O Nefilim Primordial Brasileira

Autor(a): Ghoustter


Volume 3 – Arco 3

Capítulo 213: Luz Contra Escuridão

Desfazendo-se do abraço que dava na sua parceira, Lucius se afastou da garota e tateou a mancha vermelha na sua camiseta enquanto cuidava de fechar o ferimento causado pela Retalhadora de Sombras do majin soberbo.

— Uh?! — Por um instante, o tenjin sentiu o seu peito gelar ao notar que Dreison balançou a katana com o fio desgastado rumo ao pescoço da sua sombra; um instante, e ele seria decapitado, se o majin não tivesse errado o trajeto da lâmina.

— Tsc! — Tirando os seus olhos da sombra do Lucius, para encarar a Luminas, o soberbo teria cuspido no rosto da garota, se ela estivesse mais perto dele. — Se esconder atrás de uma mulher, até onde vai a vergonha do Herói da Luz?

— Até onde eu me lembro, no Sojourner, era você que estava se escondendo atrás da Perséfone — contrapôs Luminas, com um dedo tocando o seu queixo. — Hmm… Esses majins sem vergonha.

— Sua…! — Veloz, Dreison atacou a sombra da garota, errou, óbvio, mas tirou uns pedaços de pedras do chão e chutou um em direção à tenjin, que nem deu bola para mais um erro concretizado. — Mata!

Luminas passou um segundo intrigada pelo fato do Dreison ter gritado “mata” em vez de “morra”, tempo suficiente para que diversas linhas vermelhas surgissem ao redor dela, que facilmente teriam a fatiado, se não fosse por causa da técnica dela.

— Parar de prestar atenção em você, nem que seja só por um segundinho, já é morte quase certa — comentou a garota das probabilidades, para a parceira do majin, que sorria como se nunca tivesse saído do lugar em que estava. — Né, Perséfone?

A majin flexionou os ombros e deixou as adagas penderem para os lados. Com a cabeça inclinada, se fez de sonsa.

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Já o Dreison tinha o seu objetivo muito bem definido e, aproveitando a escuridão que o portal de Shadowfen proporcionava em demasia pelo chão, deu forma a uma incalculável quantidade de esferas negras, as quais arremessou para cima.

Inseguro quanto ao número, já que, se tratando de uma técnica que envolvia a energia do indivíduo, aquelas esferas possuíam 10% de chance de vencer a roleta azarenta da Luminas; Lucius ampliou a área de efeito da Longinus ao redor dele e da parceira.

— Oou… — A barriga da tenjin esfriou com o início da queda livre, até que o Lucius a segurou, de olho na assassina das Lágrimas de Sangue. — Que susto isso do nada — reclamou a garota.

— Sinto muito por isso. — Ciente de que a sua arma divina poderia ser um problema até para o uso da Energia Divina da sua parceira, o rapaz sabia que teria que confiar muito nela. — Vou deixar a Perséfone com você, tudo bem?

— Todo preocupadinho comigo, que fofinho. — Lucius estreitou o olhar para ela; que tipo momento era aquele pra ficar com brincadeirinha? — Ah, tá bom, chato.

Luminas se desvencilhou do abraço, dando um empurrão no peito do parceiro sem graça e partiu rumo à sua adversária.

— Você vai me pagar por isso, seu chato, pode ter certeza.

Veloz, a tenjin foi feliz em cortar a silhueta da adversária, com uma diagonal descendente; apenas a silhueta de uma imagem residual, claro, que se desfez bem na frente dela, enquanto uma enxurrada de cortes dançou à sua volta.

— Me acertar também não é algo tão fácil, e você sabe, né? — Flutuando um pouco mais acima, deitada no ar, Perséfone cruzava as pernas, o que, obviamente, significava que seria mais difícil escapar de um disparo de energia que a outra soltou de um dedo. — Nossa, que perigo.

Como se tivesse se teletransportado, a majin se encontrava de costas para a Luminas, com as adagas para trás da cintura e a cabeça inclinada para a frente, tudo isso antes mesmo do feixe de Energia Divina passar por onde ela estava antes.

— Nós meio que somos duas intocáveis — enfatizou a assassina, dando uma espreitada na adversária, apenas com uma leve virada de rosto. — Eu aposto que isso vai demorar. E você?

Na forma de um flash de luz, Lucius despencou do céu e já se manifestou na sua forma humana, fincando a Lança Sagrada de Longinus à sua frente, o que cortou o fornecimento de Energia Demoníaca do Dreison Asimorph.

— Ah, nossa! O que será isso? — Apenas com a Retalhadora de Sombras como instrumento funcional dentro daquela área, o majin arrogante deu alguns passos de um lado para outro, indagando-se: — Isso significa que você reconhece a minha força ameaçadora ou será que…?

Lucius puxou a luva da sua mão direita em direção ao pulso; finalizaria aquilo rápido, sem dar importância às provocações do inimigo e, então, iria até a Luminas.

— … Você me teme, Herói da Luz?

— Aurora celestial, sublime e imortal… — Frente à entoação do adversário, Dreison se calou. Mesmo que ele tenha franzido o rosto, por trás de um “seu…” raivoso, o que o majin sentia era, na verdade, temor. — Resplendor do coração da esperança…

Dreison cogitou ir para cima do adversário, mas, sem o acesso a sua Energia Demoníaca, nunca calaria a boca do tenjin a tempo; Lucius se posicionou a uma distância segura que o permitisse recitar a invocação da Luz Celestial sem problemas.

— Revelação da eternidade futura… — Em um último movimento de desespero,  Dreison vasculhou a localização da sombra do adversário, caso ele jogasse a katana na garganta… Que azar. A sombra estava por trás do Lucius. — Haja Luz!

O brilho dourado caiu sobre o jovem soberbo antes que ele tivesse a oportunidade de sequer olhar para cima, atingido-o e fazendo-o escancarar a sua boca com urros que marcavam o expurgo da sua existência vil e sórdida de majin.

Lucius arrancou a Longinus do chão corrompido e caminhou a passos lentos até o resplendor áureo, onde o Dreison agonizava. No combate entre luz e escuridão, o vencedor era óbvio.

Até mesmo a mais densa escuridão caía na presença de uma simples vela acesa.

— Vai demorar, é? — Virando-se, já com um corte horizontal em andamento, a lâmina de Luminas passou pelo vento. — Sinto muito em ter que te dizer, mas… — Sorriu para a adversária que havia voado para longe. — Acontece que só existe uma intocável aqui, e essa não é você.

— Uh? — Perséfone já imaginava o quanto o acerto de 100% da Luminas era impressionante, nem mesmo a sua incrível velocidade de assassina conseguiu burlar aquele acerto garantido. — Jurava que a espada não tinha nem passado perto.

— Humph! — Fazendo uma breve acrobacia com a Espada da Eventualidade, Luminas segurou a arma na frente do seu corpo, com a ponta virada para baixo. — Olha, eu tenho uma notícia ruim pra você.

A assassina mal acabou de fechar a ferida da sua barriga e, ao ver os símbolos matemáticos da arma da adversária brilharem, ela já pressentia que teria que se curar ainda mais logo em breve; se ao menos fosse possível se curar depois.

— Pouco importa o quão rápido você seja ou pra onde você vai ir, cortes de espada não são a única coisa que vão te acertar. — Com as nuvens negras de Shadowfen começando a se abrir por causa de um grande corpo rochoso, Luminas declarou: — Será atingida por um meteoro.

Perséfone arregalou as vistas. Nem era pra ter um meteoro passando ali por perto. Maldita Espada da Eventualidade.

De qualquer modo, a assassina foi pega pela densidade elevada de cada tonelada e arrastada com ruído do ar aquecido durante a queda até que ocorreu o estrondo, e Perséfone foi esmagada entre o chão e a grande rocha.

– E aí? Quer lutar ainda? — provocou Luminas, agora com a espada direcionada ao céu, com os símbolos matemáticos na iminência de brilharem mais uma vez. — Ou tá disposta a peitar o segundo?

E o próximo meteoro se manifestou, entretanto, ao contrário do que a tenjin esperava, o corpo rochoso caiu em outro lugar, em vez de atingir o segundo, e o motivo era óbvio.

— Ela já mudou de lugar? — Perséfone foi rápida, ainda assim, estava ferida, e a resistência estava longe de ser a marca registrada de uma assassina. — Mas foi pega pela segunda vez, é o que importa.

No estado em que Perséfone deveria estar, o acerto garantido de uma rajada solar iria acabar com tudo de uma vez por todas; mas, claro, a assassina ainda estava disposta a lutar, e uma chuva de agulhas de sangue foi disparada de onde o segundo meteoro havia caído.

— Humph! Manda mais… — Foi então que Luminas inclinou a cabeça para o lado de repente, e uma agulha, diferente das demais, não teve a sua trajetória afetada pela chance de acerto de 0%. — São feitas de energia?

Aquilo poderia ser problemático, uma vez que agora os projéteis tinham a chance de acerto de 10%, e o pior de tudo, estavam em uma quantidade massiva que cobria toda a extensão do céu, além de surgirem novos por trás, por baixo e pelos lados.

— Da primeira vez, seria inútil usar agulhas criadas por Energia Demoníaca, por causa da Longinus — comentou Perséfone, cheia de feridas, enquanto acabava de sair de um pequeno túnel que ela cavou com as adagas para sair debaixo do segundo meteoro. — Agora sou eu que te pergunto: você tá disposta a desviar disso tudo aí?

“Escudo!” Vendo a velocidade das agulhas aumentar do nada, Luminas nem pensou na ideia de desviar — seria loucura — ao contrário da ideia do escudo que, apesar da garota ter cogitado até que bem rápido, dezessete agulhas já haviam furado a sua carne sem que ela nem tivesse sentido.

Com todo aquele sangue da assassina injetado no seu corpo, tudo o que Luminas podia pensar, ao contemplar o seu estado, era um grande e belo: — Ah, merda.

A alguns passos de alcançar o majin soberbo, Lucius interrompeu sua caminhada; os gritos do Dreison diminuíram, e a Luz Celestial começou a girar em espiral, sendo atraída para um único ponto: para a mão do inimigo, ou melhor para a Retalhadora de Sombras.

— Mas o que…? — Sem perceber, o tenjin querido pelo Céus deixou seu queixo cair. — O que você fez?

— Hahahaha! — gargalhou o soberbo, pouco antes da sua garganta travar com uma bola de sangue gosmenta e azeda. — Argh! — Inclinou-se e vomitou a substância vermelha, escurecida pela sua podridão.

Antes que Lucius aproveitasse o momento de fraqueza, Dreison fincou a sua espada na frente dele, o que levou o adversário a quase dar um passo para trás; a katana estava diferente, mais rústica e, agora, afiada, modificada por uma Gema Espectral que deveria pertencer a Petra.

— Maldito usurpador…! — Lucius cerrou os dentes. Aquele ítem deveria ter sido entregue a quem ficou em primeiro no Ranking Individual do Sojourner: a Gema Espectral do terrível Pseudoleviatã.


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