O Nefilim Primordial Brasileira

Autor(a): Ghoustter


Volume 2 – Arco 2

Capítulo 69: Melhores Amigas

Pela manhã, enquanto tomava uma boa e agradável xícara de café, Andrew lia um jornal sentado no sofá.

A notícia do dia era a mesma que corria por todos os outros meios de comunicação: o tão aclamado Campeonato Soujourner.

Não só o rapaz, mas todo o continente estava pegando fogo com o anúncio de uma competição entre as quatro Academias de Batalha de Hervrom.

— Eu imagino o que o mestre vai nos mostrar — disse para si mesmo, ao passo que tomava mais um gole do café quente.

Essa seria a primeira vez que veria o seu mestre Klaus lutando com tudo o que ele tinha a oferecer.

Afinal, ele estaria enfrentando outro Top Rank. O mínimo que tanto o seu pupilo quanto a população esperava era contemplar acontecimentos inigualáveis e memoráveis.

Então, tirando-o das suas reflexões, o soar da campainha indicou que alguém o aguardava na entrada da sua residência.

— Quem seria tão cedo? — Deixando o jornal e o café sobre a mesa, se pôs a caminhar, para receber o visitante.

Ao abrir a porta, Andrew quase congelou ao contemplar a figura de uma pessoa que não via há muito tempo.

— Oi, Andrew — cumprimentou a moça.

— Pe-Petra! — Surpreso, teve que piscar algumas vezes para ter certeza de que não estava alucinando.

Fosse pela aura ou até mesmo pela presença da garota, era possível perceber que havia algo de diferente nela.

Antes, Petra parecia tão frágil e indefesa, mas, assim que a viu, Andrew pôde sentir que ela conseguiria derrotá-lo antes que ele tivesse chance de esboçar qualquer reação.

"Isso são… os meus instintos?" Parado e sentindo um certo desconforto, não reparou que ainda segurava a maçaneta da porta. "Quão forte ela ficou?"

— Então… eu posso entrar? — perguntou, tirando o rapaz do transe.

Ah… Ah, sim! — Com um movimento súbito, abriu espaço para que a moça passasse. — Sinta-se à vontade.

Huh? — Por um momento, Petra estranhou o comportamento do rapaz. "Ele era tão formal assim?"

Andrew sempre foi uma pessoa muito ponderada, principalmente por causa do comportamento avoado da parceira dele, mas, naquele momento, estava acuado demais.

— Você quer que eu chame a Valentina?

Ao ouvir o nome da melhor amiga, os olhos de Petra chegaram a brilhar de tanta empolgação.

— Ela está? — perguntou, animada.

Haha! — Embora a visitante parecesse mais madura que o habitual, no fim, ela continuava sendo a pessoa amável de sempre. — Sim, ela está.

No entanto, nem foi preciso chamar a moça. Após ouvir o som da campainha, Valentina também se dirigiu em direção à sala.

Não havia palavras que pudessem descrever o mar de emoções que a garota sentiu ao se deparar com aqueles olhos cor de céu encarando-a com afeto mais uma vez.

— Petra! — Sem pensar duas vezes, correu para cima da amiga e apertou-a com um forte abraço. — Eu senti tanto a sua falta, Petra! — falava com tanta emoção que poderia chorar a qualquer momento.

Pega de surpresa, a visitante se viu a ponto de quase sufocar pelo abraço apertado. Mas tudo bem, ela conseguiria suportar isso pelo bem de Valentina.

Não havia se passado um dia sequer em que uma das duas não tivesse pensado na outra. Criadas juntas desde pequenas, eram quase como irmãs.

"É tão bom sentir o seu cheirinho doce, a sua pele lisinha, o seu calor", pensava Valentina, sentindo como se nunca mais fosse a soltar.

— Eu também senti a sua falta — disse, acariciando os cabelos rosa da menina. — Você também ficou mais forte, né?

Huh? — Pega de guarda baixa, Valentina afrouxou um pouco o abraço. — Você percebeu? — perguntou, ainda sem a soltar.

Então o seu treinamento com a Eirin realmente tinha dado bons resultados. Agora, tendo se acalmado um pouco, a garota percebeu que Petra transmitia uma presença diferente da habitual.

— Você tá no Rank S mesmo?

Uhum! — assentiu com um sorriso gentil. — Foi um ano bem difícil, mas o Rai me ajudou bastante.

"Rai?", pensou confusa. "U-Um apelido?!"

Ao ver que sua parceira ficou estática e boquiaberta, Andrew — que permaneceu na dele para não atrapalhar o momento das garotas — sugeriu uma ideia:

— O que acham de comermos um pouco de bolo para celebrarmos o nosso reencontro?

Essa sugestão fez com que, de imediato, Valentina olhasse para ele com os olhos arregalados, nervosa. Seu parceiro queria oferecer o doce que ela estava pensando? Sem chance!

— Bolo? — Juntando as mãos com empolgação, a visitante sorriu como forma de aprovação. — Seria muito bom.

— E foi a Valentina quem fez. — Tacou um pouco mais de lenha na fogueira.

Isso só fez a empolgação de Petra crescer ainda mais, rivalizando com o nível de nervosismo da amiga.

Aquele bolo era apenas mais um dos inúmeros testes que Valentina havia feito visando preparar algo especial para o retorno de Petra.

Mas a garota chegou de surpresa. Em meio às condições atuais, não havia tempo suficiente para preparar um lanche novo do zero.

Andrew, que estava a par da situação, sabia que naquele ritmo sua parceira acabaria por deixar o lanche de lado, jogando todo o seu esforço no ralo.

Era certo que mais tarde Valentina ficaria triste e se culparia pelo ato de covardia. Como um bom pupilo do Cavalheiro das Chamas, Andrew jamais permitiria isso.

Indo num pé e voltando no outro, o garoto foi até a cozinha e trouxe algumas fatias do bolo, já cortadas, e algumas bebidas para ambos.

Após ele dar a primeira mordida na guloseima recheada, ficou até difícil entender a preocupação da sua parceira — o bolo estava simplesmente incrível.

Hmmm! — A visitante, compartilhando da mesma emoção, levou uma mão aos lábios e apreciou aquela delícia gastronômica. — Tão gostoso, Valentina.

"Valentina, Valentina…" Repetia constantemente em sua mente. Por alguma razão, a moça ficou com feições meio aéreas do nada. "Rai, Rai…"

Sua amiga não percebeu de imediato, pois estava distraída demais apreciando o lanche.

Petra já nem se lembrava de quando foi a última vez em que degustou das guloseimas de Valentina.

Chegava a ser nostálgico poder prová-las de novo.

Já Andrew percebeu bem as feições deslocadas da sua parceira. Ela foi a única que comeu quase nada e ficou em silêncio a maior parte do tempo.

"Será que ela tá com raiva da minha ideia?", indagou-se, reflexivo. "Mas o bolo tá bom".

Ele precisava de tempo e espaço para compreender o que havia ocorrido. Em um momento ela estava tão alegre e, do nada, ficou assim?

— Vou beber um pouco de água — disse o rapaz, levantando-se do sofá. — Eu já volto.

Usufruindo da desculpa, logo foi em direção à cozinha para pensar um pouco sobre o ocorrido, deixando as duas a sós.

— Valentina — Saindo do transe do lanche, Petra, enfim, se deu conta de que a amiga estava calada demais. Isso era bem estranho para alguém que costumava ser tão energética. — Tudo bem?

— Valentina, Valentina… — sussurrou, olhando para o vazio, quando, de repente… — Petra!

Dado o ímpeto com o qual a garota falou, a visitante quase deu um pulinho de susto para trás.

— Si-Sim? — Sem ter muito tempo para reagir, sua amiga a pegou pelos ombros e a puxou de vez, jogando-a no sofá. — Va-Valentina?

Em seguida, a moça se colocou em cima dela, tirando-lhe qualquer chance de escapar daquela prisão.

As duas ficaram se encarando por um momento, sem dizer nada: Petra, surpresa e sem saber o que fazer; Valentina, louca para falar algo, mas sem conseguir.

"O que foi que eu fiz?", perguntava-se a visitante. "Ah, é mesmo! Ela costumava fazer isso".

Quando eram pequenas, sua amiga habitualmente a derrubava em algum lugar e se jogava por cima dela. Depois que as duas cresceram, Valentina aparentemente tinha perdido aquele hábito.

Aparentemente.

Mas, de algo Petra tinha certeza: Valentina só fazia aquilo quando estava bolada com alguma coisa.

— O Raizel é o Rai — disse, sem conseguir encarar a outra nos olhos — mas eu sou só a Valentina?

Huh? — Essas palavras a deixaram ainda mais confusa. — Co-Como assim?

— É, bem… — Virando o rosto para o lado, a moça aparentou ficar com um pouco de vergonha. — Eu também quero um.

"Eu também quero um apelido" era o que se esforçava para dizer. No entanto, todas as vezes em que iria falar, as palavras travavam em sua garganta.

Pedir isso era o mesmo que confessar que estava com inveja daquele cara. Como sua amiga pôde dar um apelido para ele, que a conhecia a apenas um ano, e não deu um para ela, que a conhecia desde a infância?

— Isso é tão injusto, Petra! — Só então, um pensamento passou, feito um flash, pela sua mente. — Espera, não me diga que… vocês dois…

— Bem, er… — Agora foi a vez de Petra de virar rosto corado para o lado, mostrando que se sentia desconfortável de tocar no assunto.

No entanto, antes que a garota pudesse responder direito, Andrew retornou para a sala, disposto a entender o que aconteceu com sua parceira.

— Valentina, eu… — Calou-se, assim que viu a situação em que as duas se encontravam.

Petra estava indefesa e rendida, deitada no sofá enquanto Valentina a prendia, sentada em cima dela.

Dado a forma abrupta com que agiu, a saia curta da sua parceira encontrava-se levemente levantada, permitindo ao rapaz ver um pouco mais do que deveria.

Uma alça da blusa dela havia caído, revelando parte do sutiã de renda e deixando o seu decote vulnerável aos olhos atentos do rapaz.

Com as feições de fragilidade, que transmitia no momento, Valentina exalava uma sensualidade tão natural que roubava o ar dos pulmões dele.

Ao perceber que seu parceiro a encarava parado, e já imaginando o tipo de pensamentos que passavam pela mente do rapaz, Valentina logo pegou a almofada mais próxima e jogou com força contra Andrew.

— Pervertido!


❂Valentina e Andrew❂

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