O Nefilim Primordial Brasileira

Autor(a): Ghoustter


Volume 1 – Arco 5

Capítulo 45: Ilha vs Ateliê

— Espaçoo… Dimensionaal: Ilha da… Peçoonha.

Em instantes, Trevor se viu em meio à praia de uma ilha deserta, com areia fina e cinza sob seus pés.

Mais ao fundo, um oceano de águas esverdeadas se estendia por um horizonte tão vasto que a sua visão era incapaz de alcançar o fim.

Logo à frente, apresentava-se uma diversidade de ecossistema composta por pântanos, cordilheiras, florestas e áreas desérticas. Algo incomum para qualquer Ilha que pudesse visitar em Hervrom.

Ainda assim, o que mais se destacava em meio àquele Espaço Dimensional era a variedade de animais venenosos.

De cara, impressionou-se com a quantidade de espécies de aranhas e cobras nas copas das árvores. Tudo à espreita de torná-lo uma de suas vítimas.

Se algum dia fosse tirar férias, esta ilha estaria fora do seu catálogo, com toda a certeza.

— Que agradável. — Pôs em posição de batalha. — É a sua cara.

— Mentirooso. — Em sincronia com essas palavras, Trevor deu um salto repentino para cima.

Ainda que leve, sentiu a vibração abaixo dos seus pés. Pinças e ferrões de escorpiões negros emergiram da areia loucas para dilacerá-lo.

— Escorpiões da Areia? — O garoto apontou a palma de uma mão para as criaturas e disparou uma rajada de energia contra elas, explodindo tudo abaixo.

Se todos os monstros foram dizimados, era difícil saber, mas uma grande quantidade de poeira era certa.

— O que esse tipo de animal faz numa ilha?

Do meio da nuvem de poeira uma espada surgiu cortando a areia, visando o peito de Trevor.

O rapaz foi eficaz ao desviar o ataque do Gula, distorcendo o espaço, então desferiu um potente chute, que terminou de espelhar o resto da poeira para longe.

Todavia, o seu adversário virou o rosto para o lado, evitando o pior. Apenas um pequeno filete de sangue escorreu da sua bochecha. Colocou o braço em frente ao rosto e esperou o seu oponente atacar.

Trevor encaixou uma sequência poderosa de chutes e socos em pleno ar. O impacto dos seus golpes eram devastadores a ponto de serem confundidos com o rugido de trovões.

Já o seu adversário continuou fervorosamente em modo de defesa. Estava disposto a encarar aquela pressão, se isso significasse obter uma oportunidade de passar pela Distorção Espacial do Designer Polivalente, e essa oportunidade… chegou.

Após tanto apanhar, finalmente conseguiu segurar o braço do seu inimigo. Um sorriso sarcástico se formou em seu rosto, então a boca na sua mão se abriu e a língua envolveu o braço de Trevor.

— Mesmo que seja bom no corpo a corpo. — O nefilim sentiu a energia do seu braço enfraquecer. — Você ainda é um espadachim sem espada, hehehe!

Precisava se soltar antes que aquela língua o enfraquecesse mais, o que tornava o seu adversário ainda maior e forte.

Então enfiou a sua mão livre dentro de um Portal Dimensional, tirou uma espada prateada de lá e cravou na língua do seu inimigo, perfurando o seu próprio braço no processo.

Argh! — A língua tremeu de dor.

— Quem tá desarmado?

Era inegável que aquela arma era inferior à sua espada astral, mas ele precisava de um pouco mais de tempo para refazê-la.

O que Trevor não esperava era que o seu adversário atacaria com a mão ferida, na verdade, essa era a única opção que tinha, pois qualquer outro movimento poderia ser facilmente defendido pela Distorção Espacial.

Então o pecado liberou grande parte da energia acumulada, após ingerir a espada do nefilim, em forma de um devastador disparo que atingiu o braço dele, arremessando-o para dentro do mar.

Trevor afundou como um torpedo, tanto que perdeu a noção de profundidade. Quando se deu conta, estava tão fundo que tudo ao seu redor era um breu quase completo.

Ao olhar para si, o jovem espadachim viu a água ao redor ser manchada pelo sangue que escorria do seu braço em recuperação. Aquele desgraçado o acertou em cheio.

A única coisa que estranhou foi o fato do Gula não ter perseguido ele até o fundo do oceano, mas a resposta não tardou em vir.

Sua mente foi afligida por uma forte sensação de pesar, convidando seus olhos a se fecharem.

Ele já havia lutado demais, mesmo antes de sair da Academia, teve que lidar com tantos papéis e documentos.

Aos poucos, seus olhos começaram a sucumbir enquanto flutuava. Ele, mais do que ninguém, merecia um tempinho para… dormir.

"Não!" Com o que lhe restava de consciência, esmagou todo o espaço ao redor em uma torrente que se estendeu até acima do nível do oceano.

Do meio da coluna d'água, a figura do nefilim surgiu imponente. O seu corpo, antes ferido, estava revestido pela proteção de uma armadura leve, e um brilho azul-claro emanava de si, da mesma cor do manto em sua cintura.

— Energia divina! — Gula estava em puro êxtase ao observar aquela armadura deliciosa.

A sua fome ficou ainda maior. Depois de gastar parte da energia que obteve de Trevor, o seu corpo voltou a murchar, ficando quase tão esquelético quanto antes.

"No fim, o destino da gula é morrer de fome, heim?", pensou consigo mesmo, ao passo que a sensação de sono diminuía.

— Vou te comer! — Avançou com tudo em busca do prato de energia divina.

— Chega de lutar em território inimigo. — Ser pego por aquela sensação de sono de novo seria o seu fim. Então, juntando as mãos, proferiu: — Espaço Dimensional…

Com o seu poder reforçado pela Veste Divina, Trevor fez a Ilha da Peçonha estremecer e se deformar.

Gula, que avançava, foi tragado junto à sua companheira e puxado pela deformação espacial que engoliu o Espaço Dimensional de Preguiça, sem resistência.

— … Ateliê Eclético.

Ao fim da sobreposição, o lugar havia se tornado um imenso salão repleto de vários quadros que retratavam os mais variados tipos de cenários.

Algumas mesas, pincéis e tintas complementavam a oficina do artista, o Designer Polivalente, Trevor Foster.

— Chaato — disse, ao passo que via as pinturas e as manchas de tinta pelo chão. — Breega.

Já o seu parceiro observava tudo com olhos esbugalhados, lambendo os beiços e imaginando se aqueles quadros teriam um gosto bom.

— Toque nas minhas pinturas, e não haverá mais dedos nessa sua mão. — Trevor estendeu um braço para uma tela que veio até ele. — Essa é a verdadeira natureza desse ateliê.

O quadro em sua mão retratava a pintura de um céu azul, sem nuvens, sem lua, sem sol, apenas um espaço vazio.

O Vislumbre da Purificação. — Assim o Ateliê Eclético mudou a sua forma, assumindo a aparência retratada na pintura e, em instantes, era como se eles estivessem dentro daquele quadro.

— Chaato. — Preguiça foi a primeira a realizar uma ação, ou foi o que ela tentou. — Hã? — Confusão surgiu naquele semblante tedioso. O seu veneno mal surgia e era dissipado pelo ambiente.

— Ainda acha chato? — Trevor observou a garota, com um pequeno sorriso altivo. — Você não pode gerar impurezas dentro do Vislumbre da Purificação.

O próprio ar presente no ambiente se encarregava de purificar qualquer substância tóxica ou impura que fosse criada ali. Assim, ele conseguiu colocar um dos seus oponentes em xeque.

Agora bastava cuidar do outro. Dessa forma, avançou contra o homem à sua frente.

Por mais que Gula tentasse acompanhar os movimentos do garoto com os olhos, isso estava longe de ser uma tarefa fácil.

Seu adversário estava muito mais rápido do que antes e, com o Teletransporte, ficava aparecendo e desaparecendo da sua visão.

O pecado rodopiou a sua lâmina para proteger o seu braço que, por pouco, não foi decepado pelo movimento da espada do nefilim. Salvo por puro reflexo.

 Ainda assim, a sua arma foi pressionada para baixo, o seu braço sangrou. O ferimento foi raso, mas foi ferido já no primeiro ataque.

— Essa é a diferença entre energia espiritual e energia divina? — O seu inimigo sumiu e reapareceu bem na sua frente. A ponta da arma dele veio com tudo em direção ao seu rosto. — Merda!

O homem inclinou a cabeça com tanta força para o lado que ouviu as suas vértebras estalando. Um preço baixo, considerando o corte que ele sofreu na lateral do pescoço.

Se tivesse ficado só por aí, teria saído no lucro. O rapaz desceu a sua lâmina para baixo e, por mais rápido que o tenha se jogado para trás, Gula recebeu um corte desde o ombro até o abdômen.

"Merda!" A diferença de poder entre os dois havia se tornado grande demais.

Mesmo que Trevor tivesse gastado uma quantidade absurda de energia para reescrever o seu espaço sobre o espaço da Inveja, ele ainda estava à toda.

O pecado precisava aumentar a sua energia, ele precisava comer algo. Mas o que ele comeria? "Esse maldito lugar vazio!"

Aquele desgraçado escolheu um espaço que atrapalhava tanto a Preguiça quanto ele. E aquilo era apenas um dos quadros dele.

— Maldito seja!

Nesse ritmo tudo o que poderia fazer era aceitar os ataques, aceitar ser acertado. Assim, quando a espada de Trevor perfurou o seu peito, ela… travou.

Uma grande boca surgiu no peito do homem. Os dentes afiados apertaram a lâmina, e ela quebrou, apesar da resistência proporcionada pela energia do garoto, aquela ainda era uma arma comum.

O rapaz estendeu a outra mão para um Portal Dimensional, que se abriu ao seu lado. O seu inimigo pensou que ele tiraria mais uma arma de lá, no entanto não passava de uma distração.

O verdadeiro ataque veio em forma de uma fisgada que sentiu no seu único braço restante. O espaço se distorceu, quebrando cada osso do seu membro.

Argh! — Fragmentos de ossos ficaram expostos junto à carne torcida e o sangue que jorrava.

Agora que estava incapacitado de usar o seu Dispositivo de Teletransporte, ele poderia ser facilmente contido numa Prisão Dimensional.

Bastava lidar com a Preguiça que havia se tornado um alvo fácil e estaria tudo acabado. Trevor estava com a vitória nas mãos.

Estava.

— Quê?! — Suas pernas desabaram a um passo de prender o seu inimigo. Os músculos das suas pernas, não, não apenas os músculos, mas os ossos também estavam trincando ou rasgando. — Quando?

Ao longe, Preguiça esbanjava um sorriso de conquista enquanto o nefilim continuava sem entender quando foi envenenado e que tipo de veneno era aquele.

Por mais que ele tentasse curar os seus ferimentos, o veneno estava degradando o interior do seu corpo rápido demais.

— Como você…? Argh! — Os seus braços também perderam as forças, o ar nos seus pulmões ficou pesado e o seu coração acelerou.

Mas como isso era possível? Ela deveria ser incapaz de usar veneno ali dentro, a não ser que…

"Ela me envenenou antes de entrar aqui? Foi na ilha?! Antes disso?!"

A garota bocejou e abraçou a sua serpente. — Missãão cumpriida.

— Você está confuso, né? — O homem, que havia perdido os seus braços, se abaixou para falar com o rapaz. — Microinsetos de Veneno.

Estruturas tão pequenas, que chegam a ser quase imperceptíveis, podendo passar até mesmo pelos poros da pele.

Argh! — Mesmo que tenha tomado tanto cuidado contra o veneno, havia momentos em que ele tinha que desfazer a sua defesa para atacar, só podia ter sido aí.

— Fique contente, garoto, a sua Habilidade Inata vai ser bem útil pra gente.

Trevor ficou um pouco confuso por um momento, então uma luz acendeu na sua mente, e ele entendeu como os portais irregulares eram criados

— Quando você virar uma casca vazia eu vou pedir pra devorar o seu corpo, então pode ficar tranquilo quanto ao enterro.

Nem fudendo que ele ia acabar como da outra vez, imobilizado, caído no chão. Com suas últimas forças, escreveu uma mensagem mental pelo MIC para Sophie e chamou um quadro até ele.

No instante em que seu rosto foi ao chão, uma pequena peça de xadrez verde caiu do seu bolso.

— Vejo vocês… do outro mundo. Haha!

Os seus inimigos só se deram conta do que o garoto quis dizer quando observaram a pintura que apareceu perto dele.

Seus se arregalaram ao verem o caótico campo de guerra sendo massacrado por incontáveis explosões de ogivas nucleares: O Caos na Guerra.

— Puta que pariu.

E o espaço mudou mais uma vez.


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