O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 1

Capítulo 50: Futuro Incerto

Fora do templo Svarga, o povo estava extremamente agitado enquanto Raymond e Shiina tentavam acalmá-los.

— Eles vão ficar bem?

— Não acredito que estavam nos enganando esse tempo todo!

— Tinha um anjo lá e ela nos salvou! É verdade!

Estas eram apenas algumas das dezenas de conversas simultâneas. Todos estavam extremamente agitados, mas uma enorme explosão gelada a vários quilômetros de distância calou todos instantaneamente.

Um silêncio mortal perdurou por um bom tempo, sendo apenas interrompido pelo som do vento.

Até mesmo os cavalos do grupo — que até então estavam agitados devido à tanto poder de Conjuração no ar — ficaram não só quietos, mas também calmos, como se soubessem que não havia nada mais a temer.

— Parece que Sharaad está morto — comentou Shiina.

— Sim... Pareceu ser maior ainda de quando ele lutou contra... você sabe quem.

Os minutos se passaram até que, eventualmente, Sariel, Aegreon e Luna retornaram.

— Sharaad e a Seita foram aniquiladas, podem ficar em paz agora.

Todos soltaram suspiros de alívios, mas assim que viram Luna, se transformaram em suspiros de surpresa e medo mistos. Alguns se afastaram, quando um pequeno grupo de pessoas se aproximou dela.

— Obrigado por ter nos ajudado, apenas Shi... Kura saberia dizer o que teria acontecido conosco senão fosse por ti. Deixe-me tratá-la — disse uma mulher conforme se aproximava.

— Não se preocupe, Sa... Nungal já me curou com magia — respondeu a princesa enquanto mostrava o rosto. — Viu?

— Oh, neste caso, que tal se oferecermos uma refeição em nossa casa? Sei fazer um frango tandoori maravilhoso!

— Ah, não como nada animal, desculpe...

Enquanto essa conversa ocorria, as pessoas que ainda não conheceram Luna olhavam para seus companheiros com surpresa e descrença, sem acreditar que queriam agradar um anjo.

— Oh, mas por quê?

— Para mim, os animais são meus amigos assim como vocês, portanto eu jamais seria capaz de comê-los — respondeu a princesa com um sorriso puro.

Assim que ouviram essas palavras proferidas com tamanha gentileza, todos começaram a duvidar se ela realmente era um anjo, apesar de seus olhos gritarem que sim.

Talvez... nem todo anjo era ruim...

— Neste caso, posso fazer um curry! Tentarei não fazer muito apimentado para ti. Vocês também estão todos convidados!

— Agradecemos, mas agora vocês precisam descansar — disse Sariel enquanto se aproximava. — Sei que provavelmente desejam sair daqui o mais rápido possível, mas é melhor que passem a noite aqui e retornar de manhã para Krimisha.

— E se tiver alguém dessa “Seita” escondido?

— Nós os protegeremos, não se preocupem com isso.

Com uma certa hesitação, o povo seguiu as instruções do grupo e foram levados para longe do que restou do templo. Devido à luta, o acampamento que havia ali perto estava completamente destruído, por isso tiveram que encontrar uma área relativamente ampla para dormirem, usando roupas ou qualquer tecido como travesseiro.

Apesar de estarem com medo e terem de dormir no chão duro, acabaram dormindo rapidamente.

Foi então que Sariel decidiu agir assim que teve certeza de que todos estavam dormindo.

— Agradeço por usar sua magia para fazê-los dormir rapidamente, Shiina.

— Disponha, mas o que pretende fazer?

— Uma lavagem cerebral em massa — respondeu o viajante conforme seus olhos se tornavam castanhos.

— Todos eles? Não é complicado alterar as memórias de tantas pessoas? — questionou Luna.

— Sim, por isso alterarei o mínimo possível e apenas deletarei ou mudarei a sequência de certos eventos — respondeu Sariel.

— E qual a diferença?

— Se eu quiser introduzir uma memória que não pertence à pessoa, ou inserir muitos elementos em uma memória já existente, será mais trabalhoso e demorado para deixá-la realista — explicou o viajante. — Mas se eu apenas deletar algumas partes, conectar com outras ou mudar a ordem e fazer pequenas alterações, será muito mais rápido e fácil de tornar a memória o mais crível possível.

— E o que exatamente vai mudar?

— Farei eles acreditarem que todos nós, exceto por Aegreon, morreram nessa luta. Incluindo você, Ashoka. Você também acreditará que morremos — finalizou enquanto encarava o agora rei de Krimisha.

Ashoka se assustou e olhou para Sariel com preocupação.

— O qu-que vai fazer?

— Diferente deles, suas memórias serão as mais difíceis já que esteve conosco por mais tempo.

— Mas por que fazer isso?

— Por causa do Conselho — disse Aegreon.

— Mas vocês não estão com o Conselho?

— É uma longa história que não vale a pena explicar já que suas memórias serão alteradas, portanto apenas confie em nós.

Ao ouvir isso, Ashoka não teve outra escolha senão concordar.

Depois disso, Sariel fechou os olhos e começou sua magia.

O ambiente foi inundado com uma forte energia de Alteração, que se tornava ainda mais densa e concentrada na cabeça das pessoas. Na verdade, era até possível ver uma espécie de neblina marrom formar onde o povo dormia.

Então todas aquelas mentes sincronizaram com a mente de Sariel, que foi invadida com inúmeras informações de centenas de pessoas.

Além de memórias, os sentimentos de todos também foram transmitidos. Medo, insegurança e ansiedade inundaram a mente do viajante com um peso tão grande quanto o mundo em si.

Até mesmo um especialista prodígio com magias de Alteração teria enlouquecido ao ter a mente sobrecarregada com tantas informações, mas não Sariel.

Organizando as memórias metodicamente, o viajante sincronizou as memórias de todos com os eventos que ocorreram desde que entraram no templo, dando a ele uma noção total de tudo que aconteceu com todos ao mesmo tempo.

Era como assistir o decorrer da batalha por centenas de olhos diferentes.

Então, começou a deletar e mudar essas memórias.

A primeira coisa que fez foi alterar as memórias daqueles que viram Luna durante a luta, alterando seus olhos para o de um humano.

Também, certificou-se de alterar as memórias de qualquer um que o viu mudar de elemento, certificando-se de que tivessem certeza de que ele jamais mudou seu elemento.

Depois que todas as pessoas deixaram o templo, ele apagou todos do grupo, exceto Aegreon do momento em que todos retornaram após derrotar Sharaad, fazendo com que a última vez que viram todos fosse durante a luta.

Para finalizar, fez com que Aegreon dissesse que a Seita havia sido derrotada aos custos da vida de Shiina, Luna, Raymond e Sariel, para em seguida conectar com o momento que se afastaram do templo e foram dormir.

Após cerca de uma hora, Sariel finalizou todas as mudanças e abriu os olhos, enquanto suava intensamente e sentia uma dor de cabeça forte.

— Bem, agora é sua hora, Ashoka. Aqui será nossa despedida.

— Como assim? — perguntou Luna. — E sobre o que viemos fazer aqui?

— Mesmo que a Seita tenha sido derrotada ainda há muitos seguidores de Shiva em Krimisha, portanto não conseguiremos nada aqui. Ashoka terá um longo trabalho em reparar todos os danos causados pela Seita, e essas pessoas serão as únicas que poderão apoiá-lo.

— Não vai dar certo... — disse Ashoka desanimado. — Vão nos matar por regicídio...

— Nem todos se converteram a Shiva ainda — respondeu o viajante. — Sem contar que você é o único que pode governar este reino, querendo ou não eles precisarão de você.

Ao ouvir isso, Ashoka permaneceu em silêncio com uma expressão cansada.

— Se tiver algum problema, poderá falar com o Conselho — sugeriu Aegreon. — Diga o que aconteceu e eles enviarão a Vigília para ajudar.

— Mas não vou esquecer de tudo?

— Nem tudo.

Ashoka ficou mais uma vez em silêncio quando enfim suspirou e sinalizou a Sariel que estava pronto para ter suas memórias alteradas.

O viajante então se aproximou e tocou a testa de Ashoka, tendo acesso a suas memórias e alterando elas.

Suas modificações foram as mesmas que do resto do povo, sendo as mudanças extras fazer os olhos de Luna normais e fazê-lo esquecer completamente que ela era um anjo, além de qualquer conversa relacionado ao Conselho também ser deletada.

Também deletou todas as memórias em que Ashoka o viu mudando seus elementos.

Passado outra hora, Sariel afastou sua mão e Ashoka desmaiou no chão, dormindo profundamente e sem nenhum sinal de acordar.

— Bom, vamos embora? — perguntou o viajante.

— Sim, vamos.

— É isso? — perguntou Luna. — Não há mais nada que possamos fazer?

— Já fizemos o melhor que podíamos. Na verdade, é até surpreendente o quão bem as coisas terminaram — disse Raymond.

— Mas sinto como se tivéssemos sido derrotados...

— De certa maneira fomos — comentou Shiina. — Mas não podemos fazer nada sobre isso, exceto seguir a estrada. Para onde vamos agora?

— Cordilheira Belvuch — respondeu o Pilar.

E então o grupo montou em seus cavalos e seguiu para o próximo destino, evitando usar a estrada já que não deveriam ser vistos em Krimisha.


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