O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 1

Capítulo 39: Chegando em Krimisha

Mais uma vez, o grupo seguiu seu caminho rapidamente e subiram o desfiladeiro. Naquele ponto já seria possível avistar Krimisha de longe, se não fosse pelos morros e o terreno acidentado.

A vegetação era proeminente, mas rasa, o que fazia com que todos se cansassem com mais frequência devido ao clima quase árido.

Durante o dia, nada de incomum aconteceu, e a noite chegou rápido. Luna treinou mais que o normal antes de dormir, pois queria cansar o corpo e tornar mais fácil a tarefa de adormecer.

Assim que considerou estar cansada o suficiente, se deitou e dormiu.

Logo sonhou novamente, um diferente do anterior, apesar dos eventos serem parecidos. Luna parecia um pouco mais velha agora, mas era outra memória dela brincando com seu pai.

Ela tentou seguir a sugestão de Sariel e fazer seu pai vestir um óculos grande com nariz enorme e bigode exagerado, mas o viajante não se demorou a aparecer no sonho dela novamente antes que conseguisse algum progresso.

— Praticando?

— Sim, mas não consigo ainda fazer o que me disse.

— Não se fruste, eventualmente será capaz de fazer isso — acalmou Sariel. — Agora, vamos? — disse ele oferecendo a mão e apontando para a porta.

— Para onde? — perguntou Luna.

— Para o meu Reino dos Sonhos.

Sem pensar duas vezes, a princesa pegou a mão do viajante e ambos atravessaram a porta, cujo exterior brilhava intensamente em uma luz branca.

A luz era tão intensa, que precisou fechar os olhos e cobri-los.

Algum tempo se passou quando a voz de Sariel a despertou.

— Chegamos, pode abrir os olhos.

Obedecendo as recomendações, ela abriu os olhos e se deparou com um lugar infinito feito de luz branca. Não era possível distinguir nenhuma forma ou silhueta, e nem mesmo perceber o chão que estava pisando.

— O-O quê? — surpreendeu-se, quase se desequilibrando e caindo, já que a falta de perspectiva e formas a fez sentir uma leve vertigem.

— Por que está tudo branco? — perguntou ela.

— Quando alguém finalmente atinge a camada mais funda de seu ser, isso é o que encontram — explicou o viajante. — Agora, deixe-me tornar este lugar mais confortável.

Com um estalo de dedos, todo o lugar se transformou. De repente, Luna se viu no topo de uma torre, no pico de uma montanha, com um cenário que só podia ser descrito como mágico.

Montanhas altas e com o topo coberto de neve se erguiam ao redor. Lagos, rios e mares com água tão limpa que eram como espelhos, e ao longe, era possível ver desertos, tundras, pântanos e grandes florestas.

Como se não bastasse, inúmeros animais pastavam, cantarolavam, brincavam e voavam. Era exatamente igual ao mundo real.

— Uau... — suspirou Luna sem conseguir tirar os olhos daquele cenário. — Os animais também têm consciência?

— Não, nada aqui além de nós dois são conscientes, são apenas imitações que copiam perfeitamente o comportamento deles, mas sem nenhuma alma —explicou Sariel.

— Entendo. — A princesa continuou a admirar o cenário, quando decidiu olhar para baixo, percebendo algo semelhante a um palácio, mas com um tamanho de um reino inteiro.

Demorou um pouco para perceber que estava em uma das torres, e nem era a torre mais alta, já que a mais elevada atravessava as nuvens e desaparecia acima delas.

— O que é isso? — perguntou ela com o folego vacilante.

— Minha biblioteca, onde todo meu conhecimento está organizado. Vamos descer. — Ao dizer isso, o viajante pulou da torre, que estava a quase 1 quilometro de altura, e desapareceu lá embaixo.

— Sariel! — gritou Luna preocupada que ele tivesse se ferido.

— Não se preocupe — disse a voz de Sariel, vindo de todo lugar. — Este é um lugar onde tudo é possível dependendo de sua imaginação. Pule como fiz e perceberá.

Com um frio na barriga, Luna olhou para baixo hesitante. Claro que acreditava fielmente nas palavras de Sariel, mas isso não era o suficiente para apagar sua predisposição natural de temer pela própria vida.

Com as mãos e pernas tremendo, a princesa subiu o cercado de pedra que deveria servir para impedir que qualquer tolo tentasse o que estava prestes a fazer. Ficando de pé, sentiu seus batimentos acelerarem.

— Recomendo que mantenha os olhos abertos — disse a voz do viajante novamente.

Após respirar fundo e tomar coragem, Luna se deixou cair. Subitamente, todo o medo desapareceu dela assim que sentiu o vento bater em seu rosto, soprando toda a sua insegurança. Talvez, isso se devia pelo fato dela ser um anjo e pertencer naturalmente aos céus, apesar de suas asas ainda não terem despertado.

A queda durou apenas alguns segundos, mas foi o suficiente para a princesa relaxar como nunca, até que finalmente pousou no chão e de pé.

Respirando pesadamente devido à adrenalina, percebeu na sua frente Sariel, sorrindo e aguardando-a.

— Bem-vinda ao meu subconsciente — disse ele enquanto apontava atrás de si, revelando uma enorme biblioteca maior que todo o reino de Fordurn. Todo o lugar era decorado com metais e joias preciosas, e o chão era tão polido que refletia tudo com perfeição.

Estantes enormes se erguiam até o horizonte e eram todas enumeradas em várias sessões organizadas.

Sentindo-se atraída, Luna se aproximou das estantes e pegou o primeiro livro em sua frente, contudo estava branco.

— Por que está branco?

— Você está em meu domínio, apenas poderá ler se eu assim permitir — explicou. — Pode ler agora.

Olhando novamente ao livro, viu nele passar a memória de uma magia cor verde-amarelo fazendo um esqueleto humano se erguer. Seus olhos brilhavam na cor dessa magia, e seus movimentos eram fluidos como os de um humano, diferente dos mortos-vivos que encontrara no vilarejo que se moviam desajeitamente.

— Isso é magia de Reanimação?

— Isso mesmo.

— Então você guarda aqui toda magia que sabe?

— Sim, mas não apenas magias, memórias também, além de cópias de livros reais, mapas e muitas outras coisas.

A princesa guardou o livro de volta ao lugar e caminho em meio das milhares de estantes e impressionada com a dimensão de tudo.

— Deve ter sido trabalhoso fazer isso — comentou ela.

— De fato, quanto mais aprendo e vivo, mais tenho que aumentar esse lugar, portanto creio que apenas o reino de Acrópolis tem uma biblioteca maior. Um dia você será capaz disso — disse Sariel. — Agora, já que sabe como é a camada mais funda do subconsciente, te enviarei de volta ao seu sonho para praticar.

— Certo.

Subitamente, Luna sentiu sendo empurrada para longe daquele lugar, como se uma força divina a puxasse para fora do planeta, quando foi rodeada por uma luz branca e depois apareceu de volta em seu quarto, seu sonho.

Seguindo os Conselhos do viajante, ela praticou o máximo que pôde para tentar alterar algo no quarto, tendo um pequeno sucesso ao fazer seu pai alguns anos mais novo, mais precisamente da memória mais antiga que tinha dele.

Não demorou muito que ouvisse uma voz a chamando e despertasse.

Mais uma vez, o sol estava nascendo e o grupo se preparava para partir. Com a eficiência de anos de treino de cada membro ali — com exceção de Luna — todos partiram antes mesmo do sol nascer por completo.

Mais um dia se passou sem incidentes. Naquele ponto, A vida da princesa se resumia a treinar a lutar corpo-a-corpo, praticar magia e praticar em seu subconsciente.

Na noite daquele dia, todos se reuniram para discutir a estratégia em Krimisha.

— Krimisha é o berço de Indra, não será perigoso entrar? — perguntou Raymond.

— Durante a guerra dos anjos talvez seria, mas Krimisha mudou bastante recentemente — disse Aegreon.

— Como assim? — perguntou Luna.

— Krimisha abandonou sua adoração à Kura e adotou um Deus conhecido como Shiva. Segundo sua lógica, os habitantes de Krimisha adotaram uma política de não-violência absoluta chamado de ahimsa, onde ferir qualquer ser vivo é um crime imperdoável.

— Outro Deus? Isso não é ruim? — perguntou Luna.

— Não exatamente — respondeu Aegreon. — Existem Deuses bons e ruins, e Shiva é conhecido por iluminar o caminho dos perdidos e curar os doentes. É o único Deus além de Kura que faz isso, por isso Krimisha abandonou nossa criadora, já que Shiva se comunica bastante com o povo de Krimisha, diferente de Kura que não fala com ninguém há séculos.

— Isso não enfurece o Conselho? — perguntou o guarda-costas.

— Isso incomoda o Conselho, já que é perigoso confiar em outros Deuses, mas como o reino todo venera Shiva, e ele não fez nada de suspeito então decidiram permitir isso — disse o Pilar da Conjuração.

— Mesmo sendo heresia?! — surpreendeu-se Luna.

— Kura foi a responsável pela vinda dos anjos, pelo menos foi o que os anjos disseram, portanto é natural que alguns reinos tenham se tornado céticos quanto à Deusa — explicou Sariel. — É claro que é uma minoria, mas Krimisha é um caso específico, pois toda a população segue Shiva agora.

— E por que isso facilitaria nosso trabalho? — perguntou Raymond.

— A política de não-violência é absoluta, e Indra era conhecido por sempre querer se tornar mais forte, que é ruim aos olhos de Shiva que diz que esse tipo de pessoa é um “Shura”, uma existência cujo propósito é apenas a causar dor e guerras, por isso Indra passou a não ser bem-vindo no próprio reino após a guerra.

— Mas isso não significa que nosso trabalho será completamente fácil — disse Sariel. — Você também é considerado um Shura por Krimisha, certo? — perguntou olhando para Aegreon.

O Pilar da Conjuração encarou o viajante e respondeu: — Sim...

— Como sabe disso? — perguntou Shiina.

— Já lhes contei que me encontrei com Feng Ping antes, lembra? Shiva também tem certa influência nas montanhas prateadas e nos reinos vizinhos, apesar de não tanto quanto em Krimisha.

— Então quer dizer que não permitirão que Aegreon entre em Krimisha? — perguntou Luna.

— Não sou tão conhecido quanto Indra, além de que o rei de Krimisha me deve um favor, então provavelmente seremos capazes de entrar.

— E se não permitirem?

— Eu posso dar um jeito nisso — disse Sariel. — Podemos usar magia de Ilusão para entrar sorrateiramente.

— De qualquer maneira, teremos que ser rápidos — disse Aegreon. — O Conselho ainda está nos procurando, e com reforços depois da morte de Indra, então os guardas provavelmente avisarão o Conselho de minha presença.

— Posso mudar meu elemento para Ilusão e fazer sua aparência ser diferente por alguns dias — sugeriu o viajante. — Usarei uma quantidade considerável de magia, mas não temos outra escolha, já que os guardas de Krimisha tentarão atrasar seu contato com o rei Ashoka o máximo possível.

O Pilar da Conjuração olhou para o viajante de maneira desconfiada, e então disse: — Faça o que quiser.

— Então deixe que eu fique encarregada de mudar os olhos de Luna — sugeriu Shiina. — Apesar de eu não me comparar com você, minhas ilusões ainda são boas, e você se sobrecarregará se manter tantas ilusões ao mesmo tempo.

— Então está decidido — concordou Sariel. — Amanhã de manhã chegaremos em Krimisha e tentaremos falar com Ashoka. Lembrem-se de usar os nomes que combinamos.

— Certo. — Todos concordaram com a cabeça e logo se prepararam para dormir.

Luna logo adormeceu e sonhou. Entretanto, dessa vez não era um sonho normal.

Estava mais uma vez de volta naquela caverna e com uma mulher loira com vestes discretas segurando sua versão recém-nascida no colo.

Por algum motivo, apenas a área ao redor da mulher estava bem definida, mas em uma distância maior, a caverna deixava de existir e era substituída por uma luz branca infinita.

— Por que está assim? — perguntou a si mesma. — Será que é porque só pude ver como era essa parte quando pequena?

Considerando essa possibilidade, ela focou sua atenção em Elise, que cantarolava uma canção de ninar.

Ainda não era capaz de saber se aquele sonho acontecia com um intervalo de apenas alguns minutos ou dias do outro, portanto não era capaz de compreender se Elise a encontrou em um dia e foi morta, ou se ela a visitou várias vezes.

Após observar a área ao redor por um tempo e sem encontrar nada, decidiu treinar novamente, fazendo objetos surgirem no lugar.

Após um tempo finalmente fez um grande progresso e passou a ser capaz de fazer vários objetos surgirem, mas ainda não era capaz de trocar suas memórias.

Quando acordou na manhã seguinte, mais uma vez treinou antes de partir, mas dessa vez Sariel planejava ensinar algo mais.

— Bem, já é capaz de usar bem magias de gelo, portanto vamos a outro elemento bem útil, Alteração.

— Certo — concordou Luna. — Você disse que Alteração é capaz de detectar elementos, certo?

— Sim, mas a capacidade desse elemento vai muito além disso — explicou. — Alteração é capaz de guardar conhecimento e memórias em pedras de Alteração, levitar objetos, comunicar-se mentalmente com outras pessoas, transmutar matéria...

Por este motivo, Alteração é conhecido como o elemento do conhecimento, já que ele é usado principalmente para pesquisar e estudar a magia e passar o conhecimento adiante na forma de memórias, que é muito mais seguro do que por livros que se deterioram com o tempo. Na verdade, algumas pessoas o chamam de “elemento Conhecimento”.

— Por isso, Alteração é bem útil, portanto é uma boa ideia que aprenda a usá-lo. Vamos começar com o mais simples, tente fazer essa pedra levitar — disse enquanto apontava para uma pequena pedra entre eles.

— Certo, apenas me deixe pensar um pouco.

Luna se lembrou com cuidado das vezes que Sariel fez objetos flutuarem, como em K’ak’ Witz quando fez malabares com o almoço deles. Naquela hora, ele não fazia nenhum movimento condizente com os movimentos da comida, na verdade ele fez uma grande reverencia durante o ato.

Por isso, a princesa jugou que não era necessário apontar sua mão diretamente ao objeto alvo, mas como era feito então?

Se o viajante não tivesse contado a ela sobre os sonhos, teria permanecido por um bom tempo sem descobrir como usar telecinesia, mas, como esteve em contato com o subjetivo ultimamente, conseguiu deduzir corretamente como fazer a pedra flutuar.

Ela imaginou sua mão se aproximando da pedra aos poucos e fechar seus dedos devagar. Depois, tentou se imaginar erguendo o objeto.

Quando se imaginou fazendo isso, sentiu um formigamento em sua mente, bem parecido com o sentimento de quando se toca algo, mas ao invés de senti-la na mão, sentiu em sua mente.

A princípio, a pedra apenas chacoalhou um pouco, mas começou a flutuar alguns centímetros do chão após tremer bastante.

A princesa tentou erguê-la ainda mais, mas apenas mantê-la no ar exigia bastante concentração, e mesmo assim ainda tremia um pouco.

— Bom — comentou Sariel. — Para melhorar seu controle, pode praticar enquanto viajamos, irá evoluir bastante se conseguir conduzir seu cavalo ao mesmo tempo que faz um objeto flutuar. Agora vamos para outra magia, tente ver a magia no ambiente.

— Certo.

Dessa vez foi um pouco mais difícil. Não fazia ideia de como ver magia, por isso tentou o mesmo método que usou com telecinesia.

Fechando os olhos, pensou nas possibilidades por um bom tempo, sem chegar em nenhuma resposta.

Os minutos se passaram e, como estava com os olhos fechados, seus outros sentidos se aguçaram. O cheiro da vegetação, o calor do sol em sua pele e a canção da floresta se tornaram intensos.

Além disso, sentiu algo mais também. A grama em que estava sentando parecia tocar sua pele, mesmo que suas roupas estivessem evitando o contato direto. Um sentimento aconchegante, fresco e vivo a cobriu, como se a natureza estivesse abraçando-a.

Com este sentimento estranho, Luna abriu os olhos e percebeu o mundo de uma maneira totalmente diferente. A primeira coisa que viu foi a silhueta de Sariel completamente azul-claro, além da silhueta de Raymond com uma cor violeta.

Olhando ao redor, viu-se rodeada de verde, além de ser capaz de visualizar o vento viajando como fitas cinzas.

Procurando por Aegreon e Shiina, percebeu uma silhueta feminina cinza e outra roxa escura.

— Eu... vejo! — exclamou ela, surpresa com a vista.

— O que exatamente você vê? — perguntou Sariel.

— Vejo suas silhuetas completamente feita de uma única cor — disse Luna. — Sua silhueta é tão brilhante, como se você fosse um pedaço do sol, mas de cor azul.

— Ah sim, quanto maior o poder mágico da pessoa maior é o “brilho” que você vê, com exceção de conjuração que quanto mais escuro maior o poder — explicou o viajante. — Além disso, o termo correto seria “aura”, e não silhueta.

— Entendo.

— É impressionante que tenha conseguido tão rápido, mas ainda há o que melhorar. Se praticar magias de alteração, será capaz de ver os elementos secundários das pessoas, então você seria capaz de ver um pouco de dourado em Raymond.

— Então devo fazer o mesmo que me sugeriu com telecinesia? Tentar ver a aura de tudo enquanto viajamos?

— Exato. Tudo é feito de magia, até mesmo aquilo que não é vivo, portanto quanto mais você observar o mundo por essa nova perspectiva, melhor será capaz de ver e sentir as auras ao seu redor.

— Certo.

Depois desse breve treinamento, o grupo se preparou e partiu.

Durante todo o caminho, Luna olhava maravilhada ao redor e com razão, afinal estava vendo o mundo de uma maneira totalmente diferente. Contudo, havia algo que chamava sua atenção mais do que qualquer coisa, a silhueta de Aegreon.

Olhar para sua aura era como olhar para o abismo, e o sentimento que emanava dele era caótico e sofrido.

Porém, não tinha coragem de perguntar qualquer coisa naquele momento, não era uma hora apropriada.

As horas se passaram e finalmente se depararam com as primeiras pessoas e moradias ao longo da estrada. Não demorou muito para que Krimisha finalmente surgisse, ainda mais grandiosa e impressionante que K’ak’ Witz.

Krimisha lembrava K’ak’, pois construções de pedra se erguiam até o horizonte, mas diferente do reino ao pé da montanha, Krimisha quase não possuía nenhuma árvore, sendo mais semelhante com Fordurn nesse quesito.

Mesmo ainda estando relativamente longe dos portões de entrada, era possível ouvir milhares de vozes vindo da capital, o que fez Luna pensar que haviam chego em uma data especial ou durante um festival.

Todos vestiam roupas longas e com cores chamativas, sem nenhuma exceção. Além disso, a maioria das pessoas tinham pele morena escura, provavelmente devido ao sol forte e a falta de árvores que eram substituídas por prédios.

Quando finalmente chegaram nos portões, viram uma multidão congestionando as ruas apesar de serem grandes o suficiente para vários elefantes caminharem lado a lado.

E para provar isso, era possível ver inúmeros animais no meio da população, sendo vacas e elefantes os mais abundantes.

— Esse lugar não mudou nada... — comentou Aegreon.

— O quê? Quer dizer que isso é normal? — perguntou Luna.

— Krimisha é um reino extremamente povoado e populoso, mas não imaginava que um dia normal seria tão caótico — disse Sariel.

O grupo então avançou com dificuldade em meio à multidão que não se importava com a existência deles. Apenas chegar aos portões foi uma tarefa custosa que levou vários minutos, mas com paciência finalmente chegaram na entrada.

Apesar de tantas pessoas, duas pessoas que seriam facilmente confundidos como cidadãos comuns — se não fosse pelas lanças simples que seguravam — se aproximaram do grupo.

— Bem-vindos a Krimisha, caros visitantes — cumprimentou um guarda com um grosso bigode escuro. — Podemos ajudar em algo?

— Sim, desejamos conversar com o rei Ashoka — disse Aegreon.

— Ah, o ex-rei no caso — corrigiu o guarda.

— Ex? — perguntou Luna.

— Sim, Ashoka abdicou do trono alguns anos atrás e foi sucedido pelo seu filho, Sharaad— explicou o guarda. — Desejam ver o atual rei ou precisa ser com Ashoka?

Aegreon permaneceu em silêncio por um tempo antes de dizer: — Precisamos ver Ashoka.

— Tudo bem, sigam este caminho acima e encontrarão o palácio onde o antigo rei mora — disse o guarda enquanto apontava para uma construção em uma colina bem longe dali. — E devo avisá-los, não saquem suas armas não importa o que aconteça, tudo bem?

— Conhecemos bem as regras de Krimisha, não se preocupe com isso — disse Sariel.

— Certo então, aproveitem sua estadia! — Ao dizer isso, ambos os guardas retornaram para ambas as extremidades do portão.

Então, o grupo olhou com desanimo para seu destino, cujo percurso estava bloqueado por uma multidão de milhares de pessoas.

Não havia nenhum atalho ou rota alternativa que poderiam tomar para evitar a multidão, o reino todo estava a pleno vapor, com vendedores, cozinheiros e curandeiros gritando a todo pulmão enquanto atraiam inúmeros clientes ao mesmo tempo.

Tomando coragem, todos retomaram sua lenta e dolorosa caminha em direção ao palácio de Krimisha.


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