Volume 1 – Arco 4
Capítulo 51: Num Redemoinho (2)
Cale olhava para fora do barco; ele podia ver as águas violentas, nada transparentes, se chocarem contra sua embarcação...
Tchuf!
Bem, na verdade, sua cor era branca e azul — algo diferente quando comparado com as áreas ao redor de cada redemoinho — pois possuíam um tom azulado mais escuro.
"Eu provavelmente morreria se fosse pego por qualquer um deles."
Com tal pensamento mórbido, sentindo calafrios, o ruivo logo se virou e olhou para a frente, para a menor ilha do conjunto de ilhas adiante.
— Jovem mestre-nim, é aquela ilha ali! Mas o redemoinho a sua frente é o pior!
Ao mesmo tempo, deixando de remar, o velho pescador, ignorando completamente a expressão pálida no rosto do vice-capitão, começou a falar em sua direção.
— Se formos pegos por ele, precisaremos dizer adeus a este mundo imediatamente, hahaha!
— ...
Ao escutar aquela "piada" nada engraçada, Kim reteve seus arrepios, prosseguiu calado e começou a prestar atenção nas próximas falas do navegador.
— Há uma lenda que diz que estes redemoinhos apareceram por causa de um ladrão que roubou algo de um deu— Eita!
Chuá!
Com uma forte e súbita onda — o barco se inclinou drasticamente para o lado. — As águas violentas, como uma tempestade, realmente pareciam querer engolir a pequena embarcação.
— Q-Quase tombamos… Garoto, reme direito!
A dupla, pai e filho, mesmo tendo leves brigas ao decorrer da viagem aparentava estar em sincronia...
— Foi mal, pai.
Na verdade, aquela deveria ser uma bela cena aos olhos daqueles que apreciavam algo como o "trabalho em conjunto", especialmente quando era relacionado à família.
— Ei…
Repentinamente, erguendo a mão em direção ao velho pescador, Cale começou a falar com firmeza.
— Deixem a conversa para depois que chegarmos naquela ilha.
— C-Certo jovem mestre-nim! Estamos quase lá.
Obedientemente e de maneira hábil, a dupla pai e filho começou a remar.
Rash!
O barco agora se movia mais rapidamente enquanto também fazia algumas manobras torcidas para evitar cada redemoinho.
Splash!
"Rastros do Som do Vento..."
Antes de começar a ponderar, o ruivo observou cada um dos redemoinhos que passaram.
— J-Jovem mestre...
Direcionado ao mar, o poder antigo chamado Som do Vento, criou espirais de ar anormais e às começou girar o mais forte que pôde. Assim, com o passar dos anos, essas mesmas espirais criaram novas; levando aos numerosos redemoinhos visíveis hoje em dia.
— E-Eu, eu, eu deveria estar protegendo você… Eu— Ugh!
Ignorando as palavras do vice-capitão enquanto via-o se agarrar com força aos bancos do barco, Kim soltou um suspiro e fechou os olhos; mesmo querendo se concentrar, parecia que essa tarefa não seria possível naquela situação.
Chuá!
— Chegamos! Foi mais fácil do que de costume.
Escutando as palavras de seu pai, o filho do pescador acenou com a cabeça.
— …
A embarcação de Cale tinha finalmente ancorado na ilha, que era o objetivo, e ele pôde mais uma vez sentir o chão debaixo de seus pés.
— Baaaarf!
Escutando o estranho ruído, o ruivo olhou para além da dupla pai e filho, para o vice-capitão inclinado, que estava a sofrer com uma grande náusea.
Tap.
Ele estava a se perguntar se aquela figura poderia acabar morrendo quando bateu no braço de Beacrox, que passava por perto, e apontou para o vice-capitão.
Instantaneamente o filho de Ron franziu a testa e tirou um par de luvas brancas do bolso — ele agora se dirigia para o indivíduo enjoado. — Ao mesmo tempo, Kim vacilou um pouco quando o viu vestir tais luvas.
"Essas não são as luvas que ele usa para torturar...?"
Bem, na verdade, como na novel, Beacrox parecia ter um estoque infinito dessas luvas brancas, pois em certas ocasiões sempre aparecia com uma nova completamente limpa.
Depois de observá-lo se afastar ainda mais, Cale checou seu redor.
— …
Mesmo lá sendo uma ilha, não havia algo que geralmente as pessoas esperariam ter — areia — ao invés disso, ela estava forrada por rochas. E, caso olhasse um pouco mais longe da costa, era visível também uma pequena floresta, ou melhor, um jardim, já que diziam que caminhar por tal lugar era tranquilo.
— Velhote.
— Sim, jovem mestre-nim?
— Prossiga com a sua história de antes, aquela sobre o ladrão.
Percebendo a leve curiosidade vinda do ruivo, o velho logo acenou com a cabeça e deixou o trabalho de ancorar o barco com seu filho. Ele então apontou para o caminho que tomaram para chegar até aqui; seu dedo estava mirando o grande redemoinho em frente a esta ilha.
— Há muito tempo atrás, havia um ladrão que era mais rápido do que qualquer outro... Seus passos também eram tão leves e cautelosos que, supostamente, ele podia caminhar sobre as águas sem causar ondulações...
Tal figura realmente parecia ser um usuário do Som do Vento; mas claro, caminhar sobre as águas era um pouco exagerado.
— Enfim, a lenda diz que tal ladrão roubou algo que pertencia a um deus, e saltou do Penhasco dos Ventos. Você sabe que penhasco é esse, certo?
O velho esboçou um sorriso tão suavemente quanto as rugas bronzeadas em seus braços...
— Então, foi assim que o item do deus e o ladrão desapareceram deste mundo, bem como também os redemoinhos vieram a existir.
Ele então deixou de apontar e soltou um suspiro.
— Era por isso que antigamente costumava haver sacrifícios lá, tudo pelo item roubado do deus.
— Não há mais?
— Se realmente era um item de um deus, por que ele nos incomodaria, em vez de apenas pegar de volta?
Kim concordou com o velho.
Afinal, não era um item do deus — era o poder de um humano — e por isso nenhuma figura sagrada podia pegá-lo de volta.
— Bem, agora vou olhar ao redor da ilha.
— Certo, jovem mestre-nim. Estarei esperando por você aqui.
Com a deixa de Cale, o navegador se despediu e se dirigiu para seu filho, ao mesmo tempo o vice-capitão abriu a boca...
— J-Jovem mestre-nim, eu também, e-eu— Ugh.
Logo então voltou a sofrer com a náusea e se apertou no estômago.
— Tch.
Assistindo a isso, o ruivo apenas estalou a língua e fez um movimento para que Beacrox se aproximasse. Logo então, com a sua aproximação, ele começou a sussurrar em seu ouvido.
— Como você é o filho de Ron, tenho certeza que também não é normal.
— E?
Kim tapou os ombros de seu chef, nem um pouco nervoso, e continuou a falar.
— Segure o vice-capitão aqui.
— Você ficará bem sozinho...?
— O que pode haver de perigoso aqui? Eu também tenho meu escudo.
— Por favor, fique a salvo.
Beacrox concordou em seguir a ordem de seu jovem mestre sem nenhum grande problema. Bem, na real, foi por isso que ele havia sido trazido até aqui.
Cale precisava de alguém ao seu redor por enquanto, mas ele tinha que ser forte, e não possuir a necessidade extrema de protegê-lo — e claro, tal indivíduo tinha que ser um na qual pudesse dar ordens. — Portanto, o filho de Ron era perfeito.
— Voltarei em breve.
Dito isso, o ruivo relaxadamente começou a se dirigir para o centro da ilha...
— Por favor, não esqueça de utilizar seu escudo caso esteja em perigo.
— J-Jovem mestre-nim, e-eu estarei logo atrá— Ugh!
Ele também ignorou as falas de Beacrox e do vice-capitão até, finalmente, adentrar a floresta.
— O que você achou?
Assim que se afastou dos outros, Kim voltou a falar calmamente.
— Como mencionou, há algo naquele redemoinho em frente a esta ilha. É semelhante ao poder daquela caverna da última vez.
O Dragão Negro então o respondeu de volta; ele se referia a quando Cale ganhou a Vitalidade do Coração.
— ...
Mesmo que não houvesse motivo para fazer isso, o ruivo caminhava sem pressa, e entrava ainda mais na floresta...
"Só preciso saber um pouco sobre o terreno, já que voltarei aqui à noite."
Ele então indagou mais uma coisa aos ventos.
— Não tem mais ninguém aqui, certo?
— Não há ninguém.
Kim podia finalmente suspirar em alívio — não havia mais ninguém além de seus acompanhantes na ilha — sua preocupação com o grupo de baleias de ontem também estava a ser apaziguar.
— Mas há cadáveres.
— Hã?
Cale congelou instantaneamente; ele começou a franzir a testa e olhou para cima.
Ao mesmo tempo, o dragão removeu sua invisibilidade e apareceu na sua frente.
— Quando cheguei na ilha, fiz a vistoria, e encontrei três cadáveres do outro lado.
O ruivo deu três passos para trás, em direção ao barco — tais defuntos estavam completamente fora de suas expectativas — ele também tinha o pressentimento de que algo ruim aconteceria se continuasse a caminhar em direção ao outro lado da ilha.
— Mas não eram cadáveres humanos.
No entanto, com a outra fala do Dragão Negro, ele levantou as mãos e cobriu seus olhos.
"..."
Se não eram humanos, isso significava que tinham uma característica distinta. Contudo, também não se assemelhavam a animais.
"São semelhantes aos humanos, mas não são."
Então só restava uma resposta.
— Suas mãos e pés eram estranhos?
Energeticamente, o dragão acenou com a cabeça.
— Isso mesmo! As mãos e os pés deles eram esquisitos. Pareciam barbatanas!
Barbatanas; essa era a característica da tribo das sereias.
"Um grupo de baleias e três cadáveres de sereias…"
Kim estava preocupado e cheio de dúvidas, aquelas duas raças ainda não deveriam ter aparecido...
"Não."
Ele rapidamente fixou sua linha de pensamento.
A batalha entres as tribos das baleias e das sereias tinha uma história ainda mais longa do que as guerras humanas mais antigas. Entretanto, o momento em que isso foi revelado na novel foi somente quando Choi Han se envolveu com a tribo das baleias.
— Ei, você.
Subitamente, Cale chamou o dragão.
— Não me chame de "você"...
— Hm? Então como devo te chamar?
— Você logo descobrirá.
"De que diabos ele está falando?"
Deixando sua duvida superficial de lado, e imaginando que o Dragão Negro, que havia estudado a língua humana ultimamente, escolheria um nome para si mesmo futuramente, o ruivo apenas apontou para o outro lado da ilha com seu queixo...
— Tem certeza de que não há ninguém por lá?
— Não há presenças vivas. O mesmo na água.
— Então, lidere o caminho...
Ele sentia que precisava ir verificar os cadáveres das sereias; só para se manter fora de perigo mais tarde.
— Eu estava certo...
Kim, que deixou que o dragão o guiasse, franziu a testa após sair do outro lado da floresta e ver os defuntos. Ele parecia ainda mais em choque por estar a presenciar o aparecimento das sereias com seus próprios olhos, ao invés de apenas textos da novel.
— Por que você não está se aproximando?
Vendo Cale distante, o Dragão Negro, curiosamente, lhe lançou uma indagação.
Como já era de se esperar, jogados no chão, se encontravam três cadáveres de membros da tribo das sereias e, sendo mais específico, todos estavam secos, parecendo múmias, com o pescoço quebrado e pernas e braços torcidos, então não fazia sentido alguém ter medo deles agora.
— É assustador.
Por outro lado, o ruivo respondeu facilmente a pergunta recebida.
— Entendi... Eu esqueci que você é um humano fraco.
Dito isso, o dragão então acenou com a cabeça e se dirigiu para os defuntos.
E assim que pôde os ver melhor, ele logo notou as características que os diferenciavam dos humanos — barbatanas nas mãos e nos pés, guelras ao invés de orelhas, e suas peles que pareciam estar cobertas de escamas — e começou a murmurar algo.
— Parecem que foram esmagados, e não morreram faz muito tempo… Além disso, posso ver um pouco de sangue vermelho nas suas barbatanas. Acho que estavam numa batalha.
"Com uma baleia... Uma baleia definitivamente matou esses três."
Em "O Nascimento de um Herói", a tribo das baleias tinha uma população pequena, semelhante à dos dragões, contudo, era a existência mais forte no oceano — e por isso, foi capaz de dominar o mundo oceânico por anos. — Já a tribo das sereias, que queriam criar um reino dentro do oceano, tiveram seus planos impedidos por tal tribo, que não aceitava compartilhar seu território com outros; pois era uma espécie que precisava migrar junto com o tempo.
Contudo, tudo começou a mudar assim que as sereias começaram a ficar mais fortes, colocando a tribo das baleias em uma situação difícil.
"E assim Choi Han aparece e ajuda as baleias."
Bem, pelo menos, esse foi o conteúdo da novel no final do volume 5.
Cale começou a voltar para a floresta junto ao Dragão Negro.
— Podemos simplesmente deixá-los assim?
— Sim.
Um cadáver de sereia não se decompõe em terra, ao invés disso, seca quase que totalmente. Já em água, além disso acontecer, o odor se espalharia pelo oceano, sinalizando as outras sereias para que venham em sua busca.
Logo, obviamente, foi por saber sobre isso que a tribo das baleias optou por deixar em terra os três cadáveres.
"Preciso cuidar rapidamente das coisas e partir também."
Após voltar à residência Ubarr, Cale estava esperando o tempo passar com o estômago cheio de peixe assado: Beacrox havia comprado muito do pescador.
Já uma vez que a escuridão finalmente desceu sobre a pequena aldeia, ele tirou alguns equipamentos de mergulho da caixa mágica que recebeu de Billos.
— Fiquem de olho no quarto.
O ruivo estava no parapeito da janela de frente para o Penhasco dos Ventos e o mar do nordeste quando começou a falar com On e Hong.
— Não vamos deixar ninguém entrar.
— Tenham uma viagem segura.
Já com suas respostas, ele apenas acenou com a cabeça e olhou para o Dragão Negro.
— Vôo.
Ao mesmo tempo, com uma expressão confiante, o dragão conjurou um feitiço e o corpo de Kim começou a flutuar no ar.
— Vamos.
Ele então tomou a liderança e, Cale, que estava carregando uma bomba mágica enquanto começava a flutuar ainda mais alto no ar, a fim de evitar ser notado, o seguiu logo atrás.
Seu plano hoje era atingir o redemoinho com precisão, usando a bomba mágica feita pelo dragão que estava programada para explodir após dez minutos, e fugir levando o Som do Vento.
Recomendações:
— A Vingança do Curandeiro: É uma Web Novel Japonesa de Fantasia e Vingança. Para quem curte O Retorno do Herói, deve gostar dela também.
— O Rei da Caverna: É uma Web Novel Japonesa de Fantasia e Slice of Life. Para quem curte A História do Tiozão que Reecarnaou como um Garotinho, deve gostar dela também.
— A História do Tiozão que Reecarnaou como um Garotinho: É uma Web Novel Japonesa de Isekai e Aventura. Para quem curte O Rei da Caverna, deve gostar dela também.
— Isekai Apocalypse Mynoghra ~ Conquistando o Mundo com a Civilização mais Difícil ~: É uma Light Novel japonesa de Aventura e Estratégia. Para quem curte Dungeon Defense, deve gostar dela também.