Volume 1

Capítulo 9: O Fundador ①

— Tire o nome da minha mãe dessa sua boca imunda. — Art gritou.

— Ver todos vocês desesperados assim só me dá mais vontade de contar. Edgar retrucou, gargalhando, enquanto sua expressão destacava o quanto estava satisfeito com aquele momento.

— Você está se aproveitando disso? Você é um monstro! Quando sairmos daqui, o rei e todos em Aurora ficarão sabendo do ser desprezível que você é. — Asuka disse.

— Hahahahahahaha... O rei? Ele é um coitado. Não tem poder algum aqui. Eu sou a autoridade dentro desse reino. E Infelizmente para vocês, se conseguirem sair daqui vivos, não adiantará nada. Talvez nem mesmo um reino encontrarão lá fora.

— O que você está tramando, Edgar? — Diana perguntou.

— Pessoal... Como querem que eu conte se não me deixam falar? E parem de me olhar assim, até parece que sou uma pessoa má. Eu só não sou uma pessoa boa, tem uma diferença nisso haha... Realmente não imaginava o quanto seria satisfatório dizer a verdade. Guardar segredo não faz bem... E é exatamente o que sua querida mãe fez, Art.

— AAAAAAAAAAAHHH!!!! — Gideon gritou irritado, enquanto inclinava todo seu corpo para alcançá-lo.

— Não há um único homem bom que não possa perder a bondade. Às vezes ele apenas precisa de um empurrão. — Edgar disse, se agachando bem próximo a Gideon. — Mas se acalme, meu amigo. Não tem motivo para todo esse alarde. Devem estar ansiosos, vou contar logo. — ele debochou, encostando-se na parede com os braços cruzados.

Segundos de silêncio se passaram, e Edgar começou:

— Quando encontrei esses túneis no castelo, me deparei com um túmulo, e dentro dele estava o corpo do homem que fundou Aurora. Bem... Se é que se pode chamar de corpo, afinal já fazem séculos. Ali mesmo, naquela sala que perguntou, Art... Dentro desse túmulo está a metade de um lendário item mágico e uma carta que explica tudo. Essa carta estava curiosamente preservada, provavelmente colocaram um encantamento nela. E... Agora é a hora que vocês arregalam seus olhos, ansiosos pelo conteúdo da carta.

— Edgar, seu maldito! — Gideon exclamou.

— Hahaha... Me desculpe. Foi mais forte que eu... Está bem... A carta...

Edgar pegou um pequeno suporte cilíndrico preso em seu cinto, retirando a carta, que se desdobrou em um extenso conteúdo.

— Aquele que estiver lendo esta carta, saiba que contarei a minha história. Os segredos que revelarei abalarão tudo o que acreditam e conhecem sobre o mundo.

    Eu sou Thalios Thorne, um mago que sempre viveu na pequena vila de Elderglen. Essa vila possuía ótimos magos de runas, que eram especialistas em encantamentos, mestres em encantar objetos de qualquer tipo. Eu não era diferente, nasci com as habilidades necessárias para me tornar um grande mago.

    Há muitos anos atrás, quando era apenas um jovem de longos cabelos castanhos, gostava de treinar minha magia sozinho em meio à floresta. Então — ao sair para mais um dia de treino — encontrei um pequeno coelho que roubou uma das minhas runas e fugiu. 

    Eu o persegui em meio às altas árvores, até que avistei uma pessoa caída. Suas vestes eram azuis-celestes e a pele era pálida. 

    “Não sabia que anjos existiam.” Pensei, me aproximando com cuidado.

    Quando vi seu rosto de perto, se tratava de uma elfa com um lindo cabelo vermelho flamejante, que brilhava conforme os feixes da luz do sol o alcançavam.

    Ela parecia ferida. Eu sabia que havia um bosque de elfos na região, mas também sabia que não era tão perto, pelo menos não tão perto como minha vila. Então, coloquei-a nas minhas costas e corri para casa.

    Ao chegar, busquei por Edelstein — o mago ancião — que utilizou todas as runas de cura para tentar ajudá-la. Ele sabia que era perigoso ajudar uma raça diferente, porém seu coração bondoso falou mais alto. 

    Demorou um dia inteiro até que ela acordasse. Quando isso aconteceu, estava completamente assustada e com medo.

    Eu havia passado toda a vida estudando sobre as línguas de diferentes raças, e felizmente conhecia bastante a linguagem élfica. Começamos a conversar e expliquei o que havia acontecido. Durante a conversa, ela foi se acalmando e contou que sabia muito sobre a linguagem humana, pois foi ensinada desde criança.

    Também disse que sempre quis andar em meio aquela linda floresta, porém ninguém a permitia, por conta da sua saúde fraca. Nossa conversa parecia não acabar e eu não conseguia sair de perto daquela linda moça.

    Passaram-se quatro longos dias até que ela se recuperasse totalmente, e neste dia, soldados elfos apareceram na vila para buscá-la. Eles agradeceram em nome do líder do Bosque dos Elfos do Sul, pois nós cuidamos de sua filha, a princesa Aurora. 

    Então, sucederam-se os dias e novamente caí na minha rotina. No entanto, quando achei que viveria mais um dia comum, treinando em meio à floresta, duas mãos surgiram tapando meus olhos repentinamente. 

    A princípio me assustei, mas logo fui tomado de alegria ao ver Aurora. A princesa confessou que fugiu do bosque para me ver, pois estava com saudades. Nós passamos todo o dia juntos, foi mágico. 

    Ao entardecer, ela contou que precisava voltar ao bosque, porque provavelmente os soldados já deveriam estar a procurando. Antes de deixá-la ir, garanti que a esperaria todos os dias naquele mesmo lugar. Nos despedimos com um beijo, e ela correu para sua casa. 

    Semanas se passaram e não a vi uma única vez. Com chuva ou sol eu esperava, mas a princesa não aparecia. Então, decidi ir até ela para saber o que aconteceu. Afinal, tinha a certeza que se tratava do amor da minha vida, e não iria perdê-la por nada nesse mundo. 

    No outro dia pela manhã, arrumei minhas coisas, peguei um mapa da região emprestado com Edelstein, e fui rumo ao Bosque dos Elfos do Sul. Durante o caminho, percebi que realmente não era perto, e quão determinada Aurora estava para me ver, pois atravessou toda essa distância para estarmos juntos.

    Chegando lá, alguns guardas me receberam, felizmente eram os que a buscaram na vila. Na porta, havia uma fênix, uma raça lendária considerada extinta, mas tentei ignorar aquele detalhe. 

    Eles me disseram que a princesa estava muito doente, que haviam tentado de tudo, desde medicamentos de diferentes raças, até as mais fortes magias de cura. 

    Nem precisei insistir para que me levassem até seus aposentos, onde encontrei Finral Luaterna, o líder do Bosque dos Elfos do Sul, ao lado de sua esposa, Linna Luaterna. Ambos estavam tristes e preocupados. 

    Me aproximei, e Finral perguntou o que Aurora significava para mim, um mero humano. Contei a verdade, e que se pudesse daria minha vida pela dela. Ele sorriu e me abraçou, dizendo que se eu salvasse Aurora, permitiria que ela se casasse comigo. Porém, seria uma tarefa impossível, pois sua filha possuía uma doença incurável desde que nasceu.

    Eu tentei de tudo, usei todas as magias de encantamento possíveis, levei Finral para minha vila, a fim de buscar ajuda, mas ninguém conseguiu curá-la. Tudo o que conseguimos foi diminuir os sintomas para que ela pudesse ter mais qualidade de vida. Isso me doía de todas as formas, vê-la bem, mas saber que estava silenciosamente morrendo. 

    Com o passar de alguns meses, as relações entre minha vila e o Bosque dos Elfos do Sul se estreitaram, e Finral finalmente decidiu permitir meu casamento com Aurora.

    Uma semana antes do casamento, tudo mudou. Linna me chamou, dizendo para que eu vigiasse seu marido, pois temia que ele estivesse cruzando uma linha que não deveria. Eu o procurei, encontrando-o cabisbaixo, segurando um item mágico em sua mão. 

    Quando me viu, se assustou, mas logo se entregou. Ele me convidou para entrar, e disse que tinha algo para mostrar. 

    Então, Finral pegou aquele estranho item, parecido com uma pedra preciosa vermelha, presa em um colar dourado. Ao mostrá-la, disse que se tratava de um artefato. Eu não fazia ideia do que era um artefato, então ele me contou algo que nunca imaginei descobrir:

    Desde o princípio, existia uma árvore sagrada, com suas raízes ligadas diretamente ao centro do planeta. Essa árvore continha sete tipos de energia em sua volta. Era impossível se aproximar, pois era protegida por um campo de força mágico. 

    Acreditava-se que ela era responsável pelo equilíbrio de toda a vida no mundo. Muitas raças tentavam atravessar a proteção para se apossar de tamanho poder, mas sem sucesso. 

    Porém, em um fatídico dia, um misterioso ser destruiu o campo de força e roubou para si o poder de uma das energias. Utilizando tal poder,  conquistou reino por reino, raça por raça. 

    Felizmente, sete campeões de diferentes raças se uniram para impedi-lo, conseguindo derrotá-lo, utilizando um artefato para absorver o poder roubado. 

    Ao colocarem o artefato no lugar onde a energia estava, viram que a árvore não se regenerou do ataque, tampouco a proteção em sua volta. 

    Os campeões perceberam que a árvore estava se definhando aos poucos, e as outras energias apresentavam sinais de desordem. A natureza no entorno se degradava mais a cada dia, alcançando proporções assustadoras. Todos entenderam que isso não pararia até que a vida no mundo inteiro fosse destruída, significando o fim de tudo, além do perigo de tentarem novamente tomar o poder para si.

    Então, no maior ato de união já visto, reunindo os maiores magos e artesãos do mundo, criaram o Cálice Estelar, chamado assim por possuir um formato semelhante a uma estrela, contendo um artefato para cada energia, a fim de substituir a função da árvore e restaurar o equilíbrio. 

    Com isso, os artefatos contiveram as energias e a degradação parou, mas a proteção não retornou. Os campeões determinaram que era perigoso apenas deixá-lo ali, e que precisariam escolher um guardião para o Cálice Estelar. Seus egoísmos os impediram de confiar tal missão a alguém, e decidiram que seria melhor dividir o cálice em sete, se espalhando pelo mundo, cada um com um artefato. 

    Ao dividirem, a degradação voltou, e um dos campeões, que se importava com o mundo e a natureza, se sacrificou para selar a porta de destruição que se abriu. Todos os outros se dispersaram pelo mundo, fazendo um pacto de não contar sobre o que ocorreu, e que só utilizariam o poder dos artefatos em situações extremas. 

    Anos de guerra ocorreram, e os artefatos moviam-se pelas mãos de diferentes raças, em meio aos inúmeros conflitos que estavam envolvidos. Até que, com o passar dos séculos, as raças se tornaram mais poderosas, e os próprios artefatos foram caindo em esquecimento, bem como as histórias a respeito. 

    Os elfos foram os únicos que mantiveram esse conhecimento, passando-o de líderes para líderes. Quanto ao território da árvore, agora era tomado por dragões, que fizeram seu ninho em torno da energia do artefato que ficou em sacrifício.

Ei, Shosckk aqui!

Meu sincero agradecimento por apoiar O Domo de Aurora: Os Sete Artefatos, torço para que goste e acompanhe a história!

*Eu mesmo faço os esboços das imagens, depois finalizo com IA. Te convido a dar uma olhada no canal do youtube, onde até mesmo já postei uma incrível trilha sonora para a obra Youtube Shosckk (E vem mais coisas por ai!). 

*Caso queira fazer alguma doação para ajudar a obra: PIX - [email protected]

Te vejo nos próximos capítulos!



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