O Nefilim Primordial Brasileira

Autor(a): Ghoustter


Volume 2 – Arco 7

Capítulo 170: Premiações

Reunidos no vasto salão de celebrações da Academia de Batalha Leviatã, a plateia assistia aos melhores momentos de cada uma das lutas que marcaram a primeira edição daquele grandioso evento.

Luzes apagadas, apenas a beleza das Monstrificações, Sacrifícios Sangrentos, Vislumbres da Glória e Vestes Divinas iluminavam as retinas dos espectadores.

Foi então que, com a aparição do Guardião dos Céus e o desfecho da última luta, o telão de transmissão se apagou em um piscar de olhos, dando lugar à pirotecnia dos fogos de artifício ao fundo.

Azul, verde, vermelho e roxo; ciano, rosa, laranja e amarelo, partículas de luz ecoaram por alguns segundos preciosos, junto à euforia do pessoal abaixo e também daqueles que assistiam em casa.

Com o silêncio do fim do show de fogos, o som de um púlpito, subindo de uma abertura, que se abriu no palco de premiações, roubou a voz de todos, exceto a dos flashes das câmeras.

— Senhoras e senhores. — Presidindo o palco dos melhores, Nabuco Donosor assumiu o centro dos holofotes e fez sua voz imponente ressoar pelos quatro cantos da Academia de Batalha Leviatã. — Ao fim de árduos cinco dias, o tão grandioso e esperado momento enfim chegou!

Ao abrir de seus braços, a plateia aplaudiu, vibrou, assobiou. De pé, o bater de palmas roubou a quietude da noite, aquecendo-a de modo que faltava espaço para o frio.

Entregue as felicitações da Academia campeã, a própria anfitriã do Sojourner, seu prêmio, um magnífico troféu de ouro, foi exposto em um pedestal de platina.

— Nem só de poder se destaca o homem — proferiu Donosor ao, na palma da sua mão direita, aparecer um envelope preto, que continha o nome de um certo alguém. — Com sua graça e elegância, alcançou o coração de muitos e a mais alta colocação no Ranking de Popularidade.

O envelope queimou em uma chama limpa e deixou visível, aos olhos do público, a alcunha de uma pessoa que nem de longe perderia no quesito popularidade.

— Venha ao palco — anunciou, ao passo que a imagem de uma garota de cabelo rosa curto se formava no telão atrás de si — Princesa do Gelo, Eirin Rigel!

— Eh?! — A garota encarou seu parceiro, no impulso, sem notar que sua reação estava sendo exibida para o continente inteiro. — Eu ganhei mesmo, Klaus.

— Claro que ganharia, mademoiselle. — Alegrou-se com o sorriso bobo no rosto da parceira. Ele nunca duvidou de que ela seria escolhida; sua namorada era uma pessoa maravilhosa. — Vai lá e diz pra todo mundo o quanto você me ama e que é todinha minha.

— Nem! — Mostrou a língua para Klaus, o que arrancou boas risadas do público, e logo seguiu, sob a visão de todos, pelo longo tapete carmesim. “Todo mundo já sabe que eu sou todinha sua, e que você é todinho meu, to-di-nho, hehe!”

Sobre o palco iluminado, Eirin recebeu, das mãos de Nabuco Donosor, uma tiara de prata incrustada com pedras preciosas de cor rosa, feita para combinar com ela, além de ser a capa da próxima edição da Prenúncio do Alvorecer, a maior revista de todo o continente de Hervron.

De frente para aquela plateia imensa formada por repórteres, fotógrafos e duos, além dos diretores das outras Academias, que — de uma área reservada — observavam ela, Eirin não pôde deixar de sentir um friozinho na barriga.

“Tá pensando que eu sou quem? Sim, eu dou conta disso.” Um minúsculo dispositivo esférico flutuou até próximo da boca dela, para que transmitisse sua voz a todos.

— Nessa noite, que é especial para tantos, sinto que não poderia deixar de agradecer a todos que votaram em mim. — Pondo a mão direita sobre seu coração, continuou com sua voz doce e melodiosa. — De verdade, eu estou muito feliz. Obrigada.

Em silêncio, mas à beira de berrar lágrimas ante às palavras da moça que, em posse de sua tiara carregava todo o ar de uma verdadeira princesa, os fãs de Eirin quase choraram, até a continuidade da fala dela.

— Eu também gostaria de dedicar essa premiação ao meu querido Klaus. — Todos fitaram o jovem, com um olhar assassino, o que Eirin já esperava e fez de propósito. — Obrigada, gente, vocês são os melhores.

Despedindo-se do palco, foi até o seu parceiro, que a recebeu sob os olhares de carnificina dos fãs de sua namorada.

— Você falou mesmo — sussurrou no ouvido dela enquanto a abraçava.

— Foi você que pediu.

— É. — Deu uma última sondada na hostilidade ao redor, antes de sentar-se de volta em seu assento. — Mas agora tá todo mundo querendo me matar.

Foi então que, para a sorte de Klaus, uma tensa apreensão tomou conta do ambiente; o anúncio das premiações dos três mais fortes da competição, enfim, foi aberto.

Em frente ao diretor Nabuco Donosor, três novos envelopes começaram a flutuar, um em cor de bronze, outro em cor de prata e o último em cor de ouro, assim como os seus respectivos lugares na competição.

— Como prova de suas habilidades, que se mostraram capazes de encurralar a qualquer um, suba ao palco. — Expôs o conteúdo do envelope de bronze e intimou a garota. — Teorema Divino, Luminas Luminesk!

Ao som de assobios e palmas dos seus companheiros de Academia, Luminas se levantou e acenou para eles, em especial para Lucius, que se mostrava mais reservado que os demais, ainda assim contente pela conquista dela.

Sob os holofotes, a garota recebeu uma miniatura sua, feita de um bronze lustroso que reluzia em sua mão. Em posse da palavra, inspirou com calma.

— Bem… Eu sei que a nossa Academia ficou em último nessa edição do Sojourner. — Olhou para frente, determinada, como se enxergasse o futuro. — Mas tenho certeza de que triunfaremos na próxima.

Segurou a estatueta de bronze com as duas mãos em frente ao corpo e sorriu para os seus companheiros, em especial para Alícia, que, até mais cedo, Luminas pensou que não estaria junto a eles.

— De coração, dedico este prêmio a todos os duos da nossa preciosa Academia de Batalha Behemoth. — Abaixou a cabeça, solene, e finalizou o discurso. — Obrigada.

Ainda no palco, Luminas aguardou o anúncio do segundo colocado, o qual lhe faria companhia na memória da foto conjunta dos três mais fortes.

— Em posse de um poder incontestável e capaz de realizar proezas verdadeiramente divinas, venha ao palco. — Com um gosto azedo na garganta, Donosor exibiu o conteúdo do envelope de prata. — Nefilim Primordial, Raizel Stiger!

Em contraste às premiações anteriores, ninguém ovacionou o premiado; por outro lado, nem sabiam como reagir. Para uns foi prazeroso, para outros uma surpresa o fato do nome dele não estar no envelope final.

— Olha só, parece que consideraram a minha participação, mesmo depois da rendição. — Deu um breve selinho na bochecha de Petra e seguiu seu rumo em direção ao diretor, que se esforçava para esconder o desgosto de ter que premiá-lo.

Como o Ranking Individual considerava apenas os feitos realizados durante as lutas, Raizel esperava que, dadas as suas limitações, ele ficasse fora da premiação.

No fim, consideraram o momento que sacou a Espada do Fim dos Tempos, o que o colocou acima de Luminas, sem espaço para qualquer tipo de contestação.

Raizel pegou sua miniatura de prata, que Donosor mal via a hora de se livrar, e fitou Nosferatu — o diretor da sua Academia — por um breve instante, tempo suficiente para que tivessem um rápido diálogo.

“É pra ser honesto?”, indagou o rapaz, em sua mente, recebendo um “minta” como resposta das feições firmes e posturadas do homem de cabelo acinzentado.

— Meio ponto. — Sem rodeios, fez sua voz rasgar o silêncio do ambiente. — Isso foi o que nos deixou em segundo lugar, mas tenham certeza de que… — De íris brilhantes, fitou todos os Top Rankings presentes. — Nós ainda vamos destroçar cada um de vocês.

Uns, com ênfase para Baltazar, ficaram empolgados. Que na próxima edição, os Top 1 da Absalon caíssem contra os da Ziz; esse era o desejo mais intenso do draconiano, que fervia ao lado de Carelli.

Já outros, além de ofensa, sentiram uma forte raiva que fazia um ranger de dentes soar baixinho no vasto salão; mais um pouco, e o clima poderia pegar fogo.

Para desviar o foco dos espectadores da tensão que Raizel criou, Donosor deixou o envelope de ouro se desfazer em chamas pálidas e cativar a todos com a revelação.

— Com um poder capaz de abalar céus e terra, o título de “mais forte” não poderia ir para outro senão…

“O resultado é mais do que evidente aos olhos de qualquer um”, refletiu Dreison Asimorph, convicto de que, como Top 1 Rank S da Academia campeã, seria ele o escolhido. “Vamos, anuncie, velho”.

— Guardiã dos Céus, Petra Lavour!

— Como?! — Tanto Dreison quanto a própria Petra, que foi iluminada em seu assento, ficaram pasmos com o resultado.

Perséfone, ao lado do seu parceiro, escondeu um sorrisinho de escárnio ante à revolta e incredulidade do mesmo. Participar do Campeonato Sojourner valeu muito a pena para a satisfação dela.

— Er… — Ainda sem reação, Petra congelou onde estava, sob a pressão dos olhares da plateia presente e dos que a assistiam em casa. — Eu…

— Vai lá — incentivou-a Eirin, com um cochicho de canto. — Ele tá te esperando.

Ao lado de Luminas, Raizel se mostrava receptivo, faltando apenas abrir os braços para sua parceira e apertá-la com força na frente de todo o continente, na frente de todo mundo.

Guiada pelo afeto dele, Petra caminhou em sua direção, às vezes com umas olhadelas para os lados, mas nada que a impedisse de avançar e de ser premiada com a sua estatueta de ouro reluzente.

Por um instante, foi para junto dos outros dois, até que travou seus passos e arrancou boas risadas da plateia; ela havia esquecido de fazer seus agradecimentos.

— Eh? — O prêmio tremeu em suas mãos e poderia ter caído, caso sua visão não tivesse se encontrado com a de Raizel, que, com um leve movimento de cabeça, induziu a atenção da parceira para um ponto específico da plateia, que ainda ria.

Em contradição aos outros, ao lado de Andrew, Valentina enviava forças e ondas de energias positivas para a amiga, que estabilizou suas pernas e assumiu uma postura levemente mais confiante.

— Agradeço a todos por terem paciência comigo. — Cativados pela sinceridade e pureza das palavras da garota, que ia na contramão do parceiro dela, todos pararam os risos para a ouvir. — Como muitos devem saber, eu ingressei na Academia há pouco mais de um ano.

Boas memórias giravam pela sua mente e pela das pessoas que acompanharam sua trajetória de perto ao longo daquele tempo: cada ferida sofrida, esforço em meio às dificuldades, lágrimas e suor derramado.

— Nunca passou pela minha cabeça que eu, algum dia, receberia uma premiação dessa magnitude. — Viu seu reflexo na estatueta de ouro desejada por tantos. — Estou muito feliz pelo reconhecimento.

Inspirou fundo, então deu uma última conferida em Raizel, que logo entendeu a intenção dúbia da parceira e acenou, em sinal de aprovação, com a cabeça.

— Este prêmio, eu gostaria de dedicar a você, que sempre torceu por mim, às vezes de perto, às vezes de longe, mas que nunca duvidou de mim. — Inclinou a cabeça para o lado e abriu um largo sorriso. — Obrigada, Valentina.

Petrificada de emoção, a moça na plateia deixou sua visão ficar embaçada pelas lágrimas; limpou com as costas das mãos, mas de nada adiantou; era uma inundação.

— Ela cresceu muito — salientou Andrew.

— Sim, foi — choramingou.

Já ao lado do namorado, que estava entre ela e Luminas, Petra se preparou para tirar a foto dos mais fortes, quando, então, o flash brilhou e o fotógrafo se espantou.

Atrás dos três, uma quarta figura, que brotou do absoluto nada, roubou a cena.

Embora sentissem a pressão demoníaca atrás de si, nenhum dos três premiados se moveu em um primeiro momento.

Raizel, por puro instinto, manifestou suas asas e se virou, veloz, apenas para ser atingido por um soco que agrediu seu rosto.

A pressão do ataque não apenas arremessou o nefilim contra todas as paredes à frente, para além dos domínios da Academia de Batalha Leviatã, como também pegou a plateia no caos do impacto devastador.

Petra e Luminas, as mais próximas do epicentro da catástrofe, foram, por consequência, as mais afetadas e sangravam em meio aos destroços.

— Manifestou as asas antes que eu estourasse os seus miolos — gargalhou Baal enquanto apreciava um pouco do sangue de Raizel em seu punho. — Mas que moleque mais saboroso!


Continua no Capítulo 171: Cozinhar é Arte

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