O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 1

Capítulo 24: Necromante

Alguns dias se passaram desde que o grupo deixou K’ak’ e iam em direção ao próximo reino, Krimisha.

Era cerca de 10 da noite, e o grupo cavalgava por uma estrada de terra em direção a um pequeno vilarejo para passar a noite.

Como estavam relativamente perto de K’ak’ ainda, aquele vilarejo era de tamanho médio — com pouco mais de 100 pessoas morando ali — e não possuía muralhas, já que algumas pessoas do vilarejo treinaram no reino ao pé da montanha, portanto sabiam lutar bem para proteger o local.

Pouco antes de chegarem, Sariel usou sua magia para alterar a aparência de Luna para que não suspeitassem deles.

Quando estavam perto o suficiente para serem vistos, foram recebidos e interrogados por dois homens vestindo roupas bem mais familiares para a princesa, carregando uma espada e uma tocha em cada mão.

— Parados! Quem são e o que fazem aqui a esta hora?

— Eu lido com isso — disse Sariel. — Somos um grupo de viajantes e vimos de K’ak’. Normalmente acamparíamos na estrada, mas ficaríamos gratos se nos permitissem passar a noite aqui.

— K’ak’? Ouvimos dizer que um grupo de visitantes deixou o reino recentemente, vocês estavam presentes durante a erupção então?

— Isso mesmo.

— Tudo bem, neste caso sejam bem-vindos! Como são muitos terão de se dividir, apenas a casa dele pode receber duas pessoas — disse o homem apontando para o amigo logo ao lado. — Meu nome é Uriel, e ele se chama Brian.

— Me chamo Sariel, estes são: Luna, Raymond, Aegreon e Shiina. É um prazer.

— O prazer é todo nosso. Nos acompanhe e os levaremos a nossas casas, mas tentem não fazer barulho, nossas famílias estão dormindo no momento.

Com isso, os dois guardas guiaram o grupo para dentro do vilarejo e os levaram para suas casas. Sariel ficou em uma casa relativamente longe de Luna enquanto Raymond ficou em uma casa próxima. Shiina e Aegreon ficaram longe e juntos.

A princesa foi recebida na casa de um homem chamado Oliver. Como era de se esperar, era uma casa humilde e pequena, mas tinha um quarto livre para ela.

A princesa se deitou na cama e logo adormeceu.

Não sabia quanto tempo havia dormido, porém despertou em um pulo no meio da noite enquanto ouvia gritos e sons de metal se chocando.

Assustada, se levantou e saiu da casa, se deparando com um cenário completamente diferente: O vilarejo, que até agora pouco estava escuro e silencioso, tinha vários pontos de incêndio e pessoas batalhando.

A princípio achava que poderia ser algum grupo de bárbaros ou algo do tipo, mas olhando melhor percebeu que os invasores tinham os olhos e boca brilhando em um roxo escuro. Seus movimentos eram desengonçados e lentos, mas seus números compensavam pela sua vulnerabilidade física.

Aqueles que sabiam lutar tinham de lidar com 5 ou mais oponentes ao mesmo tempo, e por mais que derrubassem um ou dois, outros apareciam em sequência como se não acabassem nunca.

Outro detalhe interessante era que no momento que um dos invasores eram derrotados, seus corpos instantaneamente se transformavam em cinzas e se desfaziam no ar, se misturando com a fumaça do fogo.

— Por Kura! O que está acontecendo? — perguntou uma voz atrás dela.

Quem perguntou isso era uma mulher que saia de dentro da casa e trazia uma criança no colo que chorava de medo.

A princesa observava tudo sem entender o que estava acontecendo, quando de repente ouviu uma voz ao seu lado.

— Cuidado! Na sua direita!

Quando se virou, viu um desses invasores brandindo uma espada média e prestes a cortá-la.

Como estava perto, pode perceber que o rosto daquele homem estava completamente seco e desnutrido, como se um cadáver houvesse se esquecido de que estava morto.

O som que saia de sua garganta era como o de alguém engasgado que tentava inspirar ar constantemente, e seus movimentos eram estranhos e inconstantes.

Assustada, tentou se afastar daquela criatura, mas acabou tropeçando e caindo.

A lâmina estava prestes a atingi-la quando Raymond surgiu atrás dela e cortou o pescoço daquele ser, que se desfez em cinzas logo em seguida.

— Você está bem? — perguntou Raymond ajudando a princesa.

— Sim, mas o que está acontecendo?!

— Parece que um necromante com um exército de mortos-vivos apareceu e invadiu a vila. Acho que Sariel e Aegreon estão lidando com ele — disse Raymond enquanto derrotava outro morto-vivo.

— Um necromante? O que seria isso?

— Não há tempo para explicar, apenas fique atrás de mim e eu a protegerei!

— Certo.

Com isso, Raymond guiou Luna e a mulher com a criança pelo vilarejo enquanto derrotava qualquer criatura que se aproximasse.

Além disso, ele tentava salvar todo civil que pudesse, o que logo tornou a tarefa de protegê-los cada vez mais difícil, já que tinha de proteger quase dez pessoas ao mesmo tempo.

— Onde estão Sariel e Aegreon? Eles não conseguiriam lidar facilmente com isso? — Perguntou Luna.

— Bem, sim, mas... — disse Raymond conforme ainda lutava contra mais criaturas. — Há uma complicação.

— Que complicação?

— Bem...

Woosh!

Um som de algo voando perto da princesa a fez virar o rosto, notando algo que não esperava ver nunca em sua vida.

Uma criatura alada com forma humana pairava no ar. Sua postura era imponente e elegante, diferente de qualquer outra pessoa ali, viva ou morta.

Um anjo.

Contudo, havia algo de estranho neste anjo. Assim como os invasores, os olhos e boca brilhavam em roxo escuro, e suas asas estavam maltratadas e com penas esfarrapadas. Seu corpo quase não possuía carne — apenas seu esqueleto —, e o pouco de carne que possuía estava completamente podre.

Aquele anjo ergueu sua mão esquerda e uma chama vermelha surgiu nela. Mirando em Raymond, apontou aquela esfera flamejante e disparou contra ele.

Uma pequena bola de fogo rubra voou rapidamente na direção do grupo. Contudo, Raymond apontou sua mão para aquela esfera e três fios de eletricidade de cor violeta saíram de seus dedos e colidiram com o fogo.

Sua magia venceu a magia do anjo e seguiu até atingi-lo, que se contorceu e se desfez no ar em cinzas.

— O quê? Por que havia um anjo aqui?

— Como ainda estamos perto de K’ak’ há vários locais com cadáveres de anjos enterrados e esquecidos — explicou o guarda-costas ao mesmo tempo que lutava. — Este necromante devia saber disso e deve estar tentando criar um exército de mortos-vivos de anjos.

E como se quisessem comprovar a teoria de Raymond, dezenas de anjos surgiram no ar e começaram a lançar várias magias diferentes contra o vilarejo, colorindo o céu com um arco-íris de morte.

Por algum motivo, a grande maioria desses anjos focaram Luna e tentaram atacá-la e Raymond tentou defendê-la, o que era impossível já que teria que lidar com dezenas de mortos-vivos ao mesmo tempo.

Um anjo conseguiu flanquear Raymond e estava prestes a atingir Luna quando uma pequena lança de vento atravessou o peito do ser alado e o derrotou.

— Você está bem? — perguntou Shiina para Luna, enquanto ajudava Raymond a lidar com os anjos.

— Sim, obri...

— Pensei que você era uma assassina — comentou Raymond.

— Esses malditos parecem que conseguem me sentir, não tive escolha senão lutar.

Com a ajuda da assassina, conseguiram equilibrar a batalha e proteger todos. Sempre que Raymond falhava em derrotar algum anjo, Shiina imediatamente aparecia para proteger a princesa.

— Você realmente está cumprindo com seu acordo — disse Raymond.

— É claro, você me ordenou, HÁ! — disse enquanto derrotava mais um anjo. — Cumpro minhas palavras, apesar de achar o contrário.

Apesar de terem se conhecido agora, ambos lutavam em sincronia, prevendo os movimentos deles mesmos e ajustando seus ataques.

Os minutos se passaram e os anjos não davam sinal de diminuir, pelo contrário! Apareciam cada vez mais deles, o que estava tornando impossível proteger Luna até com a ajuda de Shiina.

Raymond tentou proteger a princesa como pôde, e até se jogou na frente de alguns ataques para servir de escudo humano, que lhe rendeu alguns ferimentos médios ao longo de todo o corpo. Contudo, apesar de seus esforços, não foi capaz de lidar com todos eles.

— Por que estão me focando? — perguntou Luna.

— Deve ser por causa de sua alma — respondeu Shiina.

— Alm...

— Cuidado! — alertou Raymond.

Um dos anjos conseguiu passar por Raymond e com sua lança — que por algum motivo brilhava em roxo escuro — e perfurou próximo do ombro esquerdo de Luna. Shiina tentou protegê-la, mas havia se distraído com a pergunta da princesa.

A lâmina atravessou seu corpo e a princesa instantaneamente sentiu uma dor intensa no seu ombro. Sentiu toda a região ao redor ardendo intensamente, como se aquela arma fosse feita de lava e tentasse derreter seu corpo.

Sem suportar aquela dor insuportável, desmaiou ali mesmo, deixando-se ainda mais vulnerável a outro ataque daquele anjo.

— LUNA! — gritou Raymond.

Em um movimento rápido, Shiina cortou aquele anjo antes que pudesse agir novamente.

Percebendo que simplesmente matá-los não daria certo, Shiina criou uma ventania forte que manteve os anjos afastados, mas permitiu que aqueles ao lado dela ficassem protegidos.

Apesar disso, os anjos tentavam atravessar aquela barreira de vento, com alguns “morrendo” no processo. Contudo, alguns eram mais resistentes e conseguiram atravessá-la.

Quando estavam prestes a alcançá-los, uma grande explosão de raios destruiu instantaneamente todos eles. O poder que Raymond havia usado foi tão grande, que a magia destruiu até uma casa que estava logo ao lado.

Porém, apesar de sua demonstração de poder, não tardou para que mais algumas dezenas de anjos surgissem e voassem em sua direção.

Sem ter outra opção, Raymond e Shiina prepararam outra magia, quando, subitamente, todos os mortos-vivos se desfizeram imediatamente em cinzas, deixando apenas os vivos ali.

Sem ter tempo para pensar no que havia acontecido, correu para a princesa e tentou acordá-la.

— LUNA! ACORDA!

Porém, ela continuava inconsciente.

— Precisamos de alguém com elemento Proteção para curá-la! — disse Shiina.

O ferimento em seu ombro, apesar de não ter atingido nenhum ponto vital, brilhava fracamente em uma luz roxa.

Raymond checou sua pulsação e a percebeu bem fraca — ao redor dos 40 —, além de notar que ela ardia em febre.

Sabia muito bem que aquele ferimento não era comum, portanto não seria capaz de curá-lo, por isso, olhou desesperadamente ao redor conforme gritava o nome do único que poderia fazer algo.

— SARIEL!


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