O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 1

Capítulo 38: O Reino dos Sonhos

Não demorou para que Luna sonhasse, e mais uma vez com algum momento de quando era criança e brincava com seu pai.

Contudo havia algo diferente agora. Em todos os seus sonhos, sua visão era sempre em primeira pessoa, mas dessa vez, era capaz de ver tudo em terceira pessoa e até caminhar pelo quarto, podendo ver de perto alguns objetos claramente.

Ela se aproximou de sua versão criança e de seu pai e tentou tocá-los, mas sua mão os atravessou sem nenhuma resistência.

Depois, caminhou pelo quarto surpresa com a descoberta, quando sentiu uma aura diferente da dela tentando invadir seu sonho pela porta do quarto. A porta estava entreaberta e brilhava intensamente, e uma mão feita de luz marrom tentava abrir ainda mais a fresta.

Temendo se tratar de algo ruim, se jogou contra a porta para impedir este invasor, conseguindo frear seu avanço com facilidade.

— Espere, Luna! Sou eu, Sariel!

Ao ouvir isso, Luna parou de resistir.

— Sariel? — perguntou ela ainda desconfiada.

— Sim, pode me deixar entrar?

— Me diga um segredo que apenas nós sabemos — exigiu a princesa.

— Quando estávamos na vila perto de K’ak’, você me recompensou por ter salvado sua vida com um beijo.

Ao ouvir aquilo, Luna abriu a porta imediatamente. Era claro que era Sariel, além de só ele saber daquilo, era bem seu estilo escolher justo esse segredo.

Quando abriu a porta, se deparou com o viajante, vestindo suas roupas padrões, e mais uma vez seus olhos haviam mudado, adquirindo um tom castanho-claro, a mesma cor de seu broche agora.

— Sariel... — disse ela. — Que sonho bizarro é esse... Você provavelmente não vai acreditar quando eu te contar.

— Não será necessário, pois essa é minha consciência.

— Como é? — perguntou Luna, sem entender o quele quis dizer.

— Isso é algo possível de fazer com magia de Alteração. Se comunicar pelos sonhos é uma técnica de alto nível e exige muito do elemento, e felizmente os elementos não significam nada para mim.

— Entendo, peço perdão por ter tentado te expulsar.

— Não se desculpe, todos tem a mesma reação na primeira vez.

— A mesma reação? Por quê?

— Bem, ter sua consciência invadida por outra pessoa é bem perigoso, pois ela pode ver suas memórias, descobrir seus segredos mais obscuros, apagar ou modificar suas memórias e até mesmo causar uma morte psíquica, portanto reagir é algo intrínseco de todo humano, igual como todo animal teme o fogo.

Luna ouvia tudo atentamente, pois era a primeira vez que ouvia sobre isso. Não sabia nem mesmo que era possível uma pessoa entrar no sonho de outra.

— Oh? Este é seu sonho então? — perguntou ele conforme caminhava pelo quarto e olhava a princesinha e o rei brincando. — Você já consegue vagar no próprio sonho... Muito bom!

Sem compreender a importância daquilo, Luna perguntou: — Pode me explicar o que quer dizer?

— Ah, sim. Bem, o subconsciente é um lugar abstrato e de difícil acesso. Normalmente você só consegue acessá-lo quando sonha, mas algumas pessoas conseguem dominar e adentrá-lo conscientemente — explicou Sariel.

A maioria das pessoas só acessa esse lugar pelos sonhos, e o acesso que tem é bem limitado, com elas revivendo memórias passadas ou criam um sonho próprio baseado nas emoções dela.

Há níveis de proficiência em vagar pelo seu inconsciente. O primeiro e mais básico é pelos sonhos, no segundo a pessoa já é capaz de pensar conscientemente, mas se mantém presa no ponto de vista de sua memória. No terceiro, a pessoa é capaz de vagar dentro do próprio sonho, sendo capaz de ver com clareza o local ao redor, e no quarto a pessoa já é capaz de escolher uma memória para reviver.

Depois disso, vem os níveis mais difíceis, que consiste em adentrar a área mais profunda do subconsciente e alterá-la da maneira que quiser, podendo criar paisagens e caminhar por elas. No nível final, você já é capaz de organizar em várias seções suas lembranças e até estudar aqui, já que o tempo que se passa “sonhando” pode passar mais lento se a pessoa domina a própria consciência bem.

— No seu caso, já está bem encaminhada já que consegue caminhar em seus sonhos. Poderemos conversar à vontade agora.

— Deve ser importante já que preferiu usar esse método para conversar.

— De fato, por isso irei direto ao ponto — disse Sariel. — Indra está vivo.

Ao ouvir aquilo, a princesa permaneceu em silêncio enquanto processava aquela informação.

— Vivo?! E aquela explosão enorme?

— Acredite, aquela explosão poderia ser várias vezes mais poderosa, eu usei a quantidade de poder certa para feri-lo o suficiente para que não pudesse mais batalhar, mas continuasse vivo.

— Mas estamos com problemas então! Ele irá contar ao Conselho sobre nós.

— Lembra sobre o que eu disse mais cedo sobre uma pessoa invadir a consciência da outra?

Lembrando-se das palavras do viajante, Luna se lembrou de cada palavra com perfeição como se tivesse escutado tudo no segundo anterior.

— Você... apagou as memórias dele?

— Modifiquei, pois se apagasse o Conselho descobriria que haveria algo de errado, portanto manipulei as memórias dele para que se lembrasse da luta, mas achasse que apenas lidou com uma Seita.

— E por que não nos contou?

— Primeiro que desconfiariam sobre eu ser um Volátil, que graças a Aegreon não é mais um segredo. Além disso, Aegreon poderia tentar matá-lo se desconfiasse que ainda estava vivo.

— Se nos encontrarmos com ele futuramente, Aegreon irá desconfiar de você.

— Mas você já sabe a verdade, portanto guarde-a até o momento chegar... se chegar — disse Sariel após uma breve pausa. — E não diga a ninguém, nem mesmo Raymond — reforçou.

— Tudo bem.

Sariel voltou a observar o cenário e com uma expressão levemente impressionada pela riqueza de detalhes no sonho.

Luna o encarava fazendo isso quando se lembrou de seus sonhos estranhos sem explicação e com aquela mulher estranha, que provavelmente era Elise. Pensando nisso, considerou que talvez ele pudesse ajudar a desvendá-los.

— Você disse que posso acessar qualquer memória que eu queira, certo? Como posso fazer isso? — perguntou ela. — Tem uns sonhos estranhos que quero entender.

— Ainda é muito cedo para isso, primeiro deve focar em transformar seus sonhos em sonhos lúcidos. Já deve ter ouvido falar sobre eles, certo?

— Mas esse já não é o caso? Sei que estou sonhando e posso interagir com ele.

— Não exatamente, em um sonho lúcido você é capaz de manipulá-lo da maneira que quiser, como fazer pessoas que não estão nele aparecerem, fazer objetos surgirem e alterar qualquer coisa que quiser.

— E como faço isso?

— Para começar, você pode tentar fazer seu pai usar um daqueles óculos com nariz grande e bigode exagerado que algumas crianças gostam de brincar — explicou Sariel. — Mas temos que ir agora, em breve amanhecerá.

— O quê? Mas estamos conversando a apenas alguns minutos!

— Quando você ainda não tem controle sobre seu subconsciente, um minuto aqui é o mesmo que 10 minutos no mundo real. Já está quase na hora de acordar.

— Certo... Te vejo em breve.

— Na próxima vez, te mostrarei meu subconsciente. — Com um breve aceno de cabeça, o viajante atravessou pela porta e deixou o sonho da princesa, que tentou fazer coisas imaginárias se tornarem reais por algum tempo, mas logo ouviu uma voz chamando-a.

Ao abrir os olhos, se deparou com Sariel.

— Bom dia, princesa adormecida.

— Bom dia... — respondeu ela esfregando os olhos, incomodada pela claridade.

Após acordar, todos se apressaram para comer e logo partiram.


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