Volume 1
Capítulo 29: Elementos
Algumas horas se passaram desde o incidente na floresta e o grupo já estava bem longe do local. Eram cerca de 4 horas da tarde, e Luna já havia se recomposto.
Enquanto viajavam, aproveitando que a princesa havia se acalmado, o grupo conversava sobre o ocorrido.
— Raymond, realmente não sabe como o poder de Luna estava selado? — perguntou Sariel.
— Não mesmo, creio que Sua Majestade chamou alguém secretamente para selar o poder dela para evitar que ela fosse detectada pelo Conselho.
— Aquele selo era muito poderoso para ser feito por um qualquer, afinal, ele conseguiu enganar todos nós — explicou Sariel. — Contatar um especialista tão poderoso seria difícil, pois ele provavelmente denunciaria Luna ao Conselho.
— Mas é a única explicação! — disse Raymond. — Não vejo nenhuma outra explicação para isso.
— Por acaso Elise podia usar magia? — perguntou Luna.
— Não... Ela tinha pouco mágico... Durante a invasão dos anjos em Fordurn ela teve de se refugiar. Se tivesse lutado ela teria morrido.
— De qualquer maneira, não adianta tentar procurar por explicações para isso, apenas Geoffrey sabe a resposta — disse Shiina.
— Tem razão.
O grupo focou sua atenção no caminho à frente, quando finalmente fizeram uma pequena pausa.
— Resta uma hora para o sol se pôr, continuaremos em breve — disse Aegreon.
Então, todos se dedicaram em suas tarefas, como dar água e alimento aos cavalos, descansar e, no caso de Sariel e Raymond, ensinar Luna sobre magia.
— Vamos aproveitar que estamos falando de Selagem e explicar um pouco sobre esse elemento primeiro — disse o viajante — Mas antes, irei dizer brevemente sobre os 12 elementos existentes.
— Certo — respondeu Luna. — Mas você não tinha dito que o Conselho tem um membro para cada elemento? Por que só há 10 Pilares?
— Porque há dois elementos específicos que são mais difíceis de ser encontrados. Até onde eu sei, o Conselho ainda estava à procura deles, certo, Aegreon?
O Pilar da Conjuração encarou o viajante brevemente e depois concordou com a cabeça.
— Muito bem, vamos continuar então.
— Tudo bem — disse Luna.
Naquele ponto, apesar de ainda temer o próprio poder, a princesa desejava aprender mais sobre ele para evitar que o mesmo incidente se repetisse e, quem sabe, usá-lo para o bem e mostrar a todos que ela não era como pensavam.
— Os elementos são no total 12 e são divididos em dois subgrupos: As magias de combate, que tem maior poder ofensivo e consistem nos elementos Gelo, Água, Vento, Raio, Fogo e Natureza; e as magias de suporte, cujos elementos são Alteração, Ilusão, Conjuração, Proteção, Selagem e Reanimação.
O elemento Selagem permite selar o poder mágico de uma pessoa, como era seu caso, mas o que este elemento pode fazer vai muito além disso. Ele pode combinar com outras magias e criar mecanismos, armadilhas mágicas, golens de batalha e entre muitas outras possibilidades.
Quando uma pessoa tem o poder mágico selado, ela se torna incapaz de usar magia, o que faz parecer aos sentidos de qualquer especialista que essa pessoa tem quase nenhum poder mágico. Além disso, Selagem é um elemento extremamente sorrateiro e difícil de ser detectado, mais ainda que Ilusão.
— E como você tirou o selo de mim? — perguntou Luna.
— Com o elemento cujo único propósito é destruir coisas assim como aqueles que o carregam — disse Sariel enquanto erguia o dedo indicador e uma pequena esfera roxa escura surgia na ponta dele. — Conjuração.
Aegreon, que estava perto no momento, encarou o viajante com um olhar frio, mas focou-se em suas tarefas.
— Como você pode usar tantos elementos?
— Uma pessoa pode nascer com vários elementos, na verdade é o que mais acontece, mas explicarei sobre isso depois — disse o viajante.
— E como você detectou o selo?
— Com magia de Alteração. Esse elemento pode fazer várias coisas também, mas uma delas é detectar elementos. Mesmo assim, dependendo do quão poderoso é o selo, mais difícil é de detectar, algumas vezes é até impossível.
— Se este selo era tão poderoso como você disse, como percebeu ele? — perguntou Raymond.
— Bem, havia 2 núcleos principais de selagem em Luna, um na cabeça e um no estômago. Também havia vários núcleos menores, como no braço e no ombro, mas havia um núcleo inferior faltando no ombro direito de Luna, o que a permitia usar um pouco de magia, mas logo os outros núcleos ativavam e a impediam de completar a magia. Se houvesse um núcleo em seu ombro direito, assim como havia no esquerdo, ela nem seria capaz de usar magia.
— Um núcleo faltando... Então o especialista que fez esse selo não pode completá-lo... — observou Raymond.
— Errado, o núcleo faltando em seu ombro direito foi destruído quando o anjo a atingiu com a lança naquele vilarejo — disse Sariel.
Luna e Raymond não entenderam a princípio o que o viajante havia dito, quando se lembraram do momento que Luna foi ferida no ombro no ataque do necromante e conectaram os pontos.
— Espera, quer dizer que aquele anjo destruiu um dos núcleos quando a feriu, enfraquecendo o selo o suficiente para que ficasse evidente o suficiente para que você detectasse? — perguntou Raymond.
— Exatamente. Graças àquilo, fomos capazes de descobrir sobre o selo, caso contrário estaríamos até agora sem saber dele.
Ao ouvir aquilo, Luna permaneceu em silêncio enquanto ponderava sobre a incrível sucessão de eventos que levou Sariel a descobrir a verdade. Eles estavam no lugar e hora certos, com o único elemento capaz de destruir aquilo, e ainda foi ferida no exato lugar onde havia um núcleo! Era demasiada coincidência para ser real.
— Então meu azar se tornou sorte? — perguntou a princesa.
— Haha! Basicamente. Talvez assim você não se sinta tão culpado por não ter sido capaz de protegê-la, Raymond — disse o viajante olhando para o guarda-costas. — Se tivesse cumprido seu trabalho, teria nos atrapalhado.
Raymond sentiu emoções conflitantes naquele momento. Estava frustrado e irritado pelo viajante ter “elogiado” sua incompetência, mas também se sentia feliz por ter “falhado”.
— Mas por que Selagem é tão difícil de detectar? — perguntou a princesa.
— É sua natureza, apenas isso. Não se pode mudar como os elementos se comportam.
— E o que quis dizer sobre eu ter o poder de alguém do Conselho?
— Como disse, Alteração pode detectar magia, e você é tão poderosa quanto eu, se aprender magia será de grande ajuda em nossa jornada — explicou o viajante. — Aliás, você tem um pouco do elemento Alteração também, então será capaz de entender como é.
— Pode me mostrar funciona?
— Certo, preste atenção na parte branca de meus olhos — disse Sariel enquanto apontava para os próprios olhos.
Em seguida, a parte branca dos olhos do viajante brilharam em uma cor marrom.
— Com isso, posso ver magia de seres vivos a uma distância de algumas centenas de metros, então nada nesse raio pode escapar de minha visão — disse ele enquanto olhava ao redor na floresta. — Ali por exemplo há alguns lobos, ali há uma lebre fugindo de uma águia... — dizia conforme apontava para vários lugares aleatórios.
Luna olhava para cada lugar que ele apontava e apenas via vegetação.
— Ali há uma raposa espreitando para capturar um rato selvagem, e ali... — Sariel se virou para trás quando se calou.
De repente, sua expressão imediatamente se tornou séria. Então, com um salto rápido, se levantou e lançou uma chuva de estacas de gelo do tamanho de espadas médias floresta adentro.
Assustados pela agressividade súbita do viajante, Shiina, Aegreon e Raymond se aproximaram de Luna e ficaram em guarda.
— O que está fazendo? — perguntou Raymond.
— Sei que está aí! Revele-se! — gritou Sariel para o meio da vegetação.
Alguns segundos se passaram enquanto todos mantinham-se atentos e em expectativas, sem saber o que o viajante havia percebido, quando do meio da mata surge um homem dele. Seu andar demonstrava confiança, e uma aura de poder emanava dele.
Este homem vestia roupas douradas, brancas e levemente vermelhas e compridas, com um capacete cobrindo todo seu rosto e com 4 faces diferentes em cada lado. O rosto da frente tinha uma expressão sorridente e jocosa, era cinzenta e havia esmeraldas em suas pupilas. Nas ombreiras, cinto e peitoral havia uma representação de flores de lótus desabrochadas.
Ao ver aquele homem se aproximando, Aegreon instantaneamente sacou sua foice e atacou Sariel, que havia reagido da mesma maneira, sacando sua espada e atacando-o.
Ambas as lâminas se chocaram produzindo um som metálico.
— Seu maldito! Por que diabos ele está aqui? — perguntou Aegreon irritadiço, se referindo ao homem.
— Fingindo-se de idiota? É por isso que você queria se aproximar de Krimisha?
Raymond e Shiina também ficaram em guarda e sacaram suas armas, sem saber se deviam focar suas atenções em Aegreon, Sariel ou o homem que se aproximava.
— O que está acontecendo? — perguntou Luna assustada.
— HAHAHA! Relaxem os dois, nenhum de vocês é responsável por minha presença aqui — riu o homem, com uma voz estrondosa.
Ao ouvir isso, ambos se afastaram um pouco e encararam o homem.
— Como nos encontrou então, Indra? — perguntou Aegreon, ainda atento com Sariel.
— Há! Sério mesmo? Uma erupção em K’ak’, um exército de mortos-vivos, uma floresta congelada... É quase como se quisessem que eu os encontrasse.
Ao ouvir o nome “Indra”, Luna finalmente entendeu o que estava acontecendo. Aquele era o Pilar do Raio, também conhecido como “Relâmpago Rebelde”.
— Mas sabe, estou curioso com o que diabos você está planejando, Aegreon. Achei que havia finalmente decidido seguir seus deveres como Pilar quando soube que alguém parecido contigo havia a capturado, mas não parece ser o caso. Não me diga que pretende proteger essa coisa?
— Cale-se! — gritou Aegreon. — E chega de ladainha, sabemos muito bem porque está aqui — disse conforme se aproximava de Indra.
— Ora, não nos vemos a anos e quando nos encontramos me trata dessa maneira... Não é à toa que ninguém gosta de ti.
Ignorando as provocações do Pilar do Raio, Aegreon continuou seu avanço e com uma aura intimidadora emanando dele.
— Bem, parece que não quer conversar mesmo... Que seja! — disse Indra conforme desembainhava uma espada longa de suas costas. — Derrotá-lo será uma honra!
A espada longa que usava possuía uma lâmina escura com símbolos estranhos desenhados nela em um tom violeta. O cabo era dourado, e o guarda-mão tinha o formato de uma flor de lótus.
Ambos se aproximavam lentamente, quando Indra parou subitamente e Aegreon sentiu algo tocar seu ombro.
Ao se virar, percebeu Sariel com uma espada média em sua mão.
— Deixe que eu lido com ele — disse o viajante.
— Não se intrometa.
— Em uma batalha de poder Indra tem a vantagem, é melhor eu lidar com ele.
Ao ouvir aquilo, Aegreon olhou com desconfiança para Sariel. Após pensar um pouco decidiu permitir que ele lutasse com Indra, afinal, só teria a ganhar com isso. Se ele morresse seria um obstáculo a menos, e com seu poder ele cansaria o Pilar do Raio o suficiente para que conseguisse derrotá-lo. E se o oposto ocorresse e o viajante saísse vitorioso, ele aproveitaria a chance para matá-lo ali mesmo.
Sem dizer nada, Aegreon se afastou e permitiu que Sariel se aproximasse.
— Observe bem esta luta, Luna — disse o viajante. — Aprenderá bastante com isso.
Com isso, ambos se aproximaram e se encararam.
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