O Demônio Barista Brasileira

Autor(a): Helena Shirayuki


Volume 2

Capítulo 25: Como conquistar uma patricinha

“Provocar uma patricinha é fácil, mas como faz pra ela parar de infernizar a vida do seu colega de quarto?”, foi o que me perguntei por uns bons minutos antes de conversar com o Liel enquanto esperava a aula.

Por exemplo, não foi difícil fazer a Eliza sair com o rabo entre as pernas mais cedo. Por mais que fosse uma atuação, aquele flerte deu conta do recado. Só que né, isso não é sobre mim, é sobre o garoto. Não é a mesma coisa.

Como já expliquei, toda a personalidade da ruiva consiste em fazer com que os outros a temam. Pra ela ficar com um pé atrás, das duas ou uma: ou alguém não dá a moral pro que ela fala — que é o que costumo fazer; ou a pessoa revida o que ela disser à altura, sem medo. Essa segunda opção foi a que escolhi, pois achei que funcionaria melhor na situação que o moleque estava.

Tendo isso em mente, elaborei o plano: eu e o Liel iríamos pra sala que as meninas marcaram de se encontrar uns dez minutos mais cedo. Assim daria tempo da gente organizar a sala pro trabalho como bem quiséssemos. Quando a ruiva chegasse, só o fato de eu estar lá faria ela pensar duas vezes antes de dizer qualquer coisa.

Por mais que não fosse o foco, minha função seria garantir que não acontecesse nenhuma merda durante o trabalho, bem como fazer com que o demônio se sentisse mais confiante e seguro comigo por perto. Minha expectativa era de que não acontecesse nada, mas se tratando da Eliza, a última coisa que eu não queria era ver o garoto chegando em casa chorando de novo.

E foi assim que combinamos. Quando deu duas da tarde, terminei minha conversa com o pirralho e fui pra aula. Fiquei na sala esperando dar 16:00, o horário que tinha marcado com o Liel.

Ainda faltava uns dois minutos pras quatro. Por sorte, antes do relógio dar a hora exata, a professora falou:

— Certo, pessoal. 20 minutinhos pra vocês tomarem uma água e irem no banheiro. Estejam de volta aqui às 16:20.

Era o momento que eu tava aguardando. Quando a tutora saiu da sala, coloquei minhas coisas de volta na bolsa e saí de fininho, me disfarçando em meio a multidão. Minha aula ia até às seis da noite, só que mesmo que eu estivesse pouco me fodendo pra isso, não queria ser vista por ninguém enquanto cabulava aula. Seria um saco.

Desci as escadas até chegar no térreo. Depois disso, segui o corredor até o final, onde ficava a passagem do 11ª prédio que levava para o 12ª. Assim que atravessei a passarela que ligava um setor ao outro, logo em frente à porta de uma das salas do térreo, encontrei o Liel. Ele estava sentado em um banco, me esperando. Na hora que me viu, ele se levantou.

— Demorei muito? — perguntei.

— Não. Temos um tempo até as meninas chegarem. Disseram que quando fosse pra ir, iam avisar por mensagem.

— Pois ótimo. Vamos pra lá, então.

Pegamos o elevador até o segundo andar e seguimos pelo corredor. Nosso destino era a sala 703. Devido ao dia da semana e o horário, com certeza não tinha ninguém no prédio a essas horas. O pessoal do curso de arquitetura só tinha aulas durante a manhã.

Quando abri a porta, como imaginei, estava tudo vazio. As cadeiras estavam enfileiradas e o ambiente estava com um cheiro de produto de limpeza recém-colocado. Não fazia muito tempo que tinham feito uma faxina aqui.

Fiquei com dó de mexer nas mesas, mas não tinha muito o que fazer. Como era um trabalho em grupo, puxamos algumas das carteiras que estavam na frente e fizemos um círculo. Eram cinco cadeiras, uma para mim, outra para o Liel e o restante pro pessoal que ainda ia chegar.

Assim que terminamos de ajeitar tudo, nos sentamos e ficamos esperando. Passou-se dois, três, quatro, cinco minutos e nada das meninas aparecerem. Quando chegou no décimo minuto, os corredores, que até então estavam bem silenciosos, começaram a ecoar gritos e barulhos de conversa. Já dava pra saber que a voz que falava mais alto era da Eliza, já as outras, não sabia se eram daquelas meninas que encontrei mais cedo ou se eram de outras pessoas.

No fim, a ruiva chegou e abriu a porta de correr da sala. Quando me viu, foi instantâneo. Sua cara, que já era a de alguém com raiva, agora era um misto de ódio e choque ao mesmo tempo. Acho que não sabia se ficava surpresa com o fato de eu estar aqui ou ficava puta por mais uma vez ter que me confrontar.

— O que você… — Ela veio caminhando e bateu sobre a minha mesa. — O que você tá fazendo aqui, em?! Essa sala é nossa. Vai ter um trabalho em grupo!

— É, eu fiquei sabendo — falei com humor. — O Liel disse que tava precisando de uma mão no trabalho, aí aproveitei que a minha aula terminou mais cedo e vim ajudar. Você não se incomoda, né, Eliza?

Ela cerrou os punhos e encarou eu e o Liel com desgosto. A mulher estava possessa de raiva, parecia que ia explodir. Felizmente, ela se conteve e logo se sentou na cadeira.

Uf… Tá bom. — Ela suspirou. — Só não atrapalhe a gente. Não quero ver nenhuma de suas gracinhas.

Apenas sorri como resposta. Depois da nossa discussão, as outras garotas, que até então estavam escondidas atrás da porta, vieram pras mesas restantes.

 

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Depois que todos se sentaram, o pessoal do grupo abriu suas mochilas e começaram a discutir sobre o trabalho que estavam fazendo enquanto pegavam seus materiais. Liel e as meninas colocaram seus cadernos de esboços em cima da mesa; já Eliza, além do material convencional, tirou a porra de um notebook de dentro da bolsa.

— Vamos começar.

A ruiva foi bem direta. Nesse meio tempo que ela ligou o computador e foi colocando alguns slides com o que pareciam ser referências de roupas, ela foi pedindo para todos que estavam na mesa irem passando os seus desenhos. Ela queria analisar tudo que os outros fizeram no decorrer da semana.

A primeira foi Alice, que estava do lado da Eliza. A garota tinha desenhado roupas casuais bem genéricas. O primeiro conjunto, assim como vários outros, eram um vestido longo com o que parecia ser uma jaqueta jeans por cima. Era a famosa “moda evangélica”. Dava pro gasto levando em conta que todo mundo tava fazendo peças do dia a dia.

Mas, como já era de se esperar, nada naquelas folhas chamou a atenção da ruiva. Mesmo assim, a mulher não foi grosseira na crítica, o que foi uma surpresa. Disse que a saia não precisava ser tão grande e que deveria ter uma variedade maior de roupas.

Depois da primeira menina, foi a vez da outra. Seu nome era Verônica. Diferente do primeiro projeto, suas peças eram mais variadas e pareciam aquelas roupas de “kit de verão”. Tinha saias e vestidos assim como nos desenhos da outra, mas o foco claramente eram shorts jeans e blusas de cor pastel.

Sem sombra de dúvidas, ela tinha um projeto bem diversificado, só que havia um problema: suas linhas e seus traços eram muito imprecisos. Esse foi um ponto que a Eliza relevou, mas de qualquer forma, ela pediu pra outra melhorar os desenhos e não entregar “rascunhos mal-feitos”. Quanta grosseria…

Por fim, chegou a vez do Liel. Ele pegou e mostrou as inúmeras folhas que eu já tinha visto. Tinha tudo quanto era modelo e roupa diferente que alguém podia imaginar: mulher de camisetão, homem com regata e short, mulher com sandália, etc.. Por mais que ainda tivesse seguindo o seu estilo alternativo com os acessórios, ele claramente tinha mais técnica do que as outras. As outras desenhavam bem, só que tava na cara que o nível do moleque não era o de alguém do primeiro período.

É surreal pensar que a menos de uma semana, ele não desenhava nem metade disso.

Quando o desenho chegou nas mãos de Eliza, fiquei me perguntando o que ela ia criticar. Com o conhecimento das áreas básicas de design que tenho, não tinha muito o que dizer. O traço era bom, a anatomia dele se adequava a todas as roupas…

Ficamos esperando o veredito com certa expectativa. Quando ela abriu a boca, minha vontade foi de matá-la.

— Liel, que porra é essa?

Senti um pequeno ódio por dentro, mas me mantive sentada pra ver o que ia acontecer. Ainda não podia interferir.

— Como assim “que porra é essa”? — O moleque se defendeu. — Eu fiz as roupas que você pediu.

— É, realmente. Fez tudo o que eu pedi, menos roupas casuais. — Ela bateu na mesa e levantou um dos desenhos. — O que é isso, ahm?! Que mulher usa camiseta larga?

— Ah, vá pro inferno você e seu estilo padrão de merda! Só usa roupa que falta cair e tem tanta maquiagem na cara que parece um palhaço.

— O quê?! Olha quem fala. — Ela apontou o dedo pro Liel. — O garoto gótico que pinta a cara toda de preto e anda parecendo um morcego. O que você entende sobre moda?

— Muito mais do que você, pelo o que parece. Cê só fica sentada reclamando, quero ver fazer algo melhor do que eu.

As meninas do outro lado da mesa arregalaram os olhos com a provocação do demônio. Quando falei pra ele se defender, imaginei que fosse arrumar briga, só que não nesse nível. Desafiar a pessoa com o pavio mais curto dessa universidade não é a coisa mais inteligente de se fazer, ainda mais se ela for uma aluna com notas altas e que tem muito dinheiro.

É um tiro no pé.

Mas o Liel tava pouco se fodendo, aparentemente. Depois dele ter tido a ousadia de discutir com a Eliza, os dois ficaram se encarando. Tava na cara que a ruiva tinha perdido a compostura, o que foi ótimo, mas a tensão entre os dois começou a me preocupar. O demônio não ia partir pra cima da mulher pois eu pedi que não fizesse isso, mas se a outra começasse uma briga, ele não ia ficar parado apanhando.

Decidi levantar da cadeira para separá-los antes que desse merda. O ponto é que, quando fiz isso, os dois já tinham se sentado. Ambos estavam olhando para seus próprios cadernos e rabiscando, sem se importar com a presença do outro. Olhei pra eles me perguntando que merda estava acontecendo, mas logo ficou claro que era uma competição. Do que, eu não sei, mas era uma competição.

Terminou que se passou mais de uma hora dos dois rabiscando peças e mais peças no menor tempo possível. Quando deu 17:30, os dois estavam mortinhos. O demônio tava encostado na cadeira e quase caindo no chão; já a ruiva, tava com o rosto deitado por cima da mesa.

Aproveitei que os dois tinham ido dessa pra melhor e fui espiar as artes.

Liel, como imaginei, tinha feito ótimos rascunhos, todos muito limpos e precisos e com uma qualidade que, levando em conta que ele gastou poucos minutos pra cada um deles, chegava a ser assustador.

Já Eliza, tinha performado muito bem também, quase que à altura do moleque, mas seus últimos desenhos estavam meio trêmulos e tortos. Era de se esperar levando em conta quanto tempo ficaram fazendo isso.

E por mais que os dois estivessem cansados, adivinha? De novo se levantaram para mais um embate. Digo, levantar é um termo muito forte. Liel apenas acordou do seu sono profundo com um rosto de alguém que ia aprontar uma vigarice. Eliza, por sua vez, apoiou-se na mesa pra ficar de pé.

— Liel! — Ela apontou o dedo pro moleque. — Isso só tá começando. Eu… sou melhor do que você.

— Hah… — Ele soltou um riso um pouco frouxo e cerrou os dentes. — Só por cima… do meu cadáver. Não vou perder… pra uma padrãozinha… como você.

Ambos estavam ofegantes e davam pausas na hora de falar. Me assustava ver os dois ainda querendo se matar mesmo estando tão cansados.

— E aí? Vai vir de novo? Eu ainda posso desenhar… — O demônio provocou.

— Mas é claro que eu…

A ruiva continuou se apoiando na mesa até agora, só que logo sua mão escorregou e ela caiu, provavelmente por conta da fadiga. Por sorte, consegui pegar ela nos braços, mas isso não tranquilizou suas amigas que vieram correndo tomar conta da Eliza.

Foi um tanto quanto dramático. Ao que tudo indicava, a ruiva tinha desmaiado. Seu rosto estava todo suado e quente. Parecia até sintomas de uma febre comum, mas era claramente estresse mental.

Uma das meninas ficou tomando conta da Eliza na sala, enquanto a outra foi correndo chamar alguém pra ajudá-la. Enquanto acontecia toda essa correria, fui até o Liel ver se ele estava bem. Por sorte, ele não desmaiou. Apenas estava cansado mesmo.

Puxei uma das cadeiras e me sentei do seu lado. Fiquei observando toda aquela situação com um pouco de culpa, pois não imaginei que as coisas fossem ir tão longe. Não que eu fosse realmente responsável pelo o que aconteceu, mas não é como se eu não me importasse.

Afinal, no meio daqueles traços tortos da ruiva, teve algo que chamou minha atenção…

Havia alguns pontos meio úmidos no papel, como se alguém tivesse derramado algo por cima.

Tava claro que não era água, porque não tinha nenhuma garrafa em cima da mesa. Poderia até ser o suor, mas nunca que eles cairiam de uma maneira tão conveniente na folha.

Enquanto os dois desenhavam, achei que fosse só coisa da minha cabeça, mas realmente o que vi era verdade: da metade pro final, Eliza tava chorando em silêncio. 

O motivo disso era algo que eu não podia dizer com certeza, só que elaborei uma teoria na minha cabeça. Ela se sentiu ameaçada quando encontrou alguém do mesmo nível ou até melhor do que ela no que faz. Não digo isso como uma questão de superioridade, mas sim de aprendizado. A ruiva finge saber de tudo e ser a especialista pois sente vergonha de ser ruim em alguma coisa. Não tem humilhação pior pra mulher do que tirar uma nota mediana ou não se destacar. É o equivalente a tomar uma facada.

Ela sempre foi assim, e a prova disso é o nosso passado. Quando nos conhecemos, lá no quarto período, dividimos diversas cadeiras juntas. Ela era a nota máxima da turma e também representante, não é à toa que, durante aquele ano, foi presidente da atlética do nosso curso.

Só que teve um dia que isso mudou. Na prova final, a última antes de entrarmos de férias e terminar as aulas, tirei a maior nota da turma. Aquilo foi um choque pra mim, pois eu só fazia questão de passar por média. Já pra Eliza, foi como um tapa na cara, porque ela sempre me menosprezou por não me esforçar como as outras pessoas. Não lembro de muita coisa após esse dia, só ouvi dizerem que depois das férias, ela faltou várias aulas e nunca mais foi a mesma aluna.

E agora isso se repetiu. Alguém que claramente menosprezou se saiu melhor. Deve ser sofrido viver desse jeito. É sempre uma busca por aprovação que nunca acaba. Digo, todo mundo gosta  e precisa ser elogiado pelos seus resultados, por mínimos que sejam, mas depender disso para tudo é um tanto quanto… patético.

— Ei, ela está bem…? — Não prestei atenção, mas quando vi, o Liel tinha ido até a Eliza e se agachou perto dela.

— Garoto, vaza daqui. Não tá vendo que ela tá desmaiada? — Alice alertou.

O aviso da amiga da ruiva foi um tanto quanto alto. Quando foram ver, a Eliza tinha aberto os olhos e acordado.

Ahm…? Ah! Sai daqui! — A mulher deu um pulo dos braços de Alice. — O que você quer?!

O demônio não se assustou com o grito e nem mostrou hostilidade. Ao invés disso, ele apenas estendeu a mão com uma folha que tinha pegado na mesa a alguns segundos atrás.

— Então, eu tentei fazer um desenho com aquela referência que você fez na reunião passada. — O moleque desviou o olhar — Fiquei com vergonha de mostrar pois achei que cê ia odiar e… É, eu admito, desenhar roupas diferentes não é o meu forte.

As palavras dele fizeram a Eliza deixar seu drama de lado e olhar pro trabalho do garoto com atenção.

— Inclusive — ele continuou. — Seu trabalho é incrível. Acho que tenho muita coisa a aprender.

— Eu… não pensei que cê tivesse gostado do que eu fiz. — Ela se sentou no chão e encarou o demônio.

— Não sei desenhar nada além de roupa gótica, então é bom dar uma olhada no que não estou acostumado, né? Hahaha.

Fiquei observando a cena. Era engraçado ver os dois todo sem jeito depois de um elogiar o outro. A ruiva era obcecada em ser elogiada e aplaudida por todo mundo, mas bastou alguém chegar e falar de maneira sincera que ela não soube reagir; o demônio, por sua vez, queria que ela reconhecesse suas habilidades, mas isso nunca aconteceria se ele não cedesse um pouco também.

Na verdade, ambos tiveram que deixar um pouco de seus orgulhos de lado. Nada disso teria acontecido se os dois só agissem igual crianças de novo.

— Acho que o mínimo que posso fazer é pedir desculpas. — Eliza colocou a mão na própria cabeça. — Fui grosseira com você e… falei mal da sua arte que você se dedicou tanto pra fazer. Me perdoe.

— Eu também te devo desculpas. Falei mal da sua maquiagem e do seu estilo. E também falei muita merda nas reuniões passadas.

Os dois chegaram perto um do outro e apertaram as mãos. Admito que fiquei com inveja, porque nunca que o demônio faria isso comigo. Seria capaz dele me dar um chute. De qualquer forma, foi bonito ver o moleque aprendendo a se desculpar e a conviver com outra pessoa. No final, só bati palmas, o que chamou a atenção de todo mundo.

— M-Marcy? Cê ainda tá aqui?! — A ruiva ficou vermelha.

— Como é fofo ver os pombinhos fazendo as pazes.

Os dois se afastaram completamente, ficando cada um em seu canto. Francamente.

— Eliza! — Verônica apareceu na porta com umas duas pessoas a acompanhando. Ela veio correndo até sua amiga. — Cê tá bem? Trouxe um pessoal pra te levar e…

— Deixa quieto, não precisa. Eu estou bem.

— Cê tem certeza?! Você vai desmaiar de novo!

Todo mundo se levantou e ficou de pé. As duas pessoas que vieram, ao que tudo indicava, eram alunos do curso de medicina. Antes de saírem, foram averiguar como a garota estava se sentindo. Só quando tiveram certeza de que ela não ia ter outro desmaio foi que deixaram a mulher em paz.

— Bem, já que vocês estão de boa um com o outro e fizeram muita coisa hoje, por que não continuam amanhã? — sugeri. — To olhando aqui a hora e já vão abrir o restaurante pro horário da janta. Acho que ninguém aqui quer pegar fila, né?

Todos eles olharam entre si, concordando com o que falei. Quando me dei conta, Liel, Eliza, Alice e Verônica tinham arrumado suas coisas e saído correndo. Nem pareciam que agora pouco tinham quase provocado uma guerra.

De qualquer forma, acompanhei eles. Depois de passar pela fila e nos sentarmos numa mesa. Todos começaram a discutir seus planos por dia seguinte, como um verdadeiro grupo. Alice e Verônica ficaram responsáveis pelos rascunhos iniciais do projeto; Liel ajudaria implementando novos estilos e melhorando o traço dos desenhos, num tipo de revisão; já a Eliza, acompanhava o pessoal com seu conhecimento maior, servindo como um tipo de instrutora para os novatos.

Terminou que toda essa sincronia fez o tempo que perderam naquela competição ser compensado de alguma maneira. Faltando uns dez minutos para as 18:30, todo mundo tinha discutido sua parte e saído do refeitório. Eu e Liel fomos os últimos, porque diferente delas, não tínhamos nenhum compromisso marcado pra hoje.

Quando saímos do refeitório, fomos andando direto pra casa. No meio do caminho, enquanto conversava com o demônio, ele falou:

— Então, Marcy. Sobre hoje… Obrigado de novo.

Foi algo muito repentino. Suspirei e virei a cara, pois nunca que olharia pra ele com vergonha.

Depois de um tempo caminhando, finalmente chegamos em frente ao nosso prédio. Antes de entrar, aproveitei o momento que me senti um pouco melhor e retribui o gesto do demônio.

— N-Não há de quê.

Após isso, apenas subimos as escadas e voltamos aos nossos afazeres.

 

Notas:

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