O Mestre da Masmorra Brasileira

Autor(a): Eduardo Goétia


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 28: Perguntas e Respostas

— Ainda temos muito o que ver ainda, então sigam-me em frente.

Chegando ao primeiro andar, tive uma visão ainda maior do quão incrível era aquele lugar. Debaixo das escadas havia ainda mais espaço amplo. Também vi algumas dezenas de portas enormes talhadas com diferentes símbolos que levavam a outras salas desconhecidas.

— Mestres iniciantes — começou a falar —, vocês agora fazem parte de um grupo sucinto, uma sociedade diferente dos padrões.

Hum.

Era engraçado a forma despretensiosa com que ela nos tratava. Não achava que fossemos ameaçada e lidava conosco como se fossemos criancinhas.

No entanto ela não estava errada. 

Um dos novatos levantou a mão e ela apontou para ele.

— Uma pergunta? 

— Você sabe onde estamos?

Ela sorriu.

— Primeiro, quero me chamem de mestra. Não é por nada, mas todos aqui atendem por mestre e suas variações. Se os tratarem assim, eles também te tratarão com respeito — Ela deu um pequeno sermão e continuou: —Estamos no Abismo, a maior masmorra do mundo.

Mesmo sem conhecer esse nome, ainda senti um calafrio descer pela espinha e o coração acelerar. Ela então contou a todos sobre o Abismo.

O lugar era literalmente um buraco no meio do mundo. Era um gigantesco abismo no meio do mar que ficava acima do nível da água.

Ela não disse a localização exata, mas eu sabia pela descrição que aquele lugar estava distante de tudo e todos. Ela explicou de forma simples, já que muitos dos mestres ali conheciam apenas as florestas e territórios onde nasceram, incluindo eu.

Então, tomei a decisão de fazer umas das mais importantes perguntas com as quais tinha dúvidas desde que renasci.

Levantei a mão.

— Outra pergunta? — disse ela apontando para mim.

— Gostaria de saber em que mundo estamos?— Todos pararam por um segundo para pensar e perceberam que também não sabiam a resposta.

Se aquele mundo realmente fosse similar a Vanglória, a sua tecnologia equivalia ao final da idade média e o começo do surgimento das primeiras armas de fogo.

A magia substituía em parte a ciência e a maioria das leis da física não se aplicavam a esse mundo.

Caso fizesse essa pergunta a alguém no meu mundo anterior, a pessoa me chamaria de louco ou riria da minha ignorância. No entanto, neste mundo que vivia no passado, poucos poderiam responder a ela.

Até a mestra bestial parou por um tempo para pensar.

— Eu não sei — respondeu sinceramente, com um olhar surpreso. — Poderia ser mais específico? E qual o seu nome?

— Kayn, meu nome é Kayn.

❂❂❂

Ela respondeu outras perguntas minhas, porém o efeito foi contrário; apenas criei mais dúvidas. Tudo o que ela sabia era baseado em lendas e mitos.

Várias delas se provavam ridículas. Eram apenas fantasias loucas, contraditórias e impossíveis. Porém uma delas chamou minha atenção e também era esse mito que a mestra bestial acreditava.

Ela me contou sobre o Criador.

Ele era um existência superior. Um ser de grande poder com o dever de equilibrar o mundo. Entregava poder, criava itens mágicos, escondia o que estava presente e achava o que estava perdido.

Aquele que criou os emblemas. Aquele que controlava a voz do mundo. Seguindo essa lógica, ele era infinito e, como ele, o mundo também deveria ser.

Com base em tudo o que havia recolhido de informações, não poderia pegar a existência desse criador. Na verdade, eu sabia muito bem quem ele era, mas por outro nome.

Sistema.

Possivelmente, o mundo não era infinito como dizia a mestre; ele estava apenas em constante expansão e mudança, passando por sutis manipulações do sistema.

Era até engraçado pensar nisso. Seres, que não sabiam explicar o que viam, colocavam a culpa de fenômenos e desastres em criaturas superiores: deuses.

Algo que logo depois ela confirmou...

— deuses, imperadores e calamidades dominam o mundo e, nós mestres, estamos logo abaixo deles. 

Aquilo me fez tremer um pouco. Imperadores existiam em Vanglória, mas tinha certeza que meu conceito de imperadores era diferente do dela. Deuses eram contados em lendas e itens, então possivelmente eles existiam.

No entanto eu nunca havia escutado sobre calamidades.

— Nossa organização unida tem o poder capaz de se igualar as Legiões Angelicais e Demoníacas, e alguns dos nossos mais consagrados membros estão entre as fileiras dessas cinco outras poderosas forças. 

Era engraçado a maneira com que ela falava. Parecia não notar que a maioria de nós não fazia a menor ideia do que ela dizia. Eu era o único que tinha noção disso.

Havia um hierarquia nesse mundo e os mestres nem estavam entre os mais fortes. Uma única parte que me deixou um pouco menos cabisbaixo foi sua fala sobre haver “membros entre as fileiras dessas cinco poderosas forças”.

Significava que poderia haver mestres que fossem parte dos imperadores, deuses e calamidades.

Voltei a pensar no sistema e no criador.

Talvez realmente exista uma entidade.

Se essa entidade realmente existisse, ela sabia que mundo era esse e como eu havia parado aqui.

Depois de mostrar aos pequenos sapos dentro de poços como o mundo era enorme, ela prosseguiu para algumas regras que teríamos que passar para a nossa própria segurança.

Eram regras simples. Mestres não poderiam lutar diretamente uns contra os outros durante a duração do Leilão dos Mestres. Mas eles poderiam se desafiar e, caso os dois lados aceitassem, seus monstros poderiam se enfrentar. 

As regras do duelo seriam definidas pelos mestres. Caso um dos dois não cumprissem com as regras, o lado provocador perderia moedas do leilão e poderia até ser banido.

Ainda assim os mestres poderiam colocar maldições ou usar itens para saber a localização dos outros fora do evento, logo era bom ainda ter cuidado.

Além disso demorava um tempo até a segurança do lugar vir ajudar, portanto havia a chance de morrer instantemente por um poderoso ataque e não ter nem a chance de se defender.

Itens vendidos no Leilão teriam os preços definidos pelos vendedores. Não importava qual fosse a qualidade do item. Era dever dos mestres avaliarem o que valia ou não a pena.

Para os novatos e mestres inexperientes, haveria leilões menores organizados entre eles. Cada leilão era organizado em 5 categorias baseados nos valores mínimos de compra.

— Algum de vocês trouxe alguma coisa para leiloar? Algum item, fonte de energia, núcleo ou qualquer coisa que possam trocar por moedas do leilão?

Cerca de metade de nós levantou as mãos. Alguns dos monstros, principalmente os goblins, não sabiam nem o que significava leilão, portanto não traziam nada consigo.

— Não se preocupem. Terão oportunidades de ganhar alguns pontos extras. — Dei um passo para trás quando ela disse isso e piscou para mim.

Aparentemente eu chamei a atenção dela.

— Sigamos! Vamos para a sala de troca!

Prosseguimos pelo salão. Havia grandes jaulas com monstros e criaturas em exibições. A mestra bestial contou para nós que todos seriam vendidos durante o leilão. Porém ela logo tirou nosso cavalinho da chuva quando disse que o valor não era algo que novatos poderiam pagar.

Eu vi espécimes incríveis durante a viagem. Criaturas que reconhecia como monstros de raridade Heroico para cima. 

Andamos bastante, até que um monstro chamou minha atenção. Uma criatura que era um dos chefes de andar meus em Vanglória.

[Minotauro Berserker de Sangue]

VALOR BASE: 100.000 Moedas

O valor dele estava um pouco alto, considerando que ele era um monstro Heroico, mas eu estava fazendo medidas baseadas no sistema. Eu não saberia dizer qual era o preço daquela criatura em moedas.

— Gostou dele? — perguntou a mestra bestial. Acenei com a cabeça, fingindo achá-lo incrível. — Sou eu que estou vendendo. Sei que o preço está bem abaixo, mas acho que vou ganhar bastante com esse grandão. Treinei ele pessoalmente.

Bem abaixo? Isso me interessou.

Após andar mais alguns metros, ela disse: 

— Chegamos.

Havia uma cortina larga e pessoas entrando e saindo. Logo reconheci uma delas. O jovem elfo arrogante saia andando lado a lado com a vampira velada.

Suspirei aliviado por não ter que encarar o vampiro primordial. Notei também que o rosto do jovem elfo estava vermelho e com raiva.

Tendo eles passado, entrei no novo local, o salão de trocas. Dentro havia apenas um corredor e uma pequena porta de madeira talhada com moedas.

— Quando chegarem do outro lado não tenham medo. Esse é um espaço diferente do nosso, então não precisam se assustar. Vocês estarão sozinhos daqui para frente.

Engoli seco e segui atrás do restante do grupo e entrei na sala de troca.

❂❂❂

Branco. O lugar era um completo vazio branco, idêntico àquele local onde fui levado para ser teleportado para o Leilão dos Mestres. Contudo não havia uma bela anjo me esperando.

Um segundo passou e surgiu uma balança também branca no ar. A balança era duas vezes maior do que eu.

Dei graças aos céus por ver Cristal ainda ao meu lado.

— Devo colocar as coisas que quero vender ali? 

Ela apenas acenou com a cabeça, concordando.

— Então está bem.

Peguei o par de adagas, algumas várias poções de cura comuns e incomuns que comprei, as moedas que encontrei no salão e o livro de contos de fada que eu não queria mais.

Droga! Esqueci de perguntar o valor normal para esses tipos de coisas.

Antes de colocar as coisas para vender, decidi fazer um pequeno teste. Havia uma conexão entre esse lugar e a minha masmorra, então ainda poderia usar pontos.

Queria saber se meus pontos valeriam algo e para minha surpresa uma tela surgiu.

❂❂❂

[Grande fonte de energia encontrada]

[Conversão em andamento...]

[Taxa atual: 1/25]

Deseja converter quantos pontos em moedas do leilão?

❂❂❂

Por um momento me senti desanimado. Vinte e cinco pontos equivaliam a apenas uma única moedinha. Desse jeito eu não poderia comprar muita coisa; mesmo assim, ainda era uma oportunidade!

— Converta tudo...

❂❂❂

[Conversão bem-sucedida

[Moedas do Leilão: 400.000] Adquirido

❂❂❂

Não pude evitar de ficar boquiaberto.

 



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