O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 1

Capítulo 20: Acordo

Sariel e Yaxun caminharam juntos até o palácio.

O povo ainda trabalhava em apagar as chamas que neste ponto estavam controladas, e o palácio havia escapado totalmente intacto da erupção graças ao lago artificial.

Ambos caminharam rapidamente até os aposentos do rei, que orientou a não ser interrompido por ninguém durante sua conversa.

Ambos se sentaram e o rei não se demorou a dizer: — Muito bem, imagino que saiba o motivo disso...

— Sim, mas deixe-me fazer algo antes de começarmos.

Ao dizer isso, levantou a mão que emitia uma luz rosa. Era a mesma magia que havia utilizado em Fordurn.

— Certo, podemos começar — disse o viajante.

— Ok, pode-me dizer por que matou Sak-Lu e Ti-Chaak?

— E Hunac também.

— Hunac?! — surpreendeu-se. — É bom que tenha um bom motivo para isso.

— Não prefere que eu lhe mostre? — disse erguendo a mão emitindo um brilho marrom.

O rei olhou com desconfiança para o viajante.

— Não posso confiar nisso... E se você tentar ler minha mente?

— Já lhe disse, Alteração não é meu elemento principal, e seu poder mágico seria o suficiente para barrar minha magia.

Contudo, Yaxun permanecia desconfiado.

— Você pode me mostrar memórias falsas...

— Matei aqueles dois cerca de uma da madrugada e agora são cerca de seis e meia, acha mesmo que em apenas algumas horas eu seria capaz de construir memórias complexas?

— Bem... — hesitou. — Tudo bem, mas vai se arrepender se tentar algo comigo.

— Então, aqui vou eu.

Sariel se aproximou com a mão brilhando e a tocou na testa de Yaxun.

Com isso, ele viu tudo que ocorrera durante a madrugada, desde o motivo do viajante ter ido atrás de Ti-Chaak e Sak-Lu, até o que acontecera dentro da montanha e como a erupção fora interrompida.

As memórias eram, em sua maioria, claras e nítidas, contudo, quando se tratava das memórias de outras pessoas — como de Sak-Lu e daquele homem de preto — eram embaçadas e com formas instáveis, porém ainda era possível entender as memórias deles.

Ao ver as memórias dessas duas pessoas, o rei assumiu uma expressão surpresa que se manteve em seu rosto até que o viajante quebrasse o contato entre ambos.

— Não acredito nisso... — arfou. — Conheço Hunac antes mesmo de me tornar rei...

— Está tudo bem?

— Sim, estou apenas cansado, foram muitas memórias... E quanto as lembranças de Hunac?

— Não tive tempo de checá-las, mas está bem evidente as intenções dele, certo?

— Sim... — disse Yaxun conflitado. — Devo lhe agradecer por isso, salvaste meu reino.

— É muito cedo para relaxar, ainda pode haver mais infiltrados, por isso é bom que conduza investigações.

— Farei isso. — O rei permaneceu em silêncio por alguns segundos. — E quanto ao Santuário? Ainda tem a chave?

— Sim.

— Então pode me entregá-la?

— Os segredos daquele lugar permanecerão selados — disse Sariel irredutível.

Yaxun bufou frustrado e não insistiu mais.

— De qualquer maneira, basta me dizer se precisar de algo, farei o possível para atender seu desejo.

Ao ouvir isso, Sariel assumiu uma postura ainda mais séria.

— Neste caso, recuse o pedido de Aegreon.

— O quê?! Por qual motivo?

— Não importa, apenas faça isso.

— Mas... Eu não posso! Ele é do Conselho e já salvou meu reino antes!

— E eu também, portanto estou usando meu pedido para anular o de Aegreon.

O rei permaneceu em silêncio enquanto se sentia conflitado.

— Além disso — continuou Sariel —, não diga a ninguém que fui eu quem lhe pediu para recusar o pedido dele, incluindo Aegreon.

Ao ouvir isso, uma expressão firme surgiu no rosto do rei.

— Eu concordo com seu pedido, entretanto não posso concordar em manter em segredo que o motivo disso é você, já que ele é do Conselho.

— Há algo que lhe faça mudar de ideia?

Com isso, a expressão de Yaxun mudou novamente e um pequeno sorriso surgiu em sua face.

— Me dê a chave, e mantenho isso um segredo de Aegreon.

Sariel permaneceu em silêncio e pensativo. Estava claramente pensando cuidadosamente sobre a escolha diante de si.

— Eu lhe entrego a Pedra de Selagem apenas se fizermos um contrato.

— Feito! — O rei caminhou em direção de sua escrivaninha e retirou uma pequena pedra marrom e losangular.

Depois, ele se sentou perto do viajante e entregou a Pedra de Alteração pra ele.

— Pode começar.

— Certo. — Sariel pegou e pressionou a pedra, que começou a brilhar em marrom, e começou a dizer: — Esta gravação é prova do contrato entre mim, Sariel, e...

— Yaxun, rei de K’ak’ Witz — completou o rei.

— Neste contrato, Yaxun oferece manter em segredo apenas entre nós sobre meu pedido de recusar ajuda a Aegreon, o Pilar da Conjuração e eu, em troca, ofereço uma Pedra de Selagem, que serve como chave para um Santuário dos Anjos no antigo reino de Ueyi Kojtlan. Eu, Sariel, concordo com os termos deste contrato!

— E eu, Yaxun, também concordo com tais termos.

— Em caso da quebra deste contrato, aquele que romper com ele será julgado de acordo com as Leis de Kura!

Ao dizer isso, a pedra brilhou ainda mais intensamente, para em seguida ter seu brilho completamente apagado.

Este era uma espécie de contrato criado pelos humanos antes mesmo da vinda dos anjos. Acreditava-se ter sido criado pela própria Deusa Kura, para evitar pessoas má intencionadas de enganar alguém em uma negociação, portanto este era um acordo sagrado que até mesmo o Conselho deveria obedecer, afinal, ninguém deveria ficar acima da grandiosa Deusa.

— Está feito — disse o viajante enquanto guardava a pedra marrom nas roupas dele. — Aqui está — disse conforme oferecia a Pedra de Selagem ao rei.

Yaxun pegou a pedra e disse: — Muito bem, recusarei o pedido de Aegreon e manterei em segredo.

— Muito bem, devo ir agora — disse Sariel enquanto se levantava e caminhava em direção à porta.

— Espere.

O viajante parou e se virou.

— Sim?

— Pode manter em segredo sobre Pagui para minha filha? Ela ficará arrasada se souber...

— Tudo bem — disse Sariel conforme caminhava novamente para fora do aposento.

Enquanto isso, Yaxun segurava a pedra na altura de seus olhos e a observava atentamente. Contudo, enquanto a olhava, uma pequena fissura surgiu na superfície da pedra e se alastrou por todo o objeto. Em apenas alguns segundos, o item estava totalmente danificado, até que resistiu e se quebrou em milhares de pequenas partículas prateadas.

Como esta pedra era feita de puro poder do elemento Selagem, as partículas prateadas se diluíram no ar, impregnando o ambiente com este elemento.

O rei, surpreso com o que acabara de acontecer, olhou para o viajante, que estava parado com a porta aberta e de costas para ele.

— Foi um prazer fazer negócios com você, rei de K’ak’! — disse virando levemente o rosto, o que permitiu que Yaxun percebesse um sorriso nele, e depois deixou a sala.

— Droga! — gritou o rei furioso ao mesmo tempo que socava a mesa. O contrato havia sido concluído, portanto ele deveria cumprir com ele, mesmo que tivesse sido enganado como nunca fora em toda sua vida.

 

***

 

Sariel e Yaxun acabaram de deixar o local e se dirigiram ao palácio, deixando Luna, Aegreon, Shiina, Raymond e Quetzal.

Aegreon, sem dar nenhuma satisfação, caminhou para a montanha e a subiu.

— Bem, tentarei ajudar em qualquer coisa que precisem — disse Raymond enquanto se afastava.

— Raymond, espere! — disse Luna.

O guarda-costas se virou e se aproximou da princesa.

— Sim, Vo... Luna?

Luna olhou no fundo dos olhos dele e perguntou: — Sabe quem é Elise?

Ao ouvir isso, uma pequena expressão de surpresa surgiu em seu rosto, e depois, com uma voz quase imperceptivelmente nervosa, perguntou: — Onde ouviu este nome, Luna?

— De uma conversa dos guardas do palácio — mentiu a princesa.

— Ah, não sei, nunca ouvi este nome antes...

— Mentira... — disse Quetzal. — Até eu sei quem é Elise, por que está escondendo isso de Luna?

O guarda-costas olhou surpreso para a princesa de K’ak’.

— Espere, você sabe?

— Sim — afirmou Quetzal, que depois olhou para Raymond e disse: — Vai dizer tudo a ela ou terei de fazer isso eu mesma?

O guarda-costas, olhou para ambas as princesas e suspirou derrotado.

— Elise... era a rainha de Fordurn, esposa de Geoffrey.

— O quê? Ele era casado?!

— Bem...

— É melhor conversarmos sobre isso em um lugar privado — disse Quetzal. — Vamos para meu quarto.

Ao dizer isso, todos se dirigiram ao palácio e em pouco tempo chegaram aos aposentos da princesa.

— Pode dizer por que está conosco? — perguntou Raymond olhando para Shiina que havia os seguido.

— Parece algo importante, minha magia poderá evitar que alguém nos escute — respondeu enquanto mostrava a mão que emitia um brilho rosa. — Me permitem?

— Vá em frente — disse Quetzal.

Mais uma vez, Shiina envolveu o quarto com aquela mesma magia.

— Muito bem, pode começar a falar, Raymond?

— Bem... — começou ele.


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