Volume 1

Capítulo 7: Infiltração Real ②

Após alguns minutos de caminhada, chegaram até a primeira casa. 

Art chamou pelo nome do guerreiro que escolheu solicitar ajuda.

— Arik! Está aí?

— Não é possível, é isso mesmo que estou pensando? Arik? — Harold resmungou.

Arik olhou pela janela e saiu, aproximando-se das enferrujadas grades de ferro que cercavam sua casa.

— Art! Que surpresa! O que todos fazem aqui?

— Tenho uma coisa séria para dizer. Precisamos da sua ajuda. Vamos invadir um local para resgatar uma amiga. E... não se assuste... ela é uma elfa. — Art explicou.

— Uma elfa? — Arik perguntou, surpreso.

— Sim. Você precisa saber que vai encontrar muitas perguntas sem respostas durante essa missão. Mas preciso que confie em mim, terá todas explicações após concluirmos.

— Ok. Estou dentro. Me dê 5 minutos. — Arik respondeu, correndo para sua casa.

— O que... Como... Como esse cara aceitou isso desse jeito? Tão rápido? — Harold sussurrou, porém saiu em voz alta, destacando sua confusão.

Art e Diana apenas deram um sorriso de lado, enquanto Markos estava distraído, olhando para um passarinho que pousou na grade, o que era algo raro de se presenciar, visto que os pássaros em Aurora eram raros e ariscos, dificilmente apareciam próximos às pessoas.

Rapidamente, Arik saiu de sua casa, trajando sua armadura e lança.

— Estou pronto. Vamos! — ele começou, dando uma confusa pausa. — É... Para onde vamos mesmo?

Harold colocou a mão no rosto, desapontado.

— Vamos invadir o castelo. — Art disse.

— O castelo... do rei? — perguntou, totalmente surpreso.

— Isso.

— Ok. Vamos então.

Harold se irritou com a calma e prontidão de Arik.

— Espera! Trate de contar agora o motivo de ter aceitado tão prontamente algo tão louco assim. Não consigo confiar em você.

— Sério, Harold? — Art exclamou, agoniado.

— Não tem problema, eu conto. Bem... Quando homens lutam e trocam golpes... Eles... Sentem a verdade no coração do oponente... Quando treinei com Art, vi a verdade em seu coração... Ele é um homem de honra, e por isso confio nele.

Quando Harold estava para responder, Arik completou, com um sorriso.

— Além de que vamos invadir o castelo, e eu não vou com a cara do filho do rei.

Harold ficou boquiaberto.

— Então era isso. Esse cara é louco mesmo.

Então, se apressaram até a casa da pessoa de confiança que Diana mencionou. A cada segundo, Aurora era tomada pela escuridão da noite. 

Ao se aproximarem — ainda a uma certa distância — era possível ver a área que a casa ocupava, claramente se tratava de uma residência de nobres. 

Chegando na entrada, Arik se assustou com o cercado da casa.

— Parecem as grades da minha casa, só que mil vezes maiores e mais brilhantes.

Haviam dois guardas na porta — com a postura perfeita — apoiando suas espadas contra o chão.

— É... Oi! Boa noite! Poderia chamar a Asuka? Por favor! — Diana se aproximou, escolhendo suas palavras com cuidado.

— Quem é você? — um dos guardas perguntou, em tom sério. 

Sua armadura completamente preta chamava a atenção, em conjunto com seu elmo que cobria quase todo o rosto.

— Meu nome é Diana. Ela vai entender assim que mencionar meu nome.

— Diana? Ei! Esse nome está na lista que a senhorita Asuka nos deu. Se alguma dessas coisas forem ditas é para chamá-la imediatamente… Junto com: a casa está pegando fogo, o domo quebrou, e… — disse o outro guarda, mostrando um pedaço de papel, gesticulando bastante, perdendo a postura de antes, em sua armadura e elmo idênticos ao do outro.

Diana e os outros ficaram estáticos e confusos, sem compreenderem o que estava acontecendo — com uma expressão engraçada em seus rostos — enquanto o guarda rapidamente correu para avisar Asuka.

Momentos depois, surgiu uma figura correndo e gritando.

— Mestraaa!

Ao se aproximar, se tratava claramente de Asuka, toda animada com a presença de Diana.

— Mestra! Que alegria em te ver aqui! Vamos, entrem!

— Não, Asuka. Não podemos entrar. Viemos aqui para pedir sua ajuda. — Diana começou, enquanto Asuka ficou imóvel, tentando entender o que ela dizia.

Antes que Diana continuasse, Asuka subitamente olhou para os guardas e disse:

— Nos dê um pouco de privacidade, por favor!

— Sim senhora! — eles rapidamente saíram.

— Precisamos de você. Vamos invadir o castelo para salvar uma amiga. — Diana continuou.

— Amiga é? — ela respondeu, com um toque de ciúme em sua voz.

— Sim. Ela foi raptada por uma organização secreta. Eles planejam usá-la para destruir o domo. Eu não iria te incomodar se não fosse um caso sério.

— Ei! Destruir o domo? Isso não é loucura demais? Além de que é impossível! Que loucura é essa? Se já não bastasse ter uma elfa aqui dentro. — Arik cortou a conversa entre as duas.

— Arik! Eu falei que muitas perguntas surgiriam. No momento certo você vai entender tudo. — Art o respondeu.

— Elfa? É isso mesmo que escutei? — Asuka perguntou, sua expressão claramente assustada e confusa.

— Sim. Nossa amiga é uma elfa. É uma longa história, mas depois te explico tudo. Já perdemos tempo demais, não podemos ficar parados. — Diana respondeu.

— Vocês sabem que se invadirem o castelo serão considerados criminosos, certo? — Asuka retrucou.

Ninguém a respondeu, apenas continuaram com seus olhares fixos nela, aguardando sua decisão, determinados a seguirem em frente independente da resposta.

— Uffff!!!! Tudo bem! Vou me vestir e já volto. Tenho que inventar uma desculpa para meus pais. — ela disse, expirando e desabafando.

Instantes se passaram, e a garota prodígio retornou com sua armadura reluzente e seu belo escudo.

— Certo. Então vamos. — Diana disse, olhando para os outros.

O céu estava repleto de nuvens, próximo de impedir integralmente que a luz da lua alcançasse o domo. 

A equipe — agora completamente reunida — seguia os passos de Diana, que segurava a planta do castelo, contendo as instruções que Raymond havia deixado.

— Estamos quase chegando. Meu pai estava certo, realmente existe uma rota com um ponto cego. — ela disse, enquanto caminhavam em meio a floresta de árvores altas, próxima ao castelo.

— É... Diana… — Art sussurrou, escalando um pequeno barranco com algumas pedras e olhando em meio a alguns arbustos.

— O que foi?

— Podemos ter problemas. Olhem!

Art se referia a Lucian, que se aproximava da entrada do castelo.

— Lucian? Tem certeza? Se precisarmos lutar, estamos mortos. — Harold disse.

— Sim. Mesmo a essa distância dá para ver que é ele. Era de se esperar, visto que alguém próximo ao rei foi assassinado e meu pai está desaparecido. — Art respondeu.

— Não importa. Se tudo ocorrer bem, nem precisaremos nos preocupar com isso. Já estamos aqui. Vamos! — Diana exclamou.

Finalmente — após alguns minutos — chegaram no ponto de infiltração.

— De acordo com meu pai, é aqui que entramos.

— Entrar na área de esgoto? Que nojo! Está fedendo! — Asuka reclamou.

— É a vida aqui dentro deste domo, Asuka. As pessoas esquecem dessa parte. Vivem suas vidas como se tudo fosse perfeito. Você, como uma nobre, não deve saber, não é? — Art repreendeu, a deixando estática com sua fala. — Aurora é realmente um lugar incrível, mas cheio de imperfeições. Humanos criam lixo, esgoto. O solo se regenera rapidamente de toda essa sujeira, mas a sujeira que está dentro das pessoas, magia nenhuma limpa. 

— Art! Chega!— Diana chamou a atenção.

Mesmo com a repreensão, ele continuou:

— Asuka, de onde você acha que vêm os recursos? Extraímos minérios e tantos outros bens desta terra abençoada. Mas já se perguntou como ainda há tantas pessoas pobres, mesmo em um reino com uma terra que magicamente regenera seus recursos quase ilimitados? Uma terra que até limpa a sujeira que descartamos? 

— Eu não... Me desculpe! — Asuka respondeu, timidamente.

— Parem com isso! Vamos focar no que viemos fazer. — Diana tentou mediar a situação. — Harold, está tudo certo com a sua parte? Será que ela vai fazer o que pediu?

— Sim. Ele deve tocar a qualquer momento. Menna sabe o que fazer, ela me deve uma, e tenho certeza que nem será vista.

Eles se referiam ao alarme de ataques ao domo, que apenas ressoava quando a quantidade de criaturas atacando era muito alta. O que até acontecia com uma certa frequência durante o dia, contudo era raro durante a noite. 

Menna era uma habilidosa lanceira, que utilizava uma lança especial com uma lâmina em cada ponta, possuía cabelos brancos como a neve e olhos azuis como o céu. Era alcoólatra, e sempre pedia para Harold lhe pagar uma bebida.

Enquanto esperavam pelo alarme, a fim de chamarem a atenção e dispersarem um pouco da guarda do castelo, Art se sentiu culpado pelo o que havia dito.

— Olha, Asuka. Eu não quis… 

BEEP! BEEP! BEEP!

O forte som do alarme o interrompeu, ressoando por todo o reino.

— Vamos! É nossa oportunidade. — Diana disse.

Após o momento tenso, todos entraram na área de esgoto, seguindo os enormes encanamentos, que levariam até uma entrada segura na parte interna do castelo, segundo as instruções de Raymond. 

Logo, alcançaram um alçapão. Art o abriu com cuidado, olhando em volta antes de subir. 

Como já era tarde, não havia muita movimentação nesta área do castelo, somado ao fato do alarme ter chamado muita atenção para fora do local. 

Art saiu primeiro, em sequência puxou Diana, e continuou ajudando os outros a subirem. 

Diana andou até uma parede próxima a uma estátua de ouro com o busto do rei.

— É aqui! Art...

— Certo. Se eu usar isso, acho que consigo. — ele respondeu, respirando fundo.

O jovem striker se aproximou, retirando uma chave de seu bolso.

— O que é essa chave? — Diana perguntou.

— Ainda não consigo condensar tantos elementos e fazê-los tomar um formato. Mas com isso...

Ele começou a manipular os elementos — um por um — imbuindo a chave com cores prismáticas. A estranha cor se dava pelo fato de que a junção dos quatro elementos — fortemente condensados em um pequeno item — provocava a dispersão da luz branca, criando este efeito diferente. 

A parede reagiu a chave, e uma espécie de fechadura mágica — de cor semelhante — surgiu. 

Todos se entreolharam, fascinados pelo que estavam presenciando. 

Art levantou a chave e colocou-a na fechadura, que emanou um brilho diferente.

A luz mágica se dissipou e a parede continuava lá. 

— E agora? Era só isso? — Harold indagou. 

Art suavemente aproximou sua mão e atravessou-a. 

— Uma ilusão… — Diana disse.

Então, perceberam que o rígido obstáculo passou a se tratar de uma porta mágica ilusória. 

Ao transpassarem, havia uma escada que levava para as profundezas de um túnel. Eles entraram cautelosamente, algumas fracas e distantes tochas indicavam um caminho.

— Se mantenham alertas! — Diana disse, enquanto avançava.

Uma bifurcação se mostrou logo à frente.

— O que faremos agora? — Asuka perguntou.

De longe, escutaram passos se aproximando pelo caminho da esquerda, não era possível saber quem ou quantos se aproximavam.

— Se escondam aqui. — Diana sussurrou, chamando todos para se esconderem no outro caminho.

— Não podemos deixá-los chegar até a porta de saída. Vão perceber que ela foi ativada. — Art respondeu, com um sussurro muito baixo.

Quando se aproximaram, se tratavam de dois homens de capuz, que caminhavam rumo à porta de saída. 

Markos e Asuka os derrubaram silenciosamente, e os deixaram camuflados em uma grande sombra ao lado.

— Ótimo! Agora, precisamos prosseguir. Diana... Não sabemos o que vamos encontrar. Eu não queria dizer isso, mas teremos que nos dividir. Você, Asuka e Mark vão para a esquerda. Eu, Harold e Arik iremos para a direita. Se encontrarem Lisa, resgatem-na imediatamente e a tirem deste lugar. Se tudo correr bem, nos encontraremos aqui antes de sairmos. — disse Art.

— Tomem cuidado! — Diana respondeu, olhando para Art com preocupação.

Os dois times prosseguiram com o plano. 

Diana, Asuka e Markos logo encontraram uma sala ao final do túnel. Lá haviam algumas mesas de madeira, com papéis em cima, bem como algumas ferramentas científicas, dando a entender que tratava-se de um laboratório. 

Em uma das mesas — de costas — estava um encapuzado, com o capuz abaixado, mas não conseguiram identificar de quem se tratava.

— Olhem! É a Lisa! — Diana sussurrou, com seus olhos surpresos, vendo a garotinha cabisbaixa.

Lisa estava com suas mãos amarradas, e seus olhos e boca envoltos por um pano.

— Mark! — Diana disse, apenas levantando seus olhos em sua direção.

— Entendi!

Markos se esgueirou e derrubou o encapuzado. Felizmente havia somente ele naquela sala. 

Diana correu em direção a Lisa e começou a desamarrá-la.

— Diana?

— Está tudo bem, princesa! Estamos aqui para te salvar.

Lisa respondeu com um caloroso abraço.

— Ela é tão fofa... Vamos logo! Precisamos sair daqui rápido... Não sei o que pensam, mas estou achando isso aqui muito fácil. — Asuka disse.

— Também acho estranho, mas conseguimos o que queríamos, vamos nos apressar. — Diana respondeu.

Markos amarrou o encapuzado no lugar de Lisa e voltaram até a bifurcação, porém os outros não estavam lá.

— Vamos ter que deixá-los. — Asuka disse, tentando apressar Diana, que parou por um instante, preocupada.

— Asuka, Mark, levem Lisa com vocês e garantam sua segurança, custe o que custar. Vou atrás deles. — Diana ordenou, com a voz firme e decidida.

— Mestra! Não sei...

— Vão! — Diana interrompeu.

Asuka saiu correndo com Markos, que carregava Lisa em seus braços. 

Diana entrou no caminho à direita, que a outra equipe havia seguido. 

Momentos depois, ela os encontrou encarando um lugar, assustados, com vários encapuzados caídos em sua volta, e algumas coisas quebradas, indicando que um intenso combate havia ocorrido.

— Ei, Art! Encontramos ela… — Diana interrompe sua fala, ao ver o que estava deixando todos chocados.

Tratava-se de Gideon, ferido, amarrado e desmaiado em outro pequeno cômodo que se estendia desta grande sala principal. 

Art rapidamente quebrou as algemas e o soltou.

— Acorda, pai! O que… — ele foi interrompido por uma voz ecoando pelo corredor do túnel, seguida do som de fortes passos se aproximando.

— Ei, Garotos!

Todos conheciam aquela voz familiar, era a voz de Edgar, que carregava Markos desmaiado em suas costas.

— Achei esse aqui perambulando no castelo.

Harold franziu a testa e cerrou seus dentes.

— O que está acontecendo aqui, Edgar? — Art perguntou, repleto de raiva.

— É Capitão para você! E está tudo bem! Esse lugar é um interrogatório... Nós capturamos Gideon, ele é o suspeito de matar Raymond. Claro que fizemos isso em nome do rei. E olha... Capturá-lo não foi nada fácil, haha!

— Isso não está certo. E esses encapuzados? Você... Sabia do ataque que sofremos naquele dia? Estava escondendo isso?

— Art, meu jovem. Estou investigando sobre aquilo, ainda não descobri nada sobre aquele ataque, e esses encapuzados que você derrubou não são criminosos, são apenas trabalhadores servindo o rei. — Edgar disse, em um tom que misturava sarcasmo e seriedade, confundindo quem o escutava, enquanto colocava Markos no chão.

— E aquela outra porta ali? Um encapuzado quase nos matou, saindo de lá de surpresa. São apenas trabalhadores, não é? Ele parecia fazer de tudo para proteger o que está lá dentro. Olhe aquela energia... O que é aquilo, Edgar? — Art questionou, se referindo a uma estranha luz que emanava através dos vãos de uma porta semiaberta.

Logo, mais passos ecoaram do fundo do túnel, interrompendo a conversa tensa. 

Calmamente, Lucian apareceu carregando Asuka e Lisa em suas costas, inconscientes.

— Olha só o que achei.

Os olhos de Art se arregalaram, vendo que seu plano não deu certo. A face de todos expressava o quanto estavam chocados.

Edgar abriu um leve sorriso, que logo se tornou uma gargalhada.

— Hahahahahaha... Tudo bem, eu desisto. Se todos estão aqui, não tem mais por que fingir. 

Sua expressão mudou de maneira radical, se diferenciando do que todos estavam sempre acostumados a ver.

Ei, Shosckk aqui!

Meu sincero agradecimento por apoiar O Domo de Aurora: Os Sete Artefatos, torço para que goste e acompanhe a história!

*Eu mesmo faço os esboços das imagens, depois finalizo com IA. Te convido a dar uma olhada no canal do youtube, onde até mesmo já postei uma incrível trilha sonora para a obra Youtube Shosckk (E vem mais coisas por ai!). 

*Caso queira fazer alguma doação para ajudar a obra: PIX - [email protected]

Te vejo nos próximos capítulos!



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