O Druida Lendário Brasileira

Autor(a): Raphael Fiamoncini


Volume 1

Capítulo 7: Perdição das Víboras

A criatura que surgiu da passagem secreta era uma najalla, uma raça hibrida de mulher e serpente, semelhante as sereias, mas trocando a cauda de peixe por uma de serpente.

A najalla era alta, tinha cabelos negros sujos e presas afiadas. Ela rastejou sobre o chão de pedras até parar a dez passos dos três aventureiros.

— O druida tem razão, jovem guerreira. Eu sou uma aliada da raça humana — disse ela.

Ragnar foi direto ao assunto:

— Eu vim à procura de um grupo de druidas.

— Sinto muito, mas eles morreram lutando contra os invasores.

Missão Atualizada: Perdidos no Covil das Serpentes (Nível: 5)

Você descobriu o paradeiro dos druidas.

Retorne ao santuário e relate o que descobriu à Protetora.

Recompensas

60 rubros

— É uma pena, mas fico feliz em saber que morreram lutando.

Ela rastejou para perto de Ragnar, pôs os olhos sobre Senhor Plissken, e falou:

— Vejo que você conquistou a amizade de uma das minhas rastejantes imperiais.

— Eu o chamo de Senhor Plissken. — Ragnar teve vontade de contar a ela que Senhor Plissken não fez nada durante a batalha contra o Legionário Post-Mortem.

— Mas que nome estranho este que você escolheu, mas de qualquer maneira, isso demonstra o afeto que você nutre por ela.

— Ela?

— Sim, é uma rastejante imperial fêmea. Talvez você ainda tenha muito o que aprender. — Ela o encarou com um olhar recriminador.

Ragnar permaneceu calado, uma gafe dessas poderia lhe custar alguma recompensa rara. A mulher-serpente prosseguiu:

— Como vocês puderam ver, meu covil foi tomado por criaturas podres.

Ela apontou para o corpo sem vida do legionário, então continuou.

— Os Post-Mortem e seus exércitos de mortos são uma praga, uma legião de mortos-vivos incansáveis, alimentados por magia nefasta e liderados pelos mais cruéis e terríveis necromantes que já existiram.

Ela fez uma pausa, sua face exibia tristeza.

— Então chegou o dia que sempre temi. Eles encontraram meu esconderijo, mataram meu gigante e ousaram trazê-lo de volta com necromancia. Testemunhei a tudo sem poder fazer nada. E tudo que fiz foi correr para me esconder em uma câmara oculta.

— Vai ficar tudo bem, você está segura — Ragnar tentou acalmá-la.

— Não, não está. O mundo como conhecemos está chegando ao fim.

— Blá blá blá… — Artic zombou, falando baixinho, e foi surpreendido pelo olhar incriminador da mulher-serpente.

Ela recuou um pouco para se apresentar formalmente ao grupo.

— Meu nome é Najaha. Sou umas das últimas najallas ainda vivas. E, como eu sempre presei pela amizade cultivada entre nós e vocês, druidas, eu adoraria ajudá-lo em sua jornada. Portanto, permita-me ensinar a você o segredo das serpentes.

Com as mãos ela sinalizou para Ragnar se aproximar e se ajoelhar perante ela. Enquanto isso, o cavaleiro e a assassina ficaram boquiabertos com a cena.

Ragnar ajoelhou-se como foi pedido por Najaha. Ela tocou sua testa com a mão direita e proferiu um cântico em uma língua desconhecida.

Você aprendeu uma nova habilidade

Forma Animal: Serpente (Nível: 1)

Assume a forma de uma serpente.

Habilidade Especial – Enrolar e Esmagar: você se enrolara em um inimigo e o esmaga com seu corpo, causando uma grande quantidade de dano.

Ragnar se levantou, mas Najaha não havia terminado, ela se abaixou e desceu o braço até o chão. Senhor Plissken, a cobra amiga, rastejou para perto e enrolou-se no braço dela.

— Você sempre foi uma das minhas favoritas. Seu amigo druida ainda tem muito a aprender. Que tal acompanhá-lo em sua jornada?

Ela acariciou a cabecinha alaranjada da serpente, então a pousou no chão com um carinho que fez Ragnar repensar a maneira que tratava a serpente desde que a encontrou.

Mais mensagens apareceram:

Lista de Companheiros desbloqueada

Um novo aliado foi adicionado à Lista de Companheiros

Por via das dúvidas Ragnar abriu a Lista de Companheiros para conferir o que havia lá:

Senhor Plisken

[Rastejante Imperial] [Nível: 5]
Uma serpente rara que habita os locais mais escuros do mundo.

Habilidades

Presas Venenosas: ela crava suas presas em um inimigo, injetando um veneno que irá paralisá-lo por alguns segundos.

Ragnar respirou fundo e pensou.

Eu acabei de ganhar na loteria ao desbloquear uma função dessas agora. Isso é como ter mais alguém no grupo me ajudando.

Então se ajoelhou diante da mulher-serpente, e disse:

— Sou eternamente grato, rainha das serpentes. Eu juro que lutarei em defesa de sua causa.

Najaha o tomou pela mão e o ajudou a se levantar.

— Sua lealdade é digna e seu respeito é admirável. Desejo a vocês uma boa viagem.

Niki tentou abafar uma risada com as costas da mão. Najaha olhou para ela, com desprezo, e dirigiu-lhes a palavra:

— Infelizmente, também devo recompensá-los, pois vocês também me salvaram de um soldado Post-Mortem.

Ela rastejou até a câmara oculta e retornou com duas sacolas tilintando.

— Cinquenta rubros cada um. Isso deve ser mais que o suficiente pelo incômodo.

— Só isso? Mas que miséria — Artic resmungou.

— Quietos… — Ragnar murmurou com o canto da boca.

Todas as pendências no covil foram resolvidas. Estava na hora de voltar ao Santuário dos Lírios e reportar o ocorrido à Protetora. Ragnar foi o único a se despedir de Najaha antes de partir.

***

Os três chegaram ao salão onde Ragnar havia encontrado Senhor Plissken pela primeira vez. Quando lembrou disso, ele abriu a Janela de Companheiros e verbalizou um comando:

— Renomear Companheiro “Senhor Plissken” para “Lady Plissken”.

Um som agudo o informou que a troca de nome foi realizada com sucesso.

— Que nome horrível — Artic falou.

Mas Ragnar o ignorou quando algo lhe veio à mente.

— Esperem, esperem um pouco. Tive uma ideia.

O grupo parou na hora.

— O que foi? — perguntou a assassina.

Ragnar foi até a parede da câmara e procurou pelo pequeno túnel que encontrou durante a descida ao covil.

— Achei!

Ele se concentrou visualizando mentalmente a habilidade que queria. Seu avatar sofreu uma transformação, suas mãos e braços fundiram-se ao tronco, a pele foi substituída por escamas, e logo ele havia se tornado uma serpente parecida com Lady Plissken.

— Então, senhor escamoso, como está se sentido? — Niki brincou.

— É bizarro, parece que minha cara está grudada no chão.

Ele tentou se mover para frente, mas seu novo corpo se reagiu de maneira completamente diferente. Aquilo fazia a forma de urso parecer brincadeira em comparação.

Não demorou para perceber que não adiantava simular o movimento de cobra, enquanto pensava na movimentação de um humano. Era necessário se imaginar na pele de uma rastejante. Dito e feito, visualizar o corpo movendo como uma serpente fez o visor de realidade virtual interpretar sua intenção.

— Você pretende usar essa forma para alguma coisa útil? Ou isso tudo é só exibição? — disse o cavaleiro.

— Me aguarde — Ragnar falou. — Se dermos sorte eu encontrarei algo para vocês também. — Sua voz era transmitida normalmente na forma de cobra.

Ele rastejou para dentro do túnel. A ausência de luz o fez avançar às cegas em um pesadelo claustrofóbico. Graças a esta forma ele coube com folga no túnel.

Porém, minutos depois, sua cabeça bateu em algo sólido. O desespero aflorou até perceber que se tratava apenas de uma curva acentuada.

O tempo passou e ele seguiu rastejando até um filete de luz surgir na escuridão. Ragnar começou a rastejar mais rápido. O raio de luz foi se aproximando até uma abertura tomar forma. E, ao passar por ela, uma mensagem apareceu.

Área secreta descoberta: Tumba do Rei das Serpentes

— Ah, garoto! — Ragnar comemorou assim que voltou à forma humana.

Ele estendeu a lança para frente e conjurou Fogo Fátuo para iluminar o lugar. A tumba era uma área fechada e tinha o tamanho de uma quadra de vôlei, cuja única entrada foi selada por uma camada de concreto.

Este lugar foi selado para que apenas serpentes pudessem entrar. Aposto que foi para evitar que ladrões roubassem os espólios deixados aqui, Ragnar pensou, olhando para o montante de itens e objetos espalhados pelo chão.

Ele caminhou até os fundos da tumba, a luz esverdeada emanando da ponta da lança relevou uma sepultura de pedra negra colada à parede, pelo tamanho familiar ela deveria guardar o corpo de alguma criatura humanoide.

Ragnar se aproximou tomando cuidado, olhando atentamente em busca de fios tensionados, buraquinhos suspeitos ou qualquer tipo de engenhoca que pudesse ativar uma armadilha.

Quando parou a centímetros da sepultura, ele suspirou em alívio. O lugar estava limpo de armadilhas. Então voltou-se para a tumba negra em sua frente, em cima dela repousava uma haste longa, fina, com quase dois metros de altura. Parecia um bastão de madeira escura, nele haviam gravuras de serpentes espiralando numa direção. Ragnar então percebeu que a ponta do bastão tinha o formado da cabeça de uma serpente mostrando suas presas.

— Um cajado? — ele se perguntou.

Antes de tentar pegá-la para si, ele estudou mais uma vez a tumba, em específico a sepultura onde, possivelmente, descansava corpo do dono desse bastão ou cajado. Mas não havia nada de suspeito, então se arriscou, ele estendeu o braço e pegou o bastão. Em seguida, puxou para si, devagar…

Uma janela do sistema apareceu, informando:

Você adquiriu a Perdição das Víboras

O bastão começou a chacoalhar em suas mãos. O coração disparou, mas ele conseguiu conter a vibração na força bruta, até pará-la por completo.

Os olhos da serpente entalhada na ponta do bastão brilharam em vermelho. E, de sua boca aberta, uma lâmina afiada de 40 centímetros se projetou para fora. Os olhos da serpente então pararam de brilhar.

Ainda nervoso e desconfiado, Ragnar percebeu que o que tinha em mãos não era um bastão ou cajado, mas uma lança especial. Em seguida, abriu o inventário e consultou as informações do item.

Perdição das Víboras

[Categoria: Lança] [Nível: 7] [Raridade: Épico]
[Dano Físico: 28] [Dano Mágico: 20]

[Efeito Especial: ataques dessa arma causam envenenamento]

Uma das últimas obras-primas criadas pelo mestre artesão Bjorn.

Esta lança pertencia a Najir, um dos maiores guerreiros das tribos serpentes.

Esta arma era um achado para um avatar de baixo nível, pois sendo um item de raridade épica, seus atributos excediam os das armas comuns do mesmo nível.

Em Nova Avalon Online, a raridade dos itens era dividida da seguinte maneira:

Itens comuns (representados pela cor branca), como o próprio nome diz, é a categoria que abrange a vasta maioria dos itens espalhados pelo mundo, você pode encontrá-los em qualquer lugar.

itens especiais (verde) são mais difíceis de encontrar dos que os comuns.

Itens raros (azul) não são vendidos em lojas normais, apenas por mercadores com a qual o jogador tenha desenvolvido alguma amizade. Itens dessa raridade dificilmente serão derrubados por monstros.

Itens épicos (roxo), como a lança encontrada por Ragnar, só podem ser obtidos derrotando chefes, cumprindo missões difíceis, ou encontrando-as em áreas secretas.

Já os equipamentos lendários (laranja), são a grande obsessão do jogo por serem poderosos e dificílimos de conseguir. Tanto que, o método mais comum de tentar obtê-los é derrotando o chefão final de alguma incursão na dificuldade mortal.

Apesar da categoria lendária ser a grande cobiça dos jogadores do mundo inteiro, ela não era a raridade mais poderosa, este posto pertencia as relíquias (dourado). Porém, existia apenas uma maneira de obter uma relíquia: vencendo o campeonato mundial.

Daniel, a pessoa controlando Ragnar, sempre sonhou em ter em mãos uma relíquia como arma, um martelo tão poderoso e digno de respeito quando seu dono.

Mas o sonho estava distante. Em vez de uma arma única e de dar inveja, Ragnar tinha em mãos uma lança da terceira categoria mais rara dentro do jogo.

Apesar de ser um item forte, a lança teria uma vida curta por ser um item de nível baixo. Mesmo que ele a aprimorasse até o limite, a cada nível que evoluísse ela iria ficando mais fraca que suas concorrentes, até chegar o momento inevitável de precisar substituí-la.

Ragnar deixou as ponderações de lado e voltou sua atenção para o lugar onde estava. Então se agachou e estendeu a mão sobre a sepultura, mas o que seus dedos sentiram foi diferente do esperava, o material não possuía a rigidez, a frieza e a textura de uma pedra. Aquilo estava mais para um tronco de árvore.

Ele coçou o pescoço e tentou fazer sentido da situação. Supostamente aquele guerreiro-serpente chamado Najir foi sepultado em um túmulo de madeira. Ragnar olhou mais uma vez para a Perdição das Víboras e a equipou como arma principal.

Uma tela surgiu:

Missão Secreta: O Legado de Bjorn (Nível: ???)

Você encontrou uma obra-prima criadas pelo mestre artesão Bjorn.

Descubra mais sobre Bjorn para progredir esta missão.

Recompensas

???

— Uma missão com nível e recompensas misteriosas, interessante…

***

Ragnar deixou o túmulo do secreto utilizando a passagem das serpentes. Em poucos minutos retornou para a câmara arredondada do covil onde encontrou Artic e Niki recostados na parede, reclamando:

— Me perguntou se isso tudo valeu a pena — resmungou a assassina. — A gente lutou tão bem para sair com nada além de uma sacola de moedas.

O druida saiu pelo buraco a retornou à forma humana, respondendo:

— Vocês também ganharam experiência.

— E então? Encontrou alguma coisa? Seja lá para onde você foi…

Ragnar exibiu sua nova arma, uma obra prima cujo cabo era de uma madeira castanha escura com gravuras de serpentes espiralando para cima, a ponta tinha o formato de cabeça de cobra, com uma lâmina de 40 centímetros se projetando para fora da boca aberta da serpente.

 — Incrível, né? — falou depois que os colegas contemplaram sua lança nova.

— Sortudo desgraçado — foi a resposta de Artic, depois falou em tom de zombaria: — O que foi aquilo que você fez com a mulher-cobra? Você se ajoelhando e falando um monte de baboseira para uma NPC.

— Pois é, não é? — Ragnar pôs a mão no queixo e replicou no tom sarcástico do amigo: — E olha só o que isso me rendeu: uma arma épica beeeeeem melhor que a de vocês, além de uma linda serpente companheira. Eu diria que todo aquele teatro valeu muito a pena.

Niki saltou para frente e depois curvou-se dizendo:

— Ó valoroso guerreiro, perdoe essa aventureira por zombar de vossa excelência.

Artic caiu na gargalhada e precisou segurar a barriga para conter o surto de risos.

— Vão se ferrar… — Ragnar resmungou com um sorriso torto. — Vocês só estão zombando porque eu me dei bem, ao contrário de vocês.

— Sim vossa majestade, seus súditos admiram sua superioridade — Niki finalizou ao se depararem com a rachadura na parede que era a saída do covil.

— Damas primeiro — Ragnar falou, fazendo uma reverência.

— Mas que cavalheiro… — Ela se espremeu na fissura entre as rochas.

Do outro lado do paredão de pedra, eles pararam para observar a trilha na mata.

— E agora? — perguntou Ragnar. — Nossa parceria acaba aqui?

— Nós ainda temos a aposta — Artic respondeu. — Ou você estava achando que iriamos esquecer?

— Pode ir se preparando — falou a assassina — Quando eu chegar no nível 20, a gente vai te usar todo santo dia.

— Você fez eu me sentir um gigolô — disse Ragnar. — Mas eu mal posso esperar para receber os primeiros integrantes da minha futura guilda. Prometo tratar vocês com muito amor e carinho.

— Vai sonhando — Artic bufou.

Niki abriu o menu do jogo, Artic fez o mesmo.

Duas notificações piscaram na visão de Ragnar.

Niki enviou um pedido de amizade

Artic enviou um pedido de amizade

Ragnar aceitou os pedidos. Em um gesto espontâneo da parte dos três, eles se despediram com um aperto de mãos.

— Mande um abraço meu para seu amigo caçador — Niki falou.

— E diga para treinar mais, ele precisa… — Artic complementou.

Então cada um seguiu seu caminho.

***

Ragnar avançava a passos rápidos em direção ao Santuário dos Lírios, então se deparou com duas figuras estranhas. Eles estavam agachados, escondidos atrás de um tronco tombado ao lado da trilha, mas de costas para ele.

Um era um guerreiro nível 7, o outro, um ladrão nível 8. Seus nomes estavam vermelhos, indicando serem Matadores de jogadores. Entretanto, outro detalhe chamou a atenção de Ragnar ao analisá-los, ambos pertenciam à guilda Pata Negra.

Pata Negra, essa é a guilda que o taverneiro Bartov mencionou para tentar me ameaçar, ele relembrou da confusão na taverna.

Mesmo estando no nível 6, Ragnar se aproximou com cautela, e os questionou:

— Esperando por alguém?

Aquela pergunta os pegou desprevenidos, eles tremeram de susto e levantaram o mais rápido possível. O ladrão inspecionou o druida de cima a baixo, então cutucou o amigo, e disse:

— É ele.

O guerreiro empunhou com as duas mãos a espada de ferro que carregava em suas costas. O ladrão, por sua vez, equipou uma balestra e mirou um disparo. Enquanto isso, Ragnar correu na direção deles.

O guerreiro veio ao seu encontro, desferindo a espada para cortá-lo ao meio, mas o druida cravou a lança no chão e a utilizou para se impulsionar em um salto por cima do inimigo.

O ladrão, boquiaberto com a acrobacia, apertou o gatilho da balestra, mas a seta atingiu o galho de uma árvore próxima. Ragnar ficou de frente para o ladrão e o estocou no coração com sua lança, causando um dano crítico e envenenando-o com o efeito especial da Perdição das Víboras.

Depois, Ragnar girou o corpo e atingiu um chute no peito do guerreiro que vinha correndo brandindo a espada de ferro, e antes que ele recuperasse o equilíbrio, o Raio conjurado o atingiu em cheio.

O guerreiro não se deu por vencido, ele avançou com ódio em sua face, mas foi impedido por três raízes que se prenderam a ele.

Ragnar não perdeu tempo e correu na direção do ladrão. O coitado não apresentou ameaça alguma, ele tentou encaixar uma seta em sua balestra em vez de puxar a faca na sua cintura para duelar de perto.

Após uma sequência de estocadas e cortes de lança, o ladrão caiu no chão. Ao lado do corpo apareceu uma bolsinha de moedas. Ragnar pegou a bolsa e a colocou em seu inventário. Um ruido de moedas ressoou quando 300 rubros entraram na sua conta.

As raízes que prendiam o guerreiro se desmancharam, mas ele não partiu para o ataque logo de imediato, em vez disso, permaneceu em guarda, encarando o oponente extremamente poderoso.

— Por que vocês me atacaram? — Ragnar quis saber.

A face do guerreiro demonstrou nervosismo, mas ele se impôs, dizendo:

— Ordens do chefe.

— Foi por causa do incidente na taverna?

O guerreiro afirmou com um aceno de cabeça.

Ragnar ficou preocupado, seu nome estava na lista negra de uma guilda influente da região. E, se o taverneiro Bartov dissesse a verdade, a Pata Negra poderia ser forte o bastante para caçá-lo por toda a província de Salem, tanto é que já enviaram dois jogadores para caçá-lo em uma área remota.

— Renda-se e vá embora, ou seu destino será o mesmo de seu amigo — Ragnar disse.

O guerreiro cogitou aceitar a proposta durante um minuto, mas um pensamento repentino o fez mudar de ideia num instante.

— Nunca! — disse em voz alta, então ergueu a espada de ferro e correu na direção do oponente.

A lâmina desceu contra o crânio de Ragnar, porém ele bloqueou com o cabo da lança e desviou a arma inimiga para o lado. A postura do guerreiro foi quebrada, o druida avançou e executou uma série de golpes de lança.

O guerreiro caiu de joelhos no chão, derrotado.

Assim como aconteceu com o ladrão, uma bolsa de moedas apareceu ao lado do corpo, ela continha 500 rubros. Ragnar a tomou com uma enorme satisfação.

Entretanto, a preocupação de estar sendo caçado voltou para atormentá-lo, pois, se fosse assassinado por um pelotão de jogadores competente da guilda Pata Negra, ele sofreria a penalidade da morte: ficar 12 horas sem poder entrar no jogo. Essa penalidade era o terror de todos os jogadores que tinham apenas os fins de semanas para jogar.

Ragnar respirou fundo, se transformou em urso e disparou rumo ao Santuário dos Lírios. Dentro do santuário ele se dirigiu ao Lago da Tranquilidade, onde encontrou a mulher-lince que era a Protetora do lugar.

Em seguida relatou o destino trágico do grupo de druidas enviados ao covil. A Protetora lamentou. A mensagem de missão cumprida apareceu para Ragnar, junto de outra que anunciou sua progressão:

Você evoluiu para o nível 7



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