Volume 1
Capítulo 20: Acordo
Sariel e Yaxun caminharam juntos até o palácio.
O povo ainda trabalhava em apagar algumas chamas que restaram, e o palácio havia escapado totalmente intacto da erupção graças.
Os dois caminharam rapidamente até os aposentos do rei, que orientou seus empregados a não ser interrompido por ninguém durante sua conversa.
Ambos se sentaram e o rei, com uma expressão séria, não se demorou a pressionar Sariel.
— Muito bem, imagino que saiba o motivo disso...
— Sim, mas deixe-me fazer algo antes de começarmos.
Ao dizer isso, o viajante levantou a mão, que emitia uma luz rosa. Era a mesma magia que havia utilizado na taverna em Fordurn.
Como da última vez, a sala toda foi envolvida em uma camada onde o som do interior jamais vazaria para fora.
Na verdade, o fato de Yaxun poder ver a luz rosa era puramente decisão de Sariel, já que ele podia fazer aquilo de maneira completamente indetectável. Apenas permitia que ele soubesse que estava usando uma magia para deixá-lo ciente.
— Certo, podemos começar. — Sariel espreguiçou-se relaxadamente no sofoá após completar sua magia.
— Pode me dizer por que matou Sak-Lu e Ti-Chaak? — O rei possuía um tom assustador.
— E Hunac também. — O viajante, entretanto, não se sentiu ameaçado e apenas jogou mais lenha na fogueira.
— Hunac?! — Yaxun se levantou, com um misto de surpresa e indignação. — O que diabos pensa que está fazendo em meu reino?!
— Não prefere que eu lhe mostre? — Sariel ergueu a mão, emitindo um brilho marrom.
O rei olhou com dúvida para ele.
— Não posso confiar nisso... E se você tentar ler minha mente?
— Já lhe disse, Alteração não é meu elemento principal, e seu poder mágico seria o suficiente para barrar minha magia.
Contudo, Yaxun permanecia desconfiado.
— Você pode me mostrar memórias falsas...
— Matei aqueles dois cerca de uma da madrugada, e agora são cerca de seis e meia. Acha mesmo que em apenas algumas horas eu seria capaz de construir memórias complexas?
— Bem... Certo, mas vai se arrepender se tentar algo comigo.
— Então, aqui vou eu. — Sariel se levantou do sofá e se aproximou do rei. — Pode se sentar?
Yaxun, devido sua enorme estatura, precisou se sentar novamente.
O viajante aproximou sua mão brilhando e tocou a testa de Yaxun.
Com isso, ele viu tudo que ocorrera durante a madrugada, desde o motivo de Sariel ter ido atrás de Ti-Chaak e Sak-Lu, até o que acontecera dentro da montanha.
As memórias eram, em sua maioria, claras e nítidas, contudo, quando se tratava das memórias de outras pessoas — como de Sak-Lu e daquele homem de preto — eram embaçadas e com formas instáveis, porém ainda era possível entender as memórias deles.
Ao ver as memórias dessas duas pessoas, o rei assumiu uma expressão surpresa que se manteve em seu rosto, até que o viajante afastou sua mão, permitindo que ele respirasse.
— Não acredito nisso... — arfou. — Conheço Hunac antes mesmo de me tornar rei...
— Está tudo bem?
— Sim, estou apenas cansado, foram muitas memórias... E quanto as lembranças de Hunac?
Sariel caminhou de volta ao sofá e se sentou novamente.
— Ele matou Pagui, o melhor amigo de sua filha, e estava claramente envolvido com a Seita de Elgor, ainda dúvida do que mostrei?
— Bem...
— Além disso, viu que o matei o mais rápido possível, tive que ser veloz para chegar até a montanha.
— Tem razão... — Yaxun estav conflitado. — Devo lhe agradecer por isso, salvaste meu reino.
— É muito cedo para relaxar, ainda pode haver mais infiltrados, por isso é bom que conduza investigações.
— Farei isso. — O rei permaneceu em silêncio por alguns segundos. — E quanto ao Santuário? Ainda tem a chave?
— Sim.
— Então pode me entregá-la?
— Os segredos daquele lugar permanecerão selados — disse Sariel irredutível.
Yaxun bufou frustrado e não insistiu mais.
— De qualquer maneira, basta me dizer se precisar de algo, farei o possível para atender seu desejo.
Ao ouvir isso, Sariel finalmente assumiu uma postura séria.
— Neste caso, recuse o pedido de Aegreon.
— O quê?! Por qual motivo?
— Não importa, apenas faça isso.
— Mas... Eu não posso! Ele é do Conselho e já salvou meu reino antes!
— E eu também, portanto estou usando meu pedido para anular o de Aegreon.
O rei permaneceu em silêncio enquanto se sentia conflitado.
— Além disso — continuou Sariel —, não diga a ninguém que fui eu quem lhe pediu para recusar o pedido dele, incluindo Aegreon.
Ao ouvir isso, uma expressão firme surgiu no rosto do rei.
— Eu concordo com seu pedido, entretanto não posso concordar em manter em segredo que o motivo disso é você, já que ele é do Conselho.
— Há algo que lhe faça mudar de ideia?
Com isso, a expressão de Yaxun mudou novamente e um pequeno sorriso surgiu em sua face.
— Me dê a chave, e mantenho isso um segredo de Aegreon.
Sariel permaneceu em silêncio e pensativo. Estava claramente pensando cuidadosamente sobre a escolha diante de si.
— Eu lhe entrego a Pedra de Selagem apenas se fizermos um contrato.
— Feito! — O rei caminhou em direção de sua escrivaninha e retirou uma pequena pedra marrom e losangular, uma pedra de Alteração.
Depois, se sentou perto do viajante e entregou a Pedra de Alteração para ele.
— Pode começar.
— Certo. — Sariel pegou e pressionou a pedra, que começou a brilhar em marrom, e começou a dizer: — Esta gravação é prova do contrato entre mim, Sariel, e...
— Yaxun, rei da Montanha de Fogo — completou o rei.
— Neste contrato, Yaxun oferece manter em segredo, apenas entre nós, sobre meu pedido de recusar ajuda a Aegreon, o Pilar da Conjuração. Eu, em troca, ofereço uma Pedra de Selagem, que serve como chave para um Santuário dos Anjos no antigo reino da Grande Floresta. Eu, Sariel, concordo com os termos deste contrato.
— E eu, Yaxun, também concordo com tais termos.
— Em caso da quebra deste contrato, aquele que romper com ele será julgado de acordo com as Leis de Kura.
Ao dizer isso, a pedra brilhou ainda mais intensamente, para em seguida ter seu brilho completamente apagado.
Este era uma espécie de contrato criado pelos humanos antes mesmo da vinda dos anjos. Acreditava-se ter sido criado pela própria Deusa Kura, para evitar pessoas má intencionadas de enganar alguém em uma negociação, portanto este era um acordo sagrado que até mesmo o Conselho deveria obedecer, afinal, ninguém deveria ficar acima da grandiosa Deusa.
— Está feito. — O viajante guardou a pedra de Alteração nas roupas dele. — Aqui está. — Ofereceu a uma pedra prateada, a Pedra de Selagem, ao rei.
Yaxun pegou a pedra e disse: — Muito bem, recusarei o pedido de Aegreon e manterei isso em segredo.
— Muito bem, devo ir agora. —Sariel se levantou e caminhou em direção à porta.
— Espere.
O viajante parou e se virou.
— Sim?
— O que aconteceu com Pagui? Você não me mostrou.
— Eu o deixei em algum lugar na floresta para que seu corpo não fosse destruído no conflito. Eu o entregarei de volta à sua filha.
— Na verdade, prefiro que não diga nada a Quetzal. Ela ficará arrasada se souber... Pode enterrá-lo em algum lugar apropriado.
— Tudo bem. — Sariel abriu a porta e começou a deixar a sala.
Enquanto isso, Yaxun segurava a pedra na altura de seus olhos e a observava atentamente. Contudo, enquanto a olhava, uma pequena fissura surgiu na superfície da pedra e se alastrou por todo o objeto. Em apenas alguns segundos, o item estava totalmente danificado, até que não resistiu e se quebrou em milhares de pequenas partículas prateadas.
Como esta pedra era feita de puro poder do elemento Selagem, as partículas prateadas se diluíram no ar, impregnando o ambiente com este elemento.
O rei, surpreso com o que acabara de acontecer, olhou para o viajante, que estava parado e de costas para ele.
— Foi um prazer fazer negócios com você, Yaxun. — Virou levemente o rosto, o que permitiu que o rei percebesse um sorriso jocoso nele. — Até breve... — Sariel então deixou a sala.
— Droga! — O rei, furioso, socou sua mesa, quebrando-a instantaneamente. O contrato havia sido concluído, portanto ele deveria cumprir com ele, mesmo que tivesse sido enganado como nunca fora em toda sua vida.
***
Sariel e Yaxun acabaram de deixar o local e se dirigiram ao palácio, deixando Luna, Aegreon, Shiina, Raymond e Quetzal.
Aegreon, sem dar nenhuma satisfação, caminhou para a montanha e a subiu.
— Não confio nele... vou seguí-lo e ver o que pretende fazer... — Raymond começou a seguir o Pilar.
— Raymond, espere! — Luna o parou.
O guarda-costas se virou e se aproximou dela.
— Sim, Vo... Luna?
Luna olhou no fundo dos olhos dele e perguntou: — Sabe quem é Elise?
Ao ouvir isso, uma pequena expressão de surpresa surgiu em seu rosto. Depois, com uma voz quase imperceptivelmente nervosa, perguntou: — Onde ouviu este nome, Luna?
— De uma conversa dos guardas do palácio — mentiu a princesa.
— Ah, não sei, nunca ouvi este nome antes...
— Mentira... — disse Quetzal. — Até eu sei quem é Elise, por que está escondendo isso de Luna?
O guarda-costas olhou surpreso para a filha de Yaxun.
— Espere, você sabe?
— Sim — afirmou Quetzal, que depois olhou para Raymond de maneira penetrante. — Vai dizer tudo a ela ou terei de fazer isso eu mesma?
O guarda-costas, olhou para ambas as princesas e suspirou derrotado.
— Elise... era a rainha de Fordurn, esposa de Geoffrey.
— O quê? Ele era casado?!
— Bem...
— É melhor conversarmos sobre isso em um lugar privado — disse Quetzal. — Vamos para meu quarto.
Todos concordaram e se dirigiram ao palácio. Em pouco tempo chegaram aos aposentos da princesa.
— Pode dizer por que está conosco? — Raymond encarou Shiina, que havia os seguido silenciosamente e quase sem ser notada.
— Parece algo importante, minha magia poderá evitar que alguém nos escute. — Mostrou a mão que emitia um brilho rosa. — Me permitem?
— Vá em frente — disse Quetzal.
Mais uma vez, Shiina envolveu o quarto com aquela mesma magia.
— Muito bem, por favor, começar a falar, Raymond.
— Bem... — começou ele.
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