O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 1

Capítulo 45: Destronado

Sariel e Aegreon partiram contra Sharaad, com o viajante tomando a frente e o Pilar flanqueando-o pelas costas. O rei de Krimisha lançou labaredas roxas fortalecidas pelo seu vento negro contra ambos, mas um escudo dourado surgiu ao redor deles e bloqueou todo dano.

Vendo-se cercado pelos dois e com suas magias surtindo nenhum efeito, precisou esquivar-se para a direita e contorcer o corpo de uma maneira bizarra, sofrendo apenas cortes superficiais.

Ao mesmo tempo, Raymond avançou contra Keya com a espada longa de Indra coberta em seus raios violetas. Sua velocidade surpreendeu não apenas o sacerdote como a ele mesmo, já que suas capacidades físicas estavam fortalecidas pela magia de Sariel, portanto o guarda-costas conseguiu se aproximar e cortar profundamente o ombro esquerdo de seu oponente antes dele se afastar.

Já Shiina se tornou invisível instantaneamente — mesmo sabendo que poderia ser detectada — e tentou golpear Bhavna por trás, contudo sua espada ricocheteou contra um escudo roxo que rachou com o impacto.

Sem demonstrar surpresa, a rainha se virou sacando uma adaga de suas roupas e tentou atingir a assassina, que desviou sem dificuldades.

Em seguida, Shiina decidiu abandonar qualquer aproximação furtiva e cobriu a lâmina de sua espada com vento, perfurando Bhavna logo em seguida.

A rainha tentou usar seus escudos para bloquear o golpe, mas a assassina estava usando toda sua força, portanto o escudo não resistiu e se quebrou permitindo que a lâmina de Shiina perfurasse Bhavna perto do coração.

Enquanto tudo isso acontecia, Luna permanecia parada no mesmo lugar sem saber o que fazer. Por mais que fosse capaz de acompanhar os movimentos dos oponentes, sentia-se insegura de se aproximar e temia atrapalhar seus companheiros, além de que aquilo não era um simples treino, e sim um combate real onde pessoas morreriam.

Segurando a espada que pertencia a Raymond anteriormente com força, a princesa apenas permaneceu parada e mordeu o próprio lábio em frustração, sentindo-se uma completa inútil naquela situação.

Ashoka também se sentia igualmente ansioso, socando a barreira continuamente ao ponto em que suas mãos inchassem e começassem a sangrar.

— PAREM! NÃO PRECISA SER DESSE JEITO!

Entretanto ambos os lados não mostravam nenhuma hesitação.

Como era esperado, Sariel e Aegreon mantinham uma pressão constante contra Sharaad, que era ferido a todo momento — especialmente pelo viajante — e se mantinha extremamente cauteloso.

Mesmo assim, todos eram feridos constantemente e, como Bhavna precisava se proteger, não era capaz de curar seus parceiros rápido o suficiente, por isso estavam acumulando cada vez mais ferimentos.

— “Bhavna! Nos cure!” — exigiu Keya.

— “Estou fazendo o melhor que posso! Se eu me distrair Shiina me matará!”

— “Não é o suficiente! A adoração de Shiva será banida se morrermos aqui! Se irá morrer pelo bem de Shiva então assim deverá ser feito!”

Ao ouvir isso, Bhavna se desconcentrou e quase sofreu um golpe fatal de Shiina. Keya estava certo, pois Shiva não apenas salvou seu filho como também a concedeu o poder da cura para que ajudasse os necessitados, assim sendo era totalmente justo que ela entregasse sua vida em nome do Deus que mudou todo o seu reino.

— “Eu... farei o que puder! Creio que consigo sobreviver por um minuto, portanto vocês precisam acabar com eles nesse tempo!”

Assim que disse isso, todo o corpo de Bhavna brilhou em roxo intensamente e formou vários rios flutuantes de água escura que cobriram os corpos de Sharaad e Keya. Todos os ferimentos em seus corpos se curaram, e seus movimentos se tornaram mais velozes.

Com suas capacidades físicas fortalecidas, o rei e o sacerdote atacaram furiosamente na tentativa de ganhar alguma vantagem.

Respondendo à agressividade deles, Aegreon, Shiina, Sariel e Raymond responderam à altura, com a magia de ambos os lados colidindo intensamente.

Fogo e vento escuros colidiam com o fogo negro de Aegreon, criando explosões roxas e tão quentes que seriam capazes de derreter qualquer metal.

Os relâmpagos de Raymond se chocavam contra o gelo de Keya, fazendo estilhaços de gelo e fiapos de eletricidade voarem sem rumo como fogos de artifício, e o vento de Shiina dizimava os escudos que Bhavna criava na vã tentativa de se defender.

Tudo que estava ali era pulverizado, incluindo os materiais do portal, e a sala já teria ruído se não fosse pelo escudo dourado do viajante protegendo as paredes e o chão.

Luna tinha de desviar do resultado do encontro entre as magias, e fazia com certa habilidade, já que havia treinado bastante ultimamente, apesar de querer intensamente ajudar seus companheiros.

— Raymond! Cuidado para não matar Keya! — gritou Sariel. — Shiina, acabe logo com isso!

— Estamos tentando! — responderam os dois em uníssono.

O guarda-costas acabou se distraindo com o comentário do viajante e não percebeu quando o rei de Krimisha lançou uma magia poderosa contra ele. Tentou desviar, contudo Keya se aproveitou da situação e impediu sua esquiva.

Vendo aquela esfera de chamas roxas enormes se aproximando, viu-se forçado a tentar criar um escudo dourado para pelo menos reduzir o dano que receberia, mas Sariel se moveu rapidamente e se colocou na frente dele criando um escudo dourado que bloqueou completamente a magia.

— Não se distraia! Não posso ficar te protegendo e lidar com Sharaad ao mesmo tempo! — disse o viajante conforme atacava novamente o rei de Krimisha.

— Fo-foi mal! — desculpou-se o guarda-costas, voltando sua atenção ao sacerdote.

Qualquer leigo que presenciasse aquela luta acreditaria que a batalha estava equilibrada, mas na verdade o lado da Seita estava sofrendo danos cada vez mais pesados, principalmente a rainha que era uma poça de sangue ambulante, mantendo-se de pé apenas com a força de sua determinação.

— Morre logo sua velha! — gritou Shiina enquanto fazia uma forte ventania e esferas de vento comprimidas poderosas voarem contra Bhavna.

— Você pode me matar... mas Shiva viverá nos corações de meu povo! — disse ela com garra e extremo cansaço.

A assassina avançou e com uma de suas esferas de vento quebrou o escudo que a rainha insistia em recriar. Em seguida, usou sua espada coberta em ventos e mirou o pescoço, errando por pouco e decepando o braço direito de Bhavna.

Ao ver aquela cena, Ashoka sentiu uma fisgada em seu coração. Apesar de sua esposa ter se distanciado a muito tempo, ela ainda agia pensando no bem do povo de Krimisha, e vê-la morrer aos poucos diante de seus olhos era uma tortura que não desejava nem ao seu pior inimigo.

— PARA! ELA NÃO MERECE ISSO! PAREM, POR FAVOR! — Naquele ponto, Ashoka nem sentia mais suas mãos, que eram um amontoado de carne e sangue de tanto socar a barreira indestrutível.

Contudo Shiina ignorou as súplicas do rei emérito e lançou outra de suas esferas de vento contra Bhavna, criando um buraco que atravessava seu corpo onde seu estômago ficava.

A rainha, de alguma maneira, mantinha-se de pé, mas não por muito tempo.

Memórias de sua vida se passaram conforme via a lâmina da assassina se aproximando lentamente dela.

Tudo se tornou um inferno para ela e seu povo quando os anjos invadiram Krimisha. Já naquela época havia muitos que acreditavam que não participar da guerra e não causar mais violência faria os anjos pararem de lutar, mas aqueles seres alados desprovidos de empatia provaram o contrário.

Krimisha acabou resistindo graças à liderança de seu marido e o poder de Indra, um pré-adolescente na época e Aegreon, que foi enviado para ajudá-los na batalha.

Porém Kura mostraria mais uma vez que abandonou a ela e seu povo quando teve seu filho, Sharaad, que nasceu com uma condição rara e incurável com magia. Segundo os curandeiros, ele não viveria mais que um mês.

Entretanto, por mais que sua aparência fosse bizarra, ainda o amava intensamente, por isso procurou todas as formas possíveis de fazê-lo viver.

E foi assim que Shiva mudou sua vida, salvando seu filho e permitindo que ele crescesse, e concedendo-a o poder de curar outras pessoas, uma missão que o Deus entregou a ela para que ajudasse aqueles que não pudessem cuidar de si mesmos.

A sabedoria e compaixão de Shiva fez Bhavna perceber como Kura desprezava a humanidade, assim sendo ela seguiu tudo o que Shiva a ordenava, ajudando a espalhar a adoração a ele.

Suas ações foram de extrema importância para que seu filho assumisse o trono e realizasse de uma vez por todas a reforma religiosa onde o povo abandonaria Kura, a Deusa traidora.

Muitas mudanças ocorreram, mas Shiva manteve a ideia de evitar violência a todo custo, mas que ela deveria ser permitida se fosse para proteger alguém ou se defender.

E agora, com as coisas quase prontas para que recebessem os enviados de Shiva ao seu mundo, aqueles estrangeiros seguidores da Deusa maldita apareceram para acabar com tudo o que construíra.

— NÃO VOU PERMITIR! — gritou ela reunindo toda sua magia de uma só vez e curando instantaneamente Sharaad e Keya, além de conceder a eles um grande aumento em suas capacidades físicas e no poder das magias de conjuração deles.

Ela podia simplesmente ter usado o próprio poder para se curar, entretanto ela sabia muito bem que se o fizesse, o futuro de Krimisha estaria arruinado, pois seu poder ofensivo não era nada comparado com seus companheiros.

Lançando olhar ao seu filho, percebeu ele a encarando com pesar.

Lágrimas surgiram em seus olhos, contudo ela não teve tempo de derramá-las, pois a lâmina de Shiina atravessou seu corpo e destruiu seu coração, e a última coisa que viu em sua vida foi a máscara de raposa da assassina coberta em sangue.

E foi assim que a rainha de Krimisha caiu. Aquele golpe a matou antes mesmo de tocar o chão, tamanha era a quantidade de danos que havia suportado durante a luta.

Ashoka viu o corpo de sua esposa cair em câmera lenta. Suas mãos estavam uma bagunça, com os ossos estando claramente visíveis, mas a dor em seu peito era muito maior, sentindo como se fosse ele quem tivesse sido apunhalado no coração.

Se ajoelhando enquanto observava aquela cena, Ashoka desistiu de quebrar a barreira e chorou.

Contudo a batalha ainda não acabou.

Apenas um havia caído.

Percebendo o aumento de seu poder, Sharaad juntou todas as suas 6 mãos e criou uma esfera de chamas roxas tão escuras quanto o abismo. Aegreon e Sariel tentaram atacar, mas um escudo roxo surgiu ao redor dele, provavelmente outra magia lançada por Bhavna antes de morrer.

O rei concentrou todo o seu poder em suas palmas e estava preparando uma magia capaz de destruir um reino inteiro, enquanto o viajante e o Pilar golpeavam a barreira na tentativa de quebrá-la.

Alguns segundos se passaram e o escudo que o protegia finalmente se quebrou.

Mas era tarde demais.

A magia estava quase pronta, e seus oponentes não seriam rápidos o suficiente para interrompê-la.

Com um sorriso no rosto, todos os seus 6 braços se viraram na direção de Sariel e Aegreon, formando uma imagem bizarra como se fosse um polvo humano tentando agarrar sua presa.

Porém, quando estava prestes a lançar sua magia, sentiu uma lâmina fria e gelada perfurar seu estômago pelas costas.

Surpreso com aquilo, o rei hesitou em lançar sua magia. Quem poderia sequer ter feito aquilo? Shiina havia abandonado o corpo de Bhavna e estava se dirigindo a Keya, e Sariel e Aegreon estavam de frente a ele.

Foi então que ele se lembrou de uma pessoa que este tempo todo esteve parada sem se juntar à batalha. Ele tinha ficado cauteloso com ela a princípio já que seu poder era igual ao do viajante e do Pilar, mas logo percebeu pelo nervosismo dela que nunca havia lutado antes e desconsiderou ela como uma ameaça.

Virando seu rosto levemente, percebeu Luna com os olhos arregalados e perfurando-o com uma simples espada de aço coberta em gelo.

Ele nem sentiu a aproximação dela, pois não percebeu nenhuma intenção assassina por perto.

E esse descuido logo provou ser sua ruína.

Aproveitando-se da brecha criada pela princesa, Aegreon segurou sua foice com firmeza e fez intensas chamas roxas cobri-la.

Com um movimento rápido e poderoso, o Pilar mirou no coração de Sharaad, acertando precisamente com a lâmina negra da morte e atravessando seu corpo.

Como se não bastasse, o fogo na lâmina explodiu, cobrindo o Pilar completamente naquela chama corrupta e carbonizando a área onde ficava o coração de Sharaad.

Com um golpe certeiro e mortal daquele, o rei caiu lentamente no chão e imóvel.


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