O Nefilim Primordial Brasileira

Autor(a): Ghoustter


Volume 1 – Arco 4

Capítulo 31: Luxúria

No alto da Torre do Relógio de Oprantis, a cidade onde surgiu o primeiro portal irregular, uma figura alta e magra trajava uma capa preta, tornando-a quase imperceptível em meio à escuridão da noite.

Trevor passou por todas as cidades onde surgiram portais irregulares, mas sem obter nenhum resultado satisfatório que apontasse para quem estivesse por trás daquilo.

Em alguns momentos, ele pensou que todo o trabalho até ali poderia ter sido em vão, uma vez que havia se passado bastante tempo desde que partiu da Academia.

— Aquele cara parece meio suspeito — disse Sophie, que acabara de se aproximar do rapaz.

Ao longe, um homem andava olhando para todos os lados para não ser notado entre os becos da cidade.

Mas escapar da visão de uma arqueira do nível de Sophie era uma missão mais do que difícil, até mesmo para um pequeno animal no escuro.

— Espero que dessa vez seja algo útil — observou, demonstrando o seu desânimo com os resultados obtidos.

Após encontrar nada nas outras cidades, o duo decidiu verificar a cidade de Oprantis uma última vez antes de retornar para a Academia.

Se eles não obtivessem resultados na cidade onde surgiu o portal irregular de Rank S, então teriam que tentar a sorte em uma cidade aleatória antes de um portal surgir.

Infelizmente, os locais onde os portais surgiram, até então, não demonstravam nenhuma relação existente entre si.

Todas eram cidades diferentes em estrutura econômica ou geográfica. Contudo, nunca surgiu mais de um portal irregular na mesma cidade.

Considerando que esse padrão se mantivesse, os dois teriam que esperar até que a quantidade de cidades restantes se tornasse pequena o suficiente para que eles descobrissem onde o próximo portal surgiria.

— Vamos só observar a situação de longe — disse Trevor enquanto saltava cuidadosamente pelos telhados das residências e seguia o suspeito.

Durante as suas investigações, os dois tiveram que lidar com vários negócios ilegais que encontraram nas cidades como: tráfico de drogas, prostituição e venda de bebidas alcoólicas para menores de idade.

Contudo, eles apenas passaram as informações para as autoridades competentes resolverem o problema. Assim, poderiam continuar a agir de forma discreta.

E, ao que tudo indicava, o duo estava caminhando para mais uma situação do tipo.

Surpreendentemente, o suspeito parou na esquina de uma rua escura e isolada. Ele bateu em uma parede feita de tijolos e, depois de alguns instantes, a parede se abriu revelando uma passagem secreta.

O homem observou o espaço ao redor uma última vez, então entrou no local. Felizmente, Trevor e Sophie passaram despercebidos, ao deitarem-se no telhado de uma casa, camuflando-se no escuro.

— Parece que encontramos algo grande dessa vez. — Sophie estava contente por finalmente ter achado alguma pista útil. — Hehe!

— Nós ainda não sabemos se aquele cara tem alguma relação com os portais.

— Então… vamos lá?

Após tanto tempo convivendo juntos, ela já sabia o que as feições do garoto expressavam naquele momento.

— Sim, vamos lá.

Sem desperdiçar tempo, e para evitar que o seu alvo tivesse alguma oportunidade de fugir, os dois chegaram destruindo a falsa parede de tijolos.

Mais rápido do que as pessoas dentro do recinto pudessem perceber, Trevor e Sophie as derrubaram e amarram suas mãos e pés.

O perfil dos indivíduos era bem variado. Havia jovens, adultos, pessoas de classe baixa, média e alta. Era o que se podia julgar pelas suas vestimentas. 

Todos no local pareciam desesperados como se suas vidas estivessem para acabar pelo simples fato de terem sido descobertos.

Alguns soavam frio pelo rosto, outros estavam inquietos e os mais novos à beira do choro.

Ao que parece, os dois realmente se esbarraram em mais um problema aleatório.

— Essas são as pessoas dos portais? — blefou Trevor. — Que decepcionante.

Imediatamente, todos ficaram surpresos e nervosos. Independente do que falassem a partir dali, o duo já possuía a resposta em mãos.

— É bom que estejam preparados, viu? — intimou Sophie, com as mãos na cintura. — Humph!

— E-Espere! N-Nós somos apenas peixes pequenos — gaguejava um dos mais jovens. — N-Nós não temos informações da Perpe…

Zum!

Antes que o jovem completasse sua fala, uma veloz adaga perfurou sua garganta, fazendo-o ir ao desespero enquanto se engasgava com o sangue.

Sophie logo se preparou para curá-lo, mas a lâmina girou rapidamente, degolando o rapaz e cortando os seus dedos que a seguravam em uma tentativa falha de sobrevivência.

A arma logo mirou o rosto da garota, forçando-a a se inclinar para o lado para evitar o ataque, assim retornou para as mãos do seu portador.

Trevor e Sophie ficaram surpresos ao verem a figura de uma garota encapuzada usando uma máscara que cobria os seus olhos e nariz.

"Quem é essa garota?", indagou-se o rapaz. "E desde quando ela tá aqui?"

Ignorando os pensamentos de Trevor, a garota misteriosa jogou outra adaga, mirando as cabeças das outras pessoas.

O nefilim reagiu rápido e os protegeu usando a Distorção Espacial para desviar a direção da arma.

— Oh! Que habilidade legal! — disse a garota, batendo palmas. — Você é bom mesmo. Hmmm… — Levou um dedo aos lábios, enquanto recebia sua arma de volta. — Acho que deixo você ser meu brinquedinho.

— Eu recuso — respondeu enquanto sacava sua espada e entrava em posição ofensiva. — Quem é você?

— Aah! Que homem teimoso. Se bem que é assim que eu gosto, mesmo.

— Você não respondeu a nossa pergunta — frisou Sophie, com seriedade.

Inesperadamente, a garota soltou um pequeno suspiro e recolheu suas armas de volta à cintura, então olhou para a moça que havia lhe chamado atenção.

Era difícil discernir suas feições por causa do capuz e da máscara, mas podia-se dizer que ela estava intrigada com o clima.

— Quem eu sou? — Levou um dedo até a boca mais uma vez, pensativa. — Deixe-me ver. Se eu te contar meu nome verdadeiro a Inveja vai me matar. Que tal… Luxúria, serve?

— Que seja. Você vai ter bastante tempo pra responder as nossas perguntas na prisão, mesmo.

A garota apenas riu da afirmação de Sophie, mas isso a fez se lembrar dos reféns amarrados.

— Ah, é mesmo — disse, juntando as mãos em tom de desprezo. — Morram, seus vermes.

Nervosos e com medo, os reféns se viram sem saída. Pelo andar da carruagem, eles seriam presos e condenados ou assassinados pela Luxúria.

 Assim, eles decidiram se entregar ao seu destino inevitável, mas antes que conseguissem fazer alguma coisa, Sophie entendeu a situação.

Rapidamente retirou mais algumas faixas do seu anel de ressonância e amordaçou todos os reféns.

— Ninguém vai morder a língua aqui.

No momento em que Sophie concluiu o seu objetivo, ela pôde sentir uma tenebrosa aura que se assemelhava à energia bestial.

— Mas o que…

— Ahh… Agora tô achando você meio chatinha.

Aquela aura estranha vinha da garota misteriosa, que não parecia muito feliz com a atitude de Sophie.

— É como diz o ditado: — disse a mascarada, fazendo menção de se aproximar dos reféns — "se você quer um trabalho bem feito, então faça você mesma", né?

— Não! — respondeu Trevor.

Com um movimento de mão, o rapaz jogou os reféns dentro de uma dimensão isolada, antes que a garota os alcançasse.

Ele não abriria mão tão facilmente dos reféns que teve tanto trabalho para conseguir.

— Você é nossa.

— Hmmm! Acho que eu não me importaria de ser sua — expressou enquanto sumia junto com os outros dois — mas não vai ser tão simples, sabe?

Com isso, o rapaz teletransportou os três para longe dali.

O local estava bem frio por causa da noite e o vento soprava a poeira levemente por todos os lados, vazios e desolados.

— Hmm! Um deserto — indagou, Luxúria, observando o lugar. — Que péssimo lugar pra um encontro.

Considerando a quantidade de energia que aquela garota manifestou, seria impossível capturá-la sem causar muitos estragos à cidade de Oprantis.

Um local desabitado, como aquele deserto, era uma opção mais adequada.

— Bom, já que é assim — disse Luxúria, sacando as suas adagas — vamos nos divertir aqui mesmo.

A assassina rapidamente partiu para cima de Sophie, mirando um corte lateral na direção do rosto dela, querendo atingir os olhos.

Contudo, a garota foi rápida o suficiente para dar um passo para trás e escapar da lâmina que passou brilhando à sua frente.

Em um combate à curta distância contra alguém da classe assassino, a desvantagem era bem injusta para Sophie.

No entanto, a garota começou a defender as investidas da sua inimiga com o corpo do arco, ao passo que buscava um pouco de espaço.

— A sua resistência é fútil — expôs a mascarada, enquanto pressionava sua adversária.

Sem as flechas, a arqueira perdia parte do seu potencial ofensivo, e Luxúria iria aproveitar disso tanto quanto pudesse.

O que ela não esperava era que Sophie desapareceria repentinamente dos seus olhos.

— Huh?

Trevor se teletransportou para as costas dela para perfurá-la com um ataque certeiro da sua espada longa.

A mascarada, percebendo a intenção do garoto, girou para rebater a investida com uma de suas adagas. No entanto, em uma disputa de força, ela foi jogada para longe.

Deslizando na areia, a garota se deu conta de como os golpes daquele espadachim eram pesados.

— A sua resistência é fútil — disse Trevor replicando a provocação da garota enquanto a observava no ar.

Com um único movimento de espada, dois cortes, com a mesma intensidade do original, surgiram do nada e atingiram as costas de Luxúria.

— Hehe! Corte Multidimensional, heim? — sorria, mesmo ferida. — Ah, isso é tão bom!

Antes que a garota pudesse curar os seus ferimentos, várias flechas de energia verde vieram em sua direção, forçando-a a usar as adagas para se defender.

Em posse da distância necessária, Sophie se tornou um perigo que não podia ser tolerado.

— Esses dois juntos são bem chatinhos.

Então a assassina lançou várias esferas de energia escarlate, causando explosões pelo deserto e fazendo a poeira do local se espalhar em uma nuvem de poeira que envolveu todos.

Trevor e Sophie levaram seus braços em direção aos rostos para evitar a poeira de entrar em seus olhos.

No entanto, era isso que a sua adversária queria. A garota conseguiu se aproximar por trás de Trevor e cravar as adagas nas costas dele sem que o rapaz a notasse.

Naturalmente, esse ataque causaria certa dor e desconforto, mas a dor que o nefilim sentiu foi simplesmente descomunal.

Era como se tivessem dilacerando seus músculos, quebrando as suas costelas e perfurando os seus pulmões, tudo isso ao mesmo tempo.

Trevor foi ao chão enquanto cuspia sangue.

— Argh! — O rapaz olhou para trás, incapaz de sentir a presença da sua inimiga. — Furtividade. — Tudo o que lhe restava era ver as lâminas se aproximando de novo.

A tentativa de Luxúria só não foi um sucesso devido à chuva de flechas que Sophie lançou, detonando tudo ao redor assim que ela sentiu o risco que Trevor sofria.

Contudo, em meio àquela nuvem de poeira , a garota rapidamente sumiu da visão afiada da arqueira. Se ela se afastou de Trevor, só havia mais um alvo.

Sophie se virou a tempo de defender uma das adagas da assassina, que havia aparecido nas suas costas. Logo sentiu falta da segunda adaga de Luxúria.

Uma forte dor se espalhou pela região da sua barriga, como se o seu intestino e estômago estivessem sendo fatiados. Lá estava a segunda adaga?

"Quando foi que ela…?"

Antes que a mascarada pudesse realizar o próximo ataque contra a garganta de Sophie, Trevor a teletransportou para perto de si.

O garoto havia curado os seus ferimentos e estava posicionado na frente de Sophie para que ela tivesse tempo suficiente para se curar também.

— Hmm! Acho que você já entendeu, né? — disse, colocando as mãos atrás das costas.

— Manipulação de Dor — disse Trevor com um pequeno sorriso no rosto. — É bem inconveniente, igual você.

— Hehe! Nem adianta negar seus sentimentos verdadeiros, viu? — falou, mostrando a língua para ele. — Todo mundo se entrega aos meus braços, até mesmo você.

— Isso é o que você diz.

— Mas talvez eu tenha que tirar ela do nosso caminho, sabe? Eu odeio concorrência. — Abrindo seus braços, proclamou: — Espaço Dimensional…


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