O Nefilim Primordial Brasileira

Autor(a): Ghoustter


Volume 2 – Arco 7

Capítulo 180: Disputa de Resistência

— Soco à esquerda! — Carelli gritou o comando.

O punho do Patrono do Pecado do Orgulho passou rente à bochecha do draconiano, que escapou graças à ajuda da garota.

No entanto, mais rápido do que Carelli poderia compartilhar a leitura dos pensamentos de Romulus, o Patrono foi contra a inércia e retornou seu braço estendido, contra o rosto de Baltazar.

— Urgh! — O draconiano deu um passo para o lado e se viu a ponto de receber uma rasteira do inimigo e ir direto para o chão; entretanto… — Valeu.

Carelli, já nas costas do Orgulho, cortou a camisa dele em meio à liberação de uma onda psíquica, que desestabilizou o grandão por tempo suficiente para Baltazar devolver a pancada que levou na cara.

“Essa desgraçada!”

Em combo, o duo Top 1 da Academia de Batalha Absalon desferiu, um corte cada, no peito e abdômen do oponente; o Orgulho foi jogado para trás, batendo contra um dos caldeirões de plasma escaldante, ao fundo.

— Huh? — Carelli tinha certeza de ter batido com bastante força nele, então porque o Patrono se levantava, do meio do plasma, apenas com o ferimento causado pelo Machado Gram de Baltazar? — Só podia ser um monstro mesmo.

A garota apertou o cabo do seu machado, focando-se em continuar lendo a mente do oponente; aliviou-se ao constatar o estrago que o Fúria de Ego fez no cérebro do grandalhão; o nariz dele sangrava até os lábios.

— Odeio intrusos nas minhas lutas. — Romulus limpou o sangue de seu nariz. — Que seja, vou triunfar no dois contra um.

— Só diz isso porque tá perdendo. — Apesar da provocação, Carelli sabia que o adversário falava a verdade.

Aquele cara adorava resolver tudo no um contra um. A participação de terceiros sempre impedia a certeza de quem era o mais forte no final.

— Vamos com tudo, entendeu? — A garota chamou a atenção do parceiro, sabendo que, contra aquele Orgulho, apenas suas ondas psíquicas e o machado de Baltazar serviam de alguma coisa. — Quanto tempo pra poder usar a Supernova Dracônica?

— Só um minutinho, talvez até menos. — Plasma já havia de sobra, só faltava comprimir tudo no machado. — A gente aguenta até lá de boa.

— Hahaha! — O Patrono abriu os braços, forçando-os a instigar seus músculos. — Se é de tempo que vocês precisam, tudo bem!

— Hã? — Se não fosse pela capacidade de ler mentes, Carelli teria dúvidas.

Aquele maluco estava mesmo disposto a testar a resistência do seu corpo contra a potência de um evento cataclísmico de proporções cósmicas.

— Mas claro — vociferou, ao bater suas manoplas e lançar uma densa pressão de ar contra os adversários — nem pensar que eu vou esperar parado!

Romulus massacrou o chão que pisava e avançou contra a garota primeiro, a maldita espinha de peixe que irritava sua garganta com aquela maldita Leitura de Mentes.

Carelli reagiu tão rápido quanto pôde e bloqueou o soco da manopla negra que reverberou no metal de seu machado.

— Urgh! — Os pés da jovem abandonaram a firmeza do chão.

Por mais que ambos compartilhassem a mesma Classe de Batalha, disputar força com Romulus era causa perdida.

Baltazar se preparou com o Machado Gram, infelizmente, lento demais para evitar o encaixe da manopla no peito de sua parceira, ainda no ar.

— Argh! — Carelli se despediu dali, sentindo umas boas costelas quebradas perfurar seu pulmão direito.

— Haha! — O Patrono correu em direção à garota, já longe, a fim de esmagar a cabeça dela e transformar aquilo no duelo um contra um que ele tanto queria. 

— Ei! — O clamor de Baltazar, por si só, falhou em fisgar o foco do oponente, ao contrário do som metálico do Machado Gram caindo no chão. — Vem pra cima!

Romulus olhou para trás e entrou em êxtase ao ver Baltazar fechando os punhos em posição de combate.

Um embate corpo a corpo.

— Meu sangue ferve! — O Patrono mudou de rumo e deu um soco no nariz de Baltazar, que foi feliz em defender-se, mas não sem antes sofrer com um pisão no pé e uma pancada no queixo, que empurrou seu rosto para cima. — Reaja, dragão! Faça valer a pena!

— Ahh! — Firmando os pés, Baltazar girou seu corpo e devolveu o soco no estômago de Romulus. — Por quê?

O Patrono sorria, sem esboçar qualquer intenção de desviar ou de se defender dos ataques do rival, pelo contrário, deu um chute baixo na perna esquerda dele e permaneceu de guarda exposta.

— Hah! Então é assim?! — Sem dar um passo para trás e sem erguer sua própria guarda, Baltazar fez seu movimento, atacando o ouvido do oponente. — Hah!

Soco após soco, chute após chute, os dois caíram em meio a uma troca de golpes frenética, onde a pressão que se formou ao redor deles impedia a aproximação da garota, que sentia os efeitos ao longe.

A carne do Patrono provava o peso e a dureza das escamas dos punhos de um poderoso draconiano, as mesmas que salvavam Baltazar de ter sua cabeça estourada por cada soco que recebia de milésimos em milésimos de segundo.

Crack!

— Hã?! — Carelli assistia, incrédula, a cena que se desenrolava diante de si.

As escamas de Baltazar começaram a ceder e rachar frente à força surreal do Patrono do Pecado do Orgulho; pior que isso: o corpo de Romulus ainda se apresentava em um estado melhor do que o do draconiano.

Estender aquela troca insana de golpes, onde a defesa era inexistente, só levaria a luta deles a um resultado desagradável.

— Droga… — Seu parceiro ia acabar ficando chateado com ela, se resolvesse se meter no meio daquele caos e atrapalhasse a disputa dele. — Que saco.

O pior era imaginar Baltazar tristonho por não conseguir descobrir quem era o mais forte entre ele e o Orgulho.

Quanto mais se via naquela encruzilhada cruel, mais o resultado do embate entre as aberrações da força bruta se aproximava daquilo que ela mais temia.

Splash!

E o sangue do draconiano manchou o piso do Berço de Plasma Escaldante. Ele revidou, mas o efeito de seu golpe foi inferior ao sofrido, resultando apenas em mais do seu sangue derramado.

— Urgh! — Mais um soco bem encaixado abaixo do peito, e Baltazar sentiu suas pernas fraquejarem e sua visão embaçar. — Porcaria.

Foi então que o draconiano errou o rosto do Patrono, e o avanço de uma onda de choque psíquica varreu o local em que o inimigo estava, mas sem sucesso em alcançá-lo.

— Opa! — Orgulho escapou ao saltar para o lado e apenas piscou para a garota. — Quer tanto assim ser a primeira mesmo?

— Ihh! — Carelli sentiu um arrepio dos pés à cabeça; já seu parceiro se levantava, meio zonzo. — Já deu, né?

— Por que… atrapalhou?

— Nem vem com essa! Olha só pra vocês dois! — De fato, a diferença era clara como a água. Mesmo Baltazar, apenas com os punhos, falhou em arrancar sangue de Romulus. — Você perdeu, supera!

O draconiano abaixou a cabeça e mordeu os lábios. Pelo que foi descrito nos relatos da Academia de Batalha Ziz, ele esperava, pelo menos, ser capaz de rivalizar com a resistência daquele Patrono.

Baltazar estendeu o braço direito e recebeu o Machado Impetuoso Gram de volta em sua mão. Independente das circunstâncias, seu trabalho ainda tinha que continuar.

— Hahaha! — De braços abertos, Romulus se entregou ao tão aguardado momento. — Então, já está pronta, não é?

Sim, estava.

Baltazar ergueu o machado incandescente, enquanto Carelli se protegeu dentro de seu escudo psíquico, com dez camadas.

— Ahhhh!!! — Liberando todo o ar em seus pulmões e o plasma comprimido, desceu o machado com o ímpeto mais intenso que possuía. — Supernova… Dracônica!!!

Acompanhado de um calor infernal, Romulus se banhou no brilho da explosão que, durante alguns segundos, foi capaz de superar a iluminação de uma galáxia.

Carelli deu graças por estar relativamente segura e pelo alvo da técnica ser outra pessoa. Ainda assim, suas barreiras começaram a cair uma após a outra.

O colapso da energia continuou a se expandir até alcançar toda a extensão do Espaço Dimensional, de modo que nada escaparia de suas garras ferozes.

Então o silêncio caótico reinou.

Em pé, segurando o machado fumegante, Baltazar respirava devagar e com peso em cada movimento de seu peito. À frente, apenas fumaça e um calor escaldante.

— Hahaha! Caralho! — Draconiano e humana arregalaram suas vistas diante da silhueta que se formava ao baixar do caos. — Seu maldito, eu quase morri!

Sangrava horrores. Músculos e carne viva expostos. Os dentes, manchados de puro vermelho, estavam expostos pela ausência de suas bochechas, apenas a mandíbula. Ainda assim, aquele maluco continuava vivo e se movendo, sem se importar de quanta dor cada passo lhe causava.

— Me dou por satisfeito — anunciou, enquanto que de braços abertos, as manoplas fundidas às suas mãos, fez menção de bater palmas. — É minha vez!

No estalar das palmas, o Berço de Plasma Escaldante ondulou e deu lugar a um novo Espaço Dimensional, uma gigantesca arena de combate, com uma plateia vazia.

— Espaço Dimensional: Coliseu!

Se o cenário já estava ruim com o Patrono vivo, quando a liberação de energia de Baltazar e Carelli foi bloqueada, os dois tiveram a certeza de que podia piorar.

— Já sentiram, né?! — Romulus sempre usava apenas o básico de energia para funções como voar, por exemplo, e o motivo disso estava naquele Coliseu. — Eu lutei conforme os seus termos, agora lutem conforme os meus!


Continua no Capítulo 181: Coliseu

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