O Nefilim Primordial Brasileira

Autor(a): Ghoustter


Volume 1 – Arco 4

Capítulo 32: Salão do Sadismo (1)

— Espaço Dimensional — proclamou aos quatro ventos — Salão do Sadismo!

Imediatamente, o ambiente começou a se remodelar, tomando a aparência de um vasto salão com piso xadrez, contendo vários instrumentos de sadismo.

Chicotes, algemas com interior aveludado para pulsos e tornozelos, vendas, coleiras com guias, mordaças e cordas estavam espalhados por todos os lados do salão, que parecia sem fim.

No entanto, Trevor e Sophie mal tiveram tempo para observar a elegância ou as dimensões do ambiente.

Os dois foram de imediato ao chão, tomados por uma expressão incomum de dor em seus rostos.

No momento em que foram transportados para aquele lugar, foi como se o ar tivesse se tornado pequenas navalhas e cortasse a pele dos dois incessantemente.

A dor era tanta que os deixou sem capacidades de reação. Entrar ali era morte certa para muita gente.

— Sejam bem-vindos ao meu pedacinho do paraíso — A garota abriu os braços, com um largo sorriso em sua face. — Aproveitem, é uma oportunidade única.

Uma vez lá dentro, os inimigos tinham a sensibilidade à dor dos seus corpos elevada a um nível que estava além da imaginação.

Qualquer toque já causaria uma dor insana, até mesmo o sutil esvoaçar do vento.

A sádica se aproximou primeiro de Trevor, dando-lhe um chute na face e jogando-o para longe. Incapacitado, o rapaz deslizou, sem resistência, pelo piso gelado.

Contudo, quando a garota se aproximou para chutá-lo uma segunda vez, o rapaz segurou a perna dela, o que a deixou surpresa por um instante.

— Você gosta de sentir dor? — perguntou, com sua expressão mudando para empolgação. — Sabe, eu gosto de gente assim.

— Bem, é que… — disse, com uma pequena risada enquanto as runas azuis se espalhavam pelo seu corpo — eu tenho imunidade à dor.

Antes que Luxúria pudesse se soltar da mão de Trevor, várias flechas de energia verde explodiram em suas costas.

O nefilim estava longe de ser o único a possuir os privilégios dessas runas.

Aproveitando a chance criada pela sua companheira, o garoto logo realizou um corte ascendente com a sua espada, fazendo um ferimento na sua oponente, desde a barriga até à altura dos seios.

Com um pequeno passo para trás a garota escapou de ter o seu rosto e a sua máscara cortados.

Por pouco, a sua identidade foi salva.

Inesperadamente, a mascarada começou a rir ao ver e tocar os seus ferimentos.

— Você é bom mesmo!

"O que deu nessa garota?", indagou-se Sophie. "Ela não percebe que o jogo virou, mesmo gastando uma quantidade absurda de energia para usar esse Espaço Dimensional?"

Independente disso, ela aproveitou para preparar uma flecha que brilhava em tom de verde-esmeralda.

Ah! Acho que esses trapos perderam a serventia — disse Luxúria, enquanto jogava fora o seu sobretudo rasgado pelos cortes e explosões dos seus adversários.

A roupa que usava por baixo do sobretudo era preta, que nem o cabelo que se estendia até a altura da cintura fina, e justas ao corpo, enaltecendo cada pedacinho daquela escultura humana.

Por um momento, até o Designer Polivalente ficou sem reação ao observá-la.

— É bonitinha, né? — provocou com voz sensual. — Digo, a gargantilha.

Tocou com delicadeza a gargantilha de couro com spike em seu pescoço. No centro do acessório, o símbolo de um coração vermelho se destacava.

Compreendendo as intenções dela, o garoto voltou a levantar a guarda.

— Eu curto mulheres mais recatadas.

Ah! Mas parece que os seus instintos dizem o contrário.

"O que essa garota é? Uma striper?" Sophie segurava o arco com a força de um urso. Aquela mulher devassa realmente queria tomar o parceiro dela?

Respirando fundo, a arqueira aproveitou a oportunidade para disparar a flecha que estava preparando.

A mascarada, vendo que havia algo de diferente naquele projétil, apressou-se para voar para longe do seu alcance.

Todavia, a flecha, que era teleguiada, continuou a persegui-la, forçando a assassina a jogar algumas mesas para se livrar do empecilho.

Independente do que fizesse, o projétil continuava a desviar dos objetos e insistia em persegui-la.

Ah! Que chato.

Nesse ritmo, ela teria que encarar a flecha de frente e cortá-la com as suas adagas.

E assim a mascarada fez, mas esse foi o seu maior erro durante a luta.

No momento em que a garota encostou as lâminas das suas adagas naquela flecha, o projétil se misturou às suas armas e percorreu o seu corpo, paralisando-a instantaneamente.

— O que achou dessa Flecha de Paralisia Temporal? — perguntou Sophie aproximando-se.

Enquanto sua oponente fosse incapaz de ultrapassar a quantidade de energia espiritual da arqueira, ela continuaria sob o efeito dessa técnica.

No mínimo, levaria um bom tempo até que conseguisse se soltar.

O que Sophie não esperava era que, de repente, Trevor cairia atrás de si, sem qualquer motivo aparente.

— Trevor?

O rosto dele estava pálido e suando frio. De imediato, sua parceira correu até ele para ajudá-lo.

— Ei! Ei! O que aconteceu?! — Sophie perguntava atônita enquanto pegava no rosto dele e o sentia cada vez mais frio.

— Levar ela… Academia... rápido — expressou com dificuldade.

O rapaz sentia a sua visão turva. Os seus ouvidos e o olfato estavam estupidamente embaralhados.

O tato já não discernia bem o que tocava, e o paladar estava perdido quanto a que gosto deveria sentir.

— Trev… — De repente, Sophie foi atingida por uma tristeza profunda.

A garota começou a soluçar enquanto juntava as mãos contra o peito com força, ofegante.

 Aos poucos, lágrimas começaram a cair do seu delicado rosto, e ela sentiu uma enorme culpa dentro de si.

"O que está acontecendo comigo?", indagou-se, aos prantos.

Ah! Enfim, os meus feromônios fizeram efeito.

Luxúria lentamente voltou a se mover. A desestabilidade de Sophie enfraqueceu o efeito da sua técnica e, agora, os dois estavam indefesos diante da sua inimiga.

Ah! Como você fica lindinha chorando — falou, com as mãos juntas em frente ao peito. — Assim eu mal consigo resistir, sabe?

— O que... você fez? — indagou, ao passo que se esforçava para enxugar as lágrimas.

Hmmm! Como eu posso dizer? — refletiu, olhando para cima. — Ah, sim! Meu corpo é meio especial, sabe? Ele produz alguns feromônios que causam uns efeitos bem, beeem legais.

Enquanto falava, a assassina se dirigiu em direção a algumas algemas para pulsos e tornozelos, e um chicote de couro com várias tiras na ponta, que estavam jogados pelo chão.

— Em homens, eles causam desorientação dos sentidos e, em mulheres, tristeza profunda — continuou, enquanto prendia as mãos e os pés de Sophie, que estava incapaz de reagir.

— Me… Me larga. — Resistia em vão.

— Eu já sabia o que essas runas fazem, ok? Eu só trouxe vocês aqui pra acelerar os efeitos dos feromônios. — Estalando o chicote no ar, continuou: — Então, faça o meu trabalho valer a pena, tá bom?

Por causa do baixo nível de concentração, as runas da arqueira começaram a sumir, e a sua sensibilidade à dor passou a aumentar.

Inevitavelmente, a primeira chicotada veio.

Aaargh! — Suas costas arderam como nunca. Aquele chicote parecia ser feito de brasa viva.

Hahaha! — A assassina apreciou o sofrimento da outra como se presenciasse um espetáculo único. — Isso! É assim mesmo!

Uma segunda chicotada, e…

Aaargh! — Sophie mordeu os lábios para resistir à dor, mas era inútil. Naquele lugar isso era… impossível.

A terceira chicotada doeu ainda mais que as outras, e as marcas das tiras de couro se espalharam pelas suas costas, já vermelhas de tantas feridas.

— Vamos, grite! — Aquilo era música para os seus ouvidos. — Grite pra mim!

Na quarta chicotada, sangue voou das costas de Sophie, manchando o piso do salão e as tiras do instrumento que a feria.

— Pa… Para — pediu com a voz fraca, vendo o seu sangue sujando o piso xadrez.

Os quadrados pretos e brancos a recordavam do jogo que ela tanto adorava e, lembrar disso, só fazia seu peito doer ainda mais.

— Por favor… para — implorou com lágrimas nos olhos.

Huh?

O coração da agressora quase parou. Como alguém poderia ter olhos tão cativantes?

— Eu… Eu não consigo — disse ofegante. Sua respiração estava tão pesada, e o seu coração batia de forma tão louca. — Eu não consigo mais parar.

Suas mãos tremiam de tanta empolgação. Aquela garota era especial. Ela a fazia se sentir de uma forma tão mágica.

— Me dê mais — disse, ao passo que erguia o chicote. — Me dê mais, mais e mais!

Quanto mais Luxúria estalava o chicote, mais o seu desejo de continuar com aquilo crescia.

A moça gritava e se contorcia no chão, torcendo para que aquilo acabasse, torcendo para que aquilo fosse apenas um pesadelo.

"Linda! Tão linda!"

As expressões de dor da sua inimiga eram as melhores que Luxúria já contemplou em toda a sua vida.

Sophie era naturalmente bela, mas, neste momento, ela brilhava como nunca aos olhos da assassina.

Um pouco ao longe, Trevor jazia caído no chão. Seus sentidos estavam bagunçados a ponto de ele já nem saber o que era esquerda ou direita, cima ou baixo.

O nefilim se encontrava alheio ao mundo.

Ele sentia como se estivesse sendo tragado pelas águas conturbadas de um oceano violento. Era como ser jogado de um lado a outro pelas ondas, sem saber onde estava e, muito menos, para onde iria.

Apenas uma sensação era discenível, uma sensação que não era proveniente dos sentidos do seu corpo, mas do fundo da sua própria alma.

O Pacto de Ressonância martelava sem dó em seu peito, indicando o tamanho da sua incompetência como duo.

"So-Sophie." Seu peito doía e queimava a cada chicotada que sua parceira recebia.

Então o rapaz abriu os olhos que, embora não discernissem nada, brilharam em um azul perturbador.


Siga-nos nas redes sociais Instagram e Discord



Comentários