Volume 1 – Arco 2
Capítulo 22: Retribuindo o Favor (2)
Depois de passar facilmente pelo portão da cidade, a carruagem da família Henituse seguiu a liderança do vice-mordomo até uma pousada.
"Ele não vai nos seguir até dentro da cidade, né?"
De acordo com Choi Han, o Dragão Negro os seguia de longe; apenas passava de madrugada para deixar comida.
— Não é adorável? Mesmo depois de viver uma vida tão terrível, ele parece uma criança fofa que nunca perdeu a sua inocência.
"Ata..."
Kim imaginava se Choi Han ousaria dizer isso se tivesse visto o mesmo dragão explodir uma montanha… Caso tivesse, não estaria falando coisas como "Fofo" para descrevê-lo.
Ele também não fazia ideia do porquê o ser que dizia odiar humanos os seguia — era realmente estranho. — Não esperava que as coisas chegassem a esse ponto.
Ele esperava que, o Dragão Negro, ainda jovem, ficasse longe do território do marquês e criasse seu próprio covil para desenvolver mais sua força. Logo, assim que se fortalecesse e como vingança, destruiria a família do marquês antes que uma certa guerra eclodisse no continente.
Isso seria útil, pois manteria o território Henituse em paz por um certo tempo.
— Tch.
A figura ruiva clicou sua língua, os gatinhos, que estavam olhando pela janela com entusiasmo, vacilaram e se aproximaram dele: Parecia que tinham visto algo estranho lá fora, e por isso vieram relatar.
— Em frente a cada casa tem uma torrezinha de pedra.
— Muito, muito, estranho.
Kim apenas respondeu casualmente.
— É a cidade das torres de pedra afinal.
A cidade Pursal era famosa por suas antigas ruínas com torres de pedra, mas também era conhecida pelo fato de cada casa ter algo em comum à sua frente — os moradores desta cidade faziam um pequeno monte fora de suas janelas; uma pequena torre. — Na verdade nem deveria ser chamado de "torre", já que era feita com menos de dez pedras. E bem, com base na personalidade dos proprietários das casas, cada uma era feita diferente da outra.
Por isso era natural que a luxuosa pousada em que Cale chegou também tivesse uma torre de pedra na sua frente.
— Vamos ficar aqui?
— Sim, senhor — Hans respondeu rapidamente à pergunta de seu jovem mestre, ele parecia muito animado, e caminhava com os irmãos gatinhos em seus braços. — Reservamos dois dias para Choi Han-nim, e dependendo de quanto tempo ficarmos aqui, concordamos em pagar pelo resto do grupo. Ah, chegamos bem antes do festival também, portanto, os quartos não foram tão caros.
O Festival da Torre de Pedra: A cidade Pursal estava atualmente ocupada se preparando para ele; começaria na próxima semana.
Kim acabou soltando o que estava pensando sem querer: — Que estranho, nem tem tantas pedras aqui, mas já vão fazer o festival?
— Eu sei o motivo disso.
"Hã?"
Cale espreitou em direção a Hans, que tinha respondido a seus murmúrios.
— É uma história muito triste, porém interessante, passada de geração em geração.
— Não quero ouvir se for longa.
Kim realmente não se importava com isso, no entanto, o vice-mordomo continuou a falar, pois provavelmente tinha determinado que a história não era tão extensa.
— A história, digo, a lenda, é sobre algo que ocorreu nos tempos antigos...
Os indivíduos que agora tinham entrado no quarto de Cale observaram quando o atendente saiu do local.
— Tempos antigos?
Click.
O atendente havia fechado a porta do quarto; somente Cale, Hans, Ron, On e Hong ficaram no quarto.
O vice-mordomo logo respondeu a pergunta: — Sim. Tempos antigos.
— Prossiga.
Nos braços de Hans, como se estivessem interessados na lenda, os irmãos gatinhos, enquanto olhavam para ele, abanavam suas caudas.
Ron apenas derramou, silenciosamente, numa xícara, limonada na qual trouxe em uma garrafa e serviu a figura ruiva.
Cale segurou a xícara em suas mãos e se sentou no sofá com as pernas cruzadas enquanto fazia um movimento com seu queixo para Hans continuar.
— Ahem. Reza a lenda que essa cidade, supostamente, perdeu a graça de um deus no passado.
"Perdeu a graça?"
Kim não sabia nada sobre esta história.
— É a primeira vez que ouço algo sobre isso.
— Bem, isso acontece porque o jovem mestre nunca estudou história.
— Ultimamente você parece gostar de me retrucar... Vai continuar fazendo isso? Hein?
O vice-mordomo rapidamente desviou seu olhar.
— É dever de um bom mordomo informar seu mestre coisas que ele não sabe...
Hans logo começou a falar sobre os tempos antigos.
— Não sei por que Pursal perdeu a graça de um deus. Entretanto, foi aí que alguns moradores da cidade começaram a se reunir para construir torres de pedra. Parecia ser um ato de adoração para alcançar o deus que os havia abandonado.
— Funcionou?
— Não. — O vice-mordomo instantaneamente respondeu à pergunta de Cale.
— Aparentemente, nenhum de seus apelos foi transmitido. É por isso que a cidade atualmente não tem um único templo.
— Se um deus decide me abandonar, não tem por que adorá-lo, certo?
— Ding ding ding~! Nosso Jovem mestre é realmente inteligente e não precisou estudar nada.
— Você quer levar um soco...?
O vice-mordomo se afastou, foi olhar para uma montanha distante e continuou a falar.
— De qualquer forma, é por isso que eles têm torres de pedra ao invés de templos. Elas representam uma promessa que o povo fez depois de tudo isso. Uma promessa para si mesmo.
— Que tipo de promessa?
Hans começou a explicar um costume estranho que era seguido na cidade Pursal.
— Quem tiver seu desejo concedido, destruirá sua torre de pedra.
Cale começou a sorrir. — Que cidade interessante.
— De fato, como foram abandonados por seu deus, eles precisam alcançar tudo com suas próprias forças. O ato de destruir sua torre representa "Superar as Adversidades" ou algo assim.
Kim gostou muito de tal ato; ele então lembrou das numerosas torres de pedra na frente das casas.
— As torres não são criadas para buscar ajuda de um deus.
— Sim. São mais como representações da determinação de seu criador.
Aqueles simples montes de pedra tinham muita importância.
— Então no final não há um deus concedendo desejos.
— Você está correto. Embora seja triste que eles tenham sido abandonados, esta história também dá muita esperança às pessoas.
Cale casualmente deu uma ordem a Hans que estava respondendo. — Olhe para baixo.
— Perdão?
Ao ver o vice-mordomo parecendo confuso, o ruivo apontou para o seu busto com o dedo.
— Parece que estão com raiva.
— Hã?
Assim que olhou para baixo, enquanto seus olhos se abriram amplamente, Hans ficou ofegante. Os gatinhos estavam mostrando suas presas com raiva: Suas pupilas douradas eram cruéis.
— Aigoo... Por que nossos gatinhos estão tão zangados? Devo trazer alguns lanchinhos~?
O vice-mordomo começou a sorrir desajeitadamente enquanto colocava a dupla felina no chão — como ele não tinha a menor ideia de que eram Bestiais, apenas assumiu que estavam com raiva porque tinham fome. — No entanto, os irmãos não estavam zangados por causa disso.
Kim relembrou das coisas que eles lhe haviam dito antes.
"Eu ouvi de Hans mais cedo…"
"Hans disse…"
"Se você fizer um desejo na torre de pedra principal, ele se tornará realidade."
Tap.
Tap.
On parecia estar com raiva, pois ela batia no chão com suas patas, enquanto Hong acertava o chão com a cauda: Ambos estavam zangados por Hans ter mentido para eles sobre a torre de pedra principal.
— Se acalmem jovens gatinhos. Vou buscar uns petiscos deliciosos para vocês! Jovem mestre, posso ir buscar algo para eles?
Mas ele parecia ter recebido a mensagem errada...
— Não precisa nem voltar.
— Tudo bem, voltarei logo~!
O vice-mordomo disse que voltaria rápido, mas ainda assim, antes de sair como o vento, se certificou de que as bagagens que trouxeram de Cale estivessem bem organizadas.
— Ron, você pode ir descansar também.
O velho mordomo ainda estava no quarto: Ele virou-se para o ruivo e começou a sorrir.
"Tenho um mau pressentimento..."
Kim realmente odiava aquele sorriso; ele o deixava ainda mais desconfortável do que o normal.
Ron aproximou-se do sofá em que Cale estava, antes de começar a falar.
— Choi Han vai mesmo sair daqui em dois dias?
— Sim, ele vai.
Kim de repente teve um pensamento, começou a sorrir e respondeu. — Por quê? Está triste por ele ir embora? Quer ir com ele?
O sorriso do velho mordomo se tornou ainda maior.
— Por que eu o deixaria para trás e iria para outro lugar, jovem mestre? Eu gosto de estar ao seu lado.
Tais palavras deram calafrios a Cale.
— É apenas um pouco decepcionante que Choi Han não vá conosco até a capital. Precisarei falar com ele antes que saia. Beacrox provavelmente ficará um pouco triste em vê-lo partir também.
A expressão da figura ruiva ficou um pouco melhor depois de ouvir o resto das falas.
Kim não prestava muito atenção na relação dos três por achar irritante, mas parecia que um certo nível de amizade se desenvolveu entre Ron, Choi Han e Beacrox. Ele logo pensou em seu plano, e começou a sorrir maliciosamente enquanto respondia.
— Bem, viajaremos juntos até a capital, vocês ainda vão se ver bastante até lá.
"Ai depois vocês três podem sair deste reino e irem para o reino de Rosalyn. O que acha? Maravilhoso, certo?"
Cale não disse essa parte em voz alta, pois começou a esboçar um sorriso.
— Espero ansiosamente estar junto a todos na capital. O desejo deste velho é que todos cheguem lá em segurança.
Kim não acreditou em nada do que Ron estava dizendo — "Espero ansiosamente", ou, "Desejo que todos cheguem lá em segurança" — esse tipo de emoção não combinava com o velho.
— Você pode sair agora...
Cale facilmente se livrou de Ron do quarto.
— H-Hans é um mentiroso!
— Um mentiroso daqueles!
A dupla felina finalmente soltou suas raivas enquanto o ruivo os ignorava olhando para fora da janela.
Ele olhava em direção a uma caverna no canto da cidade Pursal: Este local tinha uma torre de pedra incompleta e a Vitalidade do Coração.
"Dizem que aquela pessoa viveu até os 150 anos..."
A Vitalidade do Coração era um poder que um ser antigo deixou após ter morrido naturalmente de velhice; tal pessoa pensava que seu poder era uma maldição.
Cale levantou-se de seu assento, ajeitou um pouco sua roupa e abriu a porta.
— Kyaaaa!
Hans por acaso estava do lado de fora da porta.
Ao ver o vice-mordomo, que rapidamente tinha voltado com os braços cheios de petiscos, Kim começou a falar.
— Vamos ver a torre de pedra principal.
Assim que falou isso, as orelhas dos gatinhos começaram a tremer; eles correram para para Cale como se nunca estivessem zangados para começar.
— Seremos apenas nós e Choi Han. Traga On e Hong com você.
O humano que morreu aos 150 anos de idade queria criar uma torre de pedra em uma caverna onde os ventos convergiam.
"Da última vez foi um buraco sem fundo, agora é vento…?"
No centro de tal caverna havia um furacão que por algum motivo estava lá — o velho tinha passado mais de 100 anos tentando construir uma torre de pedra bem no olho dele — no entanto, acabou falhando.
Bem, na verdade, a velha figura sempre destruía sua própria torre quando parecia estar prestes a terminar; ela repetiu isso até morrer um dia.
Qual era o desejo do velhote? Cale não se importava.
"Mas já que vou ter que fazê-la, vou construir uma torre incrível."
Como tinha que erguer uma torre de pedra de qualquer maneira, ele ia pelo menos fazer uma decente.
Kim, por precaução, também tinha que prestar atenção em algumas pessoas na torre de pedra principal hoje.
Um pouco mais tarde, Cale, os dois gatinhos, Choi Han e Hans, chegaram na entrada do seu destino — eles não tinham ido com a carruagem que mostrava o símbolo da família Henituse — já a figura ruiva usava um chapéu, com a desculpa de que não gostava da luz do sol.
"Eles ainda estão aqui."
Assim que entrou na torre principal, escondido furtivamente atrás de Choi Han e Hans, Kim foi capaz de localizar as pessoas que procurava.
Em uma certa distância estava uma dupla casualmente vestida. Um homem de cadeira de rodas, e uma mulher empurrando ele; ambos estavam indo para a entrada da torre que também era a saída.
Eles não notaram o olhar furtivo de Cale e casualmente continuaram a deixar o local.
O homem virou levemente a cabeça em direção a mulher e perguntou: — Por que você quis vir aqui hoje?
— Por causa da mensagem de merda de deus ou algo assim, tive o mesmo sonho por alguns dias e, nele, eu vinha aqui — assim que suspirou, voltou a falar: — No sonho dizia que nosso futuro benfeitor vai aparecer se viermos para essa torre. E que o deus não sabia como tal benfeitor agirá, a não ser o fato de que ele estará vindo para a torre de pedra principal hoje.
— Há até mesmo uma pessoa que o seu deus não pode prever…?
— Quem sabe? Metade das coisas que ele diz é mentira. Bobagens completas.
— Bobagens? É a palavra de um deus. Além disso, não era segredo sobre você poder receber mensagens dele?
O homem que respondeu era o filho mais velho da família do marquês Stan, Taylor Stan.
— Não é como se houvesse padres na cidade Pursal. E, quem se importa com a palavra dele? Não é como se precisássemos disso pra comer. Além disso, como pode haver um benfeitor para pessoas como nós? Deve ser apenas mais uma mentira. Estou com fome. Vamos comer.
Já a figura de cabelo curto e castanho que parecia irritada era a amiga íntima de Taylor, Cage, a mulher que eventualmente será chamada de Sacerdotisa Louca.
Taylor a respondeu com uma expressão séria: — Cage, do nada me deu vontade de beber cerveja.
— Sério~? Estou com vontade de comer carne de porco defumada.
Ao olharem um para o outro com expressões sérias. A figura de cadeiras de rodas apontou para frente com o dedo e respondeu: — Que combinação maravilhosa. Vamos lá. É por minha conta!
— Aigoo, por sua conta? Esta sacerdotisa fará o seu melhor para acompanhá-lo.
Os dois gargalhavam enquanto começavam a se mover.
Por estar longe, Kim não podia ouvir a conversa deles, porém fazia o melhor para gravar seus rostos.
"Agora que sei como se parecem, só preciso ter certeza de evitá-los."
Mas claro, anonimamente, ele ainda planejava dar à dupla uma nova esperança; isso era algo que havia aprendido com o dragão.
"E a menos que o deus dela não tenha nada pra fazer e me caguete, não há como me reconhecerem."
Ao ver a certa dupla finalmente sair da torre principal, Cale sentiu como se um peso enorme tivesse sido retirado de seu peito.
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