Volume 1
Capítulo 24: Angústia
Havia se passado 2 meses, desde que eu havia passado pelo último treinamento. O que posso dizer, é que por mais que estivesse ficado feliz a princípio por ter superados aqueles desafios custosos, mais tarde, descobri que infelizmente não poderia sequer ter tempo para comemorar a minha vitória.
Já algum tempo, Erich não estava nada bem. E isso parecia piorar a cada dia. Mas, não era como a alguns meses atrás. Onde ele ficava mais dias com saúde do que dias debilitado. Desde que eu o havia trazido para casa — há 2 meses atrás — Erich praticamente não saía da cama.
Tudo era muito custoso para ele. Ele passava todos os dias deitado e, ás vezes, até com febre. Quando isso acontecia, isso até mesmo me afetava. Eu ficava tão nervoso e preocupado que quase passei mal diversas vezes. Sempre que isso acontecia, evitava de ficar na frente de Erich para que ele não notasse o meu nervosismo e piorasse.
Eu não tinha muita experiência em cuidar de alguém doente. O máximo de situações parecidas que vivenciei, talvez fosse as que — eu fiquei doente — e as que Hana adoecia. Mas, normalmente, quando Hana adoecia minha mãe voltava correndo para casa. Ela largava até do trabalho para cuidar dela.
Além disso, quando Hana e eu, começamos a viver com nosso avós. Sempre que Hana ficava doente, quem cuidava dela eram eles. Claro, eu também ajudava de uma ou outra maneira... eu sabia fazer uma compressa fria, por exemplo. Mas, não muito além disso.
Isso me faz lembrar, por sinal, uma vez que meu avô me disse para eu observá-lo cuidar de Hana. Eu queria sair e ele estava enchendo minha paciência. Não entendia o porquê dele estar me irritando, se eles já estavam cuidando dela. Ele dizia:
— Satoru, seria bom você observar como nós cuidamos de Hana...
— Por quê? Você já está fazendo isso por mim mesmo! — Estava puto com ele. Pra mim, ele só estava procurando uma maneira de não me deixar sair, usando Hana como desculpa. Isso me irritava... na minha visão, ele apenas estava me tratando como uma criança.
— Olhe! Só é um resfriado... amanhã ela já estará bem melhor, não é Hana? — Indaguei, olhando pra Hana que estava deitado alguns passos no futon, no chão de tatame.
— I-Irmão...
Hana virou seu pequeno rosto em minha direção. Sua respiração era um pouco incessante. Ela também parecia estar suando bastante devido sua temperatura corporal que devia estar um pouco elevada. Quando ela fez isso não vou mentir que senti uma pontada de dor em meu peito e um peso em minha consciência.
— Fi-fique comigo... por favor... Cof! Cof...
Porém, quando ela disse aquilo, mais uma vez fiquei alterado. Não conseguia entender o porquê de Hana fazer tanto drama por causa de um simples resfriado. A única coisa que veio em minha mente, na época, era que ela estava de complô com eles. E que ela apenas estava se aproveitando de sua condição.
"Até você, Hana?!"
"Você está do lado deles também?"
Enfurecido, me virei para porta em direção a saída. Era inverno, estava fazendo bastante frio... mas eu não me importava! Eu só não queria mais ver a cara deles na minha frente.
Entretanto, antes que eu pudesse sair, eu escutei algumas palavras vindas de meu avô. Já estava com a mão na maçaneta quando escutei sua voz rouca.
— Você não entende, Satoru?
— Hana apenas quer que você fique ao seu lado e que segure a mão dela. Você não pode fazer apenas isso?
— [...]
— Se fizer, esse será o melhor remédio que poderá dar para ela. E assim, ela com certeza, ficará boa...
— [...]
Aquelas palavras como uma espada afiada penetrou em meu peito. Minha mão antes determinada a girar a maçaneta, se tornou covarde e indecisa. Me perguntava o que aquele velho queria dizer com aquilo.
"O melhor remédio para Hana... sou eu?"
Isso não fazia sentido para mim. Hana não estava sozinha, ela estava junto de seus avós queridos. Além disso, o vovô não costumava falar tão sentimentalmente então não compreendia sua mudança repentina.
O que sabia ,era que, se olhasse para atrás perderia minha compostura. Minha determinação se esvairia. Não conseguiria mais dar uma passo adiante. Por isso, apenas respirei fundo mais uma vez e disse:
— Estou saindo...
Então saí pela porta da frente sem nem olhar para trás...
***
Pensando agora, talvez o vovô tivesse razão. Se eu tivesse prestado atenção em como ele e a vovó cuidavam de Hana, talvez essas habilidades seriam úteis agora. Por isso, não conseguia deixar de pensar que se algo viesse a acontecer com o velhote, isso seria minha culpa.
— Oi, velhote...
Ele não podia me escutar visto que estava dormindo profundamente. Mas, por alguma razão, ainda gostava de falar com ele.
Havia acabado de voltar da cachoeira com um balde de água. Então, me dirigi a mesa que fica ao lado de sua cama e procurei alguns trapos velhos. Lembrava de já ter visto Erich pegando alguns ali para costurar sua velha capa. Me resguardava que ficava um pouco mais no fundo da gaveta.
— Cof... Cof...
Toda aquela poeira que ficava no fundo veio de uma só vez quando puxei um dos trapos. Aquilo me fez tossir como louco. Erich não acordou mesmo com todo aquele barulho. E prometi a mim mesmo, que eu deveria limpar essa coisa no dia seguinte.
Com um copo velho de cerâmica, peguei um pouco da água e busquei primeiro limpar toda aquela poeira presente na superfície do pano. Obviamente, isso foi feito fora de casa. Fiz isso algumas vezes até sentir que o trapo estava minimamente em condições aceitáveis. Torci ele bastante e voltei pra dentro da cabana.
Em seguida, molhei o pano na água fria mais uma vez e, depois de torcer bem coloquei ele na testa de Erich. Não era muito, mas é o que podia fazer por ele. Também prometi a mim mesmo que caso ele não melhorasse de hoje até amanhã, buscaria ajuda na Vila de Yve.
Seria bem humilhante para mim, mas se isso fosse necessário para que Erich ficasse bem, faria isso sem pensar duas vezes!
— Ufa...
O cansaço veio todo de uma só vez. Parecia que eu tinha sido atropelado... meu corpo estava todo dolorido...
Erich ainda dormia profundamente. Talvez, ele me permitisse descansar um pouquinho. Por enquanto, apenas torceria para que ele acordasse logo...
Então, apenas me recostei na cama de Erich e adormeci.
***
— Iori... acorde, Iori
— Ghhh...nghh...
— Iori!
—...Ng- Ve-velhote?!
Meu coração quase saiu pela boca! Erich estava na minha frente!
Me levantei desesperado, ele não podia fazer isso. Ele estava em péssimas condições.
"E se ele piorar mais uma vez?!"
— Velh-
— Iori, vamos.
— Hã?! Vamos pra onde?! Você já viu suas condições, velhote?!
— [...]
— Ainda não acabou.
Não compreendia o que ele estava dizendo. Pra mim, ele estava delirando por causa da febre.
— Ainda não acabou o quê?
— [...]
— Seu treinamento...
— O... qu-quê...?
—...Há mais uma coisa que preciso te ensinar...
Notas do Autor: Todas as Ilustrações dessa novel são feitas por IA. Comentem e façam teorias, leio e respondo todos os comentários