Volume 1
Capítulo 34: Depois da Tempestade
De volta ao grupo, todos “observavam” a luta entre Sariel e Indra em espanto.
Até que uma enorme explosão brilhante surgiu na distância, cuja onda de choque a ventos os arrebataram, quase os congelando ali mesmo.
Shiina e Raymond, que não tinham a sorte de Luna ao ser imune ao gelo, sentiram os pelos de seus braços arrepiarem diante de tamanho poder.
O único que não estava tão surpreso era Aegreon, já que presenciou cenas parecidas centenas de vezes, apesar de ainda estar confuso.
Depois daquela grande explosão, os relâmpagos cessaram completamente, e a nevasca, apesar de intensa, não estava tão violenta quanto antes.
Todos esperaram em expectativa por um bom tempo para ter certeza do desfecho.
— Indra... morreu? — Luna, que nunca havia, em sua vida, visto uma batalha mágica, assumiu o pior.
— Com uma magia dessas, com certeza... — A voz de Shiina tremia em um misto de espanto e frio.
— Então... ele está do nosso lado? — perguntou Raymond.
— Não... — murmurou Aegreon. — Uma pessoa desconhecida e com tal poder... ele só pode ser de uma Seita...
— O que seria uma seita? — perguntou Luna.
— Falamos disso mais tarde. — A voz de Sariel surpreendeu a todos, virando para sua direção e o vendo com sua bela glaive flutuando ao seu lado. — Temos que ir embora antes que o Conselho investigue aqui.
As roupas do viajante estavam rasgadas em alguns pontos, como no peitoral, mostrando que, apesar de magro, tinha uma musculatura bem definida.
Seu caminhar demonstrava calma, a mesma calma que Feng Ping possuía.
— O que aconteceu com Indra? — Aegreon se aproximou com uma expressão ameaçadora.
Ao ouvir isso, o viajante tirou um objeto debaixo do seu manto e jogou para Raymond, que agarrou o item com um reflexo exemplar.
Quando o guarda-costas olhou para sua mão, viu um braço decepado parcialmente congelado e com tecido dourado e branco. Os músculos estavam tensos, e a mão ainda segurava uma espada longa.
Assustado, Raymond quase soltou o braço de Indra, mas se conteve.
— Seu elemento é Raio assim como Indra, portanto lhe servirá melhor que uma simples espada de aço. — Sariel disse em um tom indiferente.
— Não respondeu minha pergunta...
— Isso foi tudo que sobrou dele.
Ao ouvir isso, Luna olhou assustada para o braço e, em seguida, para Sariel.
— Vo-Você o matou?!
— Se eu o deixasse vivo, teríamos ainda mais problemas com o Conselho.
— Mas... Como pôde?! Ele... Ele não merecia isso... — Aquilo fez Luna se sentir conflitada. Não esperava que aquele homem bondoso que vem a ajudado desde que se encontraram seria capaz de matar alguém.
— De fato é uma pena, matar um Pilar é terrível para a humanidade... mas eu não tinha outra escolha, você viu o poder dele. — Sariel se aproximou da princesa. — Nós temos que partir imediatamente, vamos.
— Não terminamos essa conversa. — Aegreon se colocou na frente do viajante. — Diga agora quem é ou faço o que Indra não conseguiu. — Sua arma começou a arder intensamente em chamas roxas.
— Tem certeza disso? — A nevasca começou a se intensificar novamente.
— Suas ameaças são fúteis agora, sei que está com pouco poder agora. — O Pilar da Conjuração se aproximou um passo.
Aegreon estava pronto para agir, porém percebeu a nevasca fortalecer ainda mais.
Entretanto, para sua surpresa, aquilo não estava vindo de Sariel, e sim de Luna.
Ao ver ambos daquela maneira, seu nervosismo começou a crescer, liberando, inconscientemente, magia.
O viajante, ao notar isso sorriu.
Enquanto Aegreon, ao notar aquela reação, percebeu que, se tentasse matar Sariel, Luna provavelmente conjuraria uma nevasca devastadora que serviria de combustível para o viajante usar contra ele.
— Tsc... — Sem dizer nada, apenas resmungando, o Pilar se virou para ir atrás do seu cavalo.
Depois que as tensões se dissolveram, Raymond retirou a espada do braço decepado de Indra, e a colocou de maneira improvisada em seu cinto.
Em seguida, fez relâmpagos surgirem em sua mão que queimaram e pulverizaram o braço, acabando com a prova de sua existência.
— Obrigado... — agradeceu com receio ao viajante, não sabia mais o que pensar dele.
Em seguida, todos montaram seus cavalos e partiram, tendo de encarar uma estrada fria, congelada e escura.
***
Após a batalha, o grupo se afastou o mais rápido possível do local.
Devido às proporções daquela luta, viajaram o dia todo sem nenhum descanso para ter certeza de que não seriam pegos.
Durante todo o caminho, Sariel usava Alteração constantemente para ter certeza de que não havia ninguém por perto, enquanto Shiina usava Ilusão para tornar todos invisíveis, além de fazer qualquer som que produziam inaudíveis.
Quando era cerca de oito horas da noite seguinte, Aegreon decidiu que estava na hora de uma pausa e tirar um cochilo.
Após montarem um acampamento, todos se reuniram e comeram juntos, mas não demorou muito para que a desconfiança surgisse novamente.
Aegreon encarava Sariel constantemente, como se esperasse que ele fizesse algo a qualquer momento.
— Te darei uma única chance para dizer exatamente quem é você, caso contrário assumirei que faz parte de uma Seita e está tentando capturar a alma dela. — O Pilar olhou brevemente para Luna.
— Seita? Alma? O que isso quer dizer? — perguntou a princesa.
— Seitas são grupos de pessoas com o elemento Conjuração e que sacrificam as vidas de inocentes para ganhar poder dos Deuses da Escuridão — explicou Sariel.
“Basicamente, pessoas como aquele necromante, que cobiçam o poder, se reúnem secretamente para se comunicar com os Deuses de outros mundos e buscam obter o poder deles.
“Esses Deuses pedem almas em troca, e a maioria das pessoas troca a própria alma, recebendo uma certa quantidade de poder, mas logo caem na tentação e começam a sequestrar e sacrificar inocentes para entregar a alma deles e conseguir mais poder.
“Não se sabe muito sobre as almas, exceto que está ligado ao poder mágico dos seres vivos, e que, quando alguém entrega sua alma a um Deus da Escuridão, essa pessoa perde a capacidade de sentir emoções, algo similar com o que Feng Ping faz quando luta, mas diferente já que aquilo é uma técnica.
“Também desconhecemos os objetivos desses Deuses, mas a maioria tenta manipular a sociedade e atrair cada vez mais pessoas para suas Seitas. Elgor é um dos vários Deuses e é o mais agressivo dentre eles, sempre enviando criaturas perigosas ao nosso mundo e causando destruição.”
Luna escutou tudo com atenção, percebendo que ninguém interrompeu a explicação de Sariel, mostrando que todos concordavam com o que ele dizia, portanto não estava escondendo nada.
— Não entendo... por que acha que Sariel pertence a uma dessas Seitas? Ele me protegeu esse tempo todo! — Ela encarou Aegreon.
— Há um motivo do porquê há apenas dez Pilares no Conselho atualmente. É difícil encontrar pessoas com nosso nível de poder, e é basicamente impossível alguém tão poderoso passar despercebido. — O Pilar encarou o viajante. — A rede de inteligência do Conselho é vasta, o único lugar que não alcançamos são as Seitas, que se escondem nas mais profundas das trevas do mundo.
Pensando por esse lado, Aegreon tinha razão. Como uma pessoa tão poderosa passou despercebida do Conselho?
Porém...
— Uma pena que seus argumentos são todos falhos... — Sariel apenas sorriu ao ouvir aquelas acusações.
— Então tente explicar tudo isso. — Shiina apoiou o argumento de Aegreon
— Primeiro, eu já estava em Fordurn antes de vocês dois chegarem, e inclusive protegi Luna de um ataque. Raymond pode provar isso.
O guarda-costas concordou com um aceno.
— Sim, se não fosse por Sariel, Luna provavelmente teria sido morta ou raptada.
— Segundo, quando chegamos na Montanha de Fogo, o guarda que ficou responsável por levar nossos pertences surrupiou minha glaive, percebendo que era uma arma boa. Quando decidi investigar, descobri que pertenciam à Seita de Elgor e que planejavam ativar a montanha para destruir o reino, e como sabem, eu os parei.
Aegreon, estranhamente, escutava tudo em silêncio, sem interrompê-lo.
— Se eu realmente quisesse sequestrá-la, por que não fiz isso em Fordurn? E por que eu pararia a erupção ao invés de sequestrar Luna no meio do caos? Por que eu mataria aquele necromante e tentaria curá-la ao invés de lutar contra vocês? Tive inúmeras oportunidades de fazer algo, então por que não fiz?
— E por que ele se ofereceria para lutar contra Indra ao invés de simplesmente observar e matar os dois Pilares quando estivessem fracos e capturar Luna? — Raymond apoiou Sariel. — Por que ele me entregaria a espada de Indra ao invés de se livrar dela ou manter para si mesmo? E, principalmente, por que ele ensinaria magia para Luna se defender?
— Além disso, lembrem-se que eu os acompanhei para todo lugar que Aegreon escolheu. Não é estranho que ele decidiu ir para a Montanha de Fogo, um reino que odeia os anjos com mais intensidade, e o vulcão entrou em erupção quando chegamos?
Naquele momento, Raymond se lembrou da maneira com o Pilar reagiu com a erupção do vulcão
Ao invés de tentar salvar as pessoas, ele simplesmente tentou fugir com Luna.
— Se tem alguém suspeito aqui, é Aegreon. — O guarda-costas o encarou profundamente.
— Raymond, você está sendo manipulado por ele! — Shiina se exaltou. — Aegreon é uma boa pessoa, sei disso!
— Como eu disse antes, todos os membros das Seitas possuem Conjuração. Me pergunto por que você, Aegreon, tem tanto desse poder. — Sariel o encarou com um olhar afiado.
Apesar disso tudo, o Pilar da Conjuração apenas escutava a conversa em silêncio.
Aquilo fez Raymond se sentir desconfortável. Uma pessoa como ele, que costumava se tornar furioso facilmente, estar se controlando era algo ainda mais assustador do que quando irritado.
— Acalmem-se, por favor! Tenho certeza de que tudo é apenas um mal-entendido. Sariel não é um homem mal, e tenho certeza de que Aegreon tem boas intenções!
Percebendo que a situação estava saindo do controle, a princesa tentou acalmar todos.
— Luna, não podemos mais ignorar tudo isso. Quem sabe o que acontecerá assim que chegarmos em Krimisha?
— Andar com alguém com o elemento Conjuração nunca é uma boa ideia, imagine então o Pilar da Conjuração... — Sariel encarou Aegreon sem esconder seu desgosto com aquele elemento.
Foi então que todos sentiram uma pressão terrível por parte do Pilar, que permanecia completamente imóvel e calado.
Ele encarava o viajante com uma raiva fria, com seus olhos roxos como ametista brilhando naquela escura noite.
Então ele se levantou devagar, fazendo Sariel, que já estava em alertar, segurar com força sua arma.
Porém Aegreon, para a surpresa de todos, apenas deu as costas e caminhou até a floresta.
Todos o assistiram se afastar em silêncio, ainda duvidando de que ele realmente não faria nada.
Quando ele já não podia ser visto, nem sentido, Shiina também se levantou com uma expressão irritada.
— Já que confiam tanto assim nele, então podem morrer por ele. — Imitando Aegreon, adentrou a floresta, apesar de ter ido por uma direção diferente.
Olhando a assassina se afastar, uma dúvida caiu sobre Raymond.
Aegreon definitivamente era suspeito demais para confiar, mas e ela?
Talvez ele estivesse apenas a utilizando para seus objetivos, ou talvez até a manipulou para defendê-lo.
Por isso, isso o fez desejar tentar algo.
— Eu confio em você, portanto proteja Luna caso Aegreon tente qualquer coisa.
— O que pretende fazer?
— Ainda não sei... — Raymond se levantou e foi atrás de Shiina.
Assim, os únicos que ficaram para trás foram Sariel e Luna, com a garota cerrando os punhos devido ao nervosismo e sem saber como agir naquela situação.
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