O Nefilim Primordial Brasileira

Autor(a): Ghoustter


Volume 2 – Arco 6

Capítulo 139: Queda de Braço

O baque seco do braço do perdedor ecoou, amassado, contra a mesa de pedra e pelos ouvidos dos espectadores que sentiram o chão vibrar sob seus pés.

Hah! Pode vir o próximo, que ainda tá no modo easy!

Eufórico como de costume, o híbrido draconiano da Academia de Batalha Absalon, Baltazar Dragomir, batia em seu peito e sondava os arredores à procura de um adversário formidável.

— Vamos lá! Quem se habilita a desafiar um Top 1 Rank S?!

Infelizmente, o majin que ele tinha acabado de derrotar era o último a cometer a loucura de enfrentar a força física de um draconiano na base do braço; e se tratando de braço, o de Baltazar parecia um pneu de trator, de tão grosso que era.

— Essa sua brincadeirinha de criança já deu o que tinha que dar, cê não acha, não? — Carelli, sua parceira humana, o encarava com um semblante levemente emburrado. — Ninguém mais quer perder o braço pra você aqui, idiota.

A proposta de que Baltazar iria bancar o dia inteiro de álcool grátis para o pessoal ali, caso alguém o derrotasse, era tentadora; mas a cada oponente caído, eles percebiam que eram ingênuos ao querer triunfar sobre um Top Ranking.

Ah… Ter que esperar até amanhã pra se divertir tá sendo um porre! — lamentou, até o momento em que sua visão captou a imagem de duas pessoas descendo pelas escadas do andar vip do bar. — Haha! Olha só quem deu as caras!

Atraídos pelo brado do grandão, os Top 1 Rank S da Academia de Batalha Leviatã o observaram de relance, principalmente o majin de longos cabelos escuros — Dreison Asimorph.

— Seu inimigo de amanhã quer te cumprimentar, o que acha? — Sua parceira, Perséfone Strier, que adorava colocar lenha na fogueira e ver o circo pegar fogo, logo esboçou um sorriso malicioso. — Quer antecipar a humilhação dele pra hoje?

— Aquela lagartixa não vale o esforço — Curto em sua resposta, seguiu o caminho da saída ao lado da garota. — Não pretendo sujar os meus sapatos com merda hoje.

Infelizmente para Dreison, Baltazar surgiu bem na sua frente, trazendo consigo o fluxo de ar que carregou durante a movimentação até ali, o que balançou o cabelo do majin — que ia até a altura do pescoço.

— E aí, meu parça, topa uma pequena disputa como aquecimento para o nosso grande embate de amanhã?

Se um expressava imensa empolgação no desafio, o outro franzia a testa em total repulsa; só olhar para a mão do draconiano, que já devia ter apertado a da ralé naquela historinha de desafio, fazia Dreison querer vomitar.

— Abra caminho, lagartixa — ordenou enquanto apontava para o inimigo e uma katana negra, a qual tinha a lâmina irregular e aparentemente gasta, tomava forma em sua mão. — Ou o único desafio que terá aqui será quantos segundos eu vou precisar pra arrancar essa sua cabeça fora.

— Opa, opa! É só uma brincadeirinha, cara. — Em frente à arma demoníaca, o grandão levantou os braços rendidos e deu uma risadinha. — Relaxa aí, pô!

— Deixa disso e sai da frente deles, Baltazar — orientou Carelli, cruzando os braços em sinal de reprovação ao seu parceiro. — Essa sua briguinha de bar vai acabar matando todo mundo aqui, e até um idiota como você deve entender os problemas que isso ia dar pra gente.

Com um suspiro frustrado, o draconiano abriu caminho e deixou os majins passarem, os quais foram sem dar uma espreitadinha sequer a mais nele.

"Gentinha arrogante", pensou Carelli, imaginando que Dreison e Perséfone só caminhavam pisando no chão porque queriam ter o prazer de pisar em algo, caso contrário nem isso fariam. — Você também, com esse seu jeito bobão, só faz a gente passar vergonha.

Já habituado às reclamações de sua parceira, Baltazar caiu desanimado com a cara na mesa de pedra que usava para desafiar o pessoal do bar.

"É, acho que vou pagar ao menos uma ou duas rodadas de bebida pra esse povo e vou-me embora." Já sem esperanças de matar o tédio, a mesa tremeu com o peso do cotovelo de alguém, o que fez Baltazar levantar o rosto para dar uma conferida na cara do indivíduo. — Heim?

— Então você é o tal Top Ranking que vai bancar o meu álcool pelo resto do dia? — O draconiano ficou surpreso com o porte físico do indivíduo à sua frente, o cara era alto e tinha um braço tão grande quanto o dele. — Sem o uso de Energia Espiritual, né não?

Diferente do desafiante, que parecia bem empolgado com o embate iminente, uma pequena garota que o acompanhava parecia meio emburrada com a ideia.

— Deixa de procurar confusão, e vamos logo embora, Romulus. — Mesmo que o dispositivo criado por Arklev estivesse alterando a aparência dos dois, chamar a atenção de um Top Ranking poderia ser muito problemático para eles. "Se isso der problema, eu juro que te mato".

— Relaxa, eu tô com o anel na mão esquerda. — Mostrou o dispositivo de disfarce para a moça, e sorriu para o adversário. — E eu vou amassar ele é com a direita.

— Tô dentro! — Baltazar apoiou o cotovelo na mesa e apertou a mão do Patrono do Orgulho de modo que suas palmas estalaram com o atrito. — Mas já vou te avisando que não vou pegar nem um pouquinho leve, tá ligado?

Enquanto os dois brutamontes se preparavam para se degladiarem, Carelli deu uma sondada na garota que acompanhava o tal de Romulus — Elesis, a Patrona da Ira — a qual usava um dispositivo de disfarce parecido com um anel, assim como o acompanhante.

"Vai dizer que esses dois são namorados?" Observava, meio que com um pé atrás; a diferença de altura e humor que existia entre Elesis e Romulus chegava a ser maior do que a que havia entre ela e Baltazar. "Bem, cada um com seus gost…"

Um estrondo chamou atenção de todos os que se encontravam dentro do bar, que se assustaram ao pensar que o céu estava caindo sobre suas cabeças.

Hahahahah! — De olhos esbugalhados e com o queixo a ponto de cair no chão, os espectadores contemplaram a mesa de pedra rachar. — Bota mais força aí, meu parceiro! — exclamou Baltazar, eufórico.

— Ora seu…! — Mais força imposta, e o local começou a tremer; mesas, cadeiras e bebidas caíram por todos os lados. — Tô só no aquecimento também, porra!

Desesperados, alguns tolos tentaram correr com o terremoto sob seus pés, o que serviu apenas para desequilibrá-los e levá-los ao chão; outros, mais espertos, se abaixaram e se apoiaram no que podiam.

— Seus desgraçados, querem destruir meu bar?! — reclamou o dono do local, escondido embaixo do balcão de bebidas. — Vão pagar por isso!

— Relaxa, eu pago! — Diante do maior adversário do dia, forte a ponto de fazer as veias de seu braço incharem, Baltazar só queria chegar à conclusão de quem tinha mais força no braço.

De repente, uma cúpula de energia se formou ao redor dos dois, contendo parte da catástrofe que os idiotas estavam causando — uma pequena barreira criada por Carelli.

"Esse imbecil…" Junto a Elesis, ela era a única que aparentava resistir ao caos ambiente sem problemas. "Só me dar trabalho".

No instante em que criou mais algumas pequenas proteções de energia em volta das outras pessoas, o som de algo rochoso se espatifando precedeu o fim da colisão entre Romulus e Baltazar.

Sem uma base sólida para a continuidade da disputa, visto que a mesa de pedra virou praticamente pó, os dois perderam o equilíbrio e caíram para a frente.

Urgh! — exclamaram juntos ao baterem suas testas uma na outra.

Mesmo assim, seguiram como se nada demais tivesse acontecido. Sem ressentimento em relação, apenas quanto ao embate sem conclusão.

— Com uma mesa fraquinha dessas, não dá, né?— Baltazar ficou de pé e limpou a poeira de seu uniforme. — Você é forte. Gostei.

Hah! Você também não foi nada mau aí. — Com um humor bem mais positivo do que quando chegou, Romulus alongou os braços e estalou os dedos, pronto para mais uma. — Que tal terminar isso dentro do seu Espaço Dimensional, Top Ranking?

Hum… — Pensativo perante a proposta, Baltazar analisou o caos que eles tinham causado no bar.

O dono do estabelecimento soltava fogo pelas narinas, e Carelli estava ainda mais irritada do que o barriga de shope.

O interior de um Espaço Dimensional seria muito mais adequado para decidir o embate de força entre os músculos de dois monstros.

Demorou bastante até encontrar um adversário com uma força física e um espírito competitivo tão grande quanto o dele.

Baltazar não queria se despedir de Romulus após só alguns segundos de queda de braço: ele desejava decidir no melhor de três. Não, um melhor de cinco seria mais divertido.

— Por mim, tudo bem. — Bateu as palmas e desapareceu dali, carregando Romulus consigo.

— Q-Q-Quê?! — Carelli ficou embasbacada ao perceber o tamanho do problema que o irresponsável do seu parceiro havia deixado nas mãos dela. — Baltazar! — gritou e bateu o pé para o nada.

Em contrapartida, a parceira de Romulus pegou uma das cadeiras que estavam caídas e se sentou em um canto isolado; inspirava e expirava, com a cara vermelha de raiva.

"O chefe vai ficar puto com a gente, já tô até vendo.” De todos os Patronos do Pecado, ela tinha que ter feito dupla logo com o que só pensava em músculos? "Que saco! Que porre! Que inferno!”

— Então, quem é que vai arcar com o meu prejuízo, afinal? — O dono do estacionamento logo questionou as companheiras dos bagunceiros, das quais apenas Carelli deu atenção a ele. — Se não fizerem nada, eu vou acionar as autoridades da Academia e…

Aham! — Carelli limpou sua garganta e tomou a frente da solução do problema, prendendo o furor do homem. — Não há com o que se preocupar, bom senhor. Nós pagaremos pelos danos e também daremos um adicional pelo inconveniente causado.

Ao ouvir a palavra "adicional", o indivíduo esbanjou um largo sorriso ganancioso, ao contrário da moça que já podia sentir a dimensão do rombo que Baltazar causou em seus bolsos.

"Eu ainda mato aquele infeliz." Respirou fundo e, então, observou as pessoas que haviam sofrido alguns arranhões e pequenas escoriações por causa de algumas garrafas quebradas durante o tremor. — Deixa que eu curo vocês agora, tá bem?

Para cada pessoa curada, Carelli se certificaria de dar um tapa bem bonito nas costas do imbecil do seu parceiro, quando ele retornasse.

"O que é teu tá guardado, Baltazar."


Continua no Capítulo 140: Cordas de Violino

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