O Nefilim Primordial Brasileira

Autor(a): Ghoustter


Volume 2 – Arco 5

Capítulo 125: Fake

Ainda ofegante, Petra retornou até a porta da sala dos Top Rankings da sua Academia de Batalha. Inspirou fundo e expirou com calma em busca de estabilizar a respiração.

Ainda podia sentir suas costas pressionadas contra a parede, o peitoral de Raizel apertando seus seios, o corpo esquentando a cada mordida no pescoço… nos lábios… no ombro…

"Que calor." Só de lembrar, ela já sentia a temperatura do corpo aumentando de novo.

Com um certo esforço, para deixar de pensar naquelas coisas, abriu a porta de vez e entrou sem nem olhar direito para o interior.

Huh? — Aparentemente estava tudo normal na sala: Klaus sentado, e Eirin pegando uma garrafinha de uma bebida gelada. Então, por que ela podia sentir um clima estranho no ar. — Aconteceu algo?

— Não aconteceu nadinha — disse a moça, pegando uma segunda garrafa e jogando para a recém-chegada. — Bebe um tiquinho.

Eirin foi a primeira a dar uns goles, dando uma aliviada — ou ao menos uma disfarçada — no gosto amargo na garganta; com isso, voltou a sentar-se no colo do parceiro.

— Mesmo depois da terceira luta, você ainda continua em primeiro, mademoiselle — ressaltou Klaus, observando o Ranking de Popularidade dos participantes do campeonato na tela de energia, na parede. — Isso dá um ciúmes.

Hehe! Bobinho.

Desde a luta dos dois, no primeiro dia do Campeonato Sojourner, Eirin se encontrava com a popularidade em alta, liderando o topo com folga.

Se era por causa da sua beleza de Afrodite, personalidade cativante, charme envolvente ou uma mistura de tudo isso só o público saberia dizer.

— Onde é que o Rai tá? — Provando de sua bebida, Petra foi descendo o olhar pela lista, em busca da imagem e do nome do parceiro.

Seus olhos desciam, desciam sem parar.

— A posição daquele cara é meio óbvia, né? — Eirin apontou para o final do ranking.

Na posição 24, a última, liderando a lanterninha com um total de incríveis zero votos estava o nefilim Raizel Stiger.

Foi quando Petra percebeu que sua posição também não era das melhores, o que não a surpreendeu tanto. Desde o jogo contra Luke e Milene, ela já havia notado o quanto o público a subestimava.

"Parece que isso se aplica à popularidade também." Além, claro, de a má imagem de Raizel acabar por afetar a dela.

— Tô com ciúmes mesmo. — Prendendo o pequeno corpo de Eirin ao seu, Klaus a apertava como se os braços dele fossem correntes que nunca mais a soltariam. — Vou te amarrar e te trancar no porão.

— Sequestrador — rebateu a moça, enquanto escondia um sorrisinho bobo. — Cavalheiro bandido.

Petra, notando que era a única sem um par para trocar carícias naquela sala, pensou: "Eu fiquei de vela?"

Foi então que uma lâmpada acendeu em sua cabeça. Apesar de ter tido um bom momento com Raizel no corredor, as memórias da noite da massagem ainda a incomodavam.

Era um assunto mais íntimo, algo que gostaria de conversar com Valentina; mas, por alguma razão, a sua melhor amiga parecia meio distante nos últimos dias.

— Ei, Eirin…

Se fosse aquela garota, alguém que Petra poderia chamar de amiga e que já deveria possuir experiência naquele tipo de coisa, talvez ela pudesse pedir alguns conselhos.

— Eu queria falar sobre algo… com você.

— Comigo? — Estranhou a princípio. As duas já se conheciam há algum tempo, mas aquela era a primeira vez em que Petra queria tratar sobre algo com ela em especial. — E o que é?

— Bem… — Seu olhar dançou entre Eirin e Klaus. Falar sobre aquilo na frente do rapaz gerava uma certa vergonha. — É meio… particular.

"Oh!" Os olhos de Eirin brilharam ao captar o significado do jeito sem graça e das feições tímidas de Petra ao fazer aquele pedido. — Depois a gente pode conversar o tanto que você quiser, tá?

De majin a projeto de múmia, Luke se encontrava enfaixado da cabeça aos pés, pronto para ser embalsamado e trancafiado em um sarcófago.

Sobre uma das camas da enfermaria, sentia-se entediado enquanto as faixas curativas faziam seu trabalho, e a irmã dele dormia ao lado.

Por ter chegado por último, Milene ainda deveria passar alguns minutos inconsciente, principalmente por causa do dano psíquico causado pelo bando de Bradadores.

Quando o som do trinco soou, e a porta foi aberta, Luke soube que o seu tédio estava para chegar ao fim, no entanto, de uma forma não muito positiva.

— Ora, ora, ora! — Ignorando o fato de que estava em uma enfermaria, Kaiser entrou batendo palmas de deboche no maior alarde.

— O que veio fazer aqui? — A par da personalidade do companheiro de Academia, Luke encarou-o com hostilidade. — Se pensa que é bem vindo, pode ir embora.

— Também não vim pra te desejar melhoras, otário. — O que significava que aquela visita tinha apenas um objetivo: vingança. — Só queria ver o estado miserável do cara que quase morreu pra conseguir um… empate.

Kaiser ainda se lembrava do tratamento que recebeu dos companheiros — principalmente do soco que Luke deu na barriga dele — só porque teve dificuldades para vencer Klaus na primeira luta.

— Então, o que eu faço pra retribuir aquele soco, mesmo? — indagou enquanto caminhava na direção de Milene. — Ah, é! Você me bateu por causa dela, não foi?

Os passos de Kaiser pararam no momento em que sentiu uma lâmina afiada pressionar uma das veias de seu pescoço: uma das flechas de água de Luke.

— Olha só! Parece que você consegue se levantar. — Reparou nas pernas vacilantes e enfaixadas do companheiro. — Mas nem se aguenta em pé direito.

Vaza daqui, Kaiser. — Desfazendo a flecha de água, Luke sentou de volta na própria cama. — Até uma anta como você deve saber a merda que isso vai dar.

Se ele fizesse algo contra a garota, Luke não deixaria aquilo passar em branco, nem que tivesse que persegui-lo até as profundezas do inferno; isso significaria ter que matar o irmão dela também.

Entretanto, os irmãos Lasker ainda faziam parte dos planos do diretor Nabuco Donosor, e aquele velho trataria de punir qualquer um que causasse baixas nas preciosas ferramentas dele.

Ter o seu poder bélico reduzido há poucos dias antes da invasão em busca do Santo Graal acontecer era algo que aquele homem malévolo jamais aceitaria.

Tsc! — Indignado, pôs-se a caminhar em direção à saída. — Quando o diretor conseguir o que quer, você é o primeiro que eu vou matar, filho da puta desgraçado.

Um sentimento recíproco.

Kaiser Profenius, assim como o pai de Luke e Milene, era o que poderia ser considerado como um "modelo de majin", alguém que Luke já teria extirpado da face da terra, se lhe fosse permitido.

— Era melhor ter recebido visita nenhuma.

Considerando o tipo de parceiros que ele tinha na Academia de Batalha Leviatã, provavelmente seria isso o que iria acontecer: ninguém mais daria as caras por ali.

Quem também havia acordado há pouco tempo — igualmente cheia de faixas curativas — era a jovem Alícia Necron, a qual abraçava um travesseiro, pensativa.

Ela poderia se despedir da Academia de Batalha Behemoth sem carregar o peso de uma derrota nas costas; entretanto, aquele resultado, um empate, não era o que ela desejava.

— Tem certeza de que não quer voltar atrás? — indagou Esteban, o parceiro dela, não só de duo como de enfermaria e faixas também. — Ninguém vai te forçar a ficar, mas se sentiriam bem se você continuasse do nosso lado.

— Eu sei… — Abraçou o travesseiro com mais intensidade, sentindo o estômago doer no processo. — Sinto muito por não poder falar muito sobre isso.

Ela nunca falava. Apesar de ser muito querida pelos companheiros, ninguém sabia nada sobre a vida de Alícia antes dela ser abandonada no orfanato ainda quando criança.

Foi então que a porta do quarto se abriu, e quem entrou por lá foi a pessoa que Esteban menos queria ver — alguém que quase machucou sua parceira uma vez — o nefilim Raizel Stiger.

— O que você faz aqui? — questionou com certa rispidez na voz.

— Por mais incrível que possa parecer — disse o nefilim, erguendo as mãos nuas em sinal de inofensividade — eu venho em paz.

Um gesto que pegou os outros dois de surpresa, principalmente a moça, que chegou a arregalar os olhos e quase engasgar.

Depois de tê-la assistido usando a emanação de Nether dele, Alícia esperava que Raizel já chegasse enfiando uma espada em seu pescoço e — enquanto a encarava se despedindo daquela vida — lhe entregaria um olhar vazio antes de, enfim, cortar a cabeça dela fora.

Certamente, seria o que ele faria caso não tivesse parado para se acalmar no caminho; sem que Alícia soubesse, ela estava devendo a sua vida a Petra.

— De qualquer forma, garota, você vem comigo. — Autoritário, Raizel estendeu uma mão para ela. — Temos assuntos pendentes.

— Sem essa! — Esteban poderia ter se levantado da cama, caso conseguisse, após ouvir aquilo. — Ela mal se curou direito ainda. Se quer algo, venha outro dia!

— Eu vou — proferiu a moça, fazendo esforço para se levantar, o que assustou o parceiro dela. — Ele tá certo.

— Você mal se aguenta de pé… — O que aquele infeliz tinha feito para que Alícia se esforçasse tanto em atender ao chamado dele. — Por quê…?

— Até mais, Esteban.

Foi então que os dois, Raizel e Alícia, sumiram da visão do jovem tenjin e apareceram no meio de um vale repleto de árvores, espadas e neblina: o Reino das Espadas de Raizel.

Alícia observava o ambiente ao redor com certa nostalgia; estava bem mais refinado do que ela se lembrava, embora aquela fosse a primeira vez em que se encontrava lá dentro.

Outra coisa que também chamou a atenção da moça foi que se Raizel a levou para o interior do seu Espaço Dimensional, tendo dito que tinha vindo "em paz", era porque o rapaz queria extrema privacidade no assunto que seria tratado entre os dois.

— Pode se sentar — disse, apontando para uma poltrona confortável, que apareceu logo atrás da convidada. — Até eu sei oferecer o mínimo de mordomia.

Para ele, além de uma segunda poltrona, também apareceu uma taça transparente, a qual encheu com o conteúdo de uma garrafa de vinho que tirou do anel de ressonância.

"Ele ainda bebe vinho", refletiu Alícia enquanto se sentava na poltrona, com cuidado. "A Karen ia ficar feliz de ver isso".

Diante do fascínio da garota pela bebida escarlate, Raizel balançou a taça na frente dela, como quem repreendia um menor de idade por querer ingerir bebida alcoólica.

— Sem vinho pra você, moça doente.

Alícia riu de forma modesta. Chegava a ser estranho ser tratada daquele jeito relaxado após todos os encontros conflituosos que os dois tiveram. Todavia, ela sabia que aquele momento não duraria para sempre.

— Então, quem é você, afinal? — perguntou Raizel, com metade da taça de vinho já vazia e um olhar mais sério e inquisidor. — Uma tenjin eu sei que você não é.


Continua no Capítulo 126: Erva Venenosa

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