Volume 1

Capítulo 10: Liberdade e Guerra ①

Art — ainda em estado de choque — foi levado para a sala em que Edgar o aguardava. O jovem striker aos poucos recuperava sua sanidade.

— Veja, Art! É lindo, não é? — o capitão disse, olhando maravilhado para a metade do artefato, iniciando um período de silêncio.

— Você planeja dominar Aurora utilizando esse poder? — Art quebrou o momento, seus olhos ainda expressavam o abatimento que enfrentava.

— Dominar Aurora? Seu palpite está completamente errado. — ele respondeu, com um sorriso sarcástico, ainda sem tirar os olhos do artefato. — Isso… Tiraria a liberdade que tanto quero entregar para esse povo. Eu… Vou destruir o domo.

Art arregalou os olhos, como se sua consciência voltasse para o seu corpo.

— Não faça essa cara. Sabe… Você me lembra aquele bom garoto… O pequeno eu… Você sonha com a liberdade, mas não sabe o que ela é… Vai me dizer que não sonha em conhecer o mundo exterior? Seu coração deve estar acelerado, não adianta esconder sua ansiedade, garoto.

— Não me compare com você, não somos iguais. — Art se irritou.

— Não somos mesmo… Você tem algo que eu nem mesmo sonho em possuir.

— Do que está falando?

— Voc… 

— Aqui está, o protótipo está pronto! — Lucian interrompeu, entrando repentinamente na sala.

— Maravilha! Vamos dar prosseguimento.

Art percebeu que o protótipo se tratava de uma pedra preciosa muito parecida com a outra metade do artefato.

— O que… Como conseguiu a outra metade?

— Isso não é a outra metade, é uma ferramenta que irá se tornar a outra metade quando colocarmos um certo sangue dentro.

— O que você vai fazer com a Lisa? — Art disse, em tom que misturava medo e preocupação.

— Lisa? Ah… Hahaha… A elfa? Vejo que ela é importante para você.

— Não ouse tocar nela.

— Art, meu jovem… Você não está em condições de fazer ameaças… Mas fique tranquilo, não preciso dela… Na verdade nem sei como ela veio parar aqui… Devem ter sido os efeitos colaterais dos experimentos… Mas não importa.

Art percebeu que Edgar não sabia sobre o artefato de Lisa.

— Então, qual o motivo de raptá-la?

— Era a melhor forma de te atrair sem iniciar uma luta desnecessária como aquele dia.

— Quando Diana e eu…

— Isso mesmo! Quando você e sua namorada quase estragaram tudo… Com seus amigos inúteis chegando para atrapalhar ainda mais.

— Você… Aquele ataque foi para me capturar?

— Sim, e deu muito trabalho esconder as evidências, ainda mais com a Elara por perto. Sorte que Lucian conseguiu enganá-la… Mas você está aqui, então tudo correu bem…

Os passos de um encapuzado entrando na sala pararam a conversa.

— Posso prosseguir? — uma voz feminina ecoou de dentro do capuz.

— Claro, prossiga!

Ela revelou uma espécie de seringa, e caminhou em direção ao jovem.

— Então é isso? Vai me matar? — Art disse, olhando diretamente nos olhos de Edgar.

— Por que eu iria querer te matar? Não sou esse assassino cruel que está achando… Só preciso de um pouco do seu sangue. — ele respondeu, desviando o olhar para a metade do artefato, que estava ao lado do túmulo do fundador.

Enquanto isso, na sala dos prisioneiros, Diana pensava em alguma forma de escaparem.

— Temos que sair daqui! — ela sussurrou, olhando para os outros.

— Como? É impossível se soltar dessas algemas. — Harold retrucou.

— Nossas magias estão seladas… Nem utilizando força bruta da para se soltar. — Arik completou.

— Fortia Protego! — Asuka, sem sucesso, tentou utilizar seu encantamento.

Gideon estava cabisbaixo, lágrimas circundavam seus olhos.

— O que faremos? — Diana perguntou, tentando encontrar algum sinal de esperança.

— Eu… Acho… — Lisa disse, timidamente.

— O que foi, Lisa? — Diana ansiosamente questionou.

— Com o artefato, talvez… Eu possa ajudar.

Markos — que estava mais próximo à porta — se esticou para verificar se havia alguém por perto, e viu Lucian e os encapuzados se reunindo na outra sala — em torno de Edgar — para verem o plano se cumprir.

— É a nossa chance, temos que colocar o artefato nas mãos de Lisa. Diana, ele está dentro da sua bolsa, certo? — Harold disse.

— Sim, mas jogaram naquele amontoado de armas do outro lado da sala. — ela respondeu.

— Temos que pensar algum… 

— Deixem isso comigo! — Gideon interrompeu Harold.

Gideon se concentrou, fechando seus olhos e esfriando sua mente. Após alguns segundos, seus cabelos começaram a se mover, como se reagissem à presença de um campo eletromagnético. Logo, seus olhos se abriram com uma luminosidade diferente, e as algemas reagiram à magia, o ferindo.

— Senhor Gideon, não preci… — Diana parou ao ver a determinação do mago mais forte do reino.

Gideon continuou a manipular a magia por seu corpo, claramente indo além de seus limites. Quando estava próximo de desmaiar, pela grande dor que percorria seus nervos e músculos, olhou para a bolsa de Diana — que estava jogada em cima da grande espada de Markos — e um forte impulso de ar a lançou para perto de Asuka, que era a mais próxima dos itens. 

Passado esse esforço, ele se debruçou contra as correntes, quase inconsciente.

— Asuka, consegue tirar o artefato da bolsa? — Diana perguntou.

— Acho que sim. — ela respondeu, enquanto se retorcia brigando contra as algemas.

Todos a olhavam com esperança. Quando abriu a bolsa, completou:

— É essa pedra verde?

— Isso! Jogue ela aqui.

Asuka colocou o artefato no chão e deu um leve chute para que o item alcançasse Diana, que completou com um outro, fazendo com que finalmente chegasse até Lisa.

— O que vai fazer agora? — Diana perguntou, preocupada.

Lisa não respondeu, apenas olhou para a pedra verde que seu pai havia lhe dado, o artefato que a salvou da iminente morte e a trouxe até Aurora. A jovem elfa respirou fundo, e se contorcendo, alcançou o item. Suas mãos estavam para trás, agora segurando o artefato. 

Nesse instante, um dos encapuzados colocou seu rosto para dentro da sala, fazendo uma última verificação para ter certeza de que tudo estava nos conformes. 

Asuka havia escondido a bolsa em suas costas, e Lisa segurava o artefato com suas mãos para trás, impedindo quaisquer suspeitas. Todos fizeram expressões de paisagem, e em meio a um forte grito vindo da outra sala, o guarda saiu, com uma bufada de desprezo.

— Art! — Diana disse, reconhecendo a voz.

— Anda, faça o que tem que ser feito. — Harold apressou.

A garotinha fechou seus olhos para se concentrar, e colocou seu foco em apenas sentir o artefato em suas mãos. Seus traumas recentes vieram até sua mente, porém continuou firme, vencendo a si mesma. 

Logo, um forte ruído veio da sala em que Art estava, seguida de uma intensa luz vermelha. Em sintonia, os olhos de Lisa começaram a emanar uma luz verde, semelhante à cor do artefato em suas mãos. Todos em volta estavam boquiabertos.

Minutos antes, Art temia pelos próximos eventos.

— Sangue? Por que? — O jovem striker perguntou.

— Art, lembra que eu disse que sua mãe não me contou nada? Realmente é verdade, mas isso não quer dizer que não descobri nada por meio dela… — Edgar parou, acenando para a mulher encapuzada, que inseriu a seringa próxima a nuca do prisioneiro.

— Ai!!! — ele exclamou.

— Você é a outra metade do artefato. — Edgar continou, enquanto a mulher entregava a  seringa em suas mãos.

— O qu… — Art ficou imóvel, tentando processar a situação.

— Quando sua mãe estava quase inconsciente por conta do veneno, eu secretamente a visitava, e descobri que ela não era uma mulher comum. Que além de ser uma descendente de Aurora,  possuía uma magia pura como sua ancestral. O pior é que não parava por ali… Marian possuía inscritos deixados pelo fundador, que deixou inúmeros encantamentos especiais e relatórios de seus estudos sobre o artefato. 

    Sua mãe, Art, ao perceber que estava sendo envenenada, foi capaz de utilizar um encantamento em sua própria mente, a fazendo esquecer detalhes do passado para impedir que seu maior tesouro caísse em mãos erradas… Sabe qual é esse tesouro? Você! 

    Eu também fiz essa cara quando percebi. No dia em que Marian morreu, eu descobri… Após nossos experimentos que acabaram trazendo a elfa para cá, eu estava farto de não conseguir respostas, e fui fazer uma visita. Perguntei o que ela tanto queria proteger, e olhando para aquela mulher mergulhada em sua própria consciência, protegida por um forte encantamento, e definhando por causa daquela terrível doença, tive a minha resposta. 

    Em seus olhos vi onde havia guardado a outra metade. Ela reuniu seus dois maiores tesouros em um só… E em agradecimento, eu lhe dei três vezes mais do veneno. Não precisava mais dela.

Art parou por um segundo e vomitou. Tamanho foi o impacto das palavras daquele homem, que traiu a todos e matou sua mãe.

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH!!!!!!!!! — ele gritou, ajoelhado, olhando para o chão com suas mãos algemadas e seus olhos furiosos banhados em lágrimas.

— Por fim chegou o tão sonhado momento. Não posso nem mesmo acreditar. — Edgar disse, plugando a seringa na ferramenta que substituiria a outra metade do artefato. Seu olhar carregava o peso de tudo o que viveu até aquele momento. Em sua mente, pairava a sensação de paz, por ter valido a pena toda sua luta. 

A ferramenta se preencheu com o vermelho do sangue de Art. 

— Lucian, faça sua parte. — Edgar ordenou.

Lucian se aproximou e proferiu um encantamento.

— Elementa Unita!

— Magos não podem encant… — Art, com sua voz fraca, foi interrompido por Lucian.

— Há muito o que não sabe. — com essas palavras, seu poder se amplificou, e a mana em sua volta tornou-se intensa. 

Lucian direcionou sua mão para a ferramenta e a imbuiu com todo o seu poder. 

O sangue de Art que havia lá dentro reagiu, tornando-se algo a mais, uma substância mágica.

— Agora, basta unir as duas peças… Pai, eu finalmente alcançarei a liberdade. — Edgar disse, enquanto colocava a nova parte do artefato completando o original. 

Ao se unir, o artefato reagiu com uma intensa energia, que agressivamente atravessou o teto do túnel e as dependências do castelo, rumo ao céu, abalando todas as estruturas do local. Art, por sua vez, estava imóvel, em estado hipnótico, com seus olhos emanando uma luminosidade semelhante à cor do artefato.

FWOOSH!

“O que é isso? Onde estou?” Art pensou.

À sua frente estava uma mulher grávida, que ajudava outra mulher a dar à luz.

— Mãe? — murmurou.

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!! Não sei se consigo, Sarah. — a mulher gritou.

— Se acalme, Marian. Vai dar tudo certo, o bebê já vai sair.

— Sarah? É a mãe da Diana.

— [...]

— O que foi Sarah? Por que não escuto o barulho do choro do bebê?

— Marian… Ele…

— O que? Não! Não pode ser!

— Marian, se acalme, você acabou de dar a luz, está fraca, vamos tent…

— Não, não, não, não, não…

— O que está procurando? O que é isso?

— Não temos tempo, deixe-me ver… Aqui! Tenho que imbuir com toda minha magia, e… Isso! SIGILLUM AETERNUM, OBICE ANIMAE!

— O que é isso, Marian?

— [...]

— Uááá! Uááá!

— O bebê… Está…

— Meu filho! Meu lindo Art.

— O que você…

— Por favor, não conte isso para ninguém, Sarah. Confio em você! Ufff! Acho que… vou… Desmai…

PUF!

— Marian!!!

— Então, foi isso que aconteceu… É como um sonho. Como se nem estivesse realmente aqui. — Art disse, curioso sobre o que que estava presenciando.

FWOOSH!

— E agora? Onde estou?

— Vamos… Vamos levar o que elas pediram logo, seu filho já deve estar para nascer, Gideon.

— Meu filho… Eu vou ser pai, Raymond… Que alegria!

— Sim, meu amigo. Vamos nos apressar…

— Pai… e… Senhor Raymond.

FWOOSH!

— De novo isso! Onde estou agora? AAAAAH! — Art assustou-se.

— Olá, Art.

— Quem é você? Ou melhor, o que é você? Sua voz… era você na minha cabeça no dia em que encontrei Lisa.

— Sim. Me chamo Celestia Willowmere. Sou uma fada, creio que seja uma raça que você ainda não conhece.

Ei, Shosckk aqui!

Meu sincero agradecimento por apoiar O Domo de Aurora: Os Sete Artefatos, torço para que goste e acompanhe a história!

*Eu mesmo faço os esboços das imagens, depois finalizo com IA. Te convido a dar uma olhada no canal do youtube, onde até mesmo já postei uma incrível trilha sonora para a obra Youtube Shosckk (E vem mais coisas por ai!). 

*Caso queira fazer alguma doação para ajudar a obra: PIX - [email protected]

Te vejo nos próximos capítulos!



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