O Mestre da Masmorra Brasileira

Autor(a): Eduardo Goétia


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 4: Construindo a masmorra

Assim que toquei o núcleo da masmorra, uma mensagem surgiu

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[Deseja construir a sua Masmorra?]

— Sim! — proclamei como antes havia feito.

[Qual modelo deseja usar de base?]

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Uma série de modelos de diferentes tipos de masmorra surgiram na frente dos meus olhos, porém sabia que só havia uma opção.

Não havia montanhas próximas, então uma caverna não era uma opção. Um castelo não serviria para os meus objetivos, uma ilha no céu era impossível nesse momento.

Uma única opção, a mesma que escolhi da última vez, saltou aos meus olhos.

— Desejo seguir o modelo de Torre.

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[A sala do núcleo será criada junto do primeiro andar]

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Logo uma gigantesca torre de pedra surgiu, subindo acima das árvores e atravessando o céu.

Ela deveria ter mais de 300 metros, sendo toda feita de uma pedra de cor branca parecida com o marfim mais puro.

Um par de portões de metal com mais de 10 metros surgiram, possibilitando a entrada e saída. De repente, o Núcleo da masmorra desapareceu como vento.

Eu não me preocupei com o seu desaparecimento, pois sabia que ele estava no último andar da masmorra. Aproximei o meu corpo do portão e ele magicamente se abriu sozinho.

Contudo não era possível ver o lado de dentro. Alguma espécie de ilusão ocultava a visão. Até mesmo eu, sendo o mestre da masmorra, não conseguia ver o lado de dentro.

Entrei pelo portal, parando em um floresta densa. Árvores parecidas com as do lado de fora cobriam a minha visão, criando um ambiente aparentemente hostil.

Atravessei em linha reta até o centro daquela mata e encontrei um círculo mágico desenhado no chão. Assim que pisei nele, acabei sendo levado até outro ponto da masmorra.

Desta vez, apareci em um grande salão. Havia um tapete vermelho no chão, as paredes e o tetos eram decorados com tecidos de mesma cor e o salão em si era enorme.

Mas ele ainda poderia ser visto por inteiro da entrada, onde eu estava anteriormente.

Olhei para o final do tapete, onde um trono feito de madeira simples se encontrava. Ao lado do trono, estava o Núcleo, que deixou de flutuar e agora estava em cima de um pequeno pilar de metal.

Andei até ele e sentei no trono de madeira que era um tanto quanto desconfortável. Senti o calor emitido pelo Núcleo e suspirei, incrédulo.

Eu só posso estar sonhando...

Talvez fosse pela Mente Serena ou talvez era só a minha própria consciência que era muito forte, contudo qualquer um que conhecia enlouqueceria na minha situação.

Renascer...

Eu realmente não tinha uma vida real antes; não possuía amigos ou família que sentiriam a minha falta. Eu tinha apenas Vangloria e os meus monstros, criaturas baseadas em uma I.A.

Contudo, agora eu poderia criar verdadeiros companheiros; servos, pois este era um mundo real. Porém eu não poderia acreditar nisso sem uma prova.

— Eu preciso criar um monstro...

Tocando o núcleo, surgiu uma tela. Ela era extremamente confusa, diga-se de passagem. Aquela era a aba de administração da Masmorra.

Como minha habilidade de Criação de Masmorra estava no nível mais alto, múltiplas opções adicionais haviam aparecido.

Deixando essas novas opções para lá, fixei os meus olhos naquilo que realmente importava. A criação e compra de monstros.

Ocorria que havia muitas formas de criar-se monstros e criaturas. Contudo apenas três delas eram as mais eficazes naquele momento.

Matar monstros e deixar que os corpos sejam absorvidos pelo núcleo, adquirindo assim a capacidade de comprar o monstro.

Usar emblemas no caldeirão, criando monstros de alto nível e possibilitando a invocação de evoluções mais frágeis.

Ou comprando alguns monstros que a própria masmorra tinha disponível. O problema do último método era a força dos monstros. Eles eram os piores possíveis.

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[A masmorra foi definida como uma área de “Floresta”]

[Alguns monstros desse habitat adquiridos]

[Goblin]

[Esqueleto]

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— Somente duas opções...

Os Goblins eram criaturas difíceis de lidar. Eles se reproduziam de forma acelerada, eram fracos, burros e tinham tendências traiçoeiras. Se meter com esses monstros era um pedido certo de morte.

Esqueletos, por outro lado, não poderiam ficar mais fortes com o tempo. Eles só ficariam fortes evoluindo, o que não era um processo fácil. Mas, além disso, eles eram leais e seguiriam ordens cegamente sem se preocupar com as próprias vidas.

Nesse momento, eu só poderia escolher entre uma das duas criaturas, mas não foi algo difícil de se fazer.

— Invocar Goblin!

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[Invocação feita]

[Goblins Liberados para a Compra]

[O Mestre da Masmorra recebeu 1000 Pontos como um iniciante]

[O Mestre da Masmorra recebeu “Emblema de Escolha Raro” como um iniciante]

[-50 Pontos por invocar um Goblin]

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— Somente 1000 pontos... Bem, é melhor que nada.

Logo o chão brilhou um pouco, e, assim como no momento em que a masmorra foi criada, algo começou a brotar de um círculo mágico.

Era uma criaturinha. Tinha pele esverdeada, olhos azuis, dentes afiados, cabelo verde e não vestia nada mais que uma tanga que cobria suas partes íntimas. carregava também um taco de madeira. O seu corpo era desproporcional, porque a cabeça dele era gigantesca.

Surpreendentemente ele era bonito e até bem alto se comparado a outros goblins.

Em minha última vida, goblins normais alcançavam, no máximo, a minha cintura em altura, mas esse passava bastante.

Ele era apenas duas cabeças mais baixo do que eu; isto me assustou um pouco, mas me mantive firme e o encarei.

A criatura grunhiu um pouco, parecendo confusa com a sua própria aparição. Deu alguns resmungos leves e me olhou bufando.

— Hm... Eu sabia que não seria fácil.

O goblin bateu com o taco no chão e correu na minha direção, fúrioso 

Eu poderia ser o mestre da masmorra, mas nem todos os monstros me obedeceriam com facilidade. Caso eu não fosse forte o suficiente, poderia até ser morto pelas minhas invocações.

Lembro-me até hoje das dúzias de vezes que morri em Vanglória.

Bem, é uma boa chance de testar o meu novo corpo.

Ele tentou acertar-me no trono, pois eu ainda estava sentado. Contudo acertou apenas um assento vazio. Eu pulei do trono no exato momento do seu ataque.

Saltei cerca de dois metros e cai com segurança alguns metros de distância, o que me surpreendeu bastante.

Esse corpo é bem leve e ágil...

Sorri com entusiasmo e fiz um gesto para que o goblin tentasse outra vez. Ele bufou de novo e tentou me atacar.

Ele mirou nas minhas pernas e dei apenas um passo para o lado; atacou os meus braços e apenas desviei outra vez.

A criaturinha não se comparava a mim; eu conseguia ver cada um dos seus movimentos, distingui-los de ataques reais e fintas selvagens, e, por conta disso, também poderia desviar com facilidade.

Eu era muito mais rápido, forte e inteligente. A criatura nunca teve chance.

Cansado de brincar, apenas desviei outra vez, chutei uma das pernas dele e imobilizei a criatura no chão.

— Dominação! — proclamei o nome da habilidade enquanto colocava a mão em cima da cabeça dele.

Logo uma energia avermelhada cobriu o meu punho e penetrou na mente do pequeno. Ele tentou lutar um pouco, mas a minha força era muito maior, e então cedeu facilmente.

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[Dominação bem sucedida]

[Goblin Dominado]

[Agora é possível ver suas informações]

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O goblin parou de lutar. Sorri satisfeito e soltei o meu novo servo. Assim que o larguei, ele se levantou e me olhou. Desta vez, não parecia com raiva, apenas mantinha a sua cara feia me olhando.

— Pegue para mim. — Apontei para o taco de madeira que havia caído durante o combate.

Ele rapidamente correu até o taco e o trouxe para mim.

— Bom menino. Agora fique quieto aí.

O goblin sentou no chão e começou a coçar o nariz.

Apesar da situação, ainda era algo incrível. Eu realmente poderia criar monstros e criaturas. A única parte ruim de Vangloria acabou de deixar de existir.

Ainda havia, no entanto, algo para ser testado: O Caldeirão.

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[Usos do Caldeirão: 1]

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Só era possível usar o Caldeirão uma única vez por mês. Ele funcionava de maneira aparentemente aleatória, mas havia sim uma forma de controlá-lo.

Ao colocar uma quantia de mana nele, era possível por alguns matérias para se criar monstros, sendo emblemas o melhor material e a base principal para os monstros.

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[Você deseja usar o Caldeirão?]

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Sem pensar muito, disse:

— Sim!

Logo um literal caldeirão enorme surgiu na minha frente. Em seguida, busquei pelo item que me foi dado há pouco tempo: Emblema de Escolha.

Todos os monstros possuíam ao menos uma característica primordial; esta característica era o emblema.

Dentro do jogo, não era informado nada sobre a origem dessa coisa, então os jogadores apenas achavam que era uma forma de categorizar os monstros.

Havia um número considerável de emblemas diferentes. Cerca de 100 deles. Cada um possuía uma raridade, assim como todos os demais itens.

Contudo, neste momento, eu conseguia ver apenas uma opção, considerando que estava em uma floresta e que precisava sobreviver acima de tudo.

— Eu escolho o Emblema Bestial!

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[Emblema Bestial] Adquirido

[O Mestre da Masmorra irá receber 1 Emblema Bestial Mensalmente, junto do Uso do Caldeirão]

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Uma pequena medalha surgiu na palma da minha mão, com o rosto de uma besta incontrolável em cima. Como um item, ele também era dividido em graus.

O Emblema que recebi era Raro, isto significava que eu poderia criar um monstro desta mesma raridade.

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[Informações]

Nome: Bestial

Tipo: Emblema

Raridade: Raro

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Monstros criados por esse emblema possuíam capacidades adaptativas incríveis. Eles eram como bestas selvagens, com grandes capacidades reprodutivas e instintos animalescos.

Goblins, apesar de serem bem mais fracos, estavam nessa categoria de monstros.

Pus a mão no emblema e, antes de jogá-lo dentro do caldeirão, comecei a fazer desejos profundos.

Preciso de alguém leal; um companheiro para toda a vida, alguém que nunca me traia ou deixe para trás; um amigo de verdade.

Arremessei o pequeno emblema dentro do Caldeirão. Logo, uma mensagem ressoou na minha frente, indicando o sucesso.

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[Monstro Criado]

[Usos do Caldeirão: 0]

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De dentro do enorme caldeirão, surgiu uma criatura magnífica. Possuía uma pelagem branca grossa, dentes afiados, patas enormes e o seus olhos brilhavam sob as luzes mágicas do salão.

Assim que surgiu, ele soltou um uivo altíssimo.

— Áuuu!

Assim que terminou o seu uivo, o gigantesco lobo me observou. Aproximou-se devagar de mim. Estava preparado para entrar em outro combate, mas esse não parecia ser o caso.

O lobo me olhou com os seus grandes olhos e logo abaixou a cabeça, parecendo curvar-se à mim; ele era submisso.

Coloquei a mão em sua cabeça e proclamei:

— Dominação!

Outra vez, a energia vazou entre os meus dedos e cobriu a cabeça do animal, criando uma conexão entre nós dois.

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[Dominação bem sucedida]

[Lobo Branco Dominado]

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Parei por um segundo, possuindo um sorriso bobo no rosto. Os trejeitos do lobo; os seus movimentos e sons, eram todos reais demais.

Uma máquina nunca poderia alcançar aquele nível de inteligência.

Eu realmente reencarnei...

Comecei a rir feito um louco ao ponto de até chorar e só parei quando minha barriga começou a doer e eu já estava de joelhos no chão.

Entusiasmado, olhei para a tela de status dos dois monstros que invoquei.

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[Informações]

Nome: Nenhum

Raça: Goblin | Nível 1/10

Raridade: Comum | Grau: 1

Emblema: Bestial

[Estatísticas]

Força: 2/8 | Velocidade 2/8 | Vigor 3/9

Destreza: 3/8 | Inteligência 1/5 | Mana 1/10

[Habilidades]

[Ativas]

 Nenhuma

[Passiva]

 Reprodução | Mente Calma

[Especial]

 Nenhuma

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Hã?

Parecia uma tela comum, porém notei algo estranho. A habilidade Mente Calma. Tentei ver mais informações sobre ela, descobrindo se tratar de uma versão mais fraca de Mente Serena.

As habilidades eram divididas em três tipos:

Ativas: Habilidades que precisavam ser usadas pelo usuário e gastavam alguma forma de energia, seja ela mana ou o próprio vigor do usuário.

Passiva: Habilidades que ativavam automaticamente ao cumprir certos requisitos ou que sempre estavam ativas.

Especial: Habilidades limitadas por Classe ou que tinham características especiais.

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[Informações]

Nome: Nenhum

Raça: Lobo Branco | Nível 1/10

Raridade: Raro | Grau: 1

Emblema: Bestial

[Estatísticas]

Força: 6/30 | Velocidade: 8/32 | Vigor: 5/25

Destreza: 8/32 | Inteligência: 6/30 | Mana: 6/30

[Habilidades]

[Ativa]

Nenhuma

[Passivas]

Mente Calma

[Especial]

 Nenhuma

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A mesma coisa...

A habilidade Mente Calma também surgiu no lobo branco.  Enquanto que, para mim, essa habilidade era Especial para os monstros era apenas uma Passiva.

Dentro de Vangloria isso nunca havia ocorrido, por isso fiquei tão alarmado. Contudo não era algo tão péssimo que eles possuíssem essa capacidade adicional.

Olhei para o goblin que ainda coçava o nariz e para o lobo branco e finalmente, depois de tanta luta, aceitei o meu infeliz, ou talvez não, destino.

— Eu recebi uma segunda chance... Aproveitarei ao máximo!



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