Volume 1
Capítulo 10: Liberdade e Guerra ②
— Mas… Como…
— Não se assuste, vou te explicar tudo, desde o início… Neste momento estamos fora do seu tempo, então se acalme.
— Fora do meu tempo?
— Estamos em um plano diferente, ou mundo, se preferir. Tudo aqui é como um sonho, mas quando acordar não terá se passado nem mesmo um segundo. É uma manifestação do poder das energias… Vou te mostrar o que elas são: Antigamente, existia uma árvore primordial, que continha sete energias diferentes, sendo fundamentais para o equilíbrio…
— Já me contaram essa história.
— Mas não a verdade, Art. Eu estava entre os sete campeões que derrotaram o ser maligno no passado. Éramos sete raças diferentes: Um humano, um elfo, uma híbrida, um anão, um lagarto, uma sereia e eu. Juntos, nós vencemos nossas diferenças para salvar o mundo. Recuperamos a energia que havia sido roubada e a colocamos em um artefato. A energia da Escuridão… Mas, apesar de estar muito ferido, o ser maligno fugiu.
— Energia da Escuridão?
— Exato. As sete energias primordiais são: Energia da Vida, a força que sustenta a vitalidade e promove a regeneração; Energia da Morte, que representa o ciclo natural do fim, trazendo a destruição necessária para o renascimento; Energia do Tempo, que governa o fluxo temporal, conectando passado, presente e futuro; Energia da Natureza, que está unida aos elementos essenciais – terra, água, fogo e ar - moldando a natureza como conhecemos; Energia da Luz, fonte de purificação e guardiã do conhecimento; Energia da Escuridão, se opõe à luz, acolhe o mistério e o potencial oculto; e, por fim, Energia do Caos, que deriva das outras energias, criativa e destrutiva ao mesmo tempo, desafiando a ordem e a desordem, abrindo portas ao imprevisível. — Celestia explicou, enquanto exibia visualmente a árvore com as energias, mostrando-as em perfeita harmonia.
— Impressionante! — Art exclamou maravilhado.
— Para reaver o equilíbrio, reunimos os conhecimentos de todas nossas raças, até mesmo antigos segredos foram revelados para concluir nosso objetivo. Todos deixaram seus orgulhos de lado. Com isso, criamos o Cálice Estelar, assim poderíamos tentar substituir a função da árvore que se desintegrava aos poucos.
Cada uma das energias foi representada por uma pedra preciosa incrustada no cálice, brilhando com intensidade única: o Topázio Amarelo para a Energia da Vida, a Obsidiana Negra para a Energia da Morte, o Safira Azul para a Energia do Tempo, a Esmeralda Verde para a Energia da Natureza, o Diamante Branco para a Energia da Luz, o Rubí Vermelho para a Energia da Escuridão, e a Amatista Roxa para a Energia do Caos.
— O artefato que deu origem a Aurora é a Energia da Escuridão…
— Exatamente! E agora, metade desta energia reside em você, jovem humano.
— O que minha mãe fez foi uma loucura… mesmo que para me salvar.
— Tenho certeza que ela fez isso porque te amava.
— Eu… sinto tanta falta dela.
— Mesmo sem saber, sua mãe lhe deixou uma missão grandiosa. Você foi salvo pelo poder contido no artefato, e agora precisará usá-lo para salvar o mundo. O destino gosta de nos pregar peças.
— Não sei se sou o mais indicado para isso.
— A destruição está chegando, Art. Quando a energia foi roubada, o mundo entrou em desequilíbrio. Com o Cálice Estelar em mãos, o equilíbrio foi restaurado.
O problema é que, nesse processo, o cálice não somente conteve as energias, mas absorveu cada uma delas. Isso foi visto como uma chance real de controlar tamanho poder e o egoísmo nos cegou. Decidimos dividir o cálice entre os sete, onde nos espalharíamos, cada um carregando um poder, um artefato.
Ao dividi-lo, fomos trazidos a este plano, essa realidade diferente, onde a árvore se comunicou. Ela nos disse que a proteção não retornaria, pois estava morrendo. Por isso, caberia a nós proteger o mundo, deveríamos reunir novamente os sete artefatos em um só, formando novamente o Cálice Estelar. Precisaríamos dedicar nossas vidas para protegê-lo naquele local.
Então, nos restaram duas opções: a chance de resolver pacificamente e proteger o Cálice Estelar, ou mantê-lo dividido. No entanto, a árvore acrescentou que a divisão abriu uma porta de destruição. Para selá-la, deveríamos sacrificar um de nós juntamente com um artefato. Para funcionar, o sacrifício deveria ser feito de forma pacífica, uma escolha altruísta.
Como ninguém se prontificou, decidimos fazer uma votação, onde o escolhido deveria deixar seu orgulho de lado e se sacrificar pelos outros. Por ser considerado o líder, o humano foi escolhido.
A árvore, irradiando um brilho celestial, indicou que o escolhido a tocasse com o artefato em mãos.
Enquanto o humano caminhava hesitante, algo me dizia que aquilo não estava certo. Talvez fosse um teste, e ninguém precisasse morrer. Talvez o único a ser sacrificado fosse o nosso orgulho. Se fosse assim, poderíamos guardar o Cálice para sempre, todos juntos, vivendo em harmonia, reunindo até mesmo nossas raças.
Voei de um lado para o outro, tentando convencê-los a me escutar. Foi quando o humano me surpreendeu, empurrando-me contra a árvore. Ao tocá-la, fui consumida pelo sacrifício, mas, em um último ato, guardei minha consciência junto ao artefato, para que pudesse revelar a verdade um dia. De alguma forma, você despertou minha consciência. Talvez sejamos compatíveis... Eu não sei...
— Eu? Salvar todo o mundo? Eu nem mesmo conheço o mundo.
— Art, eu não vou mentir... Eu odeio os humanos... Foi um humano que me traiu, e por isso estou aqui... O destino é engraçado, e agora o futuro está nas mãos de um humano... Minha consciência se esvairá assim que terminarmos essa conversa, então trate de se lembrar de tudo, pois nunca mais poderemos nos falar...
Você deve reunir todos os artefatos e restaurar o equilíbrio. O sacrifício não foi feito corretamente e a fúria da natureza aflige o mundo desde então…
— É… Isso eu já estou sabendo… Mas… Como você sabe tanto sobre mim?
— Minha consciência está ligada à Energia da Natureza, e todas energias se conectam de alguma forma. Você é um artefato vivo, talvez por isso estamos conectados.
— Ufff!!!! É muito para processar…
— Com o poder do artefato ativado, se algum outro estiver por perto, também é afetado de alguma forma…
— O artefato da Lisa…
— Posso sentir a consciência dela.
— O que? Mas não era somente com alguém ligado de maneira direta a um artefato?
— Não consigo encontrá-la, apenas sentí-la. Suas memórias… Lisa provavelmente não é quem você pensa, Art… Há muito em sua história que ela mesma não sabe.
— Do que está falando?
— Se ela está aqui, neste plano, significa que não é alguém comum. Mas isso você terá que descobrir sozinho.
— E por que sua consciência vai se esvair após essa conversa?
— Sinto-me esvair a cada instante, desde que você me despertou. Eu… Ainda estou intrigada com o motivo de ser você a me despertar, após séculos. E… por que você, se é Lisa quem possui o artefato da natureza? — Celestia se questionava, com seus curiosos olhos verdes direcionados para o alto.
— Isso é muito para mim, como vou conseguir salvar o mundo? Eu…
— Você precisa acreditar. Posso ver seu coração… E gosto do que vejo. Acho que é o primeiro humano que eu não odeio. Estou feliz em ver que o destino do mundo não está nas mãos de um tirano… E lembre-se… Você é um artefato vivo. Se estiver com a outra parte, terá um poder inimaginável e conseguirá controlá-lo. Apenas aqueles que compartilham sua vida de alguma forma com o artefato, podem utilizar seu poder sem restrições.
— E onde estão os outros?
— É difícil dizer. O humano ficou com o Artefato do Tempo, o elfo com o da Escuridão, a híbrida com o da Luz, o lagarto com o da Morte, a sereia com o do Caos, o anão com o da Vida, e eu com o da Natureza. Mas isso não quer dizer nada, pois séculos se passaram e certamente essa ordem mudou.
— O que pode me dizer sobre o mundo exterior?
— É tão lindo… Me dói pensar que não voltarei a ver meu lar… Mas é um lugar perigoso. Art, não confie em ninguém, isso pode custar o futuro… Você sabe sobre a Fúria da Natureza, mas o que encontrará é ainda pior… Se o artefato da natureza está aqui, significa que foi retirado da árvore onde selava a porta de destruição… Isso quer dizer que a degradação voltou e o mundo caminha para sua destruição completa.
— Quanto tempo temos?
— Não sei ao certo, a árvore nos mostrou que a degradação levaria apenas dois Sóis Dourados para destruir completamente o mundo… O Sol Dourado apenas acontece de dez em dez anos… Você já deve ter presenciado este fenômeno.
— Eu me lembro de ver um sol diferente quando criança… Mas… vinte anos? Desde que tiraram seu artefato da árvore, estamos vivendo uma contagem regressiva de vinte anos?
— Temo que sim…
— Espera! Se o mundo ainda não foi destruído, temos tempo! Talvez Lisa possa nos dar alguma pista.
— É inegável que ela possui uma forte conexão com meu artefato.
— Se são vinte anos… E Lisa ainda parece ser uma criança… Se bem que elfos são descritos como uma raça longeva… Droga, por que não perguntei a idade dela? — Art andava para todos os lados, com a mão queixo, pensativo.
— Haha! Você me diverte! — Celestia disse, com sorriso sincero. — Então a idade dela…
— A idade dela pode ser a chave para descobrir quanto tempo ainda temos.
— Então… Se não conseguirei mais falar com você, como vou encontrar os artefatos e restaurar o equilíbrio?
— Já lhe disse tudo o que sei… Por isso, precisa se lembrar da sua missão: reúna os artefatos e eles se tornarão o Cálice Estelar. Leve-o até a árvore e restaure o equilíbrio… Tome cuidado com o ser maligno, porque mesmo se não estiver vivo, ainda pode interferir de alguma forma.
— Isso foi há dezenas... talvez centenas de séculos atrás. Como teria a possibilidade de estar vivo?
— Você não faz ideia do poder que ele possuía. Sua mera forma física já superava a compreensão. Talvez ele esteja morto… Mas fique alerta! E…
— O que foi?
— Gostaria que se lembrasse do meu nome, me entristece saber que esse é meu último momento nesse mundo… — Celestia disse, com uma expressão triste e a voz enfraquecida.
— Celestia! Eu farei com que seu sacrifício não tenha sido em vão. Restaurarei o equilíbrio e me lembrarei do seu nome. Carregarei a sua vontade comigo! — Art respondeu, com o olhar determinado.
Ela sorriu, e seus olhos ganharam vida.
— Obrigada! Torço para que consiga cumprir sua missão e salvar aqueles que ama. Especialmente ela.
— Ela?
— Você sabe de quem estou falando. — Celestia provocou com um sorriso.
— É que... — Art corou, passando a mão na nuca e olhando para baixo.
— Ah! Se em algum momento for até Aetherwyn, meu querido reino, vá até a ruína dos lagos… Meu nome é a chave.
FWOOSH!
— Celestia… A não! Mais uma vez! Por que está tudo escur…
— VOCÊ DESTRUIRÁ TUDO! — uma voz sombria o interrompeu.
FWOOSH!
Art recobrou sua consciência e se deparou com uma energia que saía do artefato, rumo aos céus.
Em um posto de observação ao sul de Aurora — encostados no domo — estavam dois soldados, que observavam a horda de Orcs que atacavam com ira.
— Olhe, Bern! Como conseguem atacar o domo com tanta vontade? Hahahaha… Não fazer nem cócegas no campo de força… Uau! Olha aquilo! Se continuar assim vai atingir o domo! — Jiu parou sua zoeira, se assustando com a intensidade da energia que emergia do castelo, visível por todo o reino.
— É impossível destruir o domo. Deve ser algum tipo de festival, você sabe como o rei é excêntrico às vezes… Hahaha! Ei… Olhe isso! — Bern disse, colocando seu rosto bem próximo ao domo, seu nariz pontudo quase encostava no campo de força. — Ehhh? Isso parece uma rachadu…
POOOOOOOOOOOOW!
O soco de um Orc o interrompeu, estilhaçando o domo e despedaçando seu corpo.
— O que é isso? Como? — Jiu gritava assustado, se arrastando pelo chão, gravemente ferido, enquanto os Orcs adentravam Aurora lentamente, também incrédulos por atravessarem o domo.
Uma guerra nunca imaginada se iniciava, e o reino de Aurora foi pego de surpresa.
Ei, Shosckk aqui!
Meu sincero agradecimento por apoiar O Domo de Aurora: Os Sete Artefatos, torço para que goste e acompanhe a história!
*Eu mesmo faço os esboços das imagens, depois finalizo com IA. Te convido a dar uma olhada no canal do youtube, onde até mesmo já postei uma incrível trilha sonora para a obra Youtube Shosckk (E vem mais coisas por ai!).
*Caso queira fazer alguma doação para ajudar a obra: PIX - [email protected]
Te vejo nos próximos capítulos!