O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 1

Capítulo 47: Desabrochar da Lótus Escarlate

Todos observavam atentamente a monstruosidade de pedras flutuando logo acima deles, sem entender como Sharaad havia sobrevivido.

— Sariel, sabe o que está acontecendo? — perguntou Luna.

— Há muito para explicar, portanto resumirei bastante — respondeu ele. — Basicamente, Bhavna estava grávida de trigêmeos, mas houve uma complicação na formação do feto deles e os três se mesclaram em um corpo.

— Trigêmeos?! — surpreendeu-se Ashoka. — Quer dizer que... é por isso que ele tem vários braços?

— Não apenas ele tem vários membros como vários órgãos também — disse Sariel. — Como coração...

Ao ouvir aquilo, todos precisaram de um breve segundo para processar aquela informação.

— Então ele tem 3 corações? — perguntou Aegreon.

— Tinha, graças a você agora ele tem 2.

— É por isso que ele tem várias auras diferentes? — perguntou Luna.

— Exato, apesar de nos referirmos Sharaad como uma única pessoa, a verdade é que seus dois irmãos estão vivos, mas em um estado vegetativo —explicou ele. — Como Shiva impediu sua morte, o poder mágico dos três cresceram juntos, entretanto apenas Sharaad pode controlá-los. E é claro, a quarta aura é o elemento Conjuração dado por Shiva.

— Mas por que ele está mais poderoso?

Antes que o viajante pudesse responder, Sharaad, ainda flutuando, lançou dezenas de enormes bolas de fogo roxas envoltas em vento, além de várias rochas serem lançados contra eles como meteoros.

Percebendo o ataque do rei de Krimisha, Sariel levantou Ashoka e Luna em cada braço e se afastou das magias, enquanto os outros desviaram por si mesmos.

Apesar do poder terrível contido nessas magias, seu controle e mira estavam bem instáveis. Seus golpes não tentavam prever os movimentos do grupo, e só lançava magias sem pensar direito, por isso foi relativamente fácil desviar de tudo.

— Basicamente — disse o viajante enquanto carregava Luna e Ashoka ao mesmo tempo que desviava das magias. — Ele tinha uma pedra da Conjuração escondida em suas roupas, e ele deveria se comunicar com Shiva em caso de emergência.

— Então ele se fingiu de morto para avisar Shiva que estávamos acabando com ele e o Deus entregou mais poder a ele? — gritou Shiina conforme desviava.

— Exatamente, mas existe um limite para quanto poder você pode receber da Escuridão — disse Sariel. — Ele agora agirá de maneira totalmente imprevisível, e não há oponente mais perigoso do que um enlouquecido.

Quando ouviu o viajante dizer isso, Luna se lembrou da maneira como Sharaad agiu quando se reergueu. Sua primeira reação foi agarrar a presa mais próxima. Depois, quando foi ferido, sua reação foi de criar uma armadura de roxas para se proteger, e agora ele atacava cegamente qualquer um em sua visão.

De fato, seu comportamento lembrava mais o de um animal do que um humano.

— Luna, ainda tem aquela pedra de proteção que te entreguei? — perguntou o viajante.

— Sim.

— Entregue a Ashoka e deixarei ele em um lugar afastado — disse Sariel. — Temos que focar em derrubar seu filho, Ashoka, portanto isso é o máximo que poderei fazer pela sua segurança.

— Ce-Certo.

Ainda nos braços do viajante, a princesa entregou a pedra de Proteção ao rei emérito. Logo depois, Sariel foi ao local mais afastado do buraco e o deixou ali.

— Aperte a pedra e um campo dourado surgirá ao seu redor — explicou o viajante rapidamente. — Ele se desloca junto de ti, portanto não precisa ficar parado.

— Tu-Tudo bem. — Ashoka pressionou nervosamente a pedra de Proteção, criando um escudo ao seu redor. Estava assustado devido à violência de seu filho, mas ainda acreditava que, de alguma maneira, haveria uma forma de pará-lo sem matá-lo.

— Luna, precisarei de você para acabar com Sharaad — disse o viajante. — Não tente fazer nada heroico, apenas fique ao meu lado e siga minhas instruções.

— Entendido.

Sem se demorar, Sariel se aproximou novamente de Sharaad com Luna seguindo-o. Antes mesmo de chegarem no local, a temperatura do ambiente caiu drasticamente, e pequenos flocos de neve começaram a cair gentilmente, apenas para serem soprados violentamente pelo vento escuro do rei.

O viajante, agora com os olhos azuis, criou uma forte nevasca ao seu redor, envolvendo a princesa que era totalmente imune à violência com que a neve girava.

— Você sabe poucas magias, portanto seria uma péssima ideia tentar usar uma magia nova em batalha — disse Sariel conforme esferas de energia azul e dragões de gelo surgiam ao seu redor. — Mas o alvo é tão grande que é impossível você atingir um aliado, portanto tente usar todo seu poder contra ele.

— Tem certeza? — perguntou Luna. — E se eu perder o controle?

— Eu lidarei com isso, agora vamos! — Quando disse isso, as esferas e dragões que o circulavam voaram em direção à grande abominação de pedra flutuando 20 metros acima.

E, como se fossem uma orquestra regida pelo viajante, Raymond, Shiina e Aegreon lançaram suas magias contra Sharaad também.

O guarda-costas fez o mesmo que o viajante e um círculo de relâmpagos surgiu ao seu redor, com esferas semelhantes das criadas por Sariel, mas de cor violeta e menor em tamanho. Além disso, dezenas de leões feitos de eletricidade duas vezes maior que um verdadeiro o rodeavam e o protegiam.

Dessa vez ele finalmente poderia usar sua força verdadeira. Até agora, em todas as batalhas que lutou, teve de se conter para não ferir inocentes como na vila atacada pelo necromante ou evitar matar alguém como foi o caso de sua batalha com Keya.

Shiina fez o mesmo e uma forte ventania afiada como vento a rodeou com esferas brancas parcialmente translucidas e levemente menores que as de Raymond. Algumas raposas feitas de ventos também surgiram, mas estas possuíam o tamanho de uma raposa real, além da aparência ser amistosa, bem diferente dos leões ou dragões de seus companheiros.

Quanto a Aegreon, seu corpo e suas armas se cobriram em chamas escuras, que o rodeavam da mesma maneira que os outros e com formas que lembravam um chacal, uma espécie de lobo encontrado em Nunma.

Todos dispararam suas magias ao mesmo tempo, e Sharaad respondeu com um bombardeiro de fogo e vento roxos. As magias de ambos os lados colidiram, criando explosões roxas e com ondas de choque tão poderosas que eram capazes de alargar ainda mais a sala.

Luna também tentou ajudar criando as mesmas esferas de luz que todos usavam, já que percebeu que essas esferas apesar de não parecerem muito perigosas, continham uma grande quantidade de poder, mas suas esferas desapareciam assim que viajavam alguns metros pelo ar.

Ambos os lados mantiveram uma saraivada constante de magias, e o embate pareceu empatado por um momento, mas logo o poder do grupo combinado superou o poder do rei e atingiu sua armadura de pedra.

Apenas nessa breve troca de ataques, metade dos membros de pedra foram derrubados, e um grande buraco se abriu onde seria o estomago e a cabeça da armadura.

Contudo não foi o suficiente para tirar o rei de dentro.

Percebendo que ser ofensivo não funcionaria, Sharaad tentou desviar das magias enquanto reconstruía sua armadura com mais rochas do local e usava sua própria magia para bloquear danos maiores.

Apesar de sua armadura de pedras ser do tamanho de uma casa relativamente grande, era capaz de flutuar com destreza pelo ar, o que lhe permitiu reconstruir totalmente suas defesas.

Porém isso não desanimou o grupo, pois quanto mais o tempo passava, maior a quantidade de neve se tornava.

A chave para vencer Sharaad estava com Sariel, que estava usando a mesma estratégia de quando lutou contra Indra: expandir seu poder de Gelo no ar e resfriar o ambiente para forçar uma nevasca e ter uma vantagem climática.

Para a grande maioria das pessoas, seria impossível replicar esta técnica, já que é necessário liberar uma quantidade enorme do próprio poder mágico para causar qualquer mudança climática, mas para Sariel — e membros do Conselho — realizar esta técnica era necessário para lutar contra algum oponente muito poderoso ou de mesmo nível.

Conforme a batalha prosseguia, a nevasca se tornou mais e mais poderosa, sobrepujando o tornado criado por Sharaad e fazendo neve se acumular e gelo se formar no chão.

Estalagmites de gelo pontudas e da grossura de uma árvore começaram a se erguer do chão e perfuraram a armadura de pedra do rei em vários pontos, além de arrancar alguns dos membros dele.

— Hora de se revelar! — disse Sariel.

Subitamente, toda a neve acumulada ao redor foi atraída para a armadura de pedra de Sharaad e o soterrou, desacelerando seus movimentos.

O rei tentou usar seus braços de pedra para arrancar a neve e seu fogo roxo para derretê-la, mas cada vez mais se acumulava até chegar ao ponto onde apenas podia se ver uma grande bola de neve do tamanho de uma casa flutuando acima.

Então, a neve brilhou intensamente em uma cor azul claro e explodiu, aumentando ainda mais a cratera que havia se formado e quase arremessando todos do grupo com a força da nevasca.

O local já estava totalmente irreconhecível, com uma cratera de dezenas de metros de profundidade e largura, além de estar totalmente coberto em neve densa.

Foi preciso de alguns segundos para conseguir ver o que havia ocorrido com Sharaad, mas, para a surpresa de todos, uma pequena porção de sua armadura de pedras se mantinha intacta graças aos metais escuros que protegeram o núcleo onde o rei provavelmente se escondia.

Todos se prepararam para lançar mais ataques esperando que ele tentasse reconstruir sua armadura, entretanto o que aconteceu foi o contrário: as pedras que restaram se soltaram e caíram no chão, erguendo uma grande nuvem de poeira.

Todos ficaram atentos esperando algum ataque surpresa através da poeira, mas o tempo passou e a nuvem assentou, revelando uma figura bizarra flutuando no ar.

Essa figura estava encolhida em posição fetal, mas logo estendeu seu corpo e estendeu bem seus 6 braços e 6 pernas, se abrindo como o botão de uma flor que desabrochava.

E logo que seu corpo foi revelado, todos foram pegos de surpresa se perguntando se aquilo que viam era mesmo Sharaad.

A pele do rei de Krimisha estava totalmente descarnada, deixando todo o corpo em carne viva. O sangue começava a derramar, no entanto, devido ao calor de suas chamas escuras, ele evaporava e formava uma nuvem vermelha, como uma aura de morte que o cobria.

Além disso, a carne em suas bochechas havia descarnado também, com apenas alguns filetes de músculos unindo sua mandíbula inferior com a superior, o que fazia com que sua boca ficasse constantemente aberta além dos limites humanos e derramando uma constante saliva roxa e corrosiva. Seu nariz também havia sido consumido, deixando apenas dois buracos semelhante às narinas de cobras.

O mesmo se aplicava aos seus olhos, cujos músculos foram descarnados ou queimados e mantinham-se totalmente esbugalhados, quase saltando de suas orbitas. Além disso, todas as veias de seus olhos haviam estourado, tingindo-os de vermelho escarlate e contribuindo para o olhar totalmente enlouquecido, bizarro e sanguinário que possuía.

Ao ver aquela cena, todos — exceto Sariel e Aegreon — ficaram em choque e paralisados. A condição de Sharaad era pior que muitos cadáveres que já tinham visto antes.

O rei aos poucos flutuou para baixo e pisou na cratera onde o grupo estava.

Todos ficaram atentos e alguns engoliram em seco enquanto encaravam aqueles olhos totalmente desprovidos de sanidade, e em um movimento rápido, Sharaad partiu contra Shiina, aquela mais próxima dele.


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