O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 1

Capítulo 29: Elementos

Algumas horas se passaram desde o incidente na floresta e o grupo já havia se afastado bastante do local.

Eram cerca de quatro horas da tarde, e Luna já havia se recomposto.

Durante o caminho, assim que a princesa se acalmou, o grupo conversou sobre o ocorrido.

— Raymond, realmente não sabe como o poder de Luna estava selado? — perguntou Sariel.

— Não mesmo, é possível que Sua Majestade chamou alguém secretamente para selar o poder dela para evitar que ela fosse detectada pelo Conselho.

— Aquele selo era muito poderoso para ser feito por um qualquer, afinal, ele conseguiu enganar todos nós — explicou o viajante. — Contatar um especialista tão poderoso seria extremamente difícil.

— Mas é a única explicação! Não vejo nenhuma alternativa para isso.

— Por acaso Elise podia usar magia? — perguntou Luna.

— Não... Ela tinha pouco mágico... — Memórias antigas fluíram pela mente de Raymond. — Ela foi forçada a buscar abrigo durante as invasões dos anjos. Teria morrido caso tentasse lutar.

— Já consideraram a hipótese que nem mesmo Geoffrey sabia disso? — Shiina trouxe outra hipótese. — De qualquer maneira, pensar muito sobre isso agora não resultará em nada, não temos como confirmar nada.

Todos concordaram, porém aquilo não impediu de alguns, em especial Luna e Raymond, continuassem pensando sobre o assunto.

O grupo focou sua atenção no caminho à frente, quando fizeram uma pequena pausa após um bom tempo.

— Resta uma hora para o sol se pôr, continuaremos em breve. — Aegreon desceu e seu cavalo.

Então, todos se dedicaram em uma tarefa específica, como dar água e alimento aos cavalos, descansar e, no caso de Sariel e Raymond, ensinar Luna sobre magia.

— Bem, vamos começar pelos básicos, como ensinando os doze tipos de elementos diferentes. — Sariel não quis perder tempo e queria ensiná-la rápido após a quebra do selo.

— Certo. — Luna estava visivelmente animada. — Mas você não tinha dito que o Conselho tem um membro para cada elemento? Por que só há dez Pilares?

— Porque há dois elementos específicos que são mais difíceis de serem encontrados. Até onde eu sei, o Conselho ainda estava à procura deles, certo, Aegreon?

O Pilar da Conjuração encarou o viajante brevemente e depois concordou com um murmúrio.

— Muito bem, vamos continuar então.

— Tudo bem.

Naquele ponto, apesar de ainda temer o próprio poder, Luna ainda desejava aprender mais sobre ele para evitar que o mesmo incidente se repetisse e, quem sabe, usá-lo para o bem e mostrar a todos que ela não era como pensavam.

— “Os elementos são, no total, doze, e são divididos em dois subgrupos: As magias de combate, que tem maior poder ofensivo e consistem nos elementos Gelo, Água, Vento, Raio, Fogo e Natureza; e as magias de suporte, cujos elementos são Alteração, Ilusão, Conjuração, Proteção, Selagem e Reanimação.

“O elemento Selagem permite selar o poder mágico de uma pessoa, como era seu caso, mas o que este elemento pode fazer vai muito além disso, como combinar com outros elementos e criar mecanismos, armadilhas mágicas, golens de batalha e entre muitas outras possibilidades.

“Quando uma pessoa tem o poder mágico selado, ela se torna incapaz de usar magia, o que faz parecer aos sentidos de qualquer especialista que essa pessoa tem quase nenhum poder mágico. Além disso, Selagem é um elemento extremamente sorrateiro e difícil de ser detectado, mais ainda que Ilusão.”

— E como você tirou o selo de mim?

— Tenho um pouco do elemento Selagem. Apesar de não ser muito, basta saber como decifrar um selo que será possível quebrá-lo.

— Como você pode usar tantos elementos?

— Uma pessoa pode nascer com vários elementos. Na verdade, é o mais comum, mas explicarei sobre isso depois.

— E como você detectou o selo? — Raymond, sabendo que Selagem era difícil de detectar, ficou curioso com a descoberta.

— Com magia de Alteração. Esse elemento pode fazer várias coisas também, mas uma delas é detectar magia. Mesmo assim, dependendo do quão poderoso é o selo, mais difícil é de detectar, algumas vezes é até impossível.

— Se este selo era tão poderoso como você disse, como percebeu ele? —Raymond ainda estava desconfiado.

— Bem, o selo se espalhava por todo o corpo dela, exceto uma parte, no ombro direito. Por causa dessa parte incompleta, ela era capaz de usar uma quantia mínima de magia, o que me fez desconfiar de um selo.

— Uma parte faltando... Então o especialista que fez esse selo não pode completá-lo... — afirmou Raymond.

— Errado, a parte faltando em seu ombro direito foi destruído quando o anjo a atingiu com a lança naquele vilarejo.

Luna e Raymond não entenderam a princípio o que o viajante havia dito, mas logo se lembraram do momento que ela foi ferida no ataque do necromante.

O guarda-costas logo conectou os pontos sobre como aquilo acabou os ajudando.

— Espera, quer dizer que aquele anjo destruiu parte do selo com Conjuração quando a feriu, enfraquecendo-o para que ficasse evidente o suficiente para que você detectasse? — perguntou Raymond.

— Exatamente. Graças àquilo, fomos capazes de descobrir sobre o selo, caso contrário estaríamos até agora sem saber dele.

— Espera, mas... por que aquilo danificou o selo?

O guarda-costas, ao ouvir a pergunta de Luna, encarou rapidamente o Pilar e o viajante.

— Conjuração... é um elemento que busca a destruição de tudo e todos, inclusive aqueles que o carregam. — Sariel lançou um olhar rápido a Aegreon. — Ele é capaz de interferir com outros elementos, incluindo Selagem, e corrompe tanto corpo quanto alma de qualquer ser vivo.

Todos pararam o que faziam, travaram por um momento e não disseram nada.

Exceto por Luna, todos ali tiveram experiências terríveis por causa desse elemento, coisas que, se pudessem, desejavam esquecer para sempre.

— Então meu azar se tornou sorte? — A princesa não percebeu o clima estranho.

Haha! Basicamente

Ao ouvir aquilo, Luna permaneceu em silêncio enquanto ponderava sobre a incrível sucessão de eventos que levou o viajante a descobrir a verdade. Eles estavam no lugar e hora certos, e ainda foi ferida com o único elemento capaz de destruir aquilo. Era demasiada coincidência para ser real.

— Talvez assim você não se sinta tão culpado por não ter sido capaz de protegê-la, Raymond. — Sariel olhou para o guarda-costas. — Se tivesse cumprido seu trabalho, teria nos atrapalhado.

Raymond sentiu emoções conflitantes naquele momento. Estava frustrado e irritado pelo viajante ter “elogiado” sua incompetência, mas também se sentia feliz por ter “falhado”.

— Mas por que Selagem é tão difícil de detectar?

— É sua natureza, apenas isso. Cada elemento se comporta de uma maneira específica.

— E o que quis dizer sobre eu ter o poder de alguém do Conselho?

— Ao quebrar seu selo, pude detectar sua magia com Alteração, e você é tão poderosa quanto eu. Aliás, você tem um pouco do elemento Alteração também, então será capaz de entender como é.

— Pode me mostrar funciona?

— Certo, preste atenção na parte branca de meus olhos. — Sariel apontou para o próprio rosto.

Em seguida, a parte branca de seus olhos brilharam em uma cor marrom.

— Com isso, posso ver magia de seres vivos a uma distância de algumas centenas de metros, então nada nesse raio pode escapar de minha visão. Ali por exemplo há alguns lobos, ali há uma lebre fugindo de uma águia... — Apontava para vários lugares aleatórios. — Alteração também não se limita a visão, mas também pode funcionar como um sexto sentido, quase como se você pudesse “ver” toda a magia ao redor.

Luna olhava para cada lugar que ele apontava e apenas via vegetação.

— Ali há uma raposa espreitando para capturar um rato selvagem, e ali... — Sariel continuava apontando para direções aleatórias.

De repente, entretanto, se calou e sua expressão imediatamente se tornou séria.

Sem aviso prévio, deu um salto rápido, se levantou e lançou uma chuva de estacas de gelo do tamanho de espadas na direção da floresta.

Assustados pela agressividade súbita do viajante, Shiina, Aegreon e Raymond se aproximaram de Luna e ficaram em guarda.

— O que está fazendo?! — Raymond sacou sua espada e encarou o viajante.

— Sei que está aí! Revele-se! — Sariel lançou um grito para o meio da vegetação.

Alguns segundos se passaram enquanto todos mantinham-se atentos e em expectativa, sem saber o que o viajante havia percebido.

Fez-se um silêncio mortal, quebrado apenas pelo som dos ventos balançando as folhas, animais distantes, e a respiração lenta, porém gradativamente acelerando, do grupo.

Então, sons de galhos e folhas sendo esmagados começaram a ecoar da floresta, aproximando-se calma e ameaçadoramente.

E do meio da mata surge um homem portanto um rosto demoníaco.

Os olhos eram vermelhos e pareciam prestes a saltar do rosto, tamanha era a sede de sangue contida neles.

A boca estava aberta, mostrando os enormes dentes com caninos afiadíssimos, demonstrando sua fome por carne humana.

Todo os músculos do rosto estavam contraídos em uma expressão de raiva eterna, como se odiasse e desejasse destruir tudo diante de si.

Não demorou muito, entretanto, para perceber que aquilo se tratava de uma máscara, e o rosto verdadeiro estava abaixo dela.

Este homem vestia roupas compridas douradas, brancas e avermelhadas. As ombreiras, cinto e peitoral, possuíam decorações e formas de uma flor de lótus desabrochada.

Aquela figura caminhava calma e confiantemente, que, devido aquela máscara assustadora, causava uma sensação imediata de lutar ou fugir, mais provável a última.

Ao ver aquele homem se aproximando, Aegreon instantaneamente sacou sua foice e atacou Sariel, que reagiu da mesma maneira e o bloqueou com sua espada.

Ambas as lâminas se chocaram, produzindo um som metálico.

— Seu maldito! Por que diabos ele está aqui? — O rosto de Aegreon estava igualmente ou até mais raivoso do que a máscara daquele homem misterioso.

— Fazendo-se de idiota? É por isso que você queria se aproximar de Krimisha?

Raymond e Shiina também sacaram suas armas, porém não sabia se deviam focar suas atenções em Aegreon e Sariel, ou o homem que se aproximava.

— O que está acontecendo? — perguntou Luna assustada.

HAHAHA! Relaxem os dois, nenhum de vocês é responsável por minha presença aqui. — A estrondosa risada confiante do homem fez todos recuarem um passo.

— O que faz aqui, Indra? — Aegreon se afastou de Sariel e apontou sua arma a ele.

Ao ouvir aquele nome, Luna finalmente entendeu o que estava acontecendo, e seu coração gelou de uma maneira que nunca havia sentido antes.

— In-Indra?! O Pilar do Raio?!

— Então você é o anjo que está causando tantos problemas... — Indra encarou e princesa, então virou seu rosto para o Pilar da Conjuração. — Quando me disseram que poderia estar envolvido com ela, achei que era mentira, mas você realmente enlouqueceu... O que planeja fazer com ela, Aegreon?

— Chega de ladainha, Indra. Sabemos muito bem por que está aqui. — O corpo do Pilar da Conjuração começou a arder em chamas roxas.

— Ora, não nos vemos a anos, e quando nos encontramos me trata dessa maneira... Não é à toa que ninguém gosta de ti.

Ignorando as provocações do Pilar do Raio, Aegreon começou a se aproximar dele enquanto segurava com firmeza sua foica.

— Bem, parece que não quer conversar mesmo... Que seja!

Com um movimento grandioso, Indra desembainhou, de sua cintura, uma enorme espada-longa, cuja lâmina era dourada com símbolos estranhos gravados em um tom violeta. O cabo era branco, e o guarda-mão tinha o formato de uma flor de lótus.

Ambos se aproximavam lentamente um do outro, porém Indra parou subitamente, ao mesmo tempo que Aegreon sentiu algo tocar seu ombro.

Ao se virar, viu Sariel com uma expressão séria.

— Eu lido com ele.

— Não se intrometa. — Aegreon fez um movimento brusco e afastou a mão do viajante.

— Certeza? — Os olhos de Sariel deslocaram-se levemente para cima, mas o Pilar da Conjuração logo entendeu o significado daquilo.

Nuvens negras começavam a se formar, carregadas de eletricidade e prontos para castigar a terra com relâmpagos a qualquer momento.

Após pensar brevemente, Aegreon decidiu que só teria a ganhar caso Sariel lutasse em seu lugar. Se ele perdesse, morreria, livrando-lhe de sua presença, e caso ganhasse, estaria enfraquecido após ter enfrentado um oponente perigoso, permitindo-lhe matá-lo em seguida.

Sem dizer nada, ele se afastou e permitiu que Sariel se aproximasse.

— Observe bem esta luta, Luna. — O viajante encarou a princesa brevemente. — Aprenderá bastante com isso.

Então, Sariel e Indra se encararam profundamente, prontos para atacar a qualquer momento.


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