Volume 1 – Arco 4
Capítulo 50: Num Redemoinho (1)
Amiru, que não tinha como saber no que Cale estava pensando, imaginou que sua expressão séria era por causa da súbita e incômoda informação...
— Tomando de base suas vestes e físico, ele parecia ser alguém do Reino Whipper.
Portanto, ela apenas decidiu prosseguir com o relato a fim de finalizá-lo o mais rápido possível.
"É ele..."
Já ao mesmo tempo, com sua face ficando pálida, o ruivo chegou a uma conclusão.
"É definitivamente Toonka."
No Reino Whipper, a facção não-mágica, aquela que acabaria por lutar contra os magos de seu próprio reino, era conhecida como "bárbara" — mesmo que não houvesse algo do tipo neste mundo — afinal, todos eram humanos e tinham o mesmo cérebro. No entanto, a questão era que, com o passar do tempo e a história sendo criada, os dois lados da moeda acabaram crescendo e se desenvolveram da maneira mais adequada para si.
Ou seja, ao contrário dos magos, os não-mágicos do Reino Whipper eram todos indivíduos fortes que conseguiram tomar o controle das complexas montanhas e margens localizadas em seu território sem usar qualquer tipo de magia. Já em outras palavras, todos eles eram pessoas que se concentravam no fortalecimento de seus corpos ao invés de confiar em outros fatores; tais como mana.
No fim, não podendo mais suportar o reino atual onde viviam — um feito apenas para que magos tivessem vidas fáceis — os não-mágicos se rebelaram e começaram a guerra civil; tudo para um recomeço. E mesmo que boa parte dos cidadãos de seu reino soubessem que eles não eram bárbaros, mas sim pessoas querendo igualdade, e os apoiassem. Na vista estrangeira, tudo que podiam pensar era que selvagens, usando seu instinto, estavam tentando derrubar um reino de lógica.
Mas claro, isso não passava de um engano, até porque os "selvagens" não usaram apenas seu instinto: Como humanos pensantes, tiveram que bolar suas próprias estratégias e planos…
"O problema é que Toonka é extremamente estúpido."
Contudo, para Kim, o vulgo "Tirano" era apenas uma pessoa simples e estúpida que, por acaso, era muito forte. Na verdade, para ele, esse era o tipo de pessoa mais assustadora; afinal, não se podia falar com alguém assim normalmente.
— Jovem mestre Cale, você não precisa se preocupar com essa pessoa. Ela parece se recuperar rapidamente.
Antes de abrir a boca, ouvindo as palavras de Amiru, Cale esboçou um sorriso...
— Não estou nada preocupado. Na verdade, eu preferia que ela continuasse encamada por muito tempo.
Sua esperança era que Toonka permanecesse em recuperação até que partisse.
A nobre do nordeste, assim como o cavaleiro que estava ao seu lado, olharam para o ruivo com expressões calorosas...
— Jovem senhorita Amiru, poderia por favor nos mostrar nossos quartos?
Por outro lado, Kim apenas parecia ignorá-las; ele agora lidava com uma dor de cabeça enquanto tentava descobrir o porquê Toonka chegou lá tão cedo.
— Claro que sim. Você ainda não se recuperou 100%, certo?
— Sim. Ainda estou ferido.
— Ah... vamos nos apressar então.
Cale só tinha um pensamento em sua cabeça quando Amiru começou a caminhar rapidamente com uma expressão séria no rosto.
"Billos pode ser um Flynn e extremamente talentoso, mas como ele estava tão confiante sobre o início da guerra civil? Como ele descobriu tão cedo?"
Por ter lido "O Nascimento de um Herói", obviamente, o ruivo sabia sobre as habilidades do porquinho. Portanto, ele também tinha em mente que tal figura ainda era tratada apenas como um filho bastardo naquele tempo; logo, deveria haver um limite para a sua coleta de informações.
"A guerra deve estar acontecendo mais cedo do que na novel."
Entretanto, se Kim pensasse dessa forma, tudo fazia sentido.
Com o fato de Billos já saber sobre esses específicos acontecimentos, significava que a história estava acelerada e mudando.
Mas o que teria trazido à tona a guerra civil?
Começando a caminhar, Cale não pensou muito sobre esta questão e ponderou sobre outra coisa.
Pelo o assassino de magos ter naufragado significava que seu navio foi destruído por ataques sorrateiros de magos, assim, mesmo que o enredo estivesse acelerado, a história em si não tinha mudado.
Por temerem e saberem da força do Tirano, os magos, não confiantes no fato de poder matá-lo, apenas aproveitaram para fazer uma emboscada no momento mais oportuno para eles…
"Mas talvez um dragão possa matá-lo..."
Portanto, nem Toonka que passou por desafios irracionais apenas com sua força física, pôde escapar.
Assim que chegou na residência Ubarr, Cale disse que precisava descansar e, rapidamente, foi escoltado até seu quarto e deixado sozinho...
— Ei.
Ele então, olhando para o teto, abriu a boca.
— O que é, humano?
Ao mesmo tempo o Dragão Negro se revelou, e o ruivo começou a falar num tom sério.
— Fique ao meu lado por um tempo.
Kim, por ter percebido algo através das situações envolvendo figuras chaves da novel, sabia que se tentasse evitar mais uma delas, poderia ao invés disso, acabar com ainda mais bagagem; algo que, absolutamente, não queria.
— Hmph! Vou fazer o que eu quiser.
Como se estivesse aborrecido o Dragão Negro falou e começou a se afastar. Entretanto, a maneira como suas asas estavam batendo, fez com que Cale soubesse na hora que ele o obedeceria.
Era como se estivesse dizendo uma coisa, mas seu corpo dizendo outra.
O ruivo, que se sentiu muito melhor depois da ligeira conversa com o dragão, finalmente, verificou os arredores do quarto da mansão que havia sido construída há algum tempo neste pequeno vilarejo.
"Ela realmente não se encaixa por aqui."
Tanto o quarto luxuoso quanto a residência não se encaixavam com a simples vila nas redondezas. No entanto, isso também significava que a mãe de Amiru, a atual chefe do território Ubarr, deveria ter planos futuros de desenvolver esta área quando deu início a construção de sua casa.
"Provavelmente só demorou porque precisaram atrair a família de Gilbert e obter suas proteções."
Kim, que estava programado para se encontrar com a mãe de Amiru antes de deixar o território Ubarr, pensou um pouco sobre essa reunião antes de se locomover para uma das grandes janelas do local.
Ele podia ver o vilarejo inteiro através dela, assim como também…
"O Penhasco dos Ventos."
O local rochoso que durante centenas de anos, com o mar ao seu redor devastado por redemoinhos, causava dores de cabeça para os cidadãos de Ubarr. Já aos olhos da família do território, era considerado como importante.
— ...
Havia duas outras vilas que estavam à beira-mar, mas esta atual se encontrava no meio delas com duas falésias de cada lado — logo, se tornando o único local mais fácil para o embarque dos barcos. — Além disso, ilhas de diferentes tamanhos eram totalmente visíveis por lá, tornando-a também um belo ponto; seria um ótimo local para uma base militar.
Cale precisaria ir para uma das ilhas menores amanhã cedo; o Som do Vento, que era a fonte de todos esses redemoinhos, estava localizado bem próximo a ela.
❖ ❖ ❖
— É um poder silencioso, mas caótico.
❖ ❖ ❖
Foi o que na novel, Toonka havia dito sobre tal poder antigo — e era exatamente o que o ruivo estava procurando. — Um poder que lhe permitiria fugir tanto rapidamente quanto silenciosamente e, ao mesmo tempo, causar caos para seus adversários.
Kim começou a sorrir levemente em antecipação à manhã cedo…
Click.
Contudo, seu sorriso logo mudou para um cheio de satisfação.
— Jovem mestre-nim! O tio Beacrox preparou estes mariscos só para você!
Cale assistia as dez crianças lobos entrarem no seu quarto trazendo comida...
— Isso! Cale-nim, por favor, coma tudo!
Ele havia dito a todos os outros que eles eram primos de Lock e que viviam na mesma vila quando suas famílias foram mortas por bandidos.
— O tio Beacrox está muito animado com o mar!
O sorriso do ruivo se tornou ainda mais espesso.
Não porque gostava das dez figuras adiante, mas sim por poder ver o estado de Beacrox, que também trazia bandejas de comida logo atrás.
O filho de Ron, o chef, e um especialista em tortura, normalmente usava roupas sem nenhum amasasado e nem mesmo uma partícula de poeira — e ainda permanecia assim — no entanto, ele tinha sérias olheiras debaixo dos olhos.
— Por favor, coma, jovem mestre Cale.
— Ótimo, obrigado. Foi uma boa decisão ter todos vocês ajudando o Beacrox na cozinha.
Kim agradeceu em direção a Maes, a criança de doze anos que era a mais velha das 10 de sua tribo, antes de se sentar e pegar seu garfo.
"Jovem mestre-nim, queremos trabalhar. O hyung-nim nos disse que não podemos nos tornar sanguessugas."
Em uma das pausas do grupo, as dez crianças lobos, com Maes na liderança, tinham corrido para a carruagem de Cale a fim de pedi-lo para colocá-las para trabalhar.
"Pensamos que seria melhor treinarmos com os cavaleiros, mas caso não seja possível, ainda faremos o melhor que pudermos."
Ao contrário de Lock, Maes de 12 anos era confiante e calmo — ele também parecia saber muito sobre cada um dos pontos fortes de sua tribo. — Foi por isso que o ruivo fez com que eles começassem a ajudar Beacrox.
"Vocês ainda são crianças. É muito cedo para fazer algo perigoso como treinar com os cavaleiros. Vão ajudar Beacrox com as coisas da cozinha."
"Você realmente é como o hyung-nim mencionou. Certo, faremos o nosso melhor."
As crianças que antes tinham confirmado que fariam seu melhor, realmente tinham feito.
— ...
E talvez fosse por isso, mas Kim não podia deixar de sorrir para Beacrox, que parecia ficar cada vez mais cansado ao decorrer dos dias que passava ao lado das dez jovens figuras.
— Tio, você não vem?
Assim que as crianças lobos prepararam a mesa e começaram a sair, Maes foi até a porta e indagou Beacrox que ficou ali imóvel.
— Já vou...
Depois de ouvirem seu breve comentário, todas as dez figuras, com trajes limpos e cabelo bem hidratado, como se nunca tivessem vivido em um vilarejo remoto antes, saíram primeiro.
Todos pareciam usar o estilo de Beacrox.
"Pensando bem, ele seria uma babá muito boa."
O filho de Ron, por estar vivendo como um chef normal e respeitoso, não podia nem ao menos ser frio com as crianças lobo; logo, seria uma ótima escolha para ser um cuidador.
Repentinamente, Cale evitou o olhar de Beacrox — que ainda permanecia parado lhe lançando um olhar — por um momento ele pensou que o torturador acabaria se aproximando com sua faca de cozinha caso soubesse no que estava pensando.
— ...
Assim, o ruivo, pousando seu garfo e a faca, pela última vez, decidiu abrir a boca e olhar para a figura que indicava estar de saída...
— Obrigado por sempre me fazer uma refeição deliciosa.
— Certo jovem mestre...
Click.
Beacrox deixou a sala rapidamente e fechou a porta; Kim manteve seu olhar nela por um tempo antes de começar a murmurar...
— Ainda não sei porque ele está tentando fazer o trabalho de seu pai...
Não havia razão para o filho de Ron trazer a comida até seu quarto.
Beacrox realmente parecia estar lentamente fazendo o trabalho do velho mordomo em qualquer oportunidade que tivesse. Infelizmente, isso era algo que impedia Cale de aproveitar a lacuna deixada pela partida de Ron.
— Venham comer.
Deixando esse fato para lá, o ruivo olhou para o canto da sala e abriu a boca.
Assim, seus companheiros de refeição, On, Hong e o Dragão Negro, correram para a mesa e começaram a comer.
Já Kim apenas olhou para o pôr-do-sol sobre o oceano enquanto também começava a degustar seu jantar.
No dia seguinte.
— Olá.
— Prazer em conhecê-lo, jovem mestre-nim.
Cale trocou cumprimentos com um velho indivíduo, ou melhor, com o pescador que tinha vagado pelo o mar Ubarr e lutado contra os redemoinhos durante dezenas de anos.
Este senhor, que era conhecido como o maior veterano do mar Ubarr nesta pequena vila à beira-mar, tinha uma pele muito bronzeada que representava exatamente quanto tempo passava no mar.
— Confie em mim. Eu os levarei com segurança para a ilha central.
Amiru, que estava ao lado do ruivo, acenou com a cabeça e acrescentou.
— Ele é uma pessoa incrível, então você poderá chegar a qualquer lugar no mar Ubarr, desde que esteja em sua companhia. Ah, e sinto muito não poder ir e lhe mostrar o local, tenho alguns assuntos para resolver.
— Tudo bem. Já é suficiente que tenha me apresentado a um especialista.
Seria complicado se a nobre do nordeste fosse também, afinal, Kim já tinha determinado as pessoas que iriam com ele hoje.
— São só vocês três?
Indagou o pescador.
— Sim. Vamos!
— Certo, jovem mestre-nim. Por favor, entrem.
Cale subiu no pequeno, mas resistente barco, e logo atrás dele, o vice-capitão.
— Por favor, fique seguro, jovem mestre.
Assistindo a isso, o vice-mordomo Hans, com On e Hong nos braços, abriu a boca.
Já a dupla felina apenas parecia agitada, provavelmente, tentando fugir dos braços do mordomo, que se aproximava da água; embora apreciassem o cheiro do mar, On e Hong não gostavam da água.
— Certo.
O ruivo apenas deu uma breve resposta.
Por estar com o vice-capitão, ele não precisava levar nenhum outro cavaleiro. E isso não deveria ser um problema, já que as ilhas à frente eram desabitadas.
— Estarei voando.
Como de costume, o Dragão Negro planejava seguir Kim e companhia enquanto permanecia invisível.
— Beacrox, aparentemente as redes perto da ilha tendem a capturar muitos frutos do mar raros. Será ótimo para ampliar seu paladar.
Ignorando a voz telepática, Cale resolveu brincar com a última pessoa a entrar no barco.
— Muito obrigado… jovem mestre Cale.
Com isso dito, o filho de Ron, que acabou vindo por ordem de seu jovem mestre, entrou no barco com cara descontente.
— Vamos.
Logo então, com todos a bordo, o ruivo falou com o pescador.
— Certo, jovem mestre-nim.
Após respirar fundo, o pescador, não, o capitão deste pequeno barco, começou a remar com seu filho.
Neste mar cheio de redemoinhos, nem um grande navio ou magia eram importantes.
Era mais seguro estar com alguém experiente e confiar em seus anos no remo.
— O barco pode balançar um pouco, portanto, por favor, segurem-se firmemente.
O velho indivíduo anunciou casualmente quando o barco partiu.
— Merda.
Kim começou a praguejar assim que zarparam.
Chuá!
A embarcação estava balançando.
Tchuf!
O barco mal estava evitando o redemoinho que parecia querer sugar tudo para seu interior; era sua força que estava fazendo tudo balançar muito.
Splash!
Rash!
Todos os tipos de ruídos e barulhos de água chegavam aos ouvidos de Cale.
— Hahaha. Jovem mestre-nim, o redemoinho não é grande?
Vendo tudo que se passava em sua embarcação, o pescador, um homem muito corajoso, abriu a boca.
Em em sua resposta, o ruivo apenas tirou a mão do vice-capitão que se agarrava às suas roupas com uma expressão pálida.
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