Volume 2
Capítulo 7: O Amor é a Mais Forte Espada
"Ocê não está se esquecendo de nada?"
"Hã? Não... do quê?
"Sua espada homi!"
Aquela era sua eterna companheira. A espada com a qual ela havia herdado de nosso pai, já que ele é o primogênito. E o qual ele nunca desgrudou desde o falecimento do mesmo. Foi com ela ao seu lado que ele conseguiu a sua fama. Muitos até criaram lendas de que a mesma era lendária.
Me surpreendi em ver que ele havia a esquecido. Ele nunca se desgrudava dela. Mesmo que a espada não parecesse estar em suas melhores condições ela provavelmente seria útil a ele. Bem, a espada parecia com ele.
"Ah... é verdade..."
Ele acabou pegando a espada e voltou mais uma vez a frente da porta. Antes que ele saísse resolvi o provocar um pouco.
"Não vai me dizer que você esqueceu de sua eterna companheira? Eu disse: ocê parece estar tão enferrujado quanto sua espada!"
"Hum, é verdade que estou enferrujado. No entanto, você está errado sobre uma coisa Gerald."
"Hã? Sobre o que exatamente?"
"Minha eterna companheira já morreu há algum tempo."
"..."
Naquela época, eu enxergava aquelas palavras como mera covardia de Ruipert. Como se ele tivesse afrouxado. Ele não se parecia em nada como o homem o qual eu enxergava como rival. Parecia mais um fraco.
Só mais tarde consegui entender o significado de suas palavras.
***
Algum tempo depois, um barulho estrondou por todo o vilarejo. Estava com Shannah em mãos, quando olhei para a janela e notei todo a vila em festa e comemoração. Não era difícil entender o que aconteceu. Ruipert o herói do vilarejo havia finalmente derrotado Bësch. Agora, todos estavam finalmente livres do monstro que assolava aquele lugar. Junto de Shannah saí e junto de todos comemorei a vitória do vilarejo.
No entanto, depois de algum tempo notei algo estranho. Algo que já estava me deixando com uma pulga atrás da orelha. Comecei a perguntar sobre a minha dúvida para os moradores, mas eles estavam tão enlouquecidos com a derrota do monstro que pareciam não se importar com nada além disso.
Ainda sim, minha preocupação não diminuiu. E como a floresta é bem perto da vila notei que alguns dos meus companheiros caçadores estavam todos junto perto da entrada da floresta. Com a criança em meus braços, corri em disparada para de junto deles e perguntei:
"Onde... arf... onde está Ruipert...?"
"..."
"Diga logo! Onde está Ruipert?!"
Ele nem precisou dizer de fato. Os caçadores que estavam ali apenas abriram passagem para mim e revelaram onde ele estava. Ruipert estava com ferimentos gravissímos e sangue não parava de jorrar por cada canto de seu corpo.
"Ele foi pego de surpresa enquanto observava um veado machucado. Acho que... ele está um pouco enferrujado e acabou não notando que era Bësch que havia feito aquilo..."
"..."
"Parece que Bësch diferente de Ruipert... não deixou a chance escapar..."
"..."
"No entanto, mesmo sofrendo o primeiro e segundo ataque, Ruipert tentou encravar a espada no pescoço do leão, que partiu. Parecia tudo acabado para nós, afinal ele não tinha mas a sua temível espada... mas... ele se deixou levar um último ataque e com uma sucessão de socos na cabeça do leão... conseguiu vencer..."
"...cale... a... boca..."
"Nós não iríamos trazer ele aqui, devido aos seus ferimentos. Mas, ele insistiu... como seu último pedido..."
"EU FALEI CALE A BOCA!"
Para mim, aquilo era impossível. O homem o qual enxergava como invencível e meu eterno rival estava caído no chão como sua espada quebrada. Nem mais sua eterna companheira estava ao seu lado agora. Ainda sim, ele respirava e eu queria escutá-lo uma última vez.
"Ge...rald... você... es...tá....a...i...?"
"Sim, estou aqui."
"Que...bom..."
Ruipert havia sido o herói do vilarejo mais uma vez. Mas, por alguma razão, eu não estava feliz.
"Por que ocê... lutou contra Bësch? Se você tivesse fugido, você provavelmente estaria bem..."
"..."
"Ocê não odeia a sua fama? Essa vila? Ocê tem sua filha para cuidar não é? Então... por quê?"
"Como... posso.... odi...ar... o... lu...gar... onde... vi...vi...? Eu pedi... para que... me...trouxe...sem... aqui... para...ver...a.... vila...e... minha... casa... uma...últi...ma... vez...."
"Então, por quê...?"
"Eu... não podia... deixá-lo pas...sar... se não... você... e... Shan...nah... estaríam... em... peri...go... o... vila....rejo... tam...bém... eu... não... podi...a ...deixá-lo... ir..."
"Se... ocê tivesse ao menos treinado nesse meio tempo... ocê não teria..."
"Gerald... já... basta..."
Aquelas palavras me machuram por dentro, mas do que qualquer arma.
"M-mas... Sniff... argh... m-mas...."
Eu o odiava. Ou achava isso. E mesmo assim, lágrimas escorriam pelos meus olhos e caíam em sua face.
"..."
Ruipert parecia continuar olhando para cima. Por isso, não notei quando seus olhos se viraram para mim.
"Gerald...ocê pode... me... deixar... vê-...la... antes... de..."
"Sniff... claro..."
Eu coloquei ela bem perto de seu rosto. Para que ele pudesse enxergá-la bem, já que ele deveria estar quase apagando.
"Ah...sniff...d-droga..."
"Hã...?"
"Eu sou... um... pai horrível... não...é... sniff... e-eu... prometi... que nunca... chora...ria... em sua..frente... filha..."
Como se ela soubesse do que ele estava falando, Shannah começou a chorar. Tão alto quanto pôde. Provavelmente as pessoas do vilarejo deveriam escutá-la, mas ainda sim, continuavam a cantar, festejar e comemorar a vitória.
"Gerald... por favor..."
Eu já sabia do que ele iria falar. Mas, o medo junto com o desespero ao vê-lo partir tomaram conta de meu corpo. Eu sabia que tinha que contar a ele sobre tudo.
"Eu não posso Ruipert! A culpa foi minha... eu..."
Porém, minhas palavras foram interrompidas pelas palavras gentis e calorosas do meu irmão.
"Gerald... só... você... pode... fazer... isso..."
"...Afinal... você... não... a... largou... mesmo agora."
"Ahh... ah... sniff... ahhhhhhhhh!!"
Com as mesmas palavras que sua esposa lhe confiou Shannah, ele também me disse:
"Gerald... por favor... cuide de minha esperança..."
Ruipert então faleceu.
Eu havia dito mais cedo, que não havia o entendido. Que suas palavras não chegaram á mim. No entanto, naquele momento eu entendi.
Ruipert não esqueceu sua espada. Ele apenas havia encontrado outra mais forte. Afinal, não importa quão forte seja uma espada, ela não é inquebrável. No fim, ela é um monte de ferro que com o tempo se enferruja. Um pedaço de ferro este que tem o único propósito derramar sangue.
A espada que Ruipert encontrou é imutável. E é mais forte que qualquer espada feita de aço. Algo que eu não pude notar, mas Ruipert sim. Afinal, essa espada não é feita para derramar sangue, mas sim para proteger.
Ruipert amou...
...seus pais...
...seu irmão...
...sua esposa...
...sua filha...
...e sua casa...
E o amor é a mais forte espada.
No fim, sua espada de aço quebrou. Mas, seu amor protegeu a todos.
Notas do Autor: Todas as Ilustrações dessa novel são feitas por IA. Comentem e façam teorias, leio e respondo todos os comentários
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