Volume 1
Capítulo 2: O Símbolo de Aurora
Art subitamente se lembrou que precisavam voltar para a linha de defesa antes da troca de turnos.
— Diana, precisamos nos apresentar novamente na linha de defesa. O turno está quase acabando. O capitão vai nos matar se perceber.
— Sim, precisamos ir, mas você acha seguro deixar ela aqui? E se ela sair e alguém a ver? E… ela é uma elfa, não podemos simplesmente fingir que é só uma criança comum. — Diana concordou, apesar de relutar em deixá-la sozinha.
Art olhou para Lisa, que estava explorando a casa com olhos curiosos. Ela encontrou uma prateleira de livros e puxou um volume grande, cheio de ilustrações. Era um livro sobre as criaturas do lado de fora do domo.
— Ela parece bem interessada no livro. Talvez fique ocupada por um tempo. — disse, tentando acreditar que a garota ficaria segura.
Antes de folhear o livro, correu para a mesa onde havia uma cesta de frutas e pegou uma maçã, dando uma mordida.
Diana riu.
— Acho que ela vai ficar bem até voltarmos.
Art também riu, porém seu semblante não escondia sua preocupação. Ele olhou ao redor da casa, memorizando tudo para garantir que a pequena elfa ficaria segura enquanto eles estavam fora.
A casa era simples, contudo aconchegante. Haviam algumas fotos de família penduradas nas paredes, principalmente fotos de Art com seus pais quando era mais jovem. Também haviam alguns livros de estudo de magia espalhados pela sala, indicando seu interesse pelo assunto.
Lisa, ao ver uma das fotos, apontou.
— Pais? — perguntou, curiosa sobre a imagem do jovem com seus pais, uma cena familiar e calorosa. Enquanto seus olhos discretamente lacrimejavam, lembrando do que havia passado.
Art hesitou, sem saber o que dizer.
Diana percebeu a hesitação e interveio, sorrindo para ela.
— Sim, são os pais dele. Ele não gosta muito de falar sobre isso porque o pai dele é o mago real da guarda pessoal do rei. E o filho dele não se dá muito bem com o bonitão aqui. — disse, rindo levemente para provocá-lo.
Ele revirou os olhos, mas não disse nada.
— E a mãe dele é minha inspiração. Ela me ensinou a usar arco e flecha, é uma mulher incrível… — ela interrompeu a frase, lembrando-se de que a mãe de seu amigo estava doente no hospital e não queria trazer esse assunto para uma conversa leve.
Lisa parecia entender a tensão e voltou a concentrar-se no livro e na maçã.
Art suspirou.
— Certo, precisamos ir. Vamos voltar o mais rápido possível. Se ela ficar com fome, há mais frutas na cozinha.
— Não se preocupe tanto. Ela vai ficar bem. — Diana acrescentou, dando um tapinha em suas costas.
Eles deixaram a casa — ainda preocupados — buscando se concentrar em seus deveres.
Os dois caminharam rapidamente até a linha de defesa. Trocaram vários olhares nervosos durante o percurso, na esperança de que ninguém percebesse suas ausências. Ambos sabiam que — na maioria das vezes — o pessoal estaria apenas jogando cartas e passando o tempo, porém era melhor não arriscar.
Quando chegaram, o ambiente era animado e movimentado.
Os guerreiros e magos estavam reunidos em torno de várias mesas, alguns jogando cartas, outros conversando em grupos. O som das risadas e do barulho das cartas sendo embaralhadas preenchiam o ar. Era um lugar onde todos se conheciam bem, mas havia uma ordem subjacente para garantir que o domo estivesse sempre protegido.
Logo, encontraram dois conhecidos: um era um experiente guerreiro, o outro um mago austero.
O guerreiro era Markos Finnian, um homem musculoso, com cabelos castanhos e olhos verdes. Sua armadura era pesada, todavia a usava como se fosse a coisa mais leve do mundo. Utilizava uma espada grande, presa às costas por um suporte resistente. Tinha um sorriso constante no rosto e estava sempre pronto para contar uma piada ou uma história engraçada.
O mago sério, Harold Griffin, era mais reservado. Tinha cabelos escuros e curtos, com uma barba bem aparada, e olhos castanhos que sempre analisavam tudo ao seu redor. Usava uma túnica azul-escura com detalhes prateados, típica dos suportes, e carregava um cajado com uma pequena esfera brilhante na ponta. Seu olhar era intenso, e não era do tipo que fazia muitas piadas.
Harold foi o primeiro a notar a chegada deles.
— Onde vocês estavam? O capitão estava procurando por vocês. — disse, com um tom sério. Seu olhar era direto, como se tentasse desvendar a razão da ausência deles.
Markos não perdeu tempo em fazer uma piada.
— Ah, vocês estavam namorando, né? É por isso que sumiram por um tempo. — disse, rindo e dando um tapinha nas costas de Art. — Eu sabia que vocês dois estavam enrolando alguma coisa!
Diana revirou os olhos, porém sorriu.
— Claro, Markos. Nós estávamos muito ocupados com coisas mais importantes, tipo salvar a cidade do tédio. — ela piscou, mostrando que estava entrando na brincadeira. — Mas não se preocupe, Harold. Estamos aqui agora, prontos para o trabalho.
O ambiente da linha de defesa equilibrava seriedade e descontração. Tinham armários e equipamentos espalhados pelo local, com armas penduradas nas paredes e mapas da cidade sobre as mesas. Apesar de tudo, sempre havia uma energia de prontidão no ar.
Eles se misturaram aos outros, tentando agir como se nada tivesse acontecido. Art ainda pensava no "Sétimo Artefato" e nas anormalidades desse dia, entretanto, precisava manter a compostura enquanto estivesse ali.
Harold parecia um pouco desconfiado, mas Markos estava interessado em manter o clima leve.
Thump!
O som do capitão entrando na linha de defesa era inconfundível. Seus passos pesados ecoavam pelo chão de pedra, e todos sabiam que era hora de parar de brincar.
Seu nome era Edgar Ravenswood, um homem de meia-idade com uma presença imponente. Tinha uma barba espessa e cabelos grisalhos curtos, sempre alinhados. Seus olhos azuis eram profundos e atentos a tudo ao seu redor. Ele usava uma armadura prateada — polida até brilhar — e um casaco longo por cima, com um broche no peito, que representava o símbolo de Aurora.
Este símbolo era uma fênix branca, a lendária ave do renascimento e resiliência.
A fênix estava retratada com asas abertas, prestes a decolar, sugerindo a força e a coragem do reino. Ao redor da fênix, havia um círculo que representava o domo, o coração pulsante que mantinha Aurora protegida e viva. Chamas douradas a cercavam, indicando a energia e a vitalidade que Aurora carregava consigo.
— Todos para seus postos! — gritou o capitão, sua voz forte e autoritária. — Estamos aqui para proteger Aurora, não para jogar cartas!
Todos rapidamente começaram a se mover para seus lugares.
Diana e Art tentaram sair de fininho junto com os outros, porém o capitão notou e os chamou de volta com um olhar severo:
— Art Hammer! Diana Prouse! — os apontou com um dedo firme. — Vocês dois, venham aqui agora!
Ambos se entreolharam, tentando parecer descontraídos, contudo, seus olhares mostravam medo. Eles caminharam até o capitão, com um tentando não fazer contato visual, enquanto a outra sorria nervosamente.
Art vestia uma túnica preta — comum entre os strikers — ajustada para facilitar movimentos rápidos. A túnica, de corte simples e elegante, tinha placas de metal nos ombros e nas mangas. O tecido — leve e resistente — permitia agilidade durante combates e treinamentos.
Ele usava uma faixa metálica na cintura para prender uma adaga, sempre ao alcance das mãos. Suas calças tinham reforços nos joelhos para maior durabilidade. As botas de couro preto — confortáveis para uso prolongado — completavam o uniforme.
Diana usava um uniforme prático, perfeito para uma guerreira. A parte superior consistia em uma jaqueta de couro suave, em tom lilás escuro, com detalhes dourados nos ombros e nos punhos. Abaixo da jaqueta, ela vestia uma blusa de tecido flexível em lilás mais claro, ajustada ao seu corpo atlético.
O uniforme tinha placas leves de armadura nos ombros e antebraços, para proteção. Ela usava calças de couro preto, justas e com detalhes roxos nas laterais, além de um cinto largo para segurar flechas e uma pequena bolsa para equipamentos. As botas de cano médio — ajustadas ao tornozelo — também tinham detalhes dourados nas fivelas.
Além disso, utilizava um colar com um pingente, um item de sua família. O uniforme equilibrava proteção e estilo, refletindo sua força e a sensualidade, enquanto permitia a agilidade necessária para uma arqueira de elite. As cores complementavam seus cabelos e olhos, criando uma harmonia visual.
O capitão os levou para uma sala ao lado, um lugar pequeno com paredes de pedra e uma mesa de madeira no centro.
Fechou a porta atrás deles e cruzou os braços.
— Vocês dois não estavam em seus postos. O que está acontecendo?
Art tentou responder, mas o capitão o interrompeu:
— Você é filho de Gideon Hammer, o mago real. Deveria ter mais responsabilidade e honrar o nome do seu pai. Ele trabalha duro para proteger Aurora, e você fica por aí fazendo sabe-se lá o quê. — repreendeu.
Após uma pausa, olhou para Diana.
— E você, Diana Prouse. Seu pai é Raymond Prouse, um dos melhores cientistas de Aurora, responsável por métodos inovadores de plantação e colheita. Sem ele, este reino estaria em apuros. Vocês deveriam ser exemplos, não problema.
Ambos ficaram envergonhados, sem saber o que dizer.
Eles sabiam que o capitão tinha razão, mas não podiam contar a ele sobre Lisa. Era um assunto delicado, por isso precisavam encontrar uma maneira de explicar sua ausência sem levantar suspeitas.
— Desculpe, capitão! — Art disse, tentando improvisar. — Tivemos um problema pessoal… que já está resolvido. Prometemos que não vai acontecer novamente.
— Sim, nós... bem, tivemos que resolver uma coisa. Mas agora estamos aqui e prontos para trabalhar. — Diana concordou, com um sorriso nervoso.
O capitão não parecia convencido, porém suspirou, descruzando os braços.
— Tudo bem, podem ir. Mas fiquem de olho. Se eu ouvir que não estão nos seus postos novamente, será pior para vocês.
Os dois assentiram — ainda envergonhados — e saíram rapidamente da sala.
Assim que se distanciaram, respiraram aliviados, e seguiram para seus postos.
O dia estava chegando ao fim, e finalmente terminaram suas obrigações na linha de defesa. O sol estava desaparecendo no horizonte, tingindo o céu de tons de laranja e vermelho.
À medida que a cidade de Aurora se iluminava com lanternas e tochas, decidiram passar comprar algo para o jantar.
O mercado estava movimentado, com barracas de comida e artesanato. O aroma de especiarias e pão fresco pairava no ar.
Diana pegou algumas frutas e as mostrou.
— Que tal um pouco de pêssegos para a sobremesa? E talvez algumas maçãs para o café da manhã?
Art sorriu, colocando algumas maçãs na cesta.
— Boa ideia. E o que acha de levar sua carne preferida? A situação pede algo especial. Além de que Lisa deve estar com fome.
Eles seguiram pelo mercado, pegando mais alguns itens enquanto conversavam sobre o dia.
Diana comentou sobre como o trabalho na linha de defesa podia ser tedioso.
Art sorriu.
— Pelo menos temos tempo para jogar cartas. Lembra do Mark tentando trapacear ontem? Ele acha que ninguém vê as cartas escondidas nas mangas. — Mark era como chamavam seu amigo Markos Finnian, apelido que usavam com carinho.
Diana abriu um sorriso empolgado.
— Sim, ele é um caso perdido. Mas é um bom amigo, mesmo sendo um trapaceiro.
Art estava relaxando, entretanto, Diana parecia um pouco tensa, como se sentisse que algo estava errado. Ela olhou ao redor, porém não viu nada diferente do habitual, então decidiu não comentar nada, pois estava contente com o momento que estavam compartilhando.
Enquanto isso, um homem de capuz — baixo e esguio — os observava de longe, seus olhos se destacavam na escuridão.
Quando voltaram para casa, ficaram surpresos ao ver tudo arrumado. A bagunça havia desaparecido, e Lisa estava muito mais à vontade, lendo outro livro grande no sofá.
Art colocou as compras na mesa.
— Você fez tudo isso, Lisa? Uau, a casa está muito melhor do que quando saímos!
Diana olhou ao redor, maravilhada com a organização.
— Como você fez tudo isso tão rápido? Temos que te contratar para arrumar nossa casa sempre... Uaau!! A roupa da Mari ficou linda em você! — exclamou, claramente encantada pela beleza da garotinha.
O rosto do jovem striker ficou levemente avermelhado, pois o modo carinhoso a que Diana se referiu a sua mãe, Marian Hammer, chamou sua atenção.
— Sim, eu li muito… E arrumei a casa. — Lisa sorriu, mostrando seu progresso no aprendizado da língua humana.
— Você é incrível, Lisa. Parece que você já fala melhor do que eu.
— Isso não é difícil, Art. Qualquer criança pequena pode falar melhor que você. — brincou Diana, gargalhando.
Ele a cutucou levemente no braço, entrando na brincadeira.
Enquanto preparavam o jantar e conversavam, um som inesperado interrompeu a alegria do momento: uma batida forte na porta, seguida de um silêncio perturbador.
O barulho ecoou pela casa, criando uma sensação de tensão. Eles se entreolharam, surpresos e um pouco alarmados.
"Quem poderia estar ali a essa hora da noite?"
O clima leve desapareceu, substituído pela incerteza e o medo. Quem quer que fosse, não era amigável.
Ei, Shosckk aqui!
Meu sincero agradecimento por apoiar O Domo de Aurora: Os Sete Artefatos, torço para que goste e acompanhe a história!
*Eu mesmo faço os esboços das imagens, depois finalizo com IA. Te convido a dar uma olhada no canal do youtube, onde até mesmo já postei uma incrível trilha sonora para a obra Youtube Shosckk (E vem mais coisas por ai!).
*Caso queira fazer alguma doação para ajudar a obra: PIX - [email protected]
Te vejo nos próximos capítulos!