Volume 1
Capítulo 44: Impasse
A cabeça do rei de Krimisha estava virada diretamente para o grupo, e provavelmente estaria olhando para a posição deles se não estivesse com os olhos fechados.
Surpresos por serem descobertos, todos entraram em alerta e sacaram suas armas. Apesar dos olhos de Sharaad estarem fechados, eles podiam sentir perfeitamente como se estivessem de fato sendo vistos.
— Com quem está falando, meu filho? — Bhavna tentou olhar para o mesmo lugar que Sharaad encarava e achar alguém.
— Para que tanta hostilidade? Somos todos seres civilizados aqui, certo? — perguntou o rei de Krimisha, ainda com os olhos fechados.
Shiina encarou Sariel, que concordou com um aceno.
Percebendo que Sharaad realmente era capaz de percebê-los, a assassina desfez sua ilusão, revelando o grupo às duas pessoas que não eram capazes de vê-los.
— Intrusos? Como chegaram aqui? — perguntou o homem com manto com uma voz rasgada.
— Vamos, aproximem-se! — Sharaad estendeu um de seus braços de maneira receptiva. — Digam-me vossos nomes, meus convidados.
O grupo permaneceu parado por um tempo até que Sariel tomou a iniciativa e se aproximou devagar do rei com cautela, os outros o seguiram logo atrás.
— Me desculpem. Essas pedras afetaram minha percepção. — Luna se culpou pelo grupo ter sido descoberto.
Como havia inúmeras Gemas de Conjuração com a maioria maiores que um humano, aquilo acabou enganando a detecção dela.
— Conjuração é capaz de se misturar e modificar outros elementos, ele tem Alteração, mas misturado com Conjuração, é difícil detectar a Alteração — explicou Sariel conforme se aproximava. — Então ele enganou até mesmo minha percepção, se eu tivesse maior porcentagem de Alteração eu perceberia antes.
Quando chegaram a uma distância de uns dez metros, pararam e esperaram atentamente pela próxima ação de Sharaad.
— A quanto tempo... pai...
Ashoka permaneceu em silêncio sem saber como falar com seu filho. Havia algo de intimidador sobre ele que o incomodava profundamente, uma espécie de malícia na sua voz que não tinha quando era mais novo.
— Você... — O rei encarou Aegreon. — É o Pilar da Conjuração. Aegreon, certo?
Ao ouvir esse nome, o homem com manto assumiu uma pose de batalha.
— Espere, Keya — disse Sharaad. — Essa é uma oportunidade de ouro.
Percebendo o plano do rei, o devoto se acalmou e aguardou.
— Me chamo Nungal — disse Sariel. — Estes são Emi, Luna e Leopold.
— Nunca ouvi estes nomes antes, mas você... — O rei virou o rosto para Luna. — Essa ilusão tentando disfarçar vossos olhos não me engana, és aquele anjo de Fordurn.
Quando ouviu a palavra anjo, os olhos de Keya se iluminaram como se visse um tesouro inestimável no lugar da princesa.
A princesa, entretanto, não percebeu a maneira predatória como o sacerdote a encarou, e apenas olhava para Sharaad.
— Como chegaram aqui já devem imaginar o que está acontecendo, portanto, não me demorarei em minha proposta. — O rei falava eloquentemente. — Juntem-se a mim, convertam-se e Shiva dará a vocês qualquer resposta que quiserem. Vocês, Nungal, Aegreon e Luna estão no mesmo nível de poder, portanto Shiva responderá qualquer pergunta a vocês!
— E o que pretendem fazer com nossas almas? — perguntou o viajante.
— Então você conhece o procedimento... — comentou Keya.
— Sim, já destruí outras Seitas antes, portanto sei muito bem como vocês agem. — Sariel encarou o devoto com um olhar frio, fazendo-o engolir em seco.
— Nós somos diferentes! — Ele respondeu nervosamente. — Diferente das outras Seitas e de Kura, Shiva tem ajudado o povo de Krimisha! Se não fosse por ele, Sharaad não estaria vivo e Krimisha não teria prosperado tanto!
Ao ouvir isso, o viajante se virou e apontou para as pedras e os metais colocados no chão ao redor da sala.
— E estes materiais de portal?
— Portal? Isso são materiais para decorar esta sala.
— Não me tome como um idiota! Ouvimos claramente você mencionando um portal. — A fúria de Sariel, dessa vez, fez o devoto dar um passo para trás involuntariamente.
Ao ouvir isso, Keya ficou em alerta novamente.
Percebendo a agitação do viajante, Ashoka tentou amenizar a situação.
— Acalmem-se, meus convidados — interrompeu Sharaad. — Lembrem-se que estão em meu reino, portanto qualquer ato de violência é um crime imperdoável.
— Me pergunto como o Conselho agiria se soubesse sobre isso. — O viajante apontou sua glaive na direção dele.
Percebendo que o viajante não seria enganado, o rei de Krimisha suspirou pesadamente.
— Bem, então teremos que arrancar suas almas à força!
Os olhos de Sharaad se abriram, revelando olhos amarelados e pupilas vermelhas da cor de sangue. Seu olhar era enlouquecido e esbugalhado.
Percebendo aquilo, Sariel imediatamente tocou Aegreon, Raymond e Luna e desfez o selo que havia colocado neles.
— Seu tolo! Jamais conseguiríamos derrotar um único Pilar! Quem dirá três pessoas no nível de poder do Conselho! — gritou Keya.
— Então faça algo útil e chame por ajuda.
— Maldição! — Keya, irritado, começou a correr em direção a um corredor atrás do trono.
— Tsc! Não vai fugir! — Sariel disparou na direção do sacerdote.
Porém, antes que pudesse alcançar Keya, uma ventania poderosa e uma chama roxa voaram na direção do viajante, criando um tornado de chamas escuras e impedindo que ele se aproximasse do sacerdote em fuga.
Olhando para aquele quem lançou esta magia, percebeu os dois pares de braços inferiores de Sharaad brilhando com uma chama roxa, e os pares superiores com um vento negro.
— Quatro elementos... hmpf.
— Por favor! Parem com isso! — gritou Ashoka correndo na direção de Sharaad.
Percebendo a aproximação dele, o viajante correu na direção do rei, o agarrou e o jogou no ar alto o suficiente para que saísse pela abertura no teto.
Sua subida desacelerou até que a gravidade o puxou novamente e começou a cair.
Porém, antes mesmo que seu corpo caísse meio metro de volta ao buraco, um domo dourado surgiu embaixo dele e permitiu que sua queda fosse parada, impedindo que se machucasse no processo.
Era como se ele tivesse tropeçado até um abismo, mas um chão tivesse surgido embaixo dele para que não caísse.
Enquanto isso, Keya batia contra a parede dourada e tentava quebrá-la para sair dali. Se tivesse sido um pouco mais rápido teria sido capaz de fugir, mas alguém havia isolado as saídas com magia de Proteção.
Sharaad encarou Sariel com surpresa, pois ele pôde ver claramente a aura dele mudando de uma cor prateada para dourado.
— Pessoal, tomem cuidado! A magia dele, tem algo de estranho com Sharaad! — gritou Luna.
— Como assim? — Raymond sacou sua espada e se aproximou dela.
— Eu não sei, ele...
Enquanto isso, o rei, ao perceber que Keya havia falhado em fugir, fez uma forte ventania escura o rodear, com chamas roxas se misturando com o vento e criando um tornado negro, protegendo-o e dificultando que alguém se aproximasse dele.
— Sinto a aura de três pessoas no corpo dele. — Sariel encarava o rei com atenção.
— O que diabos isso significa?
Sharaad levitou de seu trono com um par de pernas cruzadas, o outro em posição de yoga e outra balançando no ar. Suas mãos intermediarias faziam o sinal mudra de meditação.
Percebendo o fogo e vento roxos girando furiosamente ao redor de Sharaad, Keya desistiu de fugir e se aproximou de seus oponentes com as mãos cobertas em um gelo roxo.
Bhavna percebeu que ambos estavam prontos para a batalha e apontou suas mãos — brilhando em roxo — e tentou fortalecer fisicamente a força física deles. O brilho em suas mãos partiu na direção de ambos como um rio de águas roxas flutuante e cobriu os corpos de ambos, mas o brilho enfraqueceu assim que os tocou.
— O quê? — Bhavna olhou para as próprias mãos sem entender o porquê de sua magia ter enfraquecido.
— Este Sariel não apenas criou um escudo para impedir a saída e entrada, como também misturou Selagem na barreira, enfraquecendo nossa magia. — Sharaad encarou sua mãe de relance.
— O quê? Mas o elemento dele não era Ilusão? Como ele é capaz de usar magia de Proteção de tão alto nível?
— Ele só pode ser um volátil... — disse Keya. — Devemos matá-lo primeiro.
— Impossível com ele usando o elemento Proteção— disse Sharaad. — Ele é capaz de criar escudos com a mesma resistência de Clementius.
— Tsc! Então vamos focar nos outros! — Keya encarou o grupo com sangue nos olhos.
— Não hesitem nessa luta. — Sariel encarou a princesa. — Entendeu?
— Si-Sim — gaguejou Luna, nervosa por subitamente estar em uma situação que precisaria, muito provavelmente, matar alguém.
Ambos os lados se encararam por um breve momento enquanto Ashoka observava tudo de cima, socando a barreira na esperança de voltar para lá e evitar que aquela luta ocorresse.
— PAREM, POR FAVOR! — gritava desesperadamente enquanto socava futilmente a barreira. — NÃO FAÇAM ISSO!
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