O Nefilim Primordial Brasileira

Autor(a): Ghoustter


Volume 3 – Arco 1

Capítulo 199: Oxigênio em Extinção

A contragosto e com dor no coração, os arqueiros da Academia de Batalha Ziz se forçaram a cumprir a missão de pôr um fim ao sofrimento dos seus próprios companheiros.

Mais acima, surfando de um lado para o outro no céu, Enzo fazia o possível para provocar a Aberração Nuclear e fazê-la persegui-lo para longe da área dos duos.

Como uma besta voltada apenas para a destruição, a colossal reptiliana judiava do chão a cada patada que dava; quadrúpede e balançando a cauda com os humanos fundidos a ela, tinha sua altura reduzida.

— Roaar! — Rugindo, com os dentes defeituosos à mostra, a criatura voltou a se erguer, com uma grande massa de terra presa em suas garras dianteiras. — Roaar!

— Huh?! — Rápido no pensar, Enzo arremessou sua lança para as nuvens carregadas e se protegeu dentro de um escudo de energia, o que funcionou contra os destroços, que voltaram a cair como uma chuva densa de granizo. — Droga!

O lanceiro abriu um buraco no escudo e pulou para fora o quanto antes, já com a imagem da sua morte na cabeça; e a recompensa veio quando o escudo foi engolido pelo Sopro Nuclear do monstro.

— Ahhhh! — Ainda que um pouco afastado do jato carmesim, a carne das pernas do lanceiro ardiam com o calor do ataque que subiu até às nuvens escuras, as quais brilharam; fruto do investimento anterior. — Resplendor Incandescente!

Carregando os raios consigo, a lança do humano despencou com tudo, estrondosa como um trovão, veloz como a eletricidade, e explodiu nas costelas expostas da criatura colossal.

Com rugidos de dor que podiam ser ouvidos do outro lado da cidade, a Aberração Nuclear se contorceu enquanto sangue escorria do buraco em seu peito e faíscas azuis de eletricidade crepitavam para o lado de fora.

Outros a gritarem e exporem seu tormento foram os humanos na cauda da criatura, que tiveram que suportar o balançar brusco do membro e o impacto no chão, arrastados de lá para cá.

“Logo…” Enzo mordia os lábios e materializava a lança de volta em sua mão enquanto assistia a tortura dos seus aliados, sem que pudesse fazer algo. “Eu tenho que acabar com isso logo”.

Foi então que um machado com raios vermelhos roubou a cena; girando como um disco afiado, deu a volta ao redor da criatura, que tentou abocanhá-lo, e, cirúrgico, decepou a sua cauda.

— São os nossos amigos — proferiu Samantha ao ser encarada pelo cabeça de cogumelo nuclear, que se virou para ela. — Liberte eles.

Como se entendesse a emoção da garota, apesar de não ser possível dizer o mesmo das palavras, a Aberração Nuclear curvou os seus lábios deformados em um sorriso.

Tentáculos de carne e sangue se extenderam da cauda até o corpo e conectaram o membro decepado de volta no seu lugar de origem.

— Seu… maldito — amaldiçoou a garota.

Ao contrário dos sentimentos ruins dos outros dois, Enzo sentia certo alívio ao ver a parceira com um olhar mais determinado, ainda que pelo ódio ou pela frustração.

— É bem difícil fazer isso sozinho, sabe? — comunicou-se o rapaz, por meio do MIC. — Poderia me dar uma mão?

— Eu sei disso — respondeu enquanto recebia o machado de volta. — E é você que vai me dar uma mão.

— Oh! E você já teria um plano por acaso? — Era bem melhor quando ela ficava assim, mas quem também tinha algo em mente era a criatura, ou melhor dizendo, nas costas.

Energizando os espinhos dorsais, a Aberração Nuclear se encolheu, pondo força no abdômen; entrou no que parecia uma espécie de posição fetal para bestas.

Aqueles dois, sempre abusando da vantagem aérea, o domínio dos céus, onde estavam quase intocáveis; já estava na hora de pôr um fim àquela situação.

— Roaaar! — Para o terror dos duos, mais do que apenas Enzo e Samantha, os espinhos dorsais assumiram uma coloração branca e foram disparados das costas da criatura ardente de radiação.

— Se protejam! — gritou Enzo, através do MIC, quando estacas de radiação branca rasgaram as nuvens e iluminaram todo o céu mórbido de Stormhold. — Rápido!

Tudo o que sobe, desce; e as estacas de pura radiação condensada caíram como uma chuva de morte e contaminação sobre as cabeças dos aliados dos Top 4 Rank S.

Incandescentes, do tamanho de prédios, as estacas zumbiram, agudas, no ar e perfurante o chão, afiadas, fazendo-o tremer e gemer com o som do barulho.

— Roaaar! — Com a boca para o alto, a Aberração liberou um Sopro Nuclear de coloração branca, assim como os espinhos e a energia melhorada que roubava o lugar da vermelha; então, ao seu comando, as estacas pulsaram e explodiram por todos os lados, aniquilando Stormhold da face e da história do planeta Calisto. — Roooar!

Imponente no meio da onda ensurdecedora de destruição, a Aberração Nuclear ainda fazia seu forte rugido se sobrepor ao som potente das explosões.

De pé, apenas a criatura que rugia para o alto e o lamento na sua cauda sobraram no terreno varrido pela destruição, com cada casa ou meio de transportes apagados.

Dando as costas e se voltando para o porto de Stormhold, o monstro colossal caminhou a passos lentos em direção à água; a radiação branca, sem limites, vazava do seu corpo aquecido.

Então, com leves tremulações, o espaço cuspiu todos os duos que deveriam ter sido aniquilados pela onda de explosões; cuspidos de dentro do Espaço Dimensional da Classe Guerreiro, Samantha Arganov.

A criatura colossal se virou, seus olhos vermelhos, arregalados, e cerrou os dentes falhados até as gengivas sangrarem.

— Todos, vão para o território aéreo do oceano! — ordenou Enzo, prestando atenção no solo contaminado por radiação. — Continuar aqui é morte na certa.

— Mas e aquela coisa? — perguntou alguém.

— Vão embora pra água logo! — De olho na aberração que começava a correr para cima deles, Samantha eletrificou sua arma. — Vocês vão morrer se ficarem. Sumam!

A guerreira arremessou o machado giratório, que o monstro quis abocanhar, mas teve a parte superior do seu crânio partida em duas partes, que logo se fecharam em uma novamente.

— O que acham que podem fazer contra aquilo?! — indagou a moça. — Saíam!

A contragosto, com um gosto amargo em suas gargantas, os duos se renderam às ordens da sua superior e se dispersaram para longe da contaminação ambiente.

— Realmente precisava tratar eles assim? — flutuando, Enzo deu de cara com a boca da criatura já na frente dele. — Mantha. — Deixando apenas faíscas para trás, o rapaz desviou e foi para cima da cabeça do monstro; arremessou a lança no crânio.

Samantha ficou em silêncio quanto à pergunta do seu parceiro, focada apenas em executar o inimigo; já havia morrido gente demais por causa da incompetência dela.

— Ainda assim, eu quero dois aqui. — Enquanto via o crânio da criatura se curar do ferimento da sua lança, Enzo chamou: — Fiquem, Andrew e Valentina.

O duo que se afastava, junto aos outros, pensou se tinham ouvido direito, o que levou Andrew a indagar o que eles poderiam fazer contra um monstro Rank S; mas o interesse maior do Top 4 estava na garota, a usuária de Manipulação de vento.

— Eu? — questionou-o Valentina.

— Eu só preciso que você crie uma área de vácuo ao redor desse monstro. — Enzo desviava pra lá e pra cá, sempre com a atenção da Aberração Nuclear em cima dele. — Você acha que consegue?

— Acredito que sim, mas… — Incerta quanto às suas capacidades, a garota continuou. — Acho que só em uma área limitada; o monstro vai sair pra fora.

— É suficiente. — Passando pelas costas espinhosas da criatura, Enzo saltou para o alto; e, quando a Aberração tentou se virar, um chicote de eletricidade agarrou o seu pescoço e o puxou. — Eu cuido de manter essa coisa dentro da área de vácuo.

— Nós cuidamos. — Chicotes de eletricidade vermelha se agarraram ao redor do corpo do monstro e o mantiveram preso ao chão. — Já tá esquecendo de mim? — Impõs-se Samantha.

Antes que Valentina hesitasse, Andrew colocou uma mão no dela ombro e inclinou a cabeça, de forma positiva, para ela.

Com um movimento rápido das suas mãos, Valentina fez todo o ar ao redor da criatura se espalhar para longe dela, deixando-a sem oxigênio para respirar.

As pupilas da Aberração Nuclear se dilataram quando ela sentiu os seus pulmões vazios e nada entrar pela sua garganta e boca escancaradas.

— Ótimo! — ovacionou Enzo.

O monstro começou a sangrar; o sangue voltou para o corpo; o sangue escorreu de novo. A Aberração se contorceu, presa pelos chicotes que a eletrocutavam.

O ciclo de dano e cura se repetiu, quando, enfim, o tempo de duração do dano foi superior ao da cura; e o monstro, já em desespero, abriu sua boca, com a iminência de um Sopro Nuclear brilhando no fundo da sua garganta.

— Dessa vez, não! — Samantha fechou a sua mão, e um chicote de eletricidade fechou a boca da criatura, que insistiu em sua intenção assassina. — Morre!

O pescoço do monstro inchou; sua cauda, presa, tremeu; as pessoas fundidas, sangravam; a garganta, agredida pela pressão interna, se rompeu.

Feixes brancos vazaram do pescoço do monstro, que tentava levantar sua cabeça uma vez mais, mas que falhou quando um potente raio azul e um vermelho caíram do céu.

Mais do que apenas contendo o monstro, os Rank S carregaram e liberaram a sua investida final contra a criatura: os raios que se mesclavam em um poderoso e absoluto ceifador Raio Roxo.

Sem suportar a intensidade do ataque, a Aberração Nuclear se despedaçou, e os seus restos voaram para todos os lados; porém, com a capacidade regenerativa de antes prejudicada, não voltaram a se juntar de imediato.

Os dois duos observaram atentos ao seu sucesso até que, enfim, fosse possível suspirar aliviados, e Enzo agradecesse a contribuição de Valentina e dispensasse ela e Andrew por enquanto.

— Que bom que deu certo. — O rapaz mirou em cada pedaço de carne espalhado pelo terreno destruído e cuidou de lançar um raio em cada um até que fossem pulverizados por completo. — Aquele ataque destruidor de oxigênio foi digno de elogios, não acha, Mantha?

A garota flutuou até o parceiro e, indo para trás, encostou as suas costas na dele, calada e cabisbaixa; cruzou os braços.

— É, parte da culpa também foi minha — admitiu o lanceiro. Talvez, caso tivesse pensado em pedir a ajuda da Valentina desde o começou… — Eu sei como você se sente, Mantha.


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