O Nefilim Primordial Brasileira

Autor(a): Ghoustter


Volume 3 – Arco 3

Capítulo 215: Usurpador

O Boss que evoluía e despertava novas Habilidades Inatas durante a progressão da luta; quanto mais pressionado, mais forte; quanto mais demorado o confronto, mais problemático o maldito se tornava.

Face a face com o poder da Gema Espectral do Pseudoleviatã, Lucius se viu pondo um pé para trás e, com o corpo inclinado para a frente, entrando em uma posição mais cautelosa antes mesmo de sequer pensar em avançar.

“Aquele Boss tinha alguma técnica desse tipo?” O tenjin suspirou, apreensivo. Ele leu o relatório do portal de Oprantis, então que técnica do Pseudoleviatã foi aquela que engoliu a Luz Celestial? — Mesmo depois de morto, ele continua a evoluir? É possível?

— Ah! Com certeza é! — Cuspindo um tanto de sangue antes de se levantar, Dreison arrancou a sua katana do chão e fez um corte agudo no vento, levando a lâmina absoluta para a lateral. — Um ítem perfeito para o majin mais capacitado!

— Você é um ladrão, apenas! — Com um pé adiante e um apontamento rápido da Longinus, o Lucius disparou um resplendor intenso de luz áurea que derreteu tudo no caminho com o seu calor, exceto a arma do adversário, que absorveu o ataque.

— Hahaha! — Levando uma mão ao rosto erguido ao céu, o majin gargalhou sem qualquer preocupação em relação aos ataques do adversário, que ao contrário dele, estava com os olhos a ponto de saltarem das órbitas. — Um ladrão? Hahaha! O que acha que eu sou?! Um tenjin, por acaso?!

Para um majin, roubar era o menor dos pecados. Além disso, o que aquela Petra iria fazer? Iria pôr a Gema Espectral de um monstro demoníaco em uma arma divina como a Bellatrix? Ele, apenas ele, Dreison Asimorph, era um portador adequado.

— Lata o quanto desejar. — Como um louco, o majin segurou a Devoradora de Sombras com as duas mãos e perfurou a sua própria barriga, no entanto, quem grunhiu com a dor foi o Lucius. — Você já perdeu todo o seu pedigree e não passa de um vira lata, Desafortunado da Luz.

Um portal espacial ligava o peito do soberbo à sombra do tenjin, onde a lâmina da katana perfurava as suas costas. Dreison moveu a arma para baixo e, ignorando a resistência do corpo do adversário, cortou-o desde o peito até próximo da cintura.

— Tente desafiar o poder de uma Besta Sagrada Demoníaca — provocou o usurpador, com um largo sorriso no rosto enquanto o outro caía de joelhos e encharcava a sua camisa com o vermelho do sangue pungente. — Tente e falhe na minha frente.

— Agora eu me ferrei legal. — Mesmo fechando os furos em seus braços e pernas, Luminas ainda possuía o sangue da Perséfone correndo em suas veias. — Bom, acho que estou nos momentos finais da minha tão simples e curta vida.

No pouco tempo que ainda possuía antes de ter um treco por causa do sangue incompatível, ou ter os seus vasos sanguíneos derretidos por um sangue ácido, ou pior, virar um brinquedo nas mãos da assassina, Luminas trouxe brilho aos símbolos da sua espada e proferiu:

— 100% de chance de ser atingida por uma tempestade sol… — Um estalo de dentes, e a garota quase mordeu a língua, com o movimento involuntário do maxilar. — Huh?! — Então Perséfone fez a sua escolha.

A mão da espadachim se contorceu e girou contra o pulso, quebrando e deixando a Espada da Eventualidade cair desde o céu até a terra. Se a boca estivesse aberta, o grito da moça soaria mais forte, diferente da dor reprimida em sua garganta.

— Você parecia meio despreocupada — sussurrou a assassina, no pé do ouvido da sua vítima, o seu novo brinquedinho. — A minha Marionete de Sangue já ativou, então, será que as suas probabilidades ainda vão servir de algo? — Passava os braços ao redor do pescoço da Luminas.

Perséfone, em seu abraço pelas costas da adversária, enfim teve um contato direto com a pele quente e macia dela. Descansou no calor aconchegante da espadachim e esperou uma resposta.

— Ah! Você tá com a boquinha fechada, é mesmo. — A assassina deu uma risadinha; tocou o queixo da outra, e o maxilar ficou livre. — Desculpe a minha memória ruim.

— Ur… Argh…

— Vai. Fala logo — insistiu a insensível. — Você era um brinquedo que prometia muito.

— Nunca prometi nada.

— Olha. Falou.

— Já você podia calar a boca, né?

Perséfone riu baixinho, e a outra mão da Luminas virou, invertendo a posição das costas e da palma; e, dessa vez, a jovem tenjin não teve o grito preso em sua boca.

Aquela menina tinha a voz dolorosa mais gostosa que a assassina já ouviu, de todos os que já caíram na sua Marionete de Sangue. Sem resistir ao êxtase, Perséfone também girou os tornozelos dela e inverteu a direção dos pés.

— Ah! Como eu queria que a gente ficasse nessa brincadeira o dia todo. — Infelizmente, para a tristeza da assassina, o tempo era curto por ali; nunca se sabia quando mais alguém poderia se envolver entre as duas. — Que triste, né?

— Nem… um pouco. — Luminas tentava levar a sua mente a outro lugar que não fosse ao membros torturados. Onde estava o Lucius no seu cavalo branco? — Nunca te ensinaram… a cuidar dos seus brinquedos, não?!

— Nem! Nunca. — Com um ar distante, Perséfone levou seus pensamentos a uma época distante e trouxe um um tom mais melancólico para a sua voz. — Eu tive uns problemas com a minha mãe, sabe?

— E quem se ferra sou eu? — Virou o pescoço para mais longe da respiração da majin lunática. — Matasse ela, então.

— Eu matei. — Ao que Luminas encarou a outra garota de canto de olho, um sorriso macabro substitui o ar melancólico de antes da Perséfone. — E como foi bom ter a megera agonizando aos meus pés.

Observando de longe, Luminas sempre soube que Perséfone nunca foi flor que se cheirasse, ainda assim, matar os próprios pais era algo que ela esperava de alguém como o Dreison, e nem ele tinha feito isso.

— Você é doente… — A reação da assassina foi como a de alguém que recebia um elogio, positiva, ao contrário da sensação ruim que bateu no peito da espadachim. — Huh?! — A ressonância pulsou, e Luminas descobriu que o seu príncipe no cavalo branco não iria até ela.

— Ur… Ah! — Recusando-se a cair sem antes reagir, Lucius saltou, mesmo com a agonia do estômago e dos intestinos dilacerados; iniciou a cura dos ferimentos e arremessou a Longinus com força total.

— Já desistiu de usar a luz? — debochou o majin, que se afundou na sua própria sombra e deixou a arma do adversário passar direto para dentro de um portal espacial. — Você vai ser o herói do que agora, então? — Gargalhou, saindo do chão abaixo do tenjin.

Lucius, por outro lado, gelou ao reparar em um portal se abrindo nas suas costas, de onde a Longinus saiu e por pouco quase atrapalhou a cura dos ferimentos recentes.

A lança se desfez na forma de um brilho dourado e então se materializou de volta na mão do seu portador, um ser que ela sempre se recusaria a machucar.

O tenjin respirou pesadamente. O que ele poderia fazer naquela situação? A Anulação de Energia da sua Longinus não estava funcionando por causa da Gema Espectral pertencer ao Pseudoleviatã. Ainda assim, ao menos a Habilidade Inata do Dreison deveria ser negada, a menos que… também estivesse vindo da Gema Espectral.

— O vencedor já está definido — expôs o Majin da Soberba enquanto apreciava a profundidade da escuridão absoluta do poder acoplado em sua arma. — Vai ser muito menos vergonhoso se você se ajoelhar aos meus e entregar a sua cabeça de bom grado. Sim, seria perfeito.

— Nunca. — Lucius suava, e um certo pensamento de fuga passou pela sua cabeça; a ressonância também batia no peito já machucado dele… Luminas. — Prefiro morrer como um miserável a me submeter a esse tipo de vergonha.

— Depois não diga que eu não ofereci misericórdia. — Abriu um largo sorriso, enquanto o espaço se distorcia em total escuridão ao redor da Retalhadora de Sombras. —Você ainda lembra o que é a maior fraqueza da Manipulação de Luz?

— Hã…? — Então foi assim que o infeliz absorveu a Luz Celestial: com a gravidade descomunal de um monstruoso buraco negro aprimorado com poder demoníaco, em sua katana.

No cenário posto, mesmo se o Lucius tentasse se transformar em partículas de luz para fugir a uma velocidade surreal, ele seria devorado pela técnica icônica da Petra Lavour. Não. Toda a Shadowfen e os seus duos seriam mortos em um instante.

A vitória inquestionável estava nas mãos do usurpador soberbo, quando a algumas dezenas de metros dali uma figura humanoide se ergueu lentamente do interior do portal da cidade; e, antes que percebessem, Lucius e Dreison já haviam se virado para o homem de asas negras.

— Esse poderia ser… — O tenjin, apenas de bater o olho no indivíduo, já podia sentir que o pior cenário estava apenas começando. — O Boss do portal?

— O Boss? — Até mesmo Dreison encarou o recém-chegado com certo ar de dúvida e temor. — O Arklev não falou nada sobre um anjo caído.

— Ah… Ela está aqui. — A figura divina corrompida respirou o ar puro, mas parecia farejar o odor de uma pessoa específica. — Eu posso sentir.

Focado em uma certa direção, o anjo pouco reparou nas formigas que brigavam bem ao lado dele, ao menos até que sentiu uma Energia Demoníaca familiar; vinha da arma de um deles.

— Ei, você. — O caído então fitou o majin. — Usar esse brinquedo é uma afronta ao verdadeiro Leviatã. — Franziu o rosto e, inflexível, a sua voz ficou mais grossa. — Vê se joga essa merda fora.


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