O Pior Herói Brasileira

Autor(a): Nunu


Volume 1

Capítulo 15: Erich Lume (3)

O Garoto parecia estar sem palavras. Talvez, não esperasse a minha reação. Os olhares em minha voltam pareciam, enfim, ter cessado. Possivelmente, eles perceberam que não se tratava de nada de mais.

Pequenos flocos de neve começaram a cair do céu mais uma vez. Felizmente, não parecia ser tão forte a ponto de eu ter que voltar pra casa. Entretanto, eram suficientes para — pintar de branco — o cabelo do pequenino. Suas pequenas orelhas estavam vermelhas como tomates; seu nariz parecia estar avermelhando também.

Suas roupas estavam visivelmente desgastadas. Ele não tinha uma aparência de um nobre, então, talvez ele fosse apenas um morador comum. Não estava tão frio, mas ele era pequeno. Por isso, resolvi entregar minha touca de frio. Era cara, mas, ele parecia precisar mais do que eu.

Ele pareceu ter ficado encabulado. Talvez, sua mãe tivesse o aconselhado a não receber nada de estranhos ( mesmo que fosse um nobre ).

— Não se preocupe — disse, tentando ao máximo imitar a voz meiga de minha mãe. — apenas não quero que você pegue um resfriado.

— [...]

Não demorei pra colocar a touca nele. Ficou um pouco grande, mas, pelo menos, talvez aliviasse o frio em suas orelhas.

— Obrigado.

— Hehehe! De nada!

Acho que foi naquele momento que ri igual Holly pela primeira vez. Algo estranho que se tornou uma rotinha com o tempo.

— Mas, então, o que você queria falar comigo?

A minha risada parecia ter aliviado a tensão do garoto. O mesmo retribuiu com um lindo sorriso de volta pra mim. Segurando seus pequenos dedos, ele parecia ter finalmente reunido a confiança necessária para falar comigo.

— Sim. Eu queria falar sobre a senhorita Holly.

— Ela tem algum problema?

— Sim...

A expressão — antes alegre — do garoto mudara completamente. Como nuvens de chuva cobrissem um céu antes claro. Com certeza, era um assunto delicado. Se continuasse assim, era possível que ele não conseguisse contar para mim. Por isso, eu tinha que fazer ele abrir o coração já que era um assunto urgente.

— Você é amigo de Holly, correto? — Perguntei ao garoto.

— S-Sim! Ela sempre brinca comigo!

— Como um amigo dela, eu sei que você vai tomar a melhor decisão. Sei que você quer o melhor para ela. Então, não precisa temer nada.

— [...]

— E-Eu... vou dizer...

— Obrigado.

Enfim, livre de toda aquela tensão, o garoto parecia disposto a falar sobre o assunto.

— A-A senhorita Holly está com um grande problema!

“O que será que é tão difícil de falar sobre? O que aquela garota está passando?”

— Que problema é esse?

— Ela vai ser dada em casamento para um nobre. Ela veem estando muito triste desde que recebeu essa notícia! Por favor, ajude a senhorita Holly! Por favor... — Implorou o garoto.

“Então é isso...”

Isso não aparentava ser problema algum para mim. Isso parecia mais um futuro — ideal. Justamente, o que eu queria pra ela. Dessa maneira, ela não precisaria mais ficar correndo atrás desses sonhos inacalçanvéis e por fim, poderia ter uma vida feliz e rica como uma esposa de um nobre.

— Já faz um tempo desde que ela parou de brincar conosco. Ela apenas fica em casa estudando boas maneiras e no tempo livre vai para o bosque. — Exclamou, o garoto. — Essa não é a Holly que eu conheço! Os outros também estão ficando preocupados com ela...

Quando ele disse — os outros — provavelmente estava se referindo as outras crianças. Eles devem ter notado a diferença no comportamento — feliz e alegre — de Holly. Talvez até mesmo alguns moradores possam ter percebido essa diferença de personalidade também. Não seria incomum, visto que, até mesmo que não a conheço a tanto tempo, notei.

Envolto em meus pensamentos, o garoto que falava sem parar, enfim, pareceu ter percebido minha desatenção.

— Moço, você está me ouvindo?

— Oh! Sim, claro. Continue...

Não conseguia ver isso como algo — ruim — de nenhuma forma. Sim, entendia a tristeza repentina de Holly: aprender a estudar muito, boas maneiras, ética e todas essas coisas de nobre de vez seria desafiador. Qualquer um ficaria estressado. Talvez, como uma garota, ela quissesse decidir com quem ela gostaria de se casar. Mas, ela nasceu como uma nobre, ela sabe muito bem as responsabilidades que envolvem isso. Além disso, todo conforto financeiro que ela terá se seguir as regras, com certeza, se sobrepunharia a isso tranquilamente.

Com certeza, no futuro, ela veria tudo isso que ela está fazendo apenas como — boas memórias — apenas uma — birra — de adolescente. Sim, tinha certeza disso.

— Eu escutei... uma das servas da família Lume dizer que eles já encontraram um pretendente para ela. Escutei isso quando a mesma conversava com outra serva no portão da casa Lume.

Ele pareceu nervoso enquanto remexia em suas memórias. Suas mãos começaram a tremer vagorosamente.

— Entendi. É realmente impressionante...

— Por favor... ajude Holly. Ajude a nossa amiga. Eu não quero continuar vendo ela triste assim... você é um nobre não é? Ajude-a por favor!

Notei que pequenas lágrimas brotavam no canto de seus olhos. Elas desciam calmamente pelas suas bochechas e caíam na neve. O quão é importante Holly pra esses pequenos?

— Certo. Farei isso. Ela está mais adentro no bosque, correto?

— S-Sim. Ela não gosta de ser interrompida quando está sozinha, nem de falar sobre essas coisas conosco. Contudo, ela parece não se importar se for você.

— Por que diz isso?

— A última vez que vi ela sorrindo, foi quando você estava conversando com ela. Ela até lembrava a Holly que nós conhecemos.

— [...]

— Entendi. Sim, vou falar com ela. — Disse, retribuindo com um sorriso.

Me virei para o bosque. Tenho certeza que ele não é muito grande, mas ainda sim, não seria inteligente perder tempo. Mas, antes disso tinha que dizer mais uma coisa.

— Hey, garoto.

— S-Sim...?

— Qual é o seu nome?

— Eitee.

— Eitee, Holly tem sorte de ter amigos como você.

G-Glup...Sniff...

O garoto sem palavras, começou a chorar um pouco. Mas, essas lágrimas logo se transformaram em um grande sorriso e gritos de boa sorte.

— Você consegue, moço!

Levantando meu braço para cima como um grande herói, respondi aos gritos do garoto.

Ao entrar no bosque, logo percebi, que ele não era tão denso quanto parecia por fora. Apesar disso, árvores cheias de neve e gelo me envolviam, como em um grande círculo nevado. Isso me fizera pensar um pouco sobre Holly: “Será que ela ainda estaria ali?”

Tinha minhas obrigações com minha familia e já tinha perdido bastante tempo com aquele garoto. Por isso, não seria racional demorar mais do que isso. A neve poderia ficar pior e não teria como mentir sobre onde estava para o meu pai. Talvez fosse até melhor voltar em outro momento, assim poderia raciocinar sobre o assunto com mais calma e achar a melhor solução para Holly.

Cada vez mais neve caía dos céus, não seria difícil de imaginar que ela já teria saído dali. Talvez apenas teríamos nos desencontrado. Havia acabado de chegar ali, mas o frio e a neve me fazia ficar um tanto ansioso sobre isso. Então, quando estava prestes a dar meia-volta notei passos pequenos na neve. Com certeza não era os meus, visto o tamanho que calço, e além disso, havia acabado de chegar ali.

“Seria os passos de uma garota?”

Isso seria mais realista. Se é de uma garota, com toda certeza, seria os passos de Holly. Com isso em mente, não havia qualquer outra opção. Se demorasse mais um pouco a neve iria cobrir os passos delas. Essa era minha única chance. Então me movi sobre a neve — com cuidado — a todo tempo me certificando de não pisar sem querer nas pegadas da jovem garota.

Após algum tempo, não demorou para que eu notasse uma figura conhecida: Era Holly.

De trás das árvores, meu olhos se encontraram com a silhueta daquela garota. Uma visão efêmera. Seu corpo esguio se unia com a neve. Seus cabelos castanhos se destacavam no meio de todo aquele branco. Entretanto, diferente do habitual, hoje ela vestia uma roupa mais adornada com joias verdes e roxas, somadas a um casaco de frio marrom que parecia ser sua cor favorita.

A garota não deixava de olhar para cima, como se esperasse por algo. Seria um milagre? Não sabia. Os pequenos flocos de neve que descia dos céus pareciam felizes por se encontrar com a garota, como se esperasse por ela. Seria um milagre? Talvez. Mas, era um visão linda. Mais linda que qualquer coisa que já tenha visto.

Meus olhos se voltaram ao rosto da garota. Em seus olhos, pequenas lágrimas surgiam dele. Eram muitas, mas gentis; tão pequenas que pareciam se tornar neve naquele paraíso branco. Um milagre.

Mas, por que ela estava parada ali. Ela está esperando pelo quê? O que tanto aflige o seu coração?

“Por favor, me diga o porquê.”

Devido a minha desestabilização repentina, acabei pisando em um graveto. O barulho não foi muito alto, mas foi o suficiente para chamar a atenção da jovem garota. Com um movimento tão sensível e natural, seu pequeno rosto se voltou para mim. Isso fez meu coração saltar um pouco.

Quando nossos olhos se encontraram foi como se o destino estivesse pregando uma peça conosco. Seria essa apenas uma brincadeira dos Deuses? Estaria eles brincando conosco?

“Se for, faça que esse momento dure mais um pouco.”

A resposta dos Deuses não demorou a chegar. A garota respondeu ao meu olhar de surpresa com um doce sorriso. Como se esperasse minha chegada ali.

Hehehe! Então, é você de novo, nobrezinho!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Notas do Autor: Todas as Ilustrações dessa novel são feitas por IA. Comentem e façam teorias, leio e respondo todos os comentários

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



Comentários