O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 1

Capítulo 35: Neve Escarlate

Shiina estava sentada na beira de um penhasco, com suas pernas balançando livremente. Em sua mão esquerda estava sua máscara, e ela observava o cenário à sua frente com um olhar distante.

Apesar da altura, não temia que iria cair ou se ferir, pois aquela altura não era o suficiente para feri-la.

Uma brisa fresca, suave e confortável soprava seus cabelos cinza e a acalmava. Era este tipo de brisa que ela gostava, não uma nevasca congelante e desagradável.

Enquanto contemplava, ouviu Raymond se aproximando devagar.

— O que foi? — perguntou com um tom seco e sem virar o rosto.

— Vim conversar... — respondeu Raymond. — Por que defende Aegreon tanto?

Após um breve silêncio, ela disse: — Não posso dizer.

— Se não falar será apenas uma questão de tempo até que os dois lutem até a morte. Tenho certeza de que Sariel tem boas intenções, mas não sei nada sobre Aegreon. Você é a única que o conhece.

Ao ouvir isso, ela fungou e disse: — E vai confiar no que eu dizer? Uma assassina?

— Ainda não confio em você, mas sinto que não tem más intenções, por isso queria ouvir sua história.

Ao ouvir isso, Shiina permaneceu em silêncio por algum tempo, antes de dizer: — Se prometer não dizer a ninguém, eu lhe conto.

— Prometo! — jurou o guarda-costas com convicção.

— Tudo bem, sente-se aqui então — disse Shiina apontando para a beira do penhasco.

Concordando com a cabeça, Raymond se aproximou e se sentou de pernas cruzadas ao lado de Shiina, mas um pouco afastado.

— Por que sempre se mantém afastado de mim?

— Para não ser desrespeitoso — respondeu ele.

— Você é sempre tão certinho — riu a assassina. — Se não ficar mais perto não contarei nada — chantageou.

— Está bem... — concordou ele inseguro enquanto se aproximava um pouco.

— Bom, tudo começa logo após meu nascimento, lá nas Montanhas Prateadas... — começou Shiina.

Lembro-me de caminhar ao lado de meu pai por um chão coberto de neve e sentindo um frio terrível. Estava descalça, portanto sentia as solas de meus pés queimando e em carne viva, mas meu pai me arrastava não importava o quanto eu implorasse por uma pausa.

Aquele velho maldito e desengonçado, com a barba por fazer e um hálito terrível de álcool nem se importava com meu sofrimento e que eu acabara de aprender a andar, nem mesmo um agasalho havia me entregado.

Após alguns minutos caminhando por uma floresta branca, vi de longe um homem mascarado e gordo.

— “É essa a mercadoria?” — perguntou ele com uma voz detestável e com um tom avaliador. — “É nova demais, tá achando que sou babá? Pagarei menos por isso.”

— “Nã-não se apresse, ela é inteligente!” — disse aquele velho sem esconder o quanto queria se livrar de mim. — “Ela aprendeu a andar antes que as crianças de sua idade, e já sabe falar, ler e escrever um pouco!”

— “Hmm, tudo bem, tome.” — O mascarado entregou uma bolsa pequena àquele velho, que pegou com decepção no rosto.

— “Só isso?”

— “Se é tão exigente, então pode ficar com ela” — respondeu o mascarado. — “Me devolva o dinheiro.”

— “Quis dizer que sou grato pela quantia, tome” — disse meu pai enquanto me empurrava na direção daquele mascarado.

— “Hunf, agora suma da minha frente!”

— “Sim senhor.” — Com o rabo entre as pernas, aquele desgraçado que um dia chamei de pai, me abandonou ali.

— Papai! — gritei desesperada com lágrimas nos olhos, fazendo meu rosto congelar devido a temperatura. — Espera! Não me dei...

— “Cala a boca!” — O mascarado colocou sua mão nojenta em mim com um pano sujo e malcheiroso. Minha visão se escureceu rapidamente, e logo perdi a consciência.

Quando acordei, me encontrei em uma sala pequena sem janelas, com um armário e uma cama, e uma porta fechada. A única fonte de luz vinha de uma pedra de Alteração no teto que mal iluminava a sala.

Eu tentei sair pela porta, mas ela estava trancada. Então bati, chamei por meu pai e chorei, ainda meio tonta. Tentei sair de todo jeito por horas, até que me cansei e desisti.

Fiquei escorada e chorando em um canto daquela sala claustrofóbica por sabe-se lá quanto tempo, quando finalmente ouvi o som da porta destrancando.

Eu corri imediatamente na direção dele, gritando “papai” na falsa esperança que fosse ele, mas me deparei com outro homem mascarado, dessa vez alto e magro e vestindo roupas pretas.

— “Ora, vejo que está bem agitada!” — disse ele com uma voz calma. — “Infelizmente não poderá ver seu pai agora, mas poderá voltar para casa se ir bem nas aulas!”

— Aulas? — perguntei com hesitação.

— “Sim! Se aprender bem o que iremos te ensinar, poderá voltar para seu pai!”

— Certo, vou me esforçar então!

Mal sabia eu que estavam me manipulando apenas para que eu colaborasse.

Logo naquele dia, começaram a me ensinar o básico de se tornar um ninja. A princípio, os dias se passavam e eu me esforçava o máximo possível, pois queria ver meu pai novamente, mesmo depois daquele verme ter me abandonado.

Não demorou muito para perceberem que eu tinha mais poder mágico que o normal, além de eu ser a melhor aprendiz na época deles.

Por isso, trocaram o discurso de “se eu me esforçasse poderia voltar para casa” para “seu pai não te quer mais, e esta é sua casa agora”. Eventualmente, após meses de ouvir a mesma coisa, todo sentimento que eu tinha por aquele desgraçado morreu.

Contudo, hoje sou grata por terem feito isso, foi a única coisa boa que fizeram a mim durante meu tempo lá.

Com isso, continuei aprendendo, já que os alunos exemplares ganhavam recompensas, até que fui movida para uma classe especial com outras duas pessoas: uma delas era um garoto tímido e sério de mesma idade, cabelos brancos e curtos, pele clara e olhos azuis; e a outra era uma garota, um pouco mais velha, com cabelos castanhos longos assim como seus olhos e com um sorriso animado.

Lembro-me do garoto dizer algo como “Sou Y5, prazer.” e da garota dizer “Sou M3, é um grande prazer!”

— E eu sou C7, é um prazer.

—  Como assim Y5? M3 e C7? — interrompeu Raymond.

— Naquele lugar não tínhamos nomes, éramos identificados através de números e letras.

— Então Shiina é o nome que seu... pai te deu?

— Não, ele nem se deu o trabalho de me dar um nome, explico depois o significado dos nossos “nomes”.

— Tudo bem.

Com isso, a assassina continuou sua história.

Nessa classe, aprendemos a ocultar nossas presenças pela supressão dos nossos sentimentos, e logo nos enviaram em nossas primeiras missões de assassinato com apenas 5 anos, tendo sucesso em todos eles.

Naquele ponto já não éramos mais crianças. A lavagem cerebral que fizeram conosco havia nos transformado quase em armas perfeitas para matar, apenas falharam em impedir que nos tornássemos amigos próximos.

Apesar de nossa vida nada comum para crianças de nossa idade, nos divertíamos sempre que estávamos juntos, as vezes até demorávamos mais para retornar de alguma missão para fazer algo.

Por causa disso, começaram a nos punir severamente, já que éramos instruídos a sempre omitir nossos sentimentos, mas não o fazíamos quando estávamos juntos. Mais tarde, descobriríamos que ter ignorado eles foi um erro.

Ficamos tão próximas que nomeamos a nós mesmos. Sabe, no idioma de nosso reino, as letras e números são diferentes: 5 é go, 3 é san, e 7 é nana, então Y5 ficou “Yuugo”, M3 ficou “Emi-san”, e C7 ficou “Shiina”.

Com 7 anos, recebemos a missão que seria nossa prova final. Deveríamos matar Yukinoshita Yuu, a aprendiz de Feng Ping, que estava no Éden no momento devido a recente vitória definitiva contra os anjos.

Parecia fácil, mas como dito, Yukino era a aprendiz de um Pilar, portanto, mesmo que estivesse sozinha ainda era necessário cuidado.

Por isso partimos e em alguns minutos chegamos na residência, uma grande casa de madeira e coberta pela neve das Montanhas Prateadas, que nunca para de cair não importa a estação.

Como meu elemento principal é Ilusão, eu era encarregada de ocultar nossa presença, enquanto Emi era responsável por comunicar-se telepaticamente conosco com Alteração, e Yuugo seria o responsável por matar Yukino com sua magia de Gelo.

Como Feng Ping estava longe, foi fácil entrar na casa e encontrar Yukino, que estava no salão de entrada e sentada no chão, próximo de uma mesa.

Naquela época, ela tinha cerca de 16 anos, mas era mais madura que outras garotas de sua idade.

Estávamos prestes a matá-la quando de repente, o Pilar do Vento entrou pela porta rapidamente e lançou uma magia poderosa bem onde estávamos.

Eu saberia mais tarde que Yuugo deixou escapar um pouco de intenção assassina, o que fez com que Feng Ping nos detectasse.

Tudo aconteceu muito rápido, em um momento eu estava dentro do grande aposento do Pilar do Vento, e no outro estava caída no chão gelado, sentindo uma dor terrível conforme respirava e me afogando lentamente com meu próprio sangue.

Eu olhei ao redor e percebi que estávamos do lado de fora, e a neve havia adquirido um tom avermelhado. Na verdade, a cor predominante da neve havia se tornado escarlate ao invés de branco. Emi estava caída com o rosto no chão ao meu lado, com sua mão tentando me alcançar, e Yuugo estava mais longe e tentando se arrastar até nós duas.

Tentei me levantar e ajudar Emi, mas uma dor terrível tomava conta de meu corpo mesmo sem me mover. Chamei pelo nome dela repetidas vezes e desesperada, mas ela não respondia.

Com muito esforço, consegui virar o corpo dela para cima e quase vomitei ao ver seu rosto, achatado e coberto de sangue e com parte de seu cérebro vazando da testa. Todo seu corpo estava da mesma maneira, como se uma montanha tivesse caído sobre ela, transformando-a em um amontoado de carne... lembro-me de me tornar incapaz de comer qualquer tipo de carne por meses depois que vi aquilo...

Enquanto Yuugo se arrastava na minha direção, Pilar do Vento apareceu com uma aura assassina terrível que nunca senti na vida.

Então, ele agarrou Yuugo e fez várias perguntas.

— “Minhas amigas... me leve no lugar delas, por favor!”.

Lembro até agora daquelas palavras... Ele estava disposto a morrer em nosso lugar, sem sabe que uma de nós já estava morta, ou talvez sua mente apenas estivesse em negação, como eu.

Percebendo que Yuugo não diria nada, o Pilar do Vento trouxe ele para perto de mim e o socou no peito, deixando um vazio onde ficava seu coração.

Depois... ele soltou o corpo dele na minha frente, com os olhos vazios dele me encarando profundamente.

Após isso, ele me fez as mesmas perguntas, usando Yuugo como exemplo se eu não respondesse.

— Yuugo..., Emi... Se levantem! Por... favor...

Eu implorava, negando que aquilo pudesse estar acontecendo. Meus únicos amigos não podiam estar mortos, nós éramos pra ser os melhores! Era para ser uma missão fácil...

Porque diabos Feng Ping tinha que voltar justo naquele dia?

Lágrimas surgiram por meu rosto, que se congelavam aos poucos devido a temperatura daquele lugar desgraçado.

Percebendo que eu não diria nada, Feng Ping me agarrou e se preparou para me matar, quando uma outra voz o parou.

— “Feng Ping, espere.”

Ele se virou e pude ver uma figura negra se aproximando. Não era capaz de vê-lo direito, já que minha visão estava embaçada devido ao golpe e minhas lágrimas.

— “O que está fazendo aqui, Aegreon?”

— “Soube que decidiu abandonar suas atividades no Conselho” — disse ele. — “Sua ajuda ainda é necessária para lidar com as Seitas.”

— “Fiz um juramento de nunca mais usar minha magia. O Conselho terá de encontrar outro Pilar do Vento.”

— “Então o que foi àquilo que aconteceu à sua casa quando eu estava vindo?”

— “Fiz aquilo no impulso, para proteger Yukino desses assassinos!”

— “Ela é apenas uma criança.”

— “Uma criança corrompida pelo seu maldito elemento!”

— “Então, deixe que eu lide com ela” — respondeu Aegreon com uma voz entristecida.

— “Tsc, então ande logo” — disse Feng Ping enquanto me arremessava na direção dele, da mesma maneira que meu “pai” tinha feito anos atrás. — “Mas se deixá-la viver, eu a matarei assim que a ver, e reportarei isso ao Conselho.”

Ao dizer isso, Feng Ping foi embora, e Aegreon me levou até uma pousada para me curar.

— “Por que vocês tentaram matar a aprendiz dele?” — Ele me perguntou com um olhar sério.

Mas eu não respondi nada. Havíamos sido instruídos a não denunciar nossos “professores”, e eu ainda não sabia como lidar com a morte de meus amigos.

— “Se não me dizer nada, outras pessoas como você sofrerão o mesmo que acabou de passar.”

Após ouvir aquilo, contei aos poucos sobre toda minha vida hesitantemente, e Aegreon ouvia tudo atentamente.

Quando terminei, ele se levantou e foi embora, me dizendo para não sair daquele lugar.

Algumas horas depois, ele voltou e me disse que havia lidado com os responsáveis por aquele lugar e salvou as outras crianças. Ele me explicou que aquele lugar pertencia a uma Seita, e que a maioria das crianças tinham suas almas trocada pelos líderes.

— “Tem sorte que você é forte e aprende rápido, teria perdido sua alma se fosse fraca.”

— O que vai fazer comigo? — perguntei enquanto olhava para o chão.

— “Você esteve muito tempo lá, tomarei conta de ti por algum tempo, mas depois irei embora.”

— Como assim?

— “Você acha que sua existência serve apenas para assassinar pessoas sob um contrato, por isso irei lhe mostrar como é o mundo de verdade.”

Quando ouvi aquilo, fiquei em dúvida sobre o que fazer. Não entendia por que aquele desconhecido estava sendo tão gentil comigo, e não tinha curiosidade nenhuma de viver, já que perdi meus amigos, mas como não tinha nada restando achei que não faria nenhum mal se eu acompanhasse.

—Tá bom..., mas quero as coisas de meus amigos.

— “Imaginei que iria pedir isso, por isso já os trouxe” — disse ele conforme me entregava uma máscara de raposa escura, que pertencia a Yuugo, e o colar de Emi.

Depois, nós deixamos as Montanhas Prateadas e visitamos alguns lugares, e visitamos vários reinos, me diverti um pouco, mas não tanto quando eu estava com Yuugo e Emi...

Eu tentava me comunicar com outras crianças de minha idade, mas a diferença entre nós era muito grande... normalmente eu desistia ou os assustava.

Eventualmente, ele me sugeriu trabalhar para a Vigília, pois ele achava que eu teria uma posição alta lá com minhas habilidades, mas eu recusei, sabia que não gostaria daquilo

Depois, nos separamos e não nos vimos em anos.

Durante esse tempo, continuei a sendo contratada para assassinar pessoas, mas eu apenas aceitava os contratos após investigar e descobrir se a vítima fazia mal para a sociedade, por isso minha fama minha fama cresceu cada vez mais. Chegou ao ponto que me tornei procurada pela Vigília e me tornei uma fugitiva.

Durante esse tempo acabei encontrando minha maneira de me divertir apesar do que aconteceu, mas não encontrei ninguém para me conectar ou viajar junto como Yuugo ou Emi...

Anos mais tarde, quando estava acampando ao lado de uma estrada pouco usada. Estava comendo tranquilamente quando ouvi uma carroça se aproximando com um casal nele e cheio de móveis nela.

Achei se tratar de apenas duas pessoas normais se mudando para outro reino, mas um pequeno criado mudo caiu da carroça, fazendo um som bem audível.

Contudo, o casal seguiu seu caminho.

Era impossível não terem ouvido aquilo, por isso fiquei curiosa e me aproximei do móvel.

Parecia comum, mas quando o abri me deparei com uma carta com dois selos neles retratando um pilar, sendo um deles dourado e o outro vermelho.

Quando vi aquilo, pude sentir um pouco do elemento Fogo e Proteção neles.

Não havia dúvidas, eram os selos de Clementius, o Pilar da Proteção, e Ardos, o Pilar do Fogo.

Na carta estava escrito “para Shiina”, e quando a abri percebi se tratar de uma oferta do Conselho: Se eu matasse a princesa de Fordurn — um anjo —, eles me recompensariam com uma quantia enorme de dinheiro e perdoariam meus crimes.

Na gaveta havia também uma caneta com uma tinta marrom, feita com Alteração. No contrato, havia uma linha dizendo “assine aqui para concordar com seu contrato com a caneta e depois destrua a os itens”.

Aquela quantia era o suficiente para viver o resto de minha vida em paz, por isso decidi aceitar e assinei o contrato, já que o alvo era um anjo, um inimigo da humanidade.

Parti para Fordurn o mais rápido que pude, quando me encontrei com Aegreon após mais de 10 anos.

Quando o vi, soube que tinha que falar com ele, por isso me aproximei e espionei ele e Luna quando deixaram o palácio. Ao ouvir que ele queria ajudá-la, decidi me aproximar dele quando estava sozinho e falar sobre o meu contrato, e ele ficou realmente irritado com aquilo.

Então, decidi abandonar meu contrato, pois, além de pagar a dívida que tinha com ele, queria entender o motivo dele estar fazendo aquilo.

— E isso é tudo. — Finalizou Shiina.

Durante todo este tempo, ela segurava firmemente sua máscara e com sua outra mão tocava um colar fino e com uma pequena pedra de Alteração nela.

Após ouvir isso, Raymond ficou em silêncio por um tempo.

— Sinto muito por suas perdas — disse ele.

— Está tudo bem, já faz um bom tempo — disse Shiina. — Além disso, agora tenho você — disse ela sorrindo.

— Tem a mim para ser sádica? — perguntou o guarda-costas com um tom cético.

— Mais ou menos, você meio que me lembra Yuugo, sabe? Ele era sério e tímido igual você, talvez seja por isso que gosto tanto de te atormentar, hehe.

Ao ouvir isso, Raymond não conseguiu se conter em esboçar um pequeno sorriso que, para seu azar, foi percebido por Shiina.

— Oh? Então você gosta de ser provocado? — disse ela, se aproximando dele com um tom provocativo.

— Nã-não! Apenas estou feliz que... que posso confiar em você — respondeu timidamente, contornando a pergunta.

— Ah, então confia em mim... E quanto a Aegreon?

— Bem, se ele te salvou de uma Seita então não vejo por que ele tentaria sacrificar Luna, então creio que ele tem boas intenções..., mas o comportamento dele não ajuda muito.

— Eu sei... Ele deve ter passado por muita coisa...

— Então não sabe do passado dele? — perguntou Raymond.

— Não, e nunca perguntei também, deve ser algo doloroso demais para ser lembrado.

— Entendo, pelo menos isso ajuda um pouco. Sariel confia em mim, então se eu disse que Aegreon é confiável a união de nosso grupo pode melhorar.

Ao ouvir aquilo, Shiina olhou seriamente para Raymond.

— Você realmente confia em Sariel?

— Ele teve inúmeras oportunidades para fazer mal a Luna, mas nunca fez nada.

— Mas não acredito que uma pessoa deixaria seu lar apenas por causa de um boato, ele deve ter algum objetivo.

— Talvez ele queira descobrir sobre si mesmo, ele tem descendência angelical, sabe? Talvez ele ache que pode encontrar as respostas que procura em Luna.

— Tem razão... talvez seja mesmo um mal-entendido...

Após isso, ambos permaneceram em silêncio enquanto observavam o penhasco. O som de uma coruja logo atrás deles os fizeram reparar pela primeira vez nela, que estava no local desde que Shiina começou sua história.

— Bem, acho melhor voltarmos — disse a assassina. — Aegreon e Sariel estão sozinhos com Luna, certo? Melhor voltar antes que algo aconteça.

— Tem razão.

Ao dizer isso, ambos se levantaram, a corujinha se assustou e se afastou dali. Ambos caminharam de volta ao acampamento e se encontraram no meio de uma batalha de olhares.

— Oh, finalmente voltaram — comentou Sariel. — Vamos dormir?

— Sim — disse Raymond. — E saiba que pode confiar em Shiina, ela é uma boa pessoa.

— E quanto a Aegreon?

— Ele também.

Com isso, o viajante encarou o Pilar da Conjuração por algum tempo, que retribuiu com um olhar nada amistoso.

— Bem, então isso deixa as coisas mais simples — disse Sariel. — Companheiros? — perguntou conforme estendia sua mão para Aegreon.

Contudo, o Pilar da Conjuração afastou a mão do viajante, recusando o cumprimento.

— Você não me engana — disse irritado enquanto se levantava e se afastava.

— Aegreon, espere! — disse Shiina. — Talvez você possa confiar nele.

Porém, o Pilar da Conjuração ignorou a assassina e se afastou do acampamento.

Tsc! As vezes ele é muito cabeça dura! — disse Shiina. — Já volto — ao dizer isso, ela seguiu Aegreon e sumiu também.

Com isso, Sariel, Raymond e Luna se prepararam para dormir.

Enquanto isso, a assassina continuava a seguir o Pilar da Conjuração.

— Aegreon! Por que desconfia tanto dele?

— Não importa, não confie nele, entendeu?

— Mas...

— Eu o matarei assim que chegarmos nas Planícies Vulcânicas.

— Mas isso é muito arriscado! Se não fosse por ele, Indra já teria capturado Luna! E se outro Pilar aparecer? Não acha que está sendo irracional?

Porém, Aegreon não respondeu sua pergunta.

— Em breve chegaremos nas Planícies Vulcânicas e eu lutarei com ele lá. Não diga nada a ninguém, entendeu?

— Mas...

— Entendeu? — insistiu ele em um tom irritado.

Fez-se um breve silêncio, acompanhado apenas pelo som de uma coruja.

— Está bem... — concordou Shiina contra sua vontade.

Depois disso, ambos voltaram ao acampamento. Shiina olhava para Sariel com um olhar conflitado, mas não disse nada.

Então, todos descansaram e partiram no dia seguinte.


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