Volume 1
Capítulo 1: Phi, o Novo Mundo
"Meu primeiro teto..."
As primeiras palavras de Ryo foram semelhantes ao que as pessoas costumam dizer nesse tipo de situação isekai. Mais ou menos. Uma cama luxuosa com dossel — nada disso. Ele nem mesmo teria conseguido ver o teto com um dossel...
Em comparação com os padrões japoneses de sua vida anterior, esta cama era definitivamente decadente. Era apenas tecido colocado sobre palha espalhada num soalho de madeira. No entanto, se ele a visse pelo nível cultural da Europa pré-Renascença, então seria considerada de alta qualidade. Pelo menos para sua casa, que não era, de forma alguma, uma mansão aristocrática.
Ele vestia as mesmas roupas que usava quando morreu na Terra. Sapatos também. Não carregava nada consigo.
Ryo saiu da cama e a primeira coisa que fez foi perambular pela casa. Quarto, sala de estar, cozinha e banheiro.
"Uma banheira?!"
Ele nunca ouvira falar de europeus pré-Renascença terem banheiros em suas casas.
"Mas os antigos romanos tinham enormes casas de banho públicas, então acho que é possível. Eu, por um lado, estou grato como japonês... Ohhh, será que o Falso Miguel a fez especificamente para mim porque sou japonês? Muitíssimo obrigado, Falso Miguel! Eu me curvo aos seus talentos!"
Ele ainda não tinha certeza se o Falso Miguel era um homem ou não.
No entanto, o conhecimento de Ryo era bastante deficiente, uma vez que casas de banho públicas de fato existiam na Europa medieval. Exceto que as pessoas daquela época não entendiam realmente o conceito de higiene, então, ironicamente, essas casas de banho públicas eram criadouros de doenças infecciosas.
Satisfeito com o que encontrou no banheiro, Ryo dirigiu-se à sala de estar. Dois livros e uma faca repousavam sobre a mesa. Ao lado deles, havia um único pedaço de papel.
*Seu suprimento de comida está no silo lá fora. Ele também funciona como freezer, então você pode preservar alimentos também. - Falso Miguel*
"Eu sabia que ele estava lendo minha mente..."
Ele certamente não queria fazer um inimigo de um homem talentoso como o Falso Miguel.
Diferente dos livros grossos e pesados armazenados na seção de livros raros da biblioteca de sua universidade, estes livros pareciam... bem normais, na verdade... Sim, como livros feitos após o desenvolvimento da prensa móvel.
"Uau. Estes são feitos de papel? Papel de verdade e não pergaminho? Este mundo tem papel?"
Ele leu silenciosamente o título na capa de cada livro. Compêndio de Monstros, Edição Iniciante. Compêndio de Flora, Edição Iniciante.
"Isso significa..."
Ele não tinha algo como uma habilidade de appraisal, que era um elemento básico das histórias de reencarnação.
"Eu sei que ele disse que este mundo não era baseado em níveis ou habilidades, mas qualé..."
Ambos os livros continham muitas ilustrações de fácil compreensão, pelas quais ele estava incrivelmente grato.
Quanto à faca sobre a mesa, sua lâmina tinha aproximadamente vinte centímetros de comprimento e, no geral, parecia bastante bem-feita. Se você estivesse preso numa ilha deserta, qual seria a única coisa que você levaria? A resposta padrão para essa pergunta era uma faca. Então Ryo a pegou e a colocou no cinto, por enquanto.
Ele examinou a área ao redor da mesa, bem como o resto da sala, mas não encontrou mais nada. Então ele finalmente abriu a porta que levava para fora, apenas para ser ofuscado pelos raios brilhantes do sol. Quando seus olhos se adaptaram à luz, ele viu um tapete de grama se estendendo ao redor da casa. Além disso, uma floresta densa obstruía sua visão.
A floresta cercava a casa do outro lado também. Exceto que além dela... ele podia ver montanhas tão altas que perfuravam o céu. Ele percebeu que elas deviam estar bem longe daqui. Inicialmente, ele pensou que o clima neste mundo era ameno, mas mudou de ideia ao ver a neve cobrindo os picos das montanhas.
"Aposto que dragões e afins vivem lá. O que significa... é melhor eu não chegar perto."
Ryo disse as palavras em voz alta de propósito, fazendo um juramento para si mesmo.
Ele não estava com fome ainda, o que significava que havia tempo para fazê-lo. Ele absolutamente tinha que saber que estava neste mundo de espada e magia. Sim, era hora de realmente usar sua magia.
"Eu não posso usar nada, exceto magia da água. E a imagem é a coisa mais importante com a magia."
Ele esticou a mão direita e a levantou, o que pareceu ser o movimento certo, por algum motivo. Enquanto imaginava a água jorrando de sua palma, Ryo entoou.
"Água, jorre!"
Splash.
Um fio de água suficiente para encher uma xícara fluiu de sua mão e caiu no chão. Sua primeira experiência mágica! Objetivamente falando, tinha sido um desempenho extremamente medíocre, mas ainda era alguma coisa. Ryo não conseguia parar de tremer com a euforia de ter sucesso em sua primeira tentativa mágica.

"A magia realmente existe neste mundo..."
Ele ficou tão feliz que tentou várias vezes depois disso...
"Água, jorre!"
"Água, jorre!"
"Água, jorre!"
Um momento de silêncio e então ele murmurou em voz alta.
"O Falso Miguel disse que a imagem era importante. E se eu tentar isso em vez disso..."
Em sua mente, ele visualizou a mesma imagem de água jorrando de sua palma direita.
"Água."
Assim como todas as suas tentativas anteriores, uma bola de água suficiente apenas para encher uma xícara derramou e caiu no chão.
"Áaa-gua."
Desta vez ele tentou dizê-lo com um sotaque, mas o resultado foi o mesmo - o equivalente a uma xícara que caiu no chão. Em sua próxima tentativa, Ryo decidiu dizê-lo em sua mente em vez de em voz alta.
Água.
Nenhuma mudança. Ainda apenas o suficiente para encher uma xícara caindo direto no chão.
"Hã. Acho que não preciso realmente dizer em voz alta. Droga, eu sempre quis usar um feitiço com som legal..."
Não importa o quanto envelheçam, os homens nunca superam a Síndrome do Protagonista.
[Sol: Papo 10, quem nunca quis ter poderes… | Moon: Pra falar a verdade, em todas as brincadeiras eu era a maga da água, e isso não é meme kk Me sinto nostálgica lendo essa LN…]
"Ahhh, eu deveria ter feito isso na banheira... Que desperdício de água..."
Ele correu para o banheiro e continuou sua prática de magia da água sobre a banheira.
"Ainda não consegui produzir nada mais do que uma xícara cada vez. Eu adoraria obter um fluxo contínuo mais forte, o suficiente para encher a banheira."
A banheira era um negócio impressionante feita de pedra. Caberia perfeitamente em uma pousada termal de alto padrão com banhos ao ar livre privativos em cada suíte. Ele sabia que enchê-la com as xícaras de água que vinha produzindo representava um verdadeiro desafio.
"Um fluxo contínuo forte de água, hein? Como água saindo de uma torneira. Não, espere, espere, espere. Isto é uma banheira. Então eu não preciso apenas de água regular, mas de água quente. Tudo bem, vamos tentar produzir água quente."
Ryo imaginou água quente. Para solidificar sua visão, ele entoou as palavras em voz alta.
"Água quente."
Quando o fez, outra xícara de água caiu na banheira. Sim, água e não água quente.
"Mas o que é? Talvez eu precise tornar a imagem mais clara?"
Desta vez, ele imaginou a banheira inteira cheia de água quente enquanto entoava.
"Água quente."
O resultado foi o mesmo - outra xícara de água morna respingou na banheira.
"Hmmm... acho que vou desistir da água quente por hoje. Esta Floresta de Rondo é bem quente, então banhar-se em água regular também parece legal."
Ryo não se importava com trabalho duro, mas também sabia quando desistir. Era natural, já que ele não podia esperar ser bom nisso logo de cara. Decisão tomada, ele se recompôs.
"Torneira."
A água fluiu constantemente de sua mão direita como se fosse uma torneira.
"Sim, sim, muito bom. Esse é o caminho."
Ele era maduro o suficiente para admitir seu fracasso em produzir água quente. Considerando quanta água regular ele criou em seu primeiro dia, ele tinha que contar isso como algum tipo de sucesso. No mínimo, ele agora podia fazer água suficiente para beber e tomar banho.
Dos problemas que as pessoas enfrentavam todos os dias em suas vidas, um grande permanecia para ele...
"Preciso de fogo, não é..."
Para cozinhar, para se aquecer e para o dia em que ele eventualmente evoluísse de banhos mornos para banhos quentes. De uma forma ou de outra, ele precisava conseguir fogo.
Este problema não existiria se ele pudesse usar magia de fogo, mas... isso era praticamente pedir a lua neste mundo. Afinal, Ryo só podia usar água pelo resto de sua vida.
[Sol: Mon tá requisitada gente….. | Moon: Eu sou incrível, eu sei!]
"A questão é, como faço para conseguir fogo..."
A humanidade não "descobriu" o fogo quando um raio atingiu uma árvore e a incendiou? Ele não tinha certeza se isso era realmente verdade... Ou talvez tenha sido Prometeu quem deu fogo à humanidade...? Só que ele não gostou de nenhuma dessas opções agora.
"Um pedaço de pederneira seria o mais fácil."
[Sol: FLINT AND STEEL | Moon: RAP DO MI-NECRAFT, RAP DO MINECRAFT]
Ele fez outra inspeção superficial da casa e não encontrou pederneira. Golpear o aço de sua faca contra uma pedra deveria criar faíscas. Ryo tinha certeza de que eventualmente encontraria o que queria se procurasse nos penhascos ou margens de rios próximos, mas isso seria depois que ele se adaptasse mais à sua vida aqui.
O Falso Miguel lhe dissera que monstros não se aproximariam num raio de cem metros de sua casa, o que significava que provavelmente havia monstros fora desse alcance. Ele sairia da barreira assim que fizesse os preparativos necessários. "Barreira" foi o que ele decidiu chamar até saber o termo real. Ele não poderia atravessá-la de qualquer maneira até que sua magia da água fosse forte o suficiente para lutar. Caso contrário, ele não teria chance.
De qualquer forma, Ryo precisava encontrar outra maneira de obter fogo. Sem pederneira, a única outra maneira que ele poderia criar fogo era esfregando um graveto duro contra um graveto macio para usar o atrito para gerar calor.
"Realmente não consigo me imaginar tendo sucesso..."
Quando a banheira estava cheia, Ryo saiu da casa por um breve período. Ele reuniu gravetos e lenha enquanto mantinha um olhar cauteloso na área fora da barreira. Ele também pegou qualquer outra coisa que servisse como isca para acender o fogo. Grama seca funcionaria, desde que ele a amassasse um pouco... Provavelmente, de qualquer forma.
Foi então que ele teve a sorte de encontrar uma árvore que não era bem uma palmeira de cânhamo, mas que pelo menos se enquadrava na categoria de palmeira. Sua casca preta seria útil.
"Sim, acho que me lembro de ter visto isso em um vídeo."
Isso era o que o conhecimento de sobrevivência de Ryo equivalia.
O Falso Miguel incluiu um fogão a lenha tradicional na casa. Mesmo levando em conta toda a lenha que exigia, ele ainda teria bastante sobra para usar. Para os gravetos que ele precisaria para criar atrito, um galho de pinheiro e um galho de carvalho perene seriam os melhores.
"Vamos fazer isso!"
Nem mesmo uma baforada de fumaça. Ryo continuou tentando. Uma hora se passou... então duas... antes que ele finalmente desistisse.
"Acho que deveria verificar que tipo de comida eu tenho."
Às vezes, você só precisa ser prático e priorizar. Ele não deveria esperar que as coisas corressem bem logo de cara.
Tendo jogado a toalha sobre acender um fogo, Ryo dirigiu-se ao silo fora da casa. Parecia uma cabana normal. Quando ele abriu a porta, encontrou-a agradavelmente fria por dentro.
"Isto é magia da água? As paredes são feitas de gelo? É isso que eles chamam de casa de gelo?"
Isso também deve ser obra do Falso Miguel. No futuro, Ryo também poderia usar esse tipo de magia... talvez.
Em seu segundo dia em Phi, Ryo acordou com o nascer do sol. Ele já tinha pensado em uma ideia de como adquirir fogo, mas para torná-la realidade ele precisava entender melhor como usar sua magia da água.
O Falso Miguel lhe dissera que as leis da física na Terra e em Phi, bem como suas composições moleculares, eram quase idênticas. Também era verdade que, embora a magia existisse em Phi, ela não existia na Terra - embora, aparentemente, a Terra costumasse ser um mundo de magia também.
Na Terra, a estrutura molecular da água era H₂O. Então, muito provavelmente, era a mesma em Phi.
Ryo trouxe o balde do banheiro.
"Torneira."
Ele o encheu com cerca de dez centímetros de água, que planejava congelar. Em sua mente, ele se concentrou em criar uma imagem distinta de gelo.
"Congele!"
Mas não foi bem.
"Hmmm, isso é realmente difícil. Tenho que continuar, porém, porque preciso ser capaz de fazer gelo... Tenho certeza de que posso usá-lo como arma. Eu adoraria usar minha magia para criar uma lança de gelo ou algo assim."
Talvez não fosse suficiente apenas condensar a água. Poderia ajudar se ele visualizasse o calor saindo do líquido ao mesmo tempo em que se tornava um sólido. Então, ele passou por um processo de tentativa e erro enquanto testava várias técnicas.
Após inúmeras tentativas desafiadoras, uma fina película de gelo finalmente apareceu na superfície da água. Infelizmente, não congelaria mais do que isso. Então, ele decidiu se concentrar nas próprias moléculas de H₂O.
Existem duas mecânicas pelas quais o gelo armazena calor: a primeira envolve vibrações de partículas, enquanto na segunda, entalpia, o calor é armazenado mudando a força das ligações entre as moléculas de água.
A base da magia é a imaginação e a imaginação de uma pessoa é ilimitada. Pode-se imaginar tudo, desde o menor grão microscópico no mundo conhecido até os vastos e infinitos alcances do espaço. A imaginação humana é toda-poderosa no sentido mais verdadeiro da palavra.
As pessoas não podem ver átomos e moléculas a olho nu, mas... desde que possuam o conhecimento necessário, podem imaginá-los!
Tudo que Ryo precisava fazer era unir moléculas de H₂O. Pegue o O desta molécula e conecte-o ao H em sua vizinha. Ele se concentrou em visualizar o fenômeno conhecido como ligação de hidrogênio.
O gelo vem em muitas formas. Além da estrutura cristalina hexagonal comum, ele também existia como um cristal cúbico no mundo natural. Além disso, outros quinze tipos de gelo foram descobertos em ambientes de alta pressão - desde belos reticulados de ligações de hidrogênio cheios de lacunas até gelo que parece esmagado.
Muitos aspectos do gelo e da água ainda permanecem um mistério para os cientistas na Terra. Essas substâncias estão profundamente entrelaçadas na vida humana porque a humanidade não pode viver sem elas - no entanto, mesmo esses fenômenos onipresentes estão cheios de quebra-cabeças não resolvidos.
Ryo não pôde evitar pensar nesses pensamentos agora que ele era um mago da água. Mesmo enquanto considerava isso, porém, ele precisava trabalhar na criação de gelo, então ele se concentrou em criar um reticulado organizado de moléculas de água unidas por ligações de hidrogênio. Simultaneamente, ele visualizou parando as vibrações moleculares.
A temperatura de uma substância é proporcional à amplitude das vibrações em sua estrutura molecular. Em outras palavras, a temperatura é um índice da intensidade da vibração molecular. Quanto mais intensas as vibrações, mais a temperatura sobe na substância. Por outro lado, quanto menos intensas as vibrações, mais a temperatura diminui. Então, quando as vibrações atômicas e moleculares chegam a quase zero, a temperatura atinge o que é conhecido como zero absoluto a -273,15 graus Celsius ou também 0 graus Kelvin. É por isso que, em princípio, não existe algo como uma temperatura inferior ao zero absoluto.
[Moon: Light Novel ou aula de química? Não gostei…| Sol: Você vai aprender mais aqui do que numa aula de química e física!]
Em sua mente, as vibrações das moléculas de água continuaram a diminuir. A água no balde obedeceu à imagem e... tornou-se totalmente gelo.
"Tudo bem, sucesso! Sucesso, sim, mas... não consigo tirá-lo do balde."
Então ele percebeu que precisava mudar a forma do gelo só um pouco. Segurando as duas mãos sobre o gelo, ele começou a lixar o gelo do perímetro do bloco um pouco de cada vez. Quando ele virou o balde de cabeça para baixo, um bloco de gelo de 25 centímetros de diâmetro e 10 centímetros de espessura caiu.
Ele o pegou e segurou-o com as duas mãos enquanto continuava visualizando. Ele engrossou o centro e afinou o exterior para formar uma lente convexa. Depois de trinta minutos, ele finalmente alcançou uma forma que o satisfez.
"Heh heh heh. A vitória é minha, e tudo graças às ligações de hidrogênio!"
[Sol: Ligação de Hidrogênio são as mais fortes da Química em geral, tirando a Íon Dipolo que é feita em compostos iônicos reagindo com a água, porém tirando isso…. Pode ser muito roubado pra fazer armadura…. eheheheeh. | Moon: Ligações de Hidrogênio são apenas entre Flúor, Nitrogênio e Oxigênio, o famoso FON… E são polares… É tudo o que eu sei, e eu tô na faculdade e eu acabei de ter essa matéria :D… Am i cooked, chat?]
Ninguém sabia exatamente contra o que Ryo havia sido vitorioso.
Enquanto as ligações de hidrogênio unem as moléculas de água, elas também são responsáveis por outras ligações, como a dupla hélice do DNA. Na aula de ciências, os alunos aprendem que os pares entre adenina e timina, guanina e citosina, são unidos por ligações de hidrogênio, resultando na estrutura de dupla hélice. As ligações de hidrogênio não são incríveis?!
[Moon: Aprendem?!!]
Agora ele podia usar a lente de gelo que criara para focar a luz do sol e queimar a casca preta da palmeira de cânhamo. Fazer fogo com gelo parecia deliciosamente errado.
Ele estava preocupado que o gelo pudesse derreter, mas enquanto ele continuasse canalizando sua magia na lente, o gelo permanecia sólido. Essa poderia ser a diferença entre gelo natural e gelo criado por magia.
Os raios do sol caíram brilhantemente sobre a lente de gelo bastante grande. Então, em menos de dois minutos, a casca da palmeira de cânhamo pegou fogo. Finalmente, Ryo tinha uma maneira de fazer fogo.
"Sei que isso é afirmar o óbvio, mas a magia realmente é incrivelmente útil."
Das três coisas necessárias para a sobrevivência - fogo, água, comida - ele havia adquirido as duas primeiras através da magia, mesmo que tivesse que recorrer a técnicas relativamente primitivas em conjunto com sua magia para fazer fogo...
"Me pergunto de onde vem a água. Deve ser das moléculas no ar... eu acho."
Estava tão quente na Floresta de Rondo que seria mais apropriado chamar seu clima de subtropical em vez de temperado. A umidade também era alta, o que poderia ser atribuído ao nível de umidade no ar. Ryo pensou que esses fatores poderiam explicar por que ele havia conseguido produzir água tão rapidamente, apesar de ser um iniciante em magia da água.
Na Terra, a umidade existia em algumas pequenas porcentagens em ambientes desérticos também, significando a presença de umidade mesmo no ar seco lá. Se a magia pudesse ser extraída da água em tais locais, então ela era realmente uma ferramenta notavelmente conveniente.
Mas... e se isso não fosse tudo o que a magia era capaz de? Ela poderia criar algo do nada? Ele sabia que algo não poderia nascer do nada. Precisamente falando, embora ele chamasse de "nada", na verdade queria dizer um estado com ausência de matéria, mas presença de energia.
O Falso Miguel lhe dissera que os fenômenos físicos eram praticamente os mesmos entre a Terra e Phi. Ryo ponderou se fórmulas que funcionavam na Terra também funcionariam aqui em Phi. Por exemplo, o teorema mais famoso de Einstein: E=mc², onde E é energia, m é massa e c é a velocidade da luz.
"Multiplique a massa pelo quadrado da velocidade da luz e você obtém energia."
[Sol: A Relatividade que mede os efeitos do movimento em altas velocidades. Quando γ = 1, o objeto está parado e valem as leis da física clássica. Quando γ > 1, surgem efeitos relativísticos: o tempo dilata, o comprimento contrai e a massa aumenta. Quanto mais próximo da velocidade da luz, maior se torna γ, amplificando esses efeitos extraordinários, isso tudo só pra calcular o c e saber seus efeitos ( Matéria do terceiro ano kkkkkk )]
Em termos mais simples, significa que energia pode ser gerada a partir da matéria. Exemplos primários incluíam energia nuclear e bombas atômicas. A coisa a notar aqui, porém, é o sinal de igual. Como se aprende no ensino fundamental, se vinculado por um sinal de igual, os lados esquerdo e direito de uma equação são idênticos. Isso é chamado de equivalência.
Em suma, se energia pode ser derivada da matéria, então o inverso também deve ser verdadeiro: matéria pode ser derivada da energia. Claro, mesmo na Terra do século XXI, a tecnologia ainda não foi criada para realizar a derivação de matéria a partir de energia. No máximo, os cientistas podem gerar elétrons através da produção de pares.
Para começar, mesmo um único grama de matéria gera quantidades enormes de energia. Isso significa que, mesmo que se possa controlar quantidades enormes de energia, no final, o produto final é apenas um grama de matéria. Você pode se perguntar o quão enorme. Bem, considere a bomba atômica lançada em Hiroshima. Evidentemente, apenas 0,7 gramas de massa foram convertidos em energia. Então, se toda essa energia fosse convertida de volta em matéria, o resultado seria... apenas 0,7 gramas de massa.
[Sol: Hmmmm… Mon c vc tivesse 3 bombas atômicas, onde as lançaria? | Moon: França, África e Argentina… Nenhum motivo aparente… Definitivamente…]
Seja como for, a conveniência da magia existe em Phi, o que sugere a possibilidade de técnicas para gerar matéria a partir de energia no abismo conhecido como magia. Escusado dizer, isso sugere uma conexão com os mesmos fenômenos misteriosos que criaram o universo, onde "algo veio do nada" e a matéria foi gerada a partir da energia.
Os sonhos de alguém poderiam realmente ser ilimitados neste mundo, então!
Tendo garantido outra "vitória" via ligação de hidrogênio, Ryo mirou em alturas maiores - água quente. Dado o que ele sabia agora, estava confiante de que esta seria uma batalha fácil. Se ele havia feito gelo parando as vibrações das moléculas de água, tudo que ele tinha que fazer para aquecer a água era reverter o processo. Em suma, aumentar as oscilações.
Durante seus anos de escola, ele havia conduzido este exato experimento para seu projeto de pesquisa de verão. Claro, ele não havia usado magia naquela época... De qualquer forma, ele havia derramado água em uma garrafa térmica, fechado a tampa, então sacudindo vigorosamente! Após cerca de dois mil abalos, a temperatura da água havia aumentado em quase um grau.
Como ele sabia que a temperatura da água podia aumentar aumentando forçadamente a vibração molecular, o sucesso estava basicamente garantido a essa altura. Ele tentaria agora usando o mesmo balde.
Torneira. Ele disse o feitiço em sua mente desta vez - ele precisaria praticar tanto entoando os feitiços em voz alta quanto usando-os silenciosamente!
Assim como quando fizera gelo, Ryo encheu o balde com dez centímetros de água. Então ele segurou as duas mãos sobre ele e visualizou as moléculas de H₂O. Só que desta vez, ele as fez vibrar!
...
"Hã?"
Não houve mudança real na água. Nenhum vapor subiu para indicar que sua temperatura havia aumentado. Ele pegou um pouco em sua palma e notou que ainda estava morna.
"Por que não funcionou?"
Sua imagem mental das moléculas de água não era forte o suficiente? Ele tornou sua visualização mais distinta e... vibrar! Quanto aos resultados...
"Ainda não está quente, hein?"
O processo deveria ser exatamente o oposto de transformar água em gelo.
"O que mais eu fiz quando fiz o gelo..."
Ryo pensou de volta nos passos que havia tomado.
"Ohhh... Eu liguei as moléculas antes de parar as vibrações. Acho que tenho que reverter essa parte também?"
Mais uma vez, ele levantou as mãos sobre a água no balde e criou uma imagem mental. Desta vez, ele primeiro imaginou desfazer a ligação de hidrogênio entre as moléculas, permitindo que elas se movessem livremente. Então, ele se certificou de forçar cada molécula a vibrar.
Pshhht.
Um gêiser de água quente repentinamente irrompeu do balde.
"Ah! Quente, quente, muito quente!"
Ele de alguma forma conseguiu desviar do gêiser jorrando. Ele sabia que estaria encrencado se sofresse qualquer queimadura, já que a magia da água não tinha propriedades curativas...
No entanto, ele conseguiu fazer água quente. No entanto, um problema prático real permanecia, pois Ryo estava com medo de pular direto para testar sua instável Técnica de Aquecimento de Água (como definido por Ryo) na banheira. Seria um desastre se ele destruísse a banheira de pedra no processo.
Então, o que alguém deveria fazer em uma situação como esta? Havia apenas uma resposta.
"Prática, prática, prática!"
Ele precisava se tornar muito mais proficiente com essa habilidade. Ele teria que experimentar sucesso e fracasso em igual medida primeiro, então gradualmente aumentar o número de seus sucessos. A única maneira de se tornar confiante era sendo bem-sucedido repetidamente.
O almoço foi o mesmo do jantar da noite passada: carne seca do silo... Por alguma razão estranha, era a única comida não congelada lá... Enquanto mastigava um pedaço, Ryo dedicou-se a produzir água e repetir sua técnica de aquecimento.
Aproximadamente três horas terrestres depois, com o sol descendo até o horizonte, ele subitamente sentiu tontura e lutou para permanecer em pé.
"Acho que vou desmaiar..."
Foi a primeira vez que seu estoque de energia mágica se esgotou. Ele bebeu um pouco da água que havia acabado de derramar no balde antes de cambalear para seu quarto, onde desmaiou inconsciente em sua cama.
"Para compensar ontem, vou usar toda a minha magia depois do meu banho", Ryo disse para si mesmo em seu terceiro dia em Phi. Ele falou as palavras em voz alta para realmente impulsionar a promessa que estava fazendo a si mesmo. Como era esperado de um ex-japonês, ele se sentia sujo e nojento depois de ter adormecido sem tomar banho na noite anterior.
Então ele percebeu algo.
"Só tenho as roupas que estou vestindo agora..."
O Falso Miguel não incluiu nenhuma roupa extra para ele nesta casa. Talvez o Falso Miguel fosse o tipo de pessoa (ser?) que não se importava muito com roupas.
"Isso me lembra... o que ele estava vestindo?"
Seria algo como uma toga que pessoas ricas na Roma antiga usavam...? Se esse fosse o caso, Ryo só precisaria de um pedaço de tecido muito grande e longo para envolver a si mesmo. Mas... não havia nada do tipo na casa. Bem, na verdade, isso não era totalmente verdade. Um pedaço de tecido apropriado existia - exceto que Ryo estava usando como lençol. Ele definitivamente não podia usar isso porque precisava dele para dormir!
"Não é como se houvesse alguém por perto para me olhar, então o pior cenário é eu ficar pelado."
Deixe pra lá que mesmo Adão e Eva tinham suas áreas privadas cobertas por folhas nas pinturas que os retratavam...
"Talvez eu possa caçar um animal e usar seu couro como uma tanga ou algo assim?"
[Sol: …. D-De tanguinha é…? | Moon: Sunguinha bem melhor.]
Ryo sempre foi o tipo de cara que nunca se importou com o que vestia, então ele não estava tão incomodado com suas perspectivas (ou falta delas) de encontrar um segundo conjunto de roupas. Ele tinha fogo, água e comida também, o que significava que era finalmente hora de... idealizar um meio de ataque usando magia da água!
Ele tinha dois meses de comida no silo, dando-lhe algum tempo para se tornar forte o suficiente para sair da barreira e encontrar uma fonte permanente de comida.
A única arma que ele possuía era a faca que o Falso Miguel deixou para ele.
Na Terra, Ryo era renomado por suas habilidades com facas - não. Ele não tinha absolutamente nenhuma confiança em sua capacidade de caçar animais ou se defender de monstros com apenas uma faca. Ora, mesmo na Terra, provavelmente seria impossível derrubar um javali normal com apenas uma única faca... Era pura insanidade pensar que ele poderia vagar por esta floresta em Phi armado com sua faca. A magia da água era sua única alternativa viável.
"Teria sido bom se eu tivesse tecnologia de algum tipo para fazer meu próprio arco e flecha, mas acho que não tem jeito agora, hein?"
Ontem, ele tinha fantasiado sobre criar uma lança de gelo algum dia enquanto fazia a lente de gelo. Atualmente, no entanto, isso ainda era impossível para ele. Afinal, levou vários minutos apenas para congelar um balde de água. Criar uma lança de gelo no momento, então realmente acertar seu alvo... não parecia realista.
Mais importante... ele seria capaz de usar sua magia para propulsionar a lança? Toda vez que ele usava seus feitiços de Água ou Torneira, o líquido fluía de suas mãos como se estivesse em queda livre... Isso o fez pensar se ele poderia aprender a usar algo como uma bola de água primeiro.
Recordando a magia que vira em animes e vídeos, Ryo esticou a mão direita e pintou uma imagem mental de uma bola de água do tamanho de sua cabeça. Ele a imaginou saindo de sua mão direita.
"Bola d'Água."
Whoosh.
Exatamente como ele imaginara, uma bola de água do tamanho de sua cabeça saiu de sua mão direita. Ela se moveu tão rápido quanto uma bola de basquete quando passada de um jogador para outro. Depois de voar dez metros para frente, ela caiu no chão.
"Whoooa!"
Ryo pulou de alegria em seu primeiro uso bem-sucedido de... magia de ataque? Ele direcionou seu próximo ataque a uma árvore sete metros à frente! Whoosh... splash. A bola de água atingiu a árvore e... molhou o tronco. Fim.
"Hm, não há muita força por trás deste ataque..."
Ryo caiu no chão de mãos e joelhos em desespero.
"Espere! Eu tenho uma carta na manga!"
Ele se levantou e fez uma declaração retumbante:
"Se Bola d'Água não funciona, então devo tentar o Jato d'Água em vez disso."
As pessoas na Terra diziam que não havia nada que uma ferramenta de jato de água não pudesse cortar. Em teoria, porém, ela não cortava tanto quanto raspava. Ryo havia pesquisado o jato de água em conexão com as operações de sua empresa, que era por que estava convencido de que este novo ataque baseado em jato funcionaria.
Ele esticou a mão direita e visualizou um jato de água fino e de alta velocidade saindo das pontas de seus dedos. Ele adicionou pressão a ele a partir de seus arredores, tornando-o o mais fino possível.
"Jato d'Água."
A água escorreu de seus dedos, sua corrente apenas ligeiramente mais energética do que a que ele produzira usando Torneira. Usando isso, ele poderia cortar... absolutamente nada.
Ele caiu de mãos e joelhos novamente.
"Eu perdi..." ele disse, derrotado - embora não tivesse certeza para o quê.
"Ok, preciso me acalmar."
Assim como ontem, ele mastigou carne seca do silo para seu almoço.
Preciso ser paciente. Não há pressa. Levou-me praticar meio dia para dominar a técnica de aquecimento de água. Então, apesar deste fraco filete agora, ele deve se tornar uma arma poderosa em meu arsenal quanto mais eu praticar, certo? Além disso, aprendi a criar gelo também, que devo ser capaz de usar em combate contra quaisquer monstros que aparecerem no futuro... Embora ainda não tenha certeza de como usá-lo.
Determinado, Ryo ergueu a cabeça e fez uma promessa a si mesmo: "Certo, a única coisa que posso fazer é praticar. O trabalho duro nunca te trai!"
Ele se dedicou obstinadamente à prática de Jato d'Água. Cada dia um pouco depois das duas horas, horário da Terra, ele praticava, lentamente tornando seu jato mais energético do que o produzido por Torneira - embora apenas ligeiramente. Mesmo assim, a iteração atual era apenas tão forte quanto a água jorrando de uma mangueira em um lava-rápido. Ele ainda não havia descoberto como melhorá-la além disso.
Foi só neste ponto que Ryo percebeu algo.
"Definitivamente preciso tomar um banho hoje."
Indo para o banheiro, Ryo percebeu que o momento havia chegado para colocar a sessão de treinamento de ontem em bom uso.
"Água, transborde."
Em cerca de dez segundos, a banheira transbordou de água. Ele havia aprendido a controlar a quantidade de água que produzia - os frutos do treinamento intenso que havia esgotado sua energia mágica ao ponto de colapso.
Em seguida, ele aqueceria a água. Ryo não se preocupou porque todo o seu trabalho ontem havia incutido confiança nele.
Ele deixou sua mão direita pairar sobre a banheira e visualizou. Cada molécula individual zunia livremente, vibrando. Ele imaginou isso acontecendo com cerca de metade da água na banheira, já que não queria que a água ficasse quente o suficiente para queimar. Ryo fez isso algumas vezes, imergindo sua mão na água após cada tentativa para ajustar a temperatura conforme ela subia constantemente. Dez ajustes depois e... a água quente estava perfeita.
"Woo-hooooo!"
Ele comemorou, exultante. Sua prática havia sido recompensada.
"Exaustão é a raiz do fracasso. Não trabalhe tão duro que você se cansa."
O lema de seu pai. Era absolutamente verdade, mas... tão difícil de colocar em prática.
Ryo lentamente se abaixou na banheira, então refletiu sobre sua situação atual. Ele ainda não conseguia usar Jato d'Água como um ataque. Levava minutos para congelar água. Ele também precisava determinar se conseguia ou não fazer gelo usando apenas a umidade do ar.
Como qualquer homem, Ryo não conseguia parar de pensar em como uma lança de gelo seria incrível. Eu a arremessaria pelo ar gritando algo como – Lança de Gelo! –Eu realmente quero tentar isso. Primeiro, preciso aprender mais sobre gelo feito com magia da água. Então, uma vez que eu possa criar gelo rapidamente, talvez possa usá-lo em confrontos contra monstros.
Assim que Ryo terminou de tomar banho, ele foi imediatamente para o quintal testar suas ideias.
"Gelo formado diretamente do ar! Lente de Gelo!"
Uma lente de gelo foi se formando gradualmente entre suas mãos, igual à que ele construiu durante suas tentativas de acender fogo. Levou cinco minutos para terminar de se formar.
"Então, é possível fazer gelo diretamente do ar. Mas leva muito tempo, hein?"
Diferente de ontem, ele não precisou do balde para atingir seu objetivo. Embora Ryo não soubesse, apenas isso já era uma façanha e tanto.
A lente de gelo não derreteria enquanto o usuário canalizasse magia através dela. Uma vez que a corrente de magia parasse, ela começaria a derreter como gelo normal.
"Será que consigo fazê-la voar?", ele murmurou, encarando-a. Então ele a arremessou.
Fwish, thud.
Ele arremessou a lente usando apenas sua força física. Ela subiu no ar numa parábola, então caiu no chão.
"Ok, então ela não voa. Quer dizer, é uma lente de gelo, então claro que não voará!"
Ele não expressou sua decepção em voz alta, optando por mantê-la escondida em seu coração.
Certo, então. O próximo era a aguardada... lança de gelo. Lança de Gelo.
"A magia de ataque de gelo suprema!"
Como sempre, a imagem mental era a mais importante. Primeiro, ele visualizou um icículo de trinta centímetros de comprimento.
"Lança de Gelo!"
Um cículo começou a se manifestar em sua mão, mas levou muito, muito mais tempo do que sua segunda lente de gelo. Dez minutos se passaram. Então, depois de quinze, finalmente tomou forma.
"Excelente, exatamente como imaginei. Agora, voe!"
Fwish, thud.
"Ugh!"
A lança de gelo, assim como a lente, voou para frente numa parábola curta antes de colidir com o chão.
"Eu a imaginei voando muito mais rápido que isso, mas talvez... a imagem não foi forte o suficiente."
A Bola d'Água que saiu de sua mão voou dez metros antes de cair, então por que a Lança de Gelo não estava decolando?
"É muito pesada? Não, isso não pode ser, considerando que a Bola d'Água era do tamanho da minha cabeça. Eu diria que ambas pesavam o mesmo. Ugh, não entendo. Talvez eu entenda se continuar tentando."
Depois disso, ele repetiu os feitiços mais vezes do que podia contar.
"Bola d'Água."
O tempo entre entoar o feitiço e disparar a magia também ficou muito mais rápido, provavelmente graças à prática repetida. Levou cerca de cinco segundos entre a conjuração e a ativação na primeira vez que tentou, mas ele reduziu para um segundo ao longo das dezenas de tentativas até agora. Suas bolas d'água agora iam muito mais longe do que os dez metros iniciais também.
Quanto ao seu poder de parada... permaneceu o mesmo do primeiro.
"Haaa. Eu melhorei bastante, embora acho que eu já não fosse ruim com Bola d'Água para começar. Agora é hora de tentar Lança de Gelo para avançar nesse progresso. Assim como fiz com a Bola d'Água, vou visualizar a lança saindo da minha mão direita."
Ryo respirou fundo, soltou o ar, então entoou.
"Lança de Gelo."
Fwish, thud. No momento em que foi lançada de sua mão, caiu no chão.
"Lança de Gelo."
Fwish, thud. Ele fez isso de novo e de novo com o mesmo resultado.
"Eu encurtei o tempo que leva para gerar a lança, então isso é progresso... Mas por que ela não voa?"
Ele deve ter disparado dezenas. Agora, levava apenas um minuto entre a criação e o lançamento.
E então finalmente aconteceu: sua energia mágica se esgotou, assim como ontem.
"Droga, acho que vou desmaiar."
Ryo cambaleou até a cama e mais uma vez sucumbiu ao seu cansaço.
[Sol: Ryo = Baiano]
Quando Ryo acordou em seu quarto dia em Phi, ele ainda não conseguia resolver o mistério da Lança de Gelo. Naquela manhã, no entanto, havia um problema mais urgente: seu estômago vazio...
Pensando em seu tempo em sua segunda vida até agora, ele percebeu que a única coisa que comera era carne seca. Na verdade, ele tinha quase certeza de que só tinha realmente almoçado nos últimos dias. Embora não fosse de forma alguma um glutão, ele ainda era um jovem saudável de dezenove anos, então era natural que sentisse fome, já que tinha comido menos.
Seria irônico se ele morresse de fome, apesar do suprimento de comida para dois meses que o Falso Miguel havia providenciado para ele... Ele se perguntou como enfrentaria o Falso Miguel se acabasse reencarnado de novo.
“Vamos ao que interessa”
Depois de abrir a porta do silo, Ryo entrou em um espaço tão frio quanto o interior de um freezer. Fazia sentido, já que as paredes eram feitas de gelo. Ele suspeitou que magia da água havia sido usada, mas... o gelo que Ryo fizera começou a derreter no momento em que ele parou de canalizar sua magia através dele. As paredes de gelo do silo, no entanto, não mostravam sinais de derretimento.
Será que isso significava que a magia do Falso Miguel funcionava mesmo aqui, neste mundo? Ou essas paredes eram a personificação do potencial desconhecido que a magia da água tinha? De qualquer forma, ele estava fascinado. Eventualmente, ele queria desvendar o enigma desta estrutura também. Seja como for... ele precisava satisfazer seu estômago vazio primeiro!
A carne seca era rápida e fácil de comer, mas este era seu quarto dia aqui e ele estava cansado dela, então estava com vontade de outra coisa. Que tal carne adequadamente grelhada?!
Ele examinou o conteúdo do silo e viu várias carnes congeladas de animais e monstros arrumadas ordenadamente. Carcaças inteiras de coelho, javali, o que parecia ser aves e mais... Havia até carne cortada de cada espécie.
"Aposto que o Falso Miguel arrumou assim para mim, das duas formas, para que eu saiba quais partes das carcaças inteiras são comestíveis quando eu as cortar. Ele realmente é um homem incrível."
Profundamente grato pela extensão da previsão do Falso Miguel, Ryo pegou dois pedaços de carne que pareciam coxas de coelho.
"Estão congeladas e duras como pedra. Espero poder descongelá-las. Vamos ver o que acontece quando eu as levar para fora... Torcendo para começarem a descongelar."
Ele saiu do silo segurando carne em cada mão, então colocou os pedaços no balde - o balde multiuso, super útil! O sol, começando sua ascensão no céu, iluminou a carne, mas as coxas de coelho permaneceram congeladas.
"Será que isso significa que tenho que descongelá-las eu mesmo, já que sou um mago da água...?"
Ele levantou a mão direita sobre um dos pedaços e criou uma imagem mental na qual removia as ligações entre as moléculas de água no gelo que cobria a carne.
"Hã? Não está funcionando. Sinto como se estivesse sendo repelido."
As ligações entre as moléculas de água não estavam se dissipando, e o fato de que não estavam criava um ciclo de feedback na mente de Ryo.
"Talvez seja porque não fui eu quem criou este gelo? Está me rejeitando porque o Falso Miguel o fez?"
Ele não podia desistir, porém. Ele precisava comer para sobreviver.
Como o Falso Miguel foi quem preparou para ele, era altamente improvável que ele quisesse que Ryo a comesse congelada. Afinal, o Falso Miguel era um homem extremamente talentoso e capaz, o que significava que a carne poderia ser derretida! A confiança de Ryo no Falso Miguel era enorme.
"Deixe-me tentar isso com calma. Não precisa ter pressa."
Em vez de descongelar a coxa inteira, ele decidiu se concentrar em uma única seção. Ele visualizou direcionar sua magia para aquela área e desfazendo as ligações moleculares, então ele dissolveu as ligações na seção vizinha da carne. Conforme ele se movia lentamente de uma seção para outra, removendo as ligações moleculares, o gelo derreteu.
Depois de quinze longos minutos, uma coxa de coelho inteira estava completamente descongelada. A outra não mostrava sinais algum de fazer o mesmo, apesar do tempo que havia passado.
"Miguel, sua magia é incrível! Vou deixar a coxa congelada como está para poder experimentar nela. Quero ver o que acontecerá se eu grelhá-la com o gelo do Miguel ainda cobrindo-a."
Ryo preparou a lenha e a casca de palmeira de cânhamo preto no quintal, então foi à cozinha buscar algum tempero. Incidentemente, o único tempero que o Falso Miguel providenciou foi uma quantidade massiva de sal. Ryo voltou para fora e espetou a coxa de coelho descongelada em um galho e salpicou sal nela.
Ele foi trabalhar em sua habitual lente de gelo. Inúmeras tentativas de prática significaram que suas habilidades melhoraram tremendamente. Enquanto inicialmente levava quinze minutos ou mais apenas para congelar água, agora ele podia fazer uma lente de gelo direto do ar em menos de dois minutos.
"Estou ficando muito bom nisso."
Isso o deixou feliz em ver o quanto ele havia melhorado.
Usando a lente de gelo, Ryo focou os raios do sol na casca de palmeira de cânhamo preto, incendiando-a. Ele soprou na brasa para avivá-la e transferiu a chama para a lenha para obter uma labareda adequada. Uma vez pronta, ele fincou o espeto da coxa de coelho no chão perto do fogo, então pegou a congelada e a segurou sobre as chamas. Não havia um traço de gelo derretido em nenhuma parte da carne.
"Isso parece muito surreal..."
Conclusão: a carne que o Falso Miguel congelou não descongelaria mesmo quando exposta ao fogo.
Enquanto conduzia seu experimento, a coxa de coelho descongelada cozinhou bem.
"Hora de comer!"
Sua primeira refeição de verdade em quatro dias estava tão deliciosa que quase lhe trouxe lágrimas aos olhos. Então, trouxe, e Ryo realmente comeu chorando pela primeira vez em sua vida.
Ryo descongelou o outro pedaço de carne de coxa congelada da mesma maneira, então grelhou e comeu. Relaxando, ele pensou no que precisava fazer hoje. A primeira coisa na lista era entender por que não podia usar sua magia para propulsionar sua Lança de Gelo.
Ele ainda sentia que não havia chegado a uma solução por causa de informações incompletas. Não importava o quanto ou quão arduamente considerasse o problema, uma resposta ainda não se apresentava. Neste caso, ele teria que continuar tentando coisas novas e esperar preencher as lacunas de seu conhecimento. Ele tinha uma quantidade infinita de tempo, afinal.
No que dizia respeito a gerar gelo, ele havia se tornado bastante adepto. No entanto, se alguém lhe perguntasse se ele poderia usar sua habilidade numa batalha contra monstros, ele diria que isso ainda representava um desafio difícil. Levava um minuto inteiro para criar uma Lança de Gelo e então arremessá-la, e mesmo assim ela ainda se recusava a voar de sua mão como Ryo esperava. Enquanto isso, levava dois minutos para criar uma Lente de Gelo. Ainda assim, em ambos os casos, ele havia encurtado o tempo de criação consideravelmente desde suas primeiras tentativas.
Mas não era o suficiente. Porque sua vida estaria em jogo numa batalha contra um monstro, não havia espaço para atraso. Ele tinha que dominar suas habilidades ao ponto de levar apenas um segundo para formar o gelo no que precisasse.
Quando percebeu isso, Ryo imediatamente decidiu tentar criar outras formas com seu gelo: uma lança de gelo de dois metros de comprimento, talvez uma prancha, um pilar, ou mesmo uma parede...
Conforme pensava, ele percebeu algo mais: o gelo precisava ser duro. Ele lembrou que gelo sólido como rocha, que não derreteria, existia mesmo na Terra. O gelo é menos propenso a derreter se todo o ar contido na água for removido. Uma maneira de conseguir isso, por exemplo, era ferver a água antes de congelá-la.
Agora, se Ryo quisesse gerar gelo relativamente duro, como ele faria isso? Para garantir que nenhum ar entrasse no gelo conforme congelava, ele decidiu tentar congelar o gelo do centro para fora.
Normalmente, a água congela de fora para dentro, que é como o ar fica preso em bolsões dentro do gelo. No entanto, Ryo podia usar sua magia para começar no centro! Era só isso. Com este método, ele poderia fazer gelo mais duro do que o gelo que vinha fazendo anteriormente.
Ryo acreditou em sua teoria. Enquanto mastigava sua habitual carne seca no almoço, ele se concentrou intensamente em fazer gelo. De sua mão direita, esquerda, seus pés... Ele imaginou todos os cenários possíveis.
Ele estava tão completamente absorvido em seu trabalho que se assustou quando subitamente percebeu que já era noite.
"Droga, preciso tomar banho."
Ele jantou, tomou banho, então retornou ao seu treinamento mágico. Que vida culta ele levava. Ryo não poderia estar mais feliz.
Em seu quinto dia em Phi, Ryo quis revisar tudo o que aprendera até agora. Para o café da manhã, ele repetiu o que fez ontem: pegar uma coxa de coelho do silo, descongelar, acender o fogo, grelhar, comer... Um processo muito suave.
Assim como ontem, ele trabalhou em sua habilidade de geração de gelo. Graças aos seus esforços até agora, agora levava vinte segundos para produzir tanto uma Lança de Gelo quanto uma Lente de Gelo - mas isso ainda não era nem de longe útil para combate. Além disso, ele ainda não conseguia fazer a Lança de Gelo voar, tornando-a inútil em batalha. Ele também não tinha conhecimento de quaisquer técnicas reais de autodefesa ou onde adquiri-las.
Ryo sabia, pelo menos, que precisaria de sua habilidade de geração de gelo pelo resto de sua vida, que era exatamente por que precisava melhorá-la ao ponto de se tornar tão natural quanto respirar.
Pensamentos de lanças de gelo, pranchas e pilares de gelo, paredes e mais fervilhavam dentro da mente de Ryo enquanto ele comia sua carne seca. Criar e derreter, derreter e criar. Ele repetiu o ciclo de novo e de novo. Quando terminou de comer, passou o resto da tarde gerando gelo. Ryo permaneceu absorto em seu treinamento até que algo pousou em sua bochecha, fazendo-o olhar para o céu.
"Chuva...?"
Era a primeira vez que chovia desde que ele renascera neste mundo.
"Ha, este é um bom lugar para parar. Poderia também tomar um banho então."
[Moon: Banho de Chuva… Anos que não faço isso, queria eu!]
Ryo definitivamente tinha falado sozinho muito mais desde sua reencarnação...
Como não havia vidraças nos buracos que funcionavam como janelas na casa que o Falso Miguel preparou para ele, Ryo as cobriu com tábuas de madeira para evitar que a chuva vazasse. Não havia lâmpadas, lanternas ou fogos em nenhum dos cômodos, tornando-o completamente escuro por dentro.
Até ontem, ele não tinha realmente pensado nisso como um problema porque depois de seu banho, ele simplesmente saía para praticar sua magia até sua energia mágica se esgotar. Então, ele voltaria para sua cama e desmaiava. As janelas abertas permitiam que a luz da lua iluminasse os cômodos à noite, mas ele nunca teve a cabeça para notar.
Hoje era diferente, porém. Por causa da chuva e das janelas fechadas, nenhuma luz da lua entrava na casa.
"Isso não muda nada para minha prática mágica."
Assim que terminou seu banho, ele se esticou em sua cama e retornou ao seu treinamento. Depois que produzia gelo, em vez de deixá-lo derreter, ele sublimava a água em gás, que era absorvida pelo ar ao seu redor. Dessa forma, ele podia evitar encharcar a cama. Com base em seus esforços combinados de ontem e hoje, agora levava menos de cinco segundos para fazer gelo, dependendo da forma.
Bem na hora em que percebeu seu progresso, as reservas mágicas de Ryo se esgotaram esta noite também. Ele dissipou a Lança de Gelo que acabara de fazer e permitiu que o sono o levasse. Então, por uma semana depois, ele continuou a se imergir obstinadamente na geração de gelo.
Sol: Senhoras e Senhores como podem ver eu sou o Sol, serei o tradutor dessa obra maravilhosa. Espero que meus comentários e os da Mon façam vocês darem uma risada de vez em quando kkkk. Bom é isso, até o próximo!
Mon: Ou Moon, como quiserem me chamar, estou aqui para tentar deixar a sua leitura mais divertida, junto com o grande Sol!!! Espero de verdade que vocês apreciem esta obra! Flws e até o próximo capítulo!
Aliás, foi só eu, ou você também aprendeu mais química lendo esse capítulo do que tendo uma aula… Porque eu vou te falar, clareou legal a minha mente kakakaka
Traduzido por Moonlight Valley
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