar as escadas.
Com isso, ambos procuraram pelas escadas, entretanto não a encontraram.
Confusos com a falta de escadas para subir, decidiram olhar a porta no canto da sala, percebendo que esta era feita de mármore e com um botão em forma de seta para baixo e cima logo ao lado.
Ao apertar o botão, puderam ouvir o som de algo descendo dos pisos superiores.
Raymond ficou em guarda assim que ouviu este som, até que o barulho parou no andar que estavam e a porta abriu, revelando um pequeno espaço vazio no interior.
— Relaxa aí grandão. — Shiina deu um tapinha no ombro dele. — Ninguém entra aqui há décadas.
— Não podemos baixar a guarda. Lembre-se que havia criaturas que não deveriam estar aqui.
— E elas não pisaram aqui, caso contrário não haveria este pó todo, e o chão estaria chamuscado. Vamos entrar logo. — Ela o empurrou para dentro da porta.
Assim que entraram, viram dezenas de botões enumerados em uma das paredes, sendo o botão mais embaixo marcado com a letra “T” e o mais alto com o número “80”.
Também havia o que parecia ser uma pedra de Ilusão em um formato retangular acima do número 80, com a letra “T” brilhando em azul nela, além de um aviso escrito ao lado dizendo: “Favor não tocar na tela”.
Também havia outros dois avisos em outra parede escrito “Carga máxima do elevador: Uma tonelada”.
Sem pensar duas vezes, a assassina apertou o botão “69” e a porta se fechou.
Em seguida, ambos viram o chão que pisavam brilhar em marrom e o sentiram subir.
A tela feita com pedra de Ilusão mudou para o número 1, depois 2, 3 e assim por diante.
— Isso é uma espécie de indicador em que piso estamos? — perguntou Raymond.
— É o que parece.
Esperando mais um tempo, ambos subiram cada vez mais, passando do 30° piso.
— Por que escolheu o número 69 ao invés do 80 que é o mais alto? — perguntou o guarda-costas.
— Eu lhe mostro quando chegarmos lá.
Curioso, Raymond permaneceu em silêncio enquanto aguardava chegarem no 69° piso, pensando se Shiina, de alguma maneira, esperava encontrar algo especial lá.
Finalmente, o elevador parou e a porta se abriu, revelando um pequeno corredor com cinco portas na direita e cinco na esquerda.
Ambos se aproximaram da porta mais próxima com o número 691 acima dela, e esta não se abriu sozinha.
Raymond tentou abri-la, mas estava bem fechada.
— Vou derrubá-la. — Se preparou para socar a porta.
— Calma aí grandão. — Shiina se colocou na frente da porta. — Relaxe um pouco.
A assassina então retirou uma pedra de Selagem com formato de um losango do tamanho de uma chave e etiquetada com o número 691, e inseriu em um buraco ao lado da porta, que brilhou em marrom e se abriu automaticamente.
Atrás da sala, havia o que parecia ser um quarto bem luxuoso, com uma grande cama com lençol vermelho, dois lustres prateados ao lado, um grande espelho de frente para a cama, sofás, acolchoados, várias estantes e armários e uma janela com uma sacada, dando uma bela vista para todo o reino subterrâneo.
Também havia uma outra porta que levava ao que parecia ser um banheiro, com uma grande banheira no centro, um vaso para aliviar suas necessidades, um pequeno armário com roupas de banho e um espelho.
— O que é isso? — Raymond se impressionou com o belo aposento. — Uma espécie de... pousada.
— Muito melhor que isso. — Shiina usou magia de Vento para mover todo o pó da cama e do aposento para fora da sacada. — Isso é um hotel, um lugar feito para descansar e muito melhor que uma pousada fedorenta.
— E por que escolheu essa sala? — O guarda-costas estava extremamente confuso. — Não disse que ia me mostrar?
Assim que ela ouviu isso, um sorriso malicioso surgiu em seu rosto e se jogou na cama, fazendo uma pose sensual e convidativa.
— Deite-se comigo e descubra — disse em uma voz sedutora.
— O quê...? Mas o que significa isso? — Raymond, apesar de ainda confuso, percebeu parte das intenções dela.
— Já ouviu falar em algo chamado Kamasutra? É um livro que contém várias... posições interessantes... 69 é uma das minhas favoritas...
Ao ouvir isso, Raymond levou sua mão à própria testa e suspirou cansadamente.
— Sério que foi por isso? — disse enquanto saia do quarto. — Vamos subir ao último andar e olhar ao redor.
— Ei! Não pode deixar de pensar na missão por um segundo e se divertir?
Contudo o guarda-costas a ignorou e foi para o elevador.
— Tsc! Se fazendo de difícil é? Vai ver só.
Com isso, a assassina o seguiu até o elevador.
Conforme esperavam chegar no último andar, Raymond não pôde conter sua curiosidade sobre mais cedo e perguntou: — Por acaso já seduziu seus alvos antes?
— Claro! A maioria dos homens agem igual macacos quando uma mulher bonita dá em cima deles. Na maioria das vezes eu nem precisava usar magia de Ilusão.
— Então você não necessariamente... dormia... com eles — disse Raymond pausadamente.
— Na maioria das vezes não, já que normalmente eram alguns porcos ricos que se achavam, mas se ele era bonito... e tinha um corpo bom... então por que não aproveitar o momento antes de matá-los? — Shiina não demonstrou vergonha. — Isso inclui algumas mulheres também, encontrei algumas que eram bem hábeis com...
— Já entendi! Já entendi... — interrompeu o guarda-costas com um tom irritado.
Ao perceber o tom dele, um pequeno sorriso surgiu no rosto de Shiina.
— Ficou com ciúmes? — provocou.
— Não, apenas... me irrito quando admite ter matado pessoas e se mostrar orgulhosa disso ainda.
— Já lhe disse que investigava meus alvos antes de aceitar qualquer contrato, e apenas matava aqueles que causavam algum mal, como nobres que usavam de sua influência ou status para prejudicar os pobres... a maioria desses desgraçados eram casados e tinham filhos ainda por cima, nem se envergonhavam de trair suas esposas. — Dessa vez foi ela quem demonstrou irritação.
— Matar ainda é muito extremo. Tem outros meios para lidar com isso.
— Como o quê? Denunciar eles? Acha que isso vai adiantar de algo? Só vão entender o recado se forem mortos. Sem contar que todos nós nos unimos para sobreviver aos Anjos, nossa sociedade não precisa de lixos como eles que se voltam contra a própria humanidade.
Raymond estava prestes a responder quando o elevador chegou ao 80° andar e a porta se abriu.
Assim que saíram, perceberam haver uma escada ao lado do elevador que levava um andar acima.
Ambos subiram os degraus e se depararam com a cobertura do prédio, tão alto que seria possível tocar o teto da parede com um grande salto.
Chegando na beirada, puderam ver com clareza toda a cidade em que se encontravam.
Todo o lugar possuía várias construções que poderia haver algo importante, tantas que seria impossível visitar todas nas poucas horas que sobrava para anoitecer.
— Tsc! Esse lugar é maior do que gostaria — reclamou Shiina. — O que faremos?
Raymond olhou ao redor com atenção, tentando buscar qualquer coisa que diferenciasse as construções das outras.
Foi então que percebeu o que parecia ser uma praça, com várias árvores crescendo altas e com uma fonte no centro. Por algum motivo, Aegreon estava lá, procurando por algo.
— Vamos para lá — disse enquanto apontava para a praça.
— Para lá? Bem, Aegreon parece saber de algo, vamos.
Os dois voltaram e desceram pelo elevador.
Ambos foram em direção à praça e se depararam com a mesma visão que tiveram de cima, um local com árvores fortes e saudáveis, uma fonte jorrando água constantemente e vários bancos confortáveis. Não havia nada de incomum ali além de Aegreon, dentro da fonte.
Conforme se aproximavam, fracos tremores começaram a surgir do fundo da fenda.
— Aegreon, o que está fazendo aí? — gritou Shiina, se aproximando.
O Pilar estava bem no centro da fonte, com seu corpo quase totalmente escondido pela água suja e escura que jorrava.
Subitamente, um “click” pode ser ouvido e a fonte inteira começou a descer, exatamente como um elevador, e levou os três ainda mais fundo daquele local, enquanto os tremores da fenda continuavam.
— Quê? O que você fez? — surpreendeu-se Shiina.
— Havia uma passagem secreta aqui, encontrei uma chave em outro lugar.
— Bem, isso é um Pilar. Pra onde estamos indo.
— Descobrir o segredo desse lugar...
A fonte, ou melhor, o “elevador” descia lentamente cada vez mais fundo.
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