O Nefilim Primordial Brasileira

Autor(a): Ghoustter


Volume 1 – Arco 3

Capítulo 22: Bellatrix

Ao longe, o impacto dos golpes de Petra e Raizel ecoavam floresta afora. O tilintar agudo de suas armas afastava qualquer animal que estivesse nas redondezas.

Petra avançou com um movimento por baixo e tentou acertar algum corte no rapaz que defendia cada um dos seus ataques com duas espadas pretas.

O garoto guardava em sua mente cada um dos movimentos dela para corrigi-los mais adiante.

A garota já estava usando três das quatro runas de uma vez, mas a diferença de habilidades ainda era grande demais.

Quando Petra conseguiu desarmar seu oponente, desviando as suas espadas para cima, a garota tentou aproveitar a oportunidade para realizar um movimento decisivo.

Finalmente, após tanto tempo trocando golpes, ela obteve uma oportunidade para avançar. Contudo...

Logo o garoto desviou para o lado e acertou um soco pesado em sua barriga, fazendo-a cair em alguns arbustos a metros de distância.

— Lição número dois… —  disse Raizel enquanto saía da postura do soco.

— ….Aproveite ou crie aberturas. — disse Petra, enquanto se levantava dos arbustos.

Em um instante, Raizel se aproximou de Petra e ativou as runas do braço para desferir um poderoso golpe contra a garota que tentou se defender usando sua espada.

Lançada para longe mais uma vez e com ainda mais potência. Foi surpreendente sua arma não ter quebrado.

— Você disse que… não ia usar as suas runas — disse Petra que mal conseguia segurar a espada e se manter de pé após o ataque.

Era evidente que, após tanto tempo lutando sem parar, ela já estava próxima do seu limite.

Isso mostrava para Raizel o quão longe ela poderia ir, o que o animava bastante.

— Lição número três...

— …Nunca confie nos seus inimigos.

— Essa pode ser a mais óbvia, mas também é a que vai salvar a sua vida mais vezes.

O garoto atraiu suas espadas de volta para as mãos, então apontou a que estava na mão direita para sua parceira.

Um brilho vermelho envolveu a lâmina escura e começou a se acumular na ponta da arma.

"Hã?" O corpo cansado da garota gritou com todas as suas forças para ela se levantar e desviar, mas com quais forças?

— Acredite, isso vai doer mais em você do que em mim.

"Não era pra dizer o contrário?!"

Em um combate real não havia misericórdia.

A energia foi liberada com tudo.

Tão rápido quanto a energia vermelha vinha em sua direção, seu instinto de sobrevivência falou mais alto do que o desgaste corporal.

A garota pulou para o lado e rolou pelo chão.

A distância que conseguiu foi pouca, então ela sentiu a energia quente passar pelo seu lado e queimar o chão.

Os seus cabelos esvoaçaram para trás e a poeira até que o ataque cessasse.

Caída no chão, olhou para trás. A garota ficou realmente contente por ter desviado.

De onde ela estava até alguns quilômetros de distância, tudo foi reduzido a nada.

"Ele queria me matar?!" Os seus pensamentos foram interrompidos pelo som de passos se aproximando.

Lá estava Raizel encarando-a de cima.

— Você se saiu bem, mas não acertou um golpe. — O rapaz apontou uma arma para ela enquanto desmaterializava a outra.

Já estava na hora de dar a ela um pouco de descanso, mais que merecido.

No momento em que deu as costas para sua parceira, ele sentiu uma estranha movimentação atrás de si.

O rapaz girou rápido o seu corpo para se defender da investida da investida.

As espadas colidiram mais uma vez, só que Raizel foi empurrado para trás.

O ataque foi mais pesado do que antes. Um raio de energia prateada explodiu contra o nefilim.

Vendo que o seu oponente continuava de pé em meio à poeira, a garota deu um salto para trás para ganhar distância e preparar o próximo movimento.

— Esse é o ataque de uma pessoa que mal se aguentava em pé?

— Lição número três — disse a garota com um sorrisinho. Ajustou sua base, segurou a espada com as duas mãos e o encarou nos olhos.

Então Raizel percebeu a razão para a recuperação repentina: runas marcavam as suas pernas, runas que não estavam lá antes.

"Então ela conseguiu." Agora foi a vez do garoto sorrir — de empolgação. — Ela enfim ativou todos os quatro tipos de runas.

Todos os seus atributos aumentaram e ela conseguia ignorar a dor em seu corpo.

Petra deu um passo para a frente e logo estava cara a cara com Raizel, a sua espada também se moveu mais rápido que o habitual, tão rápido que ela ficou surpresa consigo mesma.

O seu oponente foi bem sucedido em desviar, jogando o seu tronco para trás e, antes que a garota pudesse corrigir os seus movimentos, acertou um soco na sua barriga.

Com as runas ativas ela não sentiria a dor do impacto, mas ainda era assustador imaginar que algumas costelas poderiam quebrar ao receber um golpe desses em um ponto mais vital.

Petra se manteve firme e ajustou o ângulo da arma, ela estava pronta para o próximo movimento quando, de repente, as runas sumiram.

A garota sentiu toda a dor dos golpes que havia recebido até então e caiu de joelhos.

Raizel não perdeu tempo e direcionou um soco de direita para a garota que estava sem condições de se defender.

Tudo o que Petra podia fazer era fechar os olhos e esperar o pior.

Contudo, o que ela sentiu foi a mão de Raizel repousando sobre sua cabeça e a dor diminuindo.

Quando abriu os olhos, ela o ouviu abaixado na sua frente com contentamento no rosto.

— Devo dizer que eu fiquei bem surpreso com a sua "quase" reviravolta — disse enquanto focava em curá-la. — Essa foi a primeira vez?

— Às vezes eu consigo… — Então abaixou a cabeça — Às vezes não.

"Então também está treinando no tempo livre, hein?"

Como a garota estava perdida em pensamentos, ela não reparou em como os dois estavam próximos.

A mão dele era suave sobre os seus cabelos enquanto terminava o processo de cura.

— Obrigada! E-eu já estou bem melhor. — E começou a se levantar sozinha.

— Vamos fazer um pequeno intervalo enquanto você termina de se recuperar.

Durante à noite, os dois estavam ao redor de uma pequena fogueira assando marshmallows.

Esse era um dos poucos momentos em que podiam descontrair, em meio àquele lugar desabitado e repleto de energia natural.

Quem visse aquela cena comum de acampamento não imaginaria que os dois treinavam até a exaustão durante o dia.

Uma rotina que consistia em: 8 horas dedicadas a controle, técnicas e estratégias envolvendo energia. Além de 4 horas focadas no desenvolvimento do combate corpo a corpo.

Nas horas em que Raizel não estava treinando a garota, ele aproveitava para meditar e aperfeiçoar o seu próprio corpo.

Assim, os dois seguiram nesse ritmo por cerca de duas semanas.

— Você já está melhor? — perguntou Raizel, olhando para os locais onde deveriam estar os ferimentos de Petra.

Uhum! Mas você bate bem forte durante as aulas.

— Quanto mais próximo de um combate real, melhor — disse Raizel ao tirar os seus marshmallows da fogueira. — Por sinal, você está se desenvolvendo muito bem.

Huh?

— Mas não se deixe levar pelo orgulho e nem esqueça das outras duas lições que você aprendeu.

— Eu não sou que nem você — disse apontando o espeto para Raizel. — Lição número um: sempre esteja um passo à frente, e lição número quatro: nunca anuncie os seus ataques surpresas.

A ideia para a quarta lição era de que apenas um idiota gritaria ao lançar um ataque pelas costas do inimigo.

Nessa situação, o indivíduo teria tempo de olhar para trás, pensar no que diabos o seu inimigo estava fazendo, se desviar e contra-atacar.

Um ataque surpresa que é anunciado não é mais um ataque surpresa. O pior era que isso acontecia muito.

Gritar era um mau-hábito que as pessoas tinham.

— Em resumo — disse Raizel — eu não me importo se você jogar sujo. Tudo o que eu quero é que você seja capaz de se proteger e voltar viva pra mim.

Ao que Raizel disse essas palavras com um sorriso carismático, Petra ficou um pouco envergonhada, mas também um pouco contente.

"Voltar pra ele…''

Os pensamentos da garota foram interrompidos ao que Raizel retirou uma bela katana prateada do seu anel de ressonância.

A bainha da espada brilhava, indicando que era uma arma nova. Mas onde ele conseguiu aquela espada?

— É sua — disse passando a katana flutuando por cima da fogueira até chegar em Petra.

— Minha? Sério?

A garota estava admirada com o quão bela aquela espada era. A sua bainha era prateada com detalhes em azul-celeste como se fosse forjada especialmente para ela.

Ao retirá-la da bainha, a espada mostrava os mesmo entalhes azuis-celestes pelo decorrer da lâmina prateada.

— É linda — disse, voltando o seu olhar para Raizel — Obrigada, de verdade.

— A sua arma astral está com alguns problemas na formação devido ao seu treinamento inapropriado de antes.

Petra se surpreendeu e voltou a olhar fixamente para a espada em seu colo. Ela nunca tinha visto uma arma tão bem forjada.

— Essa espada foi criada replicando o poder do Sagittarius A*, o buraco negro supermassivo do centro da Via Láctea.

— Então essa espada foi feita para...

— Auxiliar as suas habilidades de Manipulação Gravitacional. Então… que nome você quer dar pra ela?

— Vejamos… eu nunca nomeei algo antes. Hmmm… — Após fechar os olhos e pensar bastante, um nome lhe veio à mente. — Bellatrix.

— Um belo nome.

Hehe!

Valentina e Andrew estavam treinando na sua residência quando receberam uma notificação no MIC.

Os dois foram convocados para fechar um portal de Rank A que havia surgido recentemente nas proximidades da floresta Greenwood ao sul da Academia de Batalha Ziz.

— Não parece um portal muito complicado — observou Andrew. — As medições estão apenas um pouco acima de um portal de Rank B.

— Já serve. — Valentina fincou a arma contra no piso.

O rapaz desmaterializou a sua lança e já estava indo em direção à saída da sala de treinamento.

— Quando nós vamos para o portal?

— Daqui a dois dias.

Então Andrew percebeu que Valentina ainda não havia recolhido sua espada e estava segurando-a com força.

— Ansiosa?

O silêncio a denunciava.

Quando Andrew e Valentina chegaram à floresta Greenwood, os demais duos já estavam esperando para impedir o avanço dos monstros, caso o portal quebrasse.

Essa tinha várias árvores de grande porte — muitas eram frutíferas. Seria um local agradável para se visitar ou fazer um passeio, se não fosse pelo portal circular de cor azul que estava localizado entre as árvores.

Os animais e pássaros, que normalmente habitavam aquela floresta, já haviam abandonado o local, deixando apenas pegadas e galhos quebrados por onde passaram em desespero.

Os dois jovens se despediram dos seus companheiros e entraram no portal azul.

Contudo, quando os dois estavam lá dentro e se viraram para trás, eles viram os restos do portal que estava se fechando — uma pequena mancha… vermelha.


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