Volume 1
Capítulo 7: Infiltração Real ①
Art, Diana, Harold e Markos estavam reunidos na sala, numa atmosfera carregada de preocupações e incertezas.
Lisa havia sido raptada e o desespero era visível entre eles. Art andava de um lado para o outro, com os olhos cheios de angústia.
— Não sei o que fazer, nem para onde ir. Eu prometi que iríamos protegê-la. Como eu pude… — disse, com a voz trêmula.
Diana se aproximou e o abraçou, tentando oferecer algum consolo.
— Vamos encontrá-la. Não se culpe. Aconteceram muitas coisas de uma só vez, não havia como prever. Precisamos nos acalmar e pensar com clareza.
Ele respirou fundo, tentando controlar suas emoções. Sentou-se no sofá, segurando a cabeça entre as mãos. O silêncio era interrompido apenas pelo som distante do vento ao lado de fora.
Markos — sempre prático — foi até a cozinha.
— Situações assim me dão fome. Vou pegar algo para comer, talvez isso nos ajude a pensar melhor. — disse ele, tentando aliviar um pouco da tensão.
Então, pegou uma maçã dentro da cesta de frutas na mesa, e ao levantar a fruta, algo chamou sua atenção.
— Ei! O que é isso? — perguntou, puxando um pequeno objeto cintilante.
Art levantou a cabeça rapidamente.
— É o artefato da Lisa! — exclamou, correndo até a cozinha para ver. — Ela ainda conseguiu esconder... Isso nos dá uma vantagem. Temos algo que eles querem. Pode ser uma moeda de troca. — completou, com a esperança voltando a preencher seus olhos.
Harold — cético como sempre — cruzou os braços e franziu a testa.
— Algo me diz que eles não pretendem negociar. E se preferirem usar Lisa para nos atrair para uma armadilha?
O silêncio caiu novamente enquanto todos ponderavam sobre as palavras de Harold.
Art segurou o artefato com firmeza, e disse:
— Não podemos ficar parados. Se o artefato está aqui, creio que não farão nada com ela até colocarem as mãos nele. Precisamos traçar um plano e estarmos preparados para qualquer coisa.
Diana assentiu, colocando sua mão no ombro do amigo.
— Então vamos fazer isso. Pela Lisa!
Todos se juntaram ao redor da mesa, prontos para planejar seu próximo movimento. A sala — antes cheia de desespero — agora tinha um brilho de esperança e resolução.
Já começava a escurecer e estavam firmes no planejamento do próximo movimento.
Art — com a mandíbula cerrada — olhava fixamente para o mapa do castelo do rei, que estava estendido à sua frente.
— Se o castelo do rei é para onde levaram Lisa, então é para lá que iremos. — Diana quebrou o silêncio.
Markos — mordendo a maçã — concordou com um aceno de cabeça.
— Invadir o castelo do rei... Isso soa absurdo, mas não temos escolha. — Harold franziu a testa, com seus olhos preocupados fixos em Art. — E se Gideon realmente estiver envolvido nisso? Você vai ter coragem de fazer o que for preciso?
Art ergueu os olhos para encontrar os de Harold. Sua expressão carregava uma dor silenciosa. Ele assentiu lentamente, sem dizer uma palavra. O clima que se seguiu foi pesado, cada um refletia sobre o significado dessa afirmação.
— Vamos trazê-la de volta. Juntos! — Diana disse, oferecendo um sorriso encorajador.
Art respirou fundo, tentando acalmar o turbilhão de emoções dentro de si.
— Certo. Aqui está o plano. — disse ele, apontando para o mapa. — Vamos nos infiltrar pelo lado oeste, onde é descartado o esgoto do castelo, conforme as marcações de Raymond. É o local menos vigiado à noite.
— Não vai ser fácil, pois se entrarmos sem sermos vistos, ainda temos que chegar até a entrada desses túneis secretos. — Harold advertiu, ainda cauteloso.
— Ninguém falou que seria fácil. — Diana retrucou, já se preparando mentalmente para a batalha que se aproximava. — Assim que chegarmos até a entrada, precisaremos que Art crie essa tal chave utilizando todos os elementos e abra a porta secreta. Acha que consegue utilizar todos os elementos? Você sempre teve dificuldade em utilizar magia de ar.
— Não se preocupe. Depois daquele dia na arena… com certeza estou diferente. Mas é após isso que está o maior problema. — Art acrescentou.
— Não sabemos quantos inimigos encontraremos lá, certo? — Markos completou sua fala.
— Isso mesmo! Não sabemos quantos, e nem mesmo quem. — Art finalizou, com o olhar fixo na mesa e os pensamentos focados em seu pai, sem ainda acreditar que ele poderia estar envolvido nisso.
Ele observou cada um dos seus amigos, sentindo a responsabilidade pesar sobre seus ombros.
— Farei de tudo para salvar Lisa e o reino... E para proteger vocês!
— Não vem com essa melosidade... Eu também darei minha vida se for necessário. — Harold respondeu, em tom altruísta.
— Hahahaha... Nunca pensei que escutaria algo assim de você, meu amigo. — Markos disse, se levantando e dando um tapa caloroso nas costas de Harold, que novamente ficou com a cara fechada de sempre.
Todos revisaram o plano, até terem tudo em mente.
— Certo! Se vamos enfrentar esse perigo, então precisaremos de ajuda. — Diana disse.
— Você se esqueceu do que seu pai disse? Não podemos confiar em ninguém. — Harold retrucou.
— Sim. Me lembro do que meu pai disse. Mas sei de uma pessoa que posso confiar, sem dúvida nenhuma.
Todos olharam curiosos para ela.
— Por falar nisso, sei de alguém que será de extrema ajuda. — Art disse, com um leve sorriso no rosto.
Harold balançou a cabeça enquanto olhava para o chão, desaprovando as últimas ideias.
— Tudo bem. Vou confiar em vocês. Mas saibam que a nossa segurança, a segurança do nosso plano, e a segurança de todas as pessoas do reino estão em jogo.
Art foi rapidamente ao seu quarto e voltou com um novo uniforme, ainda uma espécie de túnica preta com detalhes prateados, porém diferente do habitual. Ele também carregava outro uniforme em suas mãos.
— Tome, Diana! Não sei o que poderá acontecer a partir de agora, então acho que é a hora. — disse, entregando para sua amiga.
— Isso... — ela sussurrou confusa.
— Sim. Minha mãe fez... Antes de ficar pior e ir para o hospital pela última vez, ela me mostrou esses dois uniformes e disse que queria te dar de presente quando você se tornasse a líder do esquadrão de arqueiros.
— Marian... disse isso?
— Sempre foi seu sonho, não é?
— Sim... Mas... Já não pensava muito nisso... Falei isso na época em que ela me ensinava como usar o arco... Já fazem tantos anos... Eu nem sei como utilizar um encantamento.
— Mas ela acreditava em você. Você realizará seu sonho... Mesmo sem encantamento. Você não precisa disso... É a melhor arqueira que eu já vi.
Os olhos de Diana se encheram de lágrimas.
— Obrigada!
— Isso é tão lindo! — Markos disse, tentando não se emocionar.
— Só me faltava essa. Um brutamontes desse vai chorar com isso? — Harold o repreendeu como de costume.
Diana foi para o quarto e colocou seu uniforme. Instantes depois, apareceu na sala, com suas mãos terminando de amarrar sua grande trança e o som do contato de suas botas com o chão ecoando pelo ambiente.
Seu visual também não fugia do habitual, seguia as mesmas tonalidades, porém era uma vestimenta completamente nova. Sua jaqueta foi feita com um material mais resistente, e as placas de armadura possuíam um design mais agradável.
Por baixo, a blusa encaixava suavemente em seu corpo. Uma cinta de couro envolvia seu abdômen, dando uma camada a mais de proteção, além do cinto que carregava sua pequena bolsa, que abrigava itens importantes sem perigo de se soltar durante um combate.
Sua calça de couro preta com discretas placas de armadura lhe dava segurança, sendo complementada pela bela bota com detalhes dourados.
— É... Va... Vamos então. — Art disse, desajeitado e com o rosto corado.
— E o artefato? Vamos deixar aqui? — Harold perguntou.
— Não. Aqui, Diana. Coloque em sua bolsa. Estará mais seguro em nossa posse.
Já era noite, a cidade estava repleta da energia dos comerciantes e da contagiante vida noturna, músicas das tavernas ecoavam pelas ruas.
Em contraste, o grupo de Art caminhava até a casa do primeiro reforço, com expressões sérias.
— Não é possível! Olha o que temos aqui. — subitamente uma voz familiar ressoou pelo lado.
— Ahhh... Não acredito. — Diana disse, claramente incomodada.
— Oliver! — Art exclamou.
— Meus pêsames, Diana! — ele começou. — Entendo que não se apresentaram hoje por conta do ocorrido. Mas tiraram o dia para comprarem uniformes novos? Que gracinha! E estão andando com suas armas no meio da cidade a essa hora? Ah... Isso não entra na minha cabeça… — O que acham disso? — perguntou para as duas figuras que sempre o acompanhavam.
Os dois gargalharam em deboche, se tratavam de Kenno Von Falken e Tomas Von Falken, os fiéis amigos do príncipe. Eram gêmeos, e além da aparência idêntica — com cabelos castanhos e olhos alaranjados — suas vestimentas aristocráticas se espelhavam.
— A linda guerreira Diana, a arqueira que desenvolveu suas próprias flechas. Como é inteligente! Mas... Não entendo como pode ser inteligente andar com um lixo como o Art. Hahahah! Seu pai preferiu partir do que viver com o desgosto de uma filha burra... Hahahahahah... Olha só... Hahahahahahahahaha... Eu não aguento... Aiai... Não consigo parar de rir de vocês... E agora... A única pessoa que te sobrou é esse lixo... Hahahahahaaaa... Que triste! — Oliver continuava, gargalhando entre as pausas de sua fala, sem parar um segundo sequer.
— É realmente uma vergonha. Alguém com tanto potencial estar ao lado de um fracassado. Não concorda, irmão? — Tomas acrescentou, um pouco mais sério, entretanto com o mesmo deboche.
— Ao nosso lado você seria vista como uma princesa. — Kenno completou.
Markos e Harold estavam completamente irritados. Diana não conseguiu criar forças para repreender o príncipe, como fazia habitualmente.
Art percebeu que sua amiga estava abatida com as palavras de Oliver, e tomou frente da situação.
— Oliver! — disse em voz alta e firme.
O filho do rei se assustou, dando um passo para trás.
— Se disser mais uma palavra, vai se arrepender — completou.
Diana interveio — com o semblante e a voz triste — avançando, tentando continuar a missão.
— Não vale a pena. Vamos embor…
Oliver a interrompeu, segurando seu braço com força e com a voz séria, contrastando com seu estado anterior.
— Onde acham que vão? Ainda não acabamos... — o deboche do príncipe foi parado por um forte soco em seu rosto.
THUUUD!
— O que você fez? Como pôde? Você será punido... Ai!.... Meu nariz... Art... Seu maldito. — Oliver resmungava no chão, nos braços de seus fiéis amigos.
— Vamos! Deixem esse idiota. — Art disse, olhando para o príncipe com desprezo.
Markos gargalhou.
— Esperem! Onde acham que vão? — Oliver se levantou, retirando sua espada do suporte de suas costas.
Harold e Markos já estavam com suas armas em mãos, sedentos por um combate.
— Você quer mesmo passar mais vergonha na frente dessas pessoas? — Diana perguntou, direcionando suas mãos para os comerciantes e outras pessoas que passavam pelo local.
— É o filho do rei?
— Não acredito!
— Parece mesmo com ele.
Os comentários das pessoas ao redor ecoavam na mente do príncipe. Então, preferiu ir embora.
— Isso ainda não acabou, Art.
Após o tenso momento — vendo Oliver sumir de vista — voltaram para a missão.
Diana puxou sutilmente o braço de Art, apenas segurando no tecido de sua túnica, em uma forma de agradecer sem dizer nenhuma palavra.
Ele sorriu gentilmente, olhando para sua amiga que estava com a cabeça inclinada, um pouco envergonhada.
Ei, Shosckk aqui!
Meu sincero agradecimento por apoiar O Domo de Aurora: Os Sete Artefatos, torço para que goste e acompanhe a história!
*Eu mesmo faço os esboços das imagens, depois finalizo com IA. Te convido a dar uma olhada no canal do youtube, onde até mesmo já postei uma incrível trilha sonora para a obra Youtube Shosckk (E vem mais coisas por ai!).
*Caso queira fazer alguma doação para ajudar a obra: PIX - [email protected]
Te vejo nos próximos capítulos!